} Crítica Retrô: It (1927)

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Friday, October 23, 2015

It (1927)

Existem alguns filmes que mudam a história do cinema para sempre. “It” não introduziu uma estética, mas levou uma jovem atriz ao topo de Hollywood. Existem filmes que nos ensinam algo. “It” não ensina a flertar, mas mostra como a conquista pode ser um jogo divertido – e como a vida pode ser encarada com leveza e uma dose de coragem. “It” não foi um filme revolucionário, mas conseguiu definir perfeitamente uma era. Se você quiser saber como viviam as flappers e como começou a independência feminina nos loucos anos 20, este é o filme!

There are certain movies that change film history forever. “It” didn’t introduce any aesthetical trait, but took a young actress to the top of Hollywood. There are certain movies that teach us something. “It” doesn’t teach how to flirt, but shows how flirting can be a fun game – and how life can be faced with lightness and a dosis of courage. “It” wasn’t a revolutionary movie, but it could perfectly define an era. If you want to know how flappers lived and how female independence started in the 1920s, this is the film to watch!

Betty (Clara Bow) é uma funcionária de uma grande loja que sabe bem o que quer. Seu objetivo é conquistar seu novo patrão, Cyrus Waltham (Antonio Moreno). Muito decidida e bastante esperta, ela convida Monty (William Austin), grande amigo de Cyrus, para um jantar chique no Ritz. Basta usar um vestido customizado e muito charme e pronto: Betty atrai a atenção de Cyrus.

Betty (Clara Bow) is a clerk at a deparment store and knows exactly what she wants. Her goal is to conquer her new boss, Cyrus Waltham (Antonio Moreno). With this in mind and lots of wit, she invited Monty (William Austin), Cyrus’ good friend, for a fancy dinner at the Ritz. By just using a DIY dress and lots of charms the magic is made: Betty calls Cyrus’ attention.

Monty estava à procura de uma mulher com “IT”, com sex appeal, e encontrou isto em Betty. Ela usou o pobre Monty (que, coitado, pensava ter também “IT”) para fazer charme para o patrão, e a estratégia funcionou. Na noite seguinte, Betty e Cyrus se divertem na praia, em um parque de diversões com brinquedos estranhíssimos (“social mixer”????).

Monty was looking for a woman with “IT”, with sex appeal, and found this in Betty. She used poor Monty (who, poor thing, thought he also had “IT”) to ignite jealousy in her boss, and the strategy worked. The following night, Betty and Cyrus have fun at the beach, in an amusement park with very strange attractions (“social mixer”????).

Além de sedutora, Betty tem um bom coração. Sua companheira de quarto, Molly (Priscilla Bonner) está doente, sem poder trabalhar, e precisa sustentar o filho pequeno. Quando duas senhoras aparecem querendo levar o bebê para o orfanato, Betty não pensa duas vezes: “O filho é meu e eu tenho emprego para sustentá-lo!”. Ela inventa uma mentira e salva a amiga, mas Monty ouve a confissão – e não apenas ele: um jornalista (o jovem e esquálido Gary Cooper) anota tudo e publica a história. A seguir temos confusões, lágrimas, corações partidos e um clímax em um iate.

Besides being a seductress, Betty has a heart of gold. Her roommate, Molly (Priscilla Bonner) is sick, without a job and doesn’t have the means to support her infant child. When two women appear wanting to take the baby to an orphanage, Betty doesn’t think twice: “The child is mine and I have a job to support him!”. With this lie she saves her friend, but Monty hears the confession – not only him, but also a journalist (a young and very slim Gary Cooper) takes note of everything and publishes the story. To follow we have confusion, tears, broken hearts and a climax in a yacht. 

Gary Cooper

O filme deve todo seu valor a Clara Bow. Ela é simplesmente adorável, e ainda demonstra talento quando precisa derramar algumas lágrimas. Linda, risonha e charmosa, ela parece uma garota moderna, e é impossível não se apaixonar ou não se inspirar por seu jeito. Decidida, corajosa, inteligente, Betty não mede esforços para conseguir o que quer, mas sem abandonar a doçura e o tom de brincadeira. Há momentos em que eu gostaria de ser mais como Betty, e levar a vida com um misto de leveza e ambição, determinação e feminilidade. Betty tem “IT”. Clara Bow tinha “IT”. Será que nem todos nascem com “IT”? Ou será que houve um momento em que a humanidade deixou o “IT” escapar?

The film owes everything to Clara Bow. Sh is simply adorable, and also shows a lot of talent when she needs to cry. Pretty, always laughing, and charming, she looks like a modern girl and it’s impossible not to fall in love or get inspired by her ways. Resourceful, brave, intelligent, Betty goes all the way to get what she wants, but without losing the tenderness and the playfulness. There are moments I’d like to be like Betty, and live life with a mix of lightness and ambition, determination and feminility. Betty has “IT”. Clara Bow had “IT”. Maybe not everybody is Born with “IT”? Or maybe there was a moment when mankind let “IT” slip away?

Uma frase em particular mostra como Betty é uma personagem moderna. Enquanto defende a amiga Molly, Betty é questionada sobre onde está o pai de seu suposto filho. A resposta? “Não te interessa!”. Não há heroína de comédia romântica mais incrível que Betty!

