} Crítica Retrô: A Porta de Ouro (1941) / Hold Back the Dawn (1941)

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Tuesday, July 3, 2018

A Porta de Ouro (1941) / Hold Back the Dawn (1941)


Todo mundo merece um lugar ao sol? Não sei ao certo, mas todo mundo quer um lugar ao sol. E geralmente a busca por este lugar cheio de alegria e satisfação envolve a migração. E o que acontece quando os imigrantes são parados no meio do caminho? Quando eles são proibidos de entrar no lugar que escolheram como sua nova casa? Você pode ligar a TV e encontrar respostas para estas questões agora mesmo, ou você pode ver “A Porta de Ouro”, um filme feito há mais de 75 anos.

Does everybody deserve a place in the sun? I’m not sure, but everybody wants a place in the sun. And often the pursuit of this place of happiness and fulfillment demands migration. And what happens when migrants are stopped midway their destiny? When they are forbidden to enter the place they chose as their new home? You could turn the TV and find answers for these questions right now, or you could watch “Hold Back the Dawn”, a film made over 75 years ago.
Georges Iscovescu (Charles Boyer) é um romeno que teve um probleminha na Europa e decidiu migrar para os EUA. Ele chega a uma escaldante cidade mexicana na fronteira, e descobre que, dos 150 mil imigrantes que o país deixava então entrar todos os anos, havia uma cota pequena para os romenos – e ele teria de esperar entre 5 e 8 anos para finalmente conseguir entrar no país legalmente. Por isso, ele e outros imigrantes de diversas nacionalidades ficam em um hotel até terem os documentos. O lugar tem um nome sugestivo: Hotel Esperanza.

Georges Iscovescu (Charles Boyer) is a Rumanian who had a little problem in Europe and decided to migrate to the United States. He reaches a hot Mexican city in the border, and finds out that, among the 150 thousand immigrants the US let in every year, there is only a very small quota for Rumanians – and he must wait from 5 to 8 years to finally be able to get in the US legally. So, he and other immigrants from several nationalities stay in a hotel until their visa is ready. The place has a suggestive name: Hotel Esperanza (Hope Hotel).
Mas a esperança não é a última que morre ali. Quando Georges chega ao hotel, um imigrante alemão havia se cansado de esperar e comete suicídio. No hotel, Georges encontra uma velha conhecida, Anita (Paulette Goddard), que lhe dá uma dica: é mais fácil e rápido ser admitido nos EUA se você se casar com uma norte-americana.

But hope is not the last one left standing there. When Georges arrives at Hotel Esperanza, a German immigrant has got tired of waiting and committed suicide. At the hotel Georges finds an old acquaintance, Anita (Paulette Goddard), who gives him a tip: it’s much easier and quicker to be admitted to the US if you marry an American.
Então, Georges começa a paquerar todas as norte-americanas que ele encontra. A primeira delas acaba sendo uma mulher casada, mas a segunda norte-americana que ele encontra é Emmy (Olivia de Havilland), uma professora que levou seus aluninhos bagunceiros para uma excursão no México durante o feriado de 4 de julho – uma atividade pedagógica que desafia a lógica, eu sei. Georges é charmoso e diz coisas lindas para ela, e o plano funciona: no dia seguinte, eles estão casados. O plano de Georges consistia, desde o começo, em se casar com Emmy, ser aceito nos EUA – escapando assim da vigilância do inspetor Hammock (Walter Abel) – e depois pedir a anulação do casamento e viver livremente nos EUA com Anita.

So, Georges starts hitting on all American women he sees. The first one happens to be already married, but the second American woman he finds is Emmy (Olivia de Havilland), a schoolteacher vacationing with her young and loud students in Mexico for the 4th of July holiday – something that defies the logic, I know. Georges is charming and says beautiful things to her, and the plan works: on the following day, they’re married. Georges’s plan has been, all along, to marry Emmy, be accepted in the US – thus escaping the vigilance of Inspector Hammock (Walter Abel) – then ask for an annulment and live freely there with Anita.
Há duas boas surpresas em “A Porta de Ouro”. Uma é a maneira como o filme começa: Georges está fugindo e entra em um estúdio de cinema, onde ele conta toda sua história de imigrante e falso amante para um diretor chamado Dwight Saxon (o próprio diretor do filme, Mitchell Leisen). O senhor Saxon estava filmando uma cena com Veronica Lake, e quando ele liberou a equipe, pôde finalmente ouvir a história de Georges. A outra boa surpresa é a lua de mel de Georges e Emmy em uma vila mexicana, onde eles participam de uma cerimônia religiosa. Não há nenhum estereótipo nesta parte do filme!

There are two nice surprises in “Hold Back the Dawn”. One is the way it starts: Georges is on the run and enters a film studio, where he tells his whole story as an immigrant and fake lover to a director called Dwight Saxon (director Mitchell Leisen himself). Mr. Saxon was filming a scene with Veronica Lake, and when he dismissed the team he was able to listen to Georges’s story. The other nice surprise is Georges’s and Emmy’s honeymoon in a Mexican villa, where they take part in a religious ceremony. There are no ugly stereotypes there!
Foi uma surpresa incrível e uma coincidência assustadora eu ter escolhido este filme para ver exatamente quando acontece um episódio que não pode ser considerado uma crise de imigração, mas um crime humanitário. Eu tento fugir da política, mas ela me persegue! Por falar em perseguir algo – um sonho - , em uma cena emblemática, um professor estrangeiro, no almoço de 4 de julho, recita para um oficial da imigração o poema na base na Estátua da Liberdade – um texto que prega valores que muitos americanos não apenas esqueceram, mas nos quais nunca sequer acreditaram.

