} Crítica Retrô: Investida de Bárbaros (1953) / The Charge at Feather River (1953)

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Saturday, March 5, 2022

Investida de Bárbaros (1953) / The Charge at Feather River (1953)

 


Alguns filmes são essenciais por causa de sua incrível trama, grandes atuações, efeitos especiais impressionantes, glorioso Technicolor, CinemaScope de tirar o fôlego, som estereofônico. Outros são essenciais porque trouxeram algo novo à história do cinema, quebrando paradigmas e definindo gêneros e eras. Outros filmes são notas de rodapé: vale a pena vê-los se você é um completista ou bastante curioso – por exemplo, os primeiros filmes de grandes estrelas. “Investida de Bárbaros” (1953) é um destes filmes de nota de rodapé, um filme que nos interessa porque foi nele que o famoso grito Wilhelm ganhou este nome.

Some movies are essential viewing because of their amazing plot, great acting, impressive special effects, glorious Technicolor, breathtaking CinemaScope, stereophonic sound. Others are essential because they brought something new to the history of film, breaking paradigms and defining genres and eras. Some movies are footnote movies: they are worth viewing if you’re a completist or just curious – for instance, the first movie of a big star. “The Charge at Feather River” (1953) is one of those footnote movies, one that interests us because it’s where the famous Wilhelm scream got its name.

Depois da Guerra de Secessão, o Forte Bello se tornou um lugar pacífico com recrutas que não são muito espertos. O comandante sabe disso e chama um ex-soldado, Miles Archer (Guy Madison), para uma missão especial: comandar um regimento que resgatará duas jovens que foram sequestradas por índios anos antes, quando a família delas foi dizimada. De início relutante, Miles aceita o trabalho quando descobre que o irmão das moças é seu velho amigo Johnny (Ron Hagherty).

After the Secession War, Fort Bello became a pacific place with rookies that are not very bright. The officer knows this and calls a former soldier, Miles Archer (Guy Madison), for a special mission: to command a regiment that will rescue two young women who were kidnapped by Indians many years before, when their family was decimated. At first reluctant, Miles accepts the job when he learns that the girls’ brother is his old friend Johnny (Ron Hagherty).

Entre os homens escolhidos por Miles está o sargento Charlie Baker (Frank Lovejoy), que acabou de encontrar sua esposa tomando chá – oh! - com outro homem que também fará parte da missão, o soldado Ryan (Steve Brodie). Tudo já parece bem complicado, e vai ficar ainda mais difícil porque uma das moças sequestradas, Jennie (Vera Miles), já se adaptou à vida entre os Cheyennes. Quando as moças são levadas, os índios atacam o Forte Bello, e o regimento tem de ir a pé, carregando Johnny ferido, até o próximo posto, Forte Darby.

Among the men assembled by Miles there is sergeant Charlie Baker (Frank Lovejoy), who just caught his wife having tea – gasp! - with another man who will also be part of the mission, private Ryan (Steve Brodie). Everything seems already complicated enough, and it’ll get even more difficult because one of the kidnapped ladies, Jennie (Vera Miles), is fully adapted to life among the Cheyennes. When the ladies are taken, the Indians attack Fort Bello, and the regiment has to go on foot, carrying a wounded Johnny, to nearby Fort Darby.

Com uma trama bem parecida com “Rastros de Ódio”, “Investida de Bárbaros” estreou três anos antes do filme de John Ford. É mais um faroeste que retrata os índios como os malvados e o homem branco como o salvador. Por exemplo: assim que o regimento entra em território indígena, eles encontram um velho índio doente que foi deixado para trás para morrer – um dos homens brancos então diz “é por isso que chamamos eles de selvagens”. Também fica implícito que os índios estupraram a mais velha das moças, Anne (Helen Westcott). Para Jennie, a garota branca que vive como índia e ama um índio, não há redenção: a morte é o único fim possível para ela.

With a plot very similar to “The Searchers”, “The Charge at Feather River” actually predates John Ford’s film by three years. It’s another western that paints Indians as the bad guys and white men as the saviors. For instance: right when the regiment enters Indian territory, they find an old Indian who is sick was left to die – one of the white men then says “no wonder why we call them savages”. It’s also implied that the Indians have raped the oldest of the sisters, Anne (Helen Westcott). For Jennie, the white girl who lives like an Indian and loves an Indian, there is no redemption: death is the only possible end for her.

