} Crítica Retrô: Uma Aventura em Paris (1942) / Reunion in France (1942)

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Tuesday, August 22, 2023

Uma Aventura em Paris (1942) / Reunion in France (1942)

 

Durante alguns anos, nas décadas de 1930 e 1940, Joan Crawford foi uma das atrizes mais bem-pagas de Hollywood. Nos anos 1950, John Wayne foi um dos atores mais bem-pagos de Hollywood. E um dia os dois se encontraram, mas muitas pessoas desconhecem este filme que juntou as duas superestrelas: “Uma Aventura em Paris”, uma propaganda anti-nazista de 1942 dirigida por Jules Dassin - um filme não muito inspirado.

 

For a while, in the 1930s and 1940s, Joan Crawford was one of the highest-paid actresses in Hollywood. In the 1950s, John Wayne was one of the highest-paid actors in Hollywood. And one day the two of them met, but many people aren’t aware of this film that brings the two superstars together: “Reunion in France”, a 1942 anti-Nazi propaganda directed by Jules Dassin - and lacking inspiration.

“Em tempos de guerra, o amor é uma ofensa digna de punição”, diz Michele de la Becque (Joan Crawford) para seu namorado, Robert Cortot (Philip Dorn), quando ele recusa o convite dela para uma escapada. Eles não têm com o que se preocupar, porque Hitler não pode invadir a França, disse um general num evento em que estava o casal. A Linha Maginot parecia intransponível, até que se provou o contrário, e numa questão de semanas a França se rendeu aos nazistas.  

 

“In times of war, love is a punishable offense”, says Michele de la Becque (Joan Crawford) to her boyfriend, Robert Cortot (Philip Dorn), when he refuses her invitation for an escapade. They have nothing to worry about, because Hitler can’t invade France, a general said in an event both were attending. The Maginot Line seemed insurmountable, until it wasn’t, and in a matter of weeks Paris fell under the Nazis.

Michele volta de sua escapada e encontra sua mansão “tomada de empréstimo” pelos nazistas e transformada em posto de distribuição de carvão. Ela se horroriza com o pensamento de que Robert estaria colaborando com os nazistas. Sem dinheiro, ela aceita um emprego numa loja de roupas e é saindo do trabalho que ela conhece o tenente da aeronáutica Pat Talbot (John Wayne), com quem ela se compromete: ela vai ajudá-lo a escapar da França.

 

Michele comes back from her escapade only to find her mansion “borrowed” by Nazis as an outpost to distribute coal. She’s truly horrified when she starts thinking that Robert is collaborating with the Nazis. Penniless, she accepts a job at a clothes store and it’s leaving her job that she meets flight lieutenant Pat Talbot (John Wayne), who she vows to help leave France.

Joan Crawford e John Wayne tinham praticamente a mesma idade - dependendo da fonte que você usa para o ano de nascimento de Joan. Entretanto, no filme a história é construída como se Michele fosse uma mulher mais velha e com mais experiência, e Pat fosse um garoto que acabou de se alistar. Já se passaram alguns anos desde a performance que transformou Wayne em estrela, em “No Tempo das Diligências” (1939), mas seu papel é de coadjuvante - “Uma Aventura em Paris” pertence a Joan Crawford, e só a ela.

 

Joan Crawford and John Wayne were practically the same age - depending on the source you follow for Joan’s birth date. However, in the film the story is built as if Michele was an older, experienced woman and Pat was a boy who just enlisted. It was already past Wayne’s star-making performance in “Stagecoach” (1939), but his is a supporting role - “Reunion in France” belongs to Crawford, and Crawford only.

Numa entrevista para o programa The Merv Griffin Show em 1963, Joan Crawford contou que já queria contracenar com John Wayne algum tempo antes de “Uma Aventura em Paris”, entretanto, nas próprias palavras dela: “quando nós de fato contracenamos, foi com o pior roteiro que eu já vi ou li na minha vida”. Em outra entrevista, ela foi mais além: “Oh, Deus. Se houver vida após a morte e eu tiver de ser punida por meus pecados, este é um dos filmes que eles me farão ver de novo e de novo. John Wayne e eu sofremos, não apenas por causa do roteiro bobo, mas porque éramos uma dupla sem harmonia. Tire John do cavalo, e você terá problemas”. Profundamente criticado por sua própria estrela, não é de se espantar que “Uma Aventura em Paris” seja tão pouco conhecido.