One sentence in particular shows how Betty is a modern character. As she’s defending her friend Molly, Betty is asked about where is her supposed son’s father. The answer? “That’s none of your business!”. There is not a single romantic comedy heroine more amazing than Betty! 


Clara Bow pode ser a “It Girl”, mas quem lucrou realmente com o filme foi a mulher que inventou o “IT” (ou pelo menos que popularizou o termo, já usado por Rudyard Kipling): Elinor Glyn, autora de best-sellers escandalosos. É através de um artigo de Glyn na revista Cosmopolitan (propriedade do amigo íntimo de Elinor, William Randolph Hearst) que Monty descobre o significado de “IT” no filme, e a própria autora aproveita para fazer uma breve aparição no jantar no Ritz e explicar o que é “IT”. E “IT” tem um preço: Elinor recebeu 50 mil dólares para que o filme fosse feito ao redor do seu conceito de “IT”.

Clara Bow may be the “It girl”, but the person who got rich with the movie was the woman who invented “IT” (or at least made the word, already used by Rudyard Kipling, popular): Elinor Glyn, the author of scandalous best-sellers. It is through one article by Elinor Glyn at the Cosmopolitan magazine (a property of her close friend Willian Randolph Hearst) that Monty gets to know the meaning of “IT” in the movie and the author herself has a cameo at the Ritz dinner to explain what is “IT”. And “IT” has a price: Elinor received 50 thousand dollars so a movie could be made around her concept of “IT”.   

Todos os olhares deveriam ir para Clara Bow, mas William Austin também atrai a atenção e é a fonte de muitas risadas. Nascido na Guiana em 1884, William Austin estudou na Inglaterra, fez negócios em Shanghai e estreou no cinema em 1920. Seu irmão, Albert Austin, trabalhava como coadjuvante nos filmes de Charles Chaplin. “It”, entretanto, não foi o filme mais famoso de William Austin. Em 1943, ao interpretar o mordomo Alfred em um seriado do Batman, William reformulou totalmente a aparência do personagem, e o Alfred dos quadrinhos foi remodelado com base em William Austin.

All the eyes should be directed to Clara Bow, but William Austin also calls the attention and generates many laughs. Born in Guyana in 1884, William Austin studied in England, was a businessman in Shanghai and debuted in movies in 1920. His brother, Albert Austin, was a supporting player in Chaplin’s movies. “It”, however, wasn’t Austin’s most famous film. In 1943, playing the butler Alfred in one Batman serial, William totally reformulated the character’s appearance, and the Alfred from comic books was completely remodeled having as the basis the appearance of William Austin.

William Austin tinha "IT" / William Austin had "IT"

Perdido durante várias décadas, “It” (o filme, e não o charme) foi reencontrado em Praga, atual República Tcheca, nos anos 60. Carl Davis apreendeu perfeitamente o tom de brincadeira da película, compondo uma trilha sonora adorável nos anos 80. “It” é precursor das screwball comedies e melhor que qualquer comédia romântica atual – mas, acima de tudo, uma prova de que o passado é muito mais próximo de nós do que imaginamos – e de que devemos sempre perseguir nosso “IT”.

Lost during many decades, “It” (the movie, not the charm) was found again in Prague, currently Czech Republic, in the 1960s. Carl Davis perfectly understood the playfulness of the movie, composing a lovely soundtrack in the 1980s. “It” is a forerunner of screwball comedies and better than any modern romantic comedy - but, above all, a proof that the past is much closer to us than we think - and that we all must look for our “IT”.   


This is my contribution to The Silent Cinema blogathon, hosted by Crystal at In the Good Old Days of Classic Hollywood and Lauren Champkin!

9 comments:

vintagepri said...

"iT" é maravilhoso!
Um dos meus filmes favoritos, e também o meu favorito com a Clara Bow!

Beijos, Pri
vintage.blogspot.com

Pedrita said...

não vi. beijos, pedrita

Silver Screenings said...

You're right. Clara Bow is absolutely adorable in this film. If someone is wondering why she was such a big star – and such a big deal – they should see this film.

Wonderful post, Le. I think you really captured the film's appeal and the reason for its success.

Caftan Woman said...

I loved your article on "It". Indeed, Clara Bow has great appeal and, in her own way, is quite an inspiration. Well done!

Anonymous said...

I just watched this the other day! "It" is just so charming, it's a lovely film. Clara Bow lights up the screen. Thanks for the nice writeup :)

Anonymous said...

Oh my goodness, you hit the nail on the head with "There are times when i wish I was more like Betty and take life with a mixture of lightness and ambition, determination and femininity" I feel the exact same way! I love this film and your post is excellent, keep up the great work!
-Summer

Joe Thompson said...

Hi Lê: That was fun. You are right, we all need to use our "It" and be more like Clara Bow. You were also right to say she was adorable. She sure had a lot of energy.

Terence Towles Canote said...

I've always thought of the Twenties as the start of the modern era and this is one of those films that shows why. If Clara Bow could be transported to 2015 I don't think she would look at all out of place!

magarela said...

Acabei de assistir o filme e acabei de encontrar seu blog. Pegando boas dicas aqui. ^^

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