It was an incredible surprise and a chilling coincidence that I chose to watch this movie exactly in the middle of an episode that can't be considered an immigration crisis, but a humanitarian crime. I try to stay away from politics, but they go after me! And talking about going after something, in an emblematic scene, a foreign professor, on the 4th of July lunch, recites to an immigration officer the poem on the basis of the Statue of Liberty – a text that shows values that many Americans not only have forgotten, but have never believed in the first place.
Um momento ruim aqui: Emmy fala dos EUA como a tão divulgada “terra de oportunidades” e compara o país com um lago que deve receber sempre novas correntezas para não ficar parado. Georges comenta: “o seu povo está construindo diques bem altos para parar estas correntezas”. A resposta dela? “Só para deixar o LIXO de fora”. Meu Deus. Isso poderia ter sido dito por um ultraconservador ontem mesmo.

A bad moment here: Emmy talks about the US as the so-called “land of opportunities” and compares the country to a lake that must keep receiving new streams to never go stank. Georges comments: “your people are building pretty high damps to stop these streams”. Her answer? “Just to keep out the SCUM”. Oh my God. This could have been said by an ultraconservative yesterday.
Não nos esqueçamos de que os roteiristas eram Charles Brackett e Billy Wilder – e Wilder era um imigrante, assim como as estrelas Charles Boyer (francês) e Olivia de Havilland (nascida no Japão). A maioria dos coadjuvantes também eram imigrantes, e formaram um grupo muito interessante que merecia muito mais destaque no filme.

Let's not forget that the screenwriters were Charles Brackett and Billy Wilder – and Wilder was an immigrant. So were the stars Charles Boyer (French) and Olivia de Havilland (born in Japan). Most of the supporting cast was also made of immigrants, and they were a very interesting group that deserved a lot more screen time.
Vamos dar uma olhada nestes personagens incríveis que esperam por seus vistos no Hotel Esperanza. Há o casal Kurz, Berta (Rosemary DeCamp) e Josef (Eric Feldary, vindo da antiga Áustria-Hungria). Eles esperam um bebê, e o sonho deles é que o bebê possa nascer sendo um cidadão norte-americano. Bonbois (interpretado por Curt Bois, um ator alemão que fez seu primeiro filme em 1908 e o último em 1988) é um nervoso cabeleireiro francês que serve de alívio cômico. Há também o porfessor Van Den Luecken (o ator belga Victor Francen) e suas duas filhas, Christine (Micheline Cheirel) e Anni (Madeleine Lebeau). Ambas eram atrizes francesas – e Madeleine é parte importante da icônica cena da Marselhesa em “Casablanca” (1942).

Let’s take a look at these amazing characters waiting for their visas at the Hotel Esperanza. There is the Kurz couple, Berta (Rosemary DeCamp) and Josef (Eric Feldary, from former Austria-Hungary). They are expecting a baby, and dream that him or her can be born an American citizen. Bonbois (played by Curt Bois, a German actor who made his first film in 1908 and his last in 1988) is a nervous French coiffeur who serves as the comic relief. There is also professor Van Den Luecken (Belgian actor Victor Francen) and his two daughters, Christine (Micheline Cheirel) and Anni (Madeleine Lebeau). Both actresses were French – and Madeleine is an important part of the iconic Marsellaise scene from “Casablanca” (1942).
Curt Bois in "Casablanca"
Madeleine LeBeau
Boyer é suave e charmoso como sempre. Olivia é adorável como sempre, tendo de ser ingênua a maior parte do tempo. Paulette Goddard está bem como uma femme fatale da fronteira. Mas os reais destaques são os imigrantes desesperados do hotel. Eles são a prova cabal e tangível de que a diversidade é o tempero da vida – e a melhor coisa deste filme.

Boyer is suave and charming as always. Olivia is lovely as always, having to be naïve most of the time. Paulette Goddard is good as a femme fatale of the border. But the true MVPs are the desperate migrants in the hotel. They are the real, touchable proof that diversity is the spice of life – and the best thing in this film.

This is my contribution to the third annual Olivia de Havilland blogathon, hosted by Laura and Crystal at Phyllis Loves Classic Movies and In the Good Old Days ofClassic Hollywood.


3 comments:

Caftan Woman said...

Lovely, timely post on a movie that shows that not only are our political problems never changing, but thinking people have always been aware.

Phyl said...

Amazing how this film is relevant today.. Over a decade ago my brother drew a sketch of the Statue of Liberty pointing for a Mexican to go back to Mexico. Sad that it’s still relevant.

Thanks for bringing this important film of Olivia’s to her birthday celebration!!

Furniture Movers Sandy City said...

Thanks for writing

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