} Crítica Retrô: Filibus (1915)

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Saturday, December 14, 2024

Filibus (1915)

 

Atualmente tenho 190 títulos na minha lista de filmes para assistir no IMDb e 225 filmes na lista do Letterboxd. Nunca perco uma chance de adicionar novos títulos a estas listas – mas, como você deve imaginar, eu deveria estar trabalhando para deixar estas listas menores. Eu fui ver minhas listas para escolher um filme parar assistir e escrever sobre quando a Rebecca do blog Taking Up Room anunciou o evento chamado On the Spot blogathon. E ali, on the spot, escolhi o filme italiano de 1915 “Filibus: o misterioso pirata aéreo”.

 

I currently have 190 titles on my watchlist on IMDb and 255 films on my watchlist on Letterboxd. I never waste an opportunity to add new titles to these lists – but, as you might imagine, I should be working to make the lists smaller. I jumped to the watchlists to choose a movie to write and review when Rebecca from the blog Taking Up Room announced her On the Spot blogathon. And, on the spot, I chose the 1915 Italian film“Filibus: the mysterious sky pirate”.

A questão é que Filibus não é exatamente um misterioso pirata aéreo. Desde o início sabemos que Filibus é na verdade a Baronesa Troixmonde (Valeria Creti). Um novo roubo a banco levou o detetive Hardy (Giovanni Spano) a ser contratado para descobrir quem realmente é Filibus. Mais encantada que preocupada com isso a Baronesa promete a Hardy que vai provar que ELE é Filibus.

 

The issue is that Filibus isn’t a mysterious pirate of the sky at all. Since the beginning we know that Filibus is actually Baroness Troixmonde (Valeria Creti). A new bank robbery led detective Hardy (Giovanni Spano) to be hired to find out who Filibus really is. More amused than worried with it, the Baroness promises Hardy that she will prove that HE is Filibus.

Um plano é executado: a irmã do detetive Hardy, Leonora (Cristina Ruspoli), é raptada e resgatada pelo Conde De la Brive, que é na verdade a Baronesa travestida. Isso permite que a Baronesa fique próxima de sua vítima seguinte, Leo Sandy (Filippo Vallino, provavelmente – o ator não foi totalmente identificado), um colecionador de antiguidades. E então Hardy cai em uma de suas armadilhas: ao comparar impressões digitais, ele descobre que as dele são iguais às de Filibus e passa a acreditar que está enlouquecendo.

 

A plan is executed: detective Hardy’s sister, Leonora (Cristina Ruspoli), is kidnapped and rescued by Count De la Brive, who is actually the Baroness in drag. This allows the Baroness to become close to her next victim, Leo Sandy (Filippo Vallino, probably – the actor wasn’t identified for certain), an antiques collector. And then Hardy falls on one of her traps: while comparing handprints, he finds out his matches Filibus’s and starts thinking that he is becoming insane.

“Filibus” ilustra bem as muitas oportunidades que existiam para mulheres no Primeiro Cinema. Como o meio era considerado só mais uma curiosidade, as mulheres podiam dirigir, atuar, escrever e produzir seus próprios filmes. A imagem de uma donzela em perigo amarrada aos trilhos do trem é apenas um mito: as mulheres eram ousadas e corajosas nos filmes das décadas de 1900 e 1910, incluindo seriados nos quais as estrelas dispensavam dublês. Adicionado a isso temos em “Filibus” alguns temas que eram novidade para o cinema e a sociedade, como uma heroína travestida que flerta com uma mulher apesar de também ser mulher.   

 

“Filibus” illustrates well the many opportunities that existed for women in early cinema. As the medium was considered just another curiosity, women could direct, act, write and produce their own films. The image of a damsel in distress tied to train tracks is only a myth: women were bold and courageous in films from the 1900s and 1910s, including serials in which the stars did their own stunts. Adding to this were some themes in “Filibus” that were brand new to cinema and society, such as a cross-dressing heroine who flirts with females despite being female herself.

