} Crítica Retrô: Variações sobre um mesmo tema: Casino Royale (1967 e 2006)

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Saturday, October 22, 2022

Variações sobre um mesmo tema: Casino Royale (1967 e 2006)

 
Variations on the same theme: Casino Royale (1967 and 2006)


Quem é seu James Bond favorito? Sean Connery? Daniel Craig? Roger Moore? Talvez aquele que interpretou Bond só uma vez, George Lazenby? Ou que tal... David Niven? Sim, você leu certo: David Niven foi James Bond, enquanto Sean Connery já interpretava o espião, mas Niven fez o papel numa paródia: o filme de 1967 “Casino Royale”, filme com grande elenco e dirigido por John Huston – entre outros.


Who is your favorite Bond? Sean Connery? Daniel Craig? Roger Moore? Maybe the one-time Bond George Lazenby? Or how about… David Niven? Yes, you’ve read it right: David Niven was Bond, while Connery was already playing the role, but Niven portrayed the character in a parody: the 1967 film “Casino Royale”, with an all-star cast, directed – among others – by John Huston.

James Bond (Niven) é um agente aposentado. Ele gagueja e é conhecido por ser abstêmio e casto – a única mulher que ele realmente amou foi Mata Hari, ao contrário deste novo 007, chamado de “incompetente” pelo velho Bond. Mas o mundo a espionagem precisa mais uma vez dele, porque espiões de diversos países foram mortos. Os chefes de quatro importantes agências de espionagem ao redor do mundo vão encontrar Bond em sua casa de campo e, após uma tragédia, Bond está de volta ao jogo.


James Bond (Niven) is a retired agent. He stutters and is known for being a teetotaler and for his chastity - the only woman he has ever loved was Mata Hari, unlike this new 007, who the old Bond calls “incompetent”. But the espionage world needs him again, as spies from several countries have been killed. The heads of four important espionage agencies around the world go find Bond in his country home and, after tragedy strikes, Bond comes back to the game.

Uma surpresa vem logo no início: David Niven não é o primeiro na lista de créditos. O primeiro lugar pertence a Peter Sellers, que interpreta o vigarista Evelyn Tremble. É para o personagem de Sellers que é tocada a música “The Look of Love” por Dusty Springfield. Há uma razão para isso: em 1967, Sellers era um astro mais em destaque do que David Niven. Podemos dizer que Niven compartilhava com seu Bond o status de ultrapassado. No meio do filme, Evelyn Tremble praticamente se torna o protagonista, sendo treinado pelo MI-6 e chamado de James Bond para uma missão especial: enfrentar Número (Orson Welles) em um cassino. E Sellers até se apresenta oficialmente como 007 com “Meu nome é Bond. James Bond”!


A surprise comes right in the beginning: David Niven is not first billed. Top billing belongs to Peter Sellers, who plays the swindler Evelyn Tremble. It’s for Sellers’s character that the song “The Look of Love” is performed by Dusty Springfield. This has a reason: in 1967, Sellers was a bigger star than Niven. We could say that Niven shared with his Bond the situation of being outdated. In the middle of the movie, Evelyn Tremble practically becomes the lead, being trained by MI-6 and called James Bond for a special mission: to face the Le Chiffre (Orson Welles) in a casino. And Sellers even manages to utter the official Bond introduction: “My name is Bond, James Bond”!

Ainda antes de David Niven, o segundo nome nos créditos é o de Ursula Andress. Sua presença aqui é de interesse, afinal, ela foi a primeiríssima Bond girl em “007 contra o satânico Dr No” (1962). Mas ela não foi a única pessoa a aparecer em um filme de 007 e na paródia “Casino Royale”, pois muitos outros atores secundários partilham deste feito.


Also before David Niven, the second billed is Ursula Andress. Her presence here is interesting, as she was the first ever Bond girl in “Dr No” (1962). But she wasn’t the only Bond cast member to appear in “Casino Royale”, as many other secondary players were also, one time or another, in a Bond film.