As moças já passaram pelo trauma de serem sequestradas uma vez – isto é, se elas foram realmente sequestradas e não simplesmente resgatadas pelos Cheyennes – e agora têm de passar por isso de novo – porque o que o homem branco faz é outro sequestro. Não é que elas não podem voltar: elas não querem voltar a viver em meio à “civilização”… bem, pelo menos Jennie não quer.

The ladies have already been through the trauma of being kidnapped once – that is, if they were kidnapped at all and not simply rescued by the Cheyennes – and now they’ll have to go though this again – because what the white men do is another kidnapping. It’s not that they can’t go back: they don’t want to go back to living among the “civilization”… well, at least Jennie doesn’t want to.

O título original pode ser traduzido como “A Carga no Rio Pena”, mas o título no Brasil é “Investida de Bárbaros”. Eu me pergunto se o tradutor se referia aos Cheyennes ou aos homens brancos como “bárbaros”. Eu gosto de pensar que os homens brancos são os verdadeiros bárbaros aqui, pois invadem território indígena e começam um verdadeiro massacre.

As a curiosity, the title of the film in Brazil is “Barbarian Assault”. I wonder if the translator was referring to the Cheyennes or to the white men as “barbarians”. I’d like to think that the white men are the real barbarians here, as they invade Indian territory and start a true massacre.

Aos 39 minutos de projeção, o evento pelo qual esperávamos acontece: o soldado Wilhelm, aquele de camisa xadrez, é atingido por uma flecha na perna e grita. Essa não foi, na verdade, a primeira vez que o efeito sonoro foi usado – este título pertence ao filme de Gary Cooper “Tambores Distantes” (1951), no qual o efeito foi gravado pelo dublador Sheb Wooley. Foi em 1977 que o designer de som Ben Burtt batizou o efeito sonoro com o nome do infeliz soldado. De volta a “Investida de Bárbaros”, o soldado Wilhelm não é mais visto, mas acreditamos que ele sobreviveu.

At the 39 minute mark, the event we’ve all been looking forward to happens: private Wilhelm, the one in the checkered shirt, is hit by an arrow in his leg and screams. This wasn’t, however, the first time the sound effect was used – this title belongs to the Gary Cooper vehicle “Distant Drums” (1951), where the effect was recorded off-camera by voice actor Sheb Wooley. It was in 1977 when sound designer Ben Burtt named the sound effect after the unfortunate soldier. Back to “The Charge at the Feather River”, private Wilhelm is not seen again, but we believe he survived.

Além do grito Wilhelm, há algo mais a ser escutado: a ótima trilha de Max Steiner. Steiner chegou em Hollywood para trabalhar na RKO em 1929, e neste estúdio ficou por oito anos. Em 1937, ele foi para a Warner Bros, onde compôs trilhas para cerca de 140 filmes. Max Steiner ganhou três Oscars e sua mais famosa trilha é de “E o Vento Levou…” (1939).

Besides the Wilhelm scream, there is something else to listen to: Max Steiner’s great score. Steiner had entered Hollywood in 1929 at RKO, where he stayed for eight years. In 1937, he went to Warner Bros, where he score about 140 movies. Max Steiner won three Oscars and his most famous score is for “Gone with the Wind” (1939).

Os fãs de faroeste vão gostar de “Investida de Bárbaros”. Tendo estreado no cinema em 3D, o filme tem boas cenas de ação e uma sequência, com flechas dos índios voando através da tela, que ficaria fantástica em 3D. Sim, é um filme de nota de rodapé, uma curiosidade, mas também uma maneira agradável de passar 95 minutos – se você não se importa com os muitos preconceitos que em geral existem nos faroestes.

Western fans will enjoy “The Charge at Feather River”. Released in theaters in 3D, the movie has good action scenes and one sequence, with Indian arrows flying from the screen, that would look fantastic in 3D. Yes, it is a footnote movie, a curiosity, but also a pleasant way to spend 95 minutes – if you don’t bother with the many prejudices that often appear in westerns.


This is my contribution to the Wilhelm Scream blogathon, hosted by Gill at Realweegiemidget Reviews.

2 comments:

Realweegiemidget Reviews said...

So glad that you brough the Wilhelm Scream's origins to the blogathon with this great post. Thanks for joining with this great read and insights into this movie

Silver Screenings said...

I was hoping someone would review this film – you can't have a Wilhelm Scream blogathon without it.

It's frustrating to hear that Vera Miles's character meets with such a tragic end. If she's happy and loves her community, why must she be punished for it?

Thanks for reviewing this film. This is another one you've prompted me to see.

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