Uma aeronave é peça fundamental na narrativa, algo que não seria possível uma década antes – na verdade, o cinema feito uma década antes era muito diferente do cinema feito em 1915! Não importa se você acredita que os irmãos Wright ou Santos Dumont inventaram o avião, você sabe que ele foi inventado na primeira década do século XX. Aeronaves não eram de interesse somente dos departamentos de guerra dos países: o cinema desde o início incluiu a novidade nas narrativas – e o próprio Santos Dumont esteve envolvido com o mundo do cinema, conforme escrevi AQUI.

 

An airship is a fundamental piece in the narrative, something that wouldn’t have been possible a decade before – in reality, film from a decade before was very distinct from what was made in 1915! No matter if you believe that the Wright brothers or Santos Dumont invented the airplane, you know that it was invented in the first decade of the 20th century. Aircrafts weren’t only of interest of the war departments in several countries: film since the beginning included the novelty in narratives – and Santos Dumont himself was linked to the movie world, as I wrote HERE.

Você não precisa ser fluente na língua para saber que Troixmonde vem do francês. É uma variação de “trois mondes”, que significa três mundos, em alusão a Filibus, a Baronesa e o Conde. Não podemos evitar torcer para Filibus, que é interpretado por Valeria Cresti, uma atriz que por décadas não recebeu crédito pela performance, até que o pessoal do Eye Filmmuseum da Holanda a reconheceu.

 

You don’t need to be fluent in the language to know that Troixmonde comes from the French. It’s a variation of “trois mondes”, that means three worlds, in an allusion of Filibus, the Baroness and the Count. We can’t avoid to root for Filibus, who is played by Valeria Cresti, an actress who wasn’t for decades given credit for the performance, until folks at the Eye Filmmuseum in the Netherlands recognized her.

“Filibus” foi produzido pela companhia Corona, que durou somente de 1914 a 1918. Foi escrito por Giovanni Bertinetti, antecipando temas do movimento Futurista e também da ficção científica, gênero no qual o autor mais tarde se especializou. A escolha por uma anti-heroína pode ter vindo de seriados da época como “Fantômas” (1913) de Feuillade e também da popularidade de Arsène Lupin. O filme termina apontando para uma possível continuação que foi impedida pela Primeira Guerra Mundial, infelizmente.

 

“Filibus” was produced by the short lived – from 1914 to 1918 – production company called Corona. It was written by Giovanni Bertinetti, anticipating themes from the Futurist movement as well as science fiction tropes, a genre the author would specialize in later. The choice for a female anti-hero may have come from serials of the time such as Feuillade’s “Fantômas” (1913) and also from the popularity of Arsène Lupin. The film ends signaling for a possible sequence that World War I prevented from happening, unfortunately.

“Filibus” prova quão complexas as narrativas cinematográficas eram apenas 20 anos depois da invenção do cinema. Nos faz imaginar como o mundo será daqui a 20 anos, com novidades como a Internet das Coisas e a Inteligência Artificial. Dito isto – esta ponte entre passado e futuro – fico muito feliz por ter tirado “Filibus” da minha lista. Já vi mais de cinco mil filmes, mas ainda há TANTO para descobrir – e sou grata por isso.

 

“Filibus” proves how complex the film narratives were a mere 20 years after cinema was invented. It makes us wonder how the world will be in 20 years, with novelties such as the Internet of Things and Artificial Intelligence. This being said – this bridge between the past and the future – I’m very happy I crossed “Filibus” out of my watchlist. I’ve watched more than five thousand movies, but there is still SO MUCH MORE to discover… and for this I am grateful.

 

“Filibus” pode ser visto no YouTube e no Internet Archive.

“Filibus” can be watched on YouTube and Internet Archive.

 

This is my contribution to the On the Spot blogathon, hosted by Rebecca at Taking Up Room.

2 comments:

Quiggy said...

A professor of English with a background in film and prose atTexas State University, Dr. Rebecca Bell-Metereau, wrote a book called "Hollywood Androgyny" some years ago, which I have in my collection. I find the topic interesting. She didn't mention this movie, but then, I didn't think it was a comprehensive overview anyway. I'm interested in finding this now.

Silver Screenings said...

It sounds like this film was years ahead of its time. Would be interesting to see for the complexity of plot.

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