Uma das coisas mais bacanas nos filmes de 007 é ver toda a parafernália tecnológica que o MI-6 inventa para seu agente. Em “Casino Royale”, muitas engenhocas são mencionadas, mas um relógio que se parece muito com um smart watch moderno é o destaque. Outro elemento divertido relacionado à espionagem é a Escola de Espionagem Mata Hari, um prédio que tem seus interiores completamente inspirados pelo Expressionismo Alemão, nos fazendo lembrar de “O Gabinete do Dr Caligari” (1920).


One of the coolest things in Bond movies is seeing all the technological stuff MI-6 comes up with for their agent. In “Casino Royale”, lots of tools are mentioned, but a watch that looks a lot with modern smart watches is the highlight. Another fun espionage-related element is the Mata Hari School of Espionage, a building that has its interiors completely inspired by German Expressionism, reminding us of “The Cabinet of Doctor Caligari” (1920).

O que realmente valoriza este filme é a brincalhona e psicodélica trilha sonora. Falando sério, a trilha sonora é fantástica! Além da já mencionada “The Look of Love”, há o tema de Casino Royale tocado por Herb Alpert e The Tijuana Brass. Ambas as músicas foram compostas por Burt Bacharach, que estava ainda praticamente no começo de sua carreira, mas a apenas dois anos de compor a famosa “Raindrops Keep Falling on my Head”.


What really enhances the film is the playful and groovy soundtrack. Seriously, the soundtrack is amazing! Besides the aforementioned “The Look of Love”, there is the Casino Royale theme played by Herb Alpert and The Tijuana Brass. Both songs were composed by Burt Bacharach, who was practically in the beginning of his career then, but only two years before he composed the famous “Raindrops Keep Falling on my Head”.

Eu mencionei que John Huston foi um dos diretores. “Casino Royale” teve cinco diretores e estourou em muito o orçamento, com Peter Sellers infernizando todos no set, até mesmo Orson Welles, que estava se divertindo à beça fazendo truques de mágica.


I mentioned that John Huston was one of the directors. “Casino Royale” had five directors and went extremely over budget, with Peter Sellers pestering everyone on set, even Orson Welles, who was having the time of his life doing magic tricks to the camera.

Vamos para 2006, quase quarenta anos após “Casino Royale” ter sido feito. Em seu primeiro filme como 007, Daniel Craig tem de enfrentar, no Casino Royale de Montenegro, Le Chiffre (Mads Mikkelsen), um banqueiro ligado a grupos terroristas. Neste filme, o jogo de cartas é uma sequência cheia de suspense, ao contrário do que acontece no filme de 1967, no qual a sequência principal do jogo se torna secundária com toda a maluquice que acontece ao seu redor.   


Cut to 2006, nearly forty years after “Casino Royale” was made. In his first movie as 007, Daniel Craig has to face, in the Casino Royale of Montenegro, Le Chiffre (Mads Mikkelsen), a banker who is tied to terrorist groups. In this, the game sequence is very suspenseful, contrary to what happens in the 1967 movie, in which the main game sequence becomes secondary with all the mayhem happening around.

“Casino Royale”, a paródia, só podia ter sido feita nos anos 60. Por vezes datado, às vezes nem um pouco engraçado, é um produto curioso de seu tempo. É quase um crime comparar este filme com a versão de 2006, que segue mais fielmente o livro de Ian Fleming. “Casino Royale”, então, deve permanecer assim: como uma curiosidade, uma anomalia no universo de 007 – e algo que todos nós devemos experimentar pelo menos uma vez.


“Casino Royale”, the parody, could only have been made in the swinging 1960s. Sometimes dated, at times not even funny, it’s a most curious product of its era. It’s almost a crime to compare this film with the 2006 version, one that was much more faithful to Ian Fleming’s book. “Casino Royale”, then, must remain this: a curiosity, an anomaly in the Bond universe – and something we all should experience at least once.

This is my contribution to The “Take Two!” blogathon, hosted by Annette at Hometowns to Hollywood.

2 comments:

FlickChick said...

What a great choice! And you are so right - the original could ONLY have been made in the sixties. What a cast, what a film. Things have been so serious since then.

Rebecca Deniston said...

You're right--these movies need to be experienced. Back to back, maybe. I can't imagine David Niven as a Bond-ish character.

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