 

In an interview given a The Merv Griffin Show in 1963, Joan Crawford said that she had wanted to play opposite John Wayne for some time before “Reunion in France”, however, in her words, “when we really worked together it was the lousiest script I have ever seen or read in my life.” In another interview, she went further: “Oh God. If there is an afterlife and I am to be punished for my sins, this is one of the pictures they'll make me see over and over again. John Wayne and I both went down for the count, not just because of a silly script but because we were so mismatched. Get John out of the saddle, and you've got trouble." Deeply disliked by its star, there is no wonder “Reunion in France” isn’t a more well-known film.

Philip Dorn tem um papel de responsa como um dos protagonistas, Robert Cortot, namorado de Michele. Nascido na Holanda, ele começou a carreira sob o nome artístico de Frits van Dongen e deixou seu país natal, indo para a Alemanha, em 1938. Em 1939, semanas antes de a Segunda Guerra Mundial começar, ele se mudou para Hollywood e mudou o nome artístico para Philip Dorn. Lá, ele interpretou diversos patriotas anti-nazistas e teve relativo sucesso, o que não o impediu de voltar para a Alemanha nos anos 50.

 

Philip Dorn has a juicy role as one of the leads, Robert Cortot, Michele’s boyfriend. Born in the Netherlands, he started his career under the name Frits van Dongen and left his home country for Germany in 1938. In 1939, just weeks before the beginning of World War II, he moved to Hollywood and changed his stage name to Philip Dorn. There, he played several anti-Nazis patriots and had relative success, which didn’t prevent him from going back to Germany in the 1950s.

“Uma Aventura em Paris” foi dirigido por Jules Dassin, que dirigiu, de acordo com o IMDb, 25 filmes em sua carreira, em diversos idiomas.Dassin estava tendo sucesso moderado quando, em 1952, ele foi acusado de ser comunista - na verdade, ele havia abandonado o partido em 1939 - e teve de se mudar para a França, onde fez muito sucesso.

 

“Reunion in France” is directed by Jules Dassin, who directed, according to IMDb, 25 films in his career, in several languages. Dassin was enjoying moderate success when, in 1952, he was accused of being a communist - he had actually left the party in 1939 - and had to move to France, where he found bigger success.   

Quando ela fala sobre como alguns franceses traíram seus conterrâneos, Michele pergunta “o que será da França?” Nós vimos, nos últimos anos, algo impensável: populações sendo divididas por política, especialmente por partidos, candidatos e governos da extrema direita. Se você, como eu, vive em um país que ainda se sente dividido, você conhece a sensação quando ela diz essa frase: é de desolação e perda da esperança.  

 

 When talking about how some French people betrayed their fellow countrymen, Michele asks “what’s become of France?” We’ve seen, in the past few years, something unthinkable: populations being divided by politics, especially by far-right parties, candidates and governments. If you, like me, live in a country that still feels divided, you know the sensation when she utters the line: it’s of desolation and loss of hope.

“Uma Aventura em Paris” não é uma joia escondida. Pode ser curioso, interessante e agradável, mas não é um filme obrigatório nas filmografias de suas estrelas. É providencial, porque a Resistência não foi embora junto com a primeira derrota da extrema direita. É mais um melodrama que um filme de guerra, mas é, acima de tudo, um veículo para o talento de Joan Crawford.

 

“Reunion in France” isn’t a hidden gem. It may be curious, interesting and enjoyable, but not mandatory viewing in any of its stars’ filmography. It’s timely, as the Resistance didn’t go away in the first defeat of the far-right. It’s more of a melodrama than a war movie, but it is, above all, a Joan Crawford vehicle.


1 comment:

Karen said...

This is one of the few Joan Crawford films that I've stayed away from with a vengeance -- and that was even without reading what she thought of it! I don't think I'll be adding it to my watchlist, but I sure enjoyed reading about it, Le!

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