} Crítica Retrô: Nana (1926)

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Saturday, April 22, 2023

Nana (1926)

 

Eu sou apaixonada por muitas coisas, e o cinema francês é uma delas. Eu tento ver o máximo de filmes franceses que consigo, cubro estréias francesas para a Revista Eletrônica Ambrosia e aprendi mais que algumas palavrinhas em francês só assistindo a tantos filmes made in France. Eu aprendi muito sobre os mestres do cinema francês, e Jean Renoir é um deles. Por isso, não podia deixar passar a oportunidade de ver um dos primeiros filmes de Renoir e procurar o gênio em formação em “Nana” (1926).

I’m passionate about many things, and French cinema is one of them. I try to watch as many French films as I can, I cover French film premieres at the electronic magazine Ambrosia and I’ve learned more than a few French words by watching so many French films. I’ve learned a lot about the masters of French cinema, and Jean Renoir is one of them. So, I couldn’t say “no” to the opportunity of seeing one of Renoir’s early work, and finding the genius blossoming in “Nana” (1926).

Nana (Catherine Hessling) é descrita como “uma garota bonita, sem voz ou talento” mas ainda assim “a ídola do boulevard”. Ela enfeitiça todos os homens da plateia, do mais pobre ao mais rico, incluindo condes e jornalistas. Uma noite, depois do espetáculo, ela recebe no camarim o Conde Muffat (Werner Krauss), que se apaixona por ela. A Condessa Muffat (Jacqueline Forzane), por sua vez, está aproveitando a presença de Fauchery (Claude Autant-Lara), jornalista e dramaturgo.

 Nana (Catherine Hessling) is described as “a pretty girl, without a voice or talent”, but still “the idol of the boulevard”. She bewitches all men in the audience, from the poorest to the richest, and including counts and journalists. One night, after the show, she receives backstage the Count Muffat (Werner Krauss), who falls in love with her. Countess Muffat (Jacqueline Forzane), on the other hand, is enjoying the presence of Fauchery (Claude Autant-Lara), journalist and playwright.

De início, Nana recusa os avanços do Conde, mas ela muda de ideia quando perde o cobiçado papel da Pequena Duquesa numa peça para outra atriz, Rose Mignon (Jacqueline Ford). Nana pede que o Conde intervenha, e ele decide investir na peça contanto que Nana tenha o papel principal. Fauchery, que escreveu a peça, não fica feliz com a mudança, mas tem de concordar com o que o dono do teatro, Bordenave (Pierre Lestringuez), decidiu na negociação com o Conde. A peça é um fracasso e Nana abandona o teatro para se tornar cortesã. Em vez de aplausos, agora ela vai colecionar amantes.  

 At first, Nana refuses the Count’s approach, but she changes her mind when she loses the coveted role of The Little Duchess in a play to another actress, Rose Mignon (Jacqueline Ford). Nana asks the Count for intervention, and he decides to invest in the play as long as Nana plays the lead. Fauchery, who wrote the play, is not happy with the change, but has to agree with what the theater owner, Bordenave (Pierre Lestringuez), has decided in a negotiation with the Count. The play is a failure and Nana abandons the theater to become a courtesan. Instead of applauses, now she will collect lovers.

Catherine Hessling era esposa e musa de Jean Renoir. Não é um simples caso de nepotismo: Hessling é muito boa, seja seduzindo um homem, sofrendo ou dançando can-can. Sempre com olhos muito maquiados e boca pintada em formato de coração, Hessling podia interpretar personagens trágicas - como em “A Dama da Água” (1925) - e fez 14 filmes em uma carreira que durou de 1925 a 1925, quando, já separada de Renoir, ela se aposentou.

Catherine Hessling was Jean Renoir’s wife and muse. It’s not simply a case of nepotism: Hessling is really good, no matter if she’s seducing a man, suffering or dancing the can-can. Always with heavy eye makeup and heart-shaped lips, Hessling could play well tragic characters - like in “Whirlpool of Fate” (1925) - and appeared in 14 movies in a career that lasted 10 years, from 1925 to 1935, when, already divorced from Renoir, she retired.

Nos créditos é dito que o filme foi inspirado no romance de Emile Zola. O IMDb lista 13 adaptações da “Nana” de Zola, da era muda aos dias de hoje, incluindo longas-metragens, curtas e séries de TV. O roteiro do filme de Renoir foi escrito por Pierre Lestringuez, que também interpreta Bordenave. Tendo começado suas carreira como roteirista com a estreia de Renoir na direção, “A filha da Água”, Lestringuez escreveu 25 roteiros até sua morte em 1950. Sua carreira como ator foi bem mais curta, sendo ele creditado em apenas seis performances em frente às câmeras.

In the credits it’s said that the film was inspired by the novel by Emile Zola. IMDb lists 13 adaptations of Zola’s “Nana”, from the silent era to nowadays, including features, shorts and TV series. The scenario for Renoir’s film was written by Pierre Lestringuez, who also plays Bordenave. Starting his career as a screenwriter with Renoir’s debut “Whirlpool of Fate”, Lestringuez went on to write 25 scenarios until his death in 1950. His career as an actor was much shorter, as he’s credited with only six performances in front of the camera.

“Nana” se passa no final da década de 1860, o que pode ser percebido pelas roupas usadas pelas mulheres. O figurino é decente, mas os cenários luxuosos são o verdadeiro destaque. Pode se tratar de um passado recente - pelo menos o era na década de 1920 -, mas algumas coisas não mudaram, como por exemplo o medo da varíola.

 “Nana” is set in the late 1860s, which can be told by the clothes the women are wearing. The clothes are nice, but the lavish sets are truly outstanding. It may be a near past - near to 1920s, that is - but some things remained the same, like the fear of smallpox.

A parte com Nana no teatro é mais interessante que seu tempo como cortesã. Há também uma subtrama sobre apostas em corridas de cavalos que deveria ser emocionante, mas não é. Infelizmente, a parte no teatro é a mais curta, o que faz o filme parecer muito longo - e é realmente longo, com quase três horas de duração. Pode ser descrito como um Renoir ousado, mas ainda não o Renoir genal que conhecemos mais tarde em sua carreira.

The bit with Nana in the theater is more interesting than her times as a courtesan. There is also a whole subplot about bets in horse races that is supposed to be exciting, but isn’t really. Unfortunately, the theater bit is the shortest, which makes the film feel too long - and it’s long indeed, as it’s nearly three hours long. It can be described as a bold Renoir, but not yet the genius Renoir we all knew later in his career.

1 comment:

Karen said...

I enjoyed your write-up, Le! Nana sounds interesting, and Hessling had quite the exquisite face! I've only seen a handful of Renoir's films (The Southerner, Swamp Water, and La Chienne), and would like to see more. I hope I can add this one to the list.

-- Karen

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