No último ano e meio, fiz um curso online sobre cinema de ficção científica, focando em como o cinema previu a Inteligência Artificial e o Metaverso décadas antes de estas coisas existirem. Por causa desta aula decidi finalmente assistir a “Blade Runner - Caçador de Androides”, mesmo tendo recebido um imenso spoiler durante a aula. Como acredito que o mais importante não é o final, mas a jornada, decidi seguir com meu plano de ver o filme. Aqui estão minhas opiniões:
For the past year and a half, I’ve been taking an online course about sci-fi cinema, focusing on how movies predicted Artificial Intelligence and the Metaverse decades before those things appeared. Because of this class I decided to finally watch “Blade Runner”, even though in the class I received a massive spoiler. Believing that the most important isn’t the outcome, but the journey, I decided to nevertheless watch the movie. Here are my thoughts:
O ano é 2019. Há carros voadores em Los Angeles e o ser humano está colonizando outros planetas. Uma companhia vem criando Replicantes, androides que são similares às pessoas na aparência, força e inteligência, para serem usados como escravos. Depois de uma rebelião, fica acertado que Replicantes podem ficar só em outros planetas. Se um Replicante é encontrado na Terra, é eliminado por um caçador de androides.
The year is 2019. There are flying cars in Los Angeles and mankind is colonizing other planets. A company has created Replicants, androids that are similar to people in appearance, strength and intelligence, to be used as slaves. After a rebellion, Replicants need to stay only on other planets. If a Replicant is found on Earth, it is destroyed by the Blade Runners.
Um dos caçadores de androides é Deckard (Harrison Ford, apenas cinco anos depois de “Star Wars”), que descobre que memórias estão sendo implantadas nos Replicantes para deixá-los ainda mais parecidos com humanos. A missão dele é destruir quatro Replicantes - sem criar laços com eles, o que se mostra impossível.
Such a Blade Runner is Deckard (Harrison Ford, only five years after “Star Wars”), who finds out that memories are being implanted in the Replicants to make them even closer to humans. His mission is to destroy four Replicants - without creating bonds with them, which proves impossible.
Filmes ambientados no futuro costumam ser demasiado otimistas quanto às coisas que alcançaremos até que o futuro se torne presente. Filmes e séries de TV de ficção científica como “Blade Runner” previram que teríamos carros voadores no século XXI, assim como prédios ultra-altos, chamadas de vídeo e equipamentos que respondem a comandos de voz - pelo menos nestes eles acertaram! Outra coisa que o filme acertou foi no multiculturalismo: há pessoas de todo lugar e etnia na Los Angeles de 2019. Eles não previram, entretanto, a xenofobia que infelizmente viria junto.
Films set in the future usually are over-optimistic with all the things that will be accomplished until the future becomes present. Sci-fi movies and TV shows like “Blade Runner” predicted that we’d have flying cars in the 21st century, as well as ultra-high buildings, video calls and equipments that answer to voice commands - at least these they got right! Another thing that the movie got right was multiculturalism: there are people from all places and ethnicities in 2019 Los Angeles. They didn’t predict, however, the xenophobia that would unfortunately come with it.
“Blade Runner” foi produzido por Run Run Shaw, que viveu até os 106 anos e em sua longuíssima vida produziu 380 filmes. O diretor Ridley Scott considerou rodar o filme em Hong Kong, onde Shaw mantinha seus negócios, mas teve de se contentar em filmar em Hollywood. O filme estourou o orçamento e o clima no set era tenso, especialmente entre Scott e o astro Harrison Ford.
“Blade Runner” was produced by Run Run Shaw, who lived to be 106 and in his long long life produced 380 films. The director Ridley Scott considered shooting the movie in Hong Kong, where Shaw had his enterprises, but had to film in Hollywood nevertheless. The movie ended up being over-budget and the mood on the set was tense, especially between Scott and the star Harrison Ford.
O roteiro é de Hampton Fancher e David Peoples, baseado no romance “Androides sonham com ovelhas elétricas?”, de Philip K. Dick, de 1968. O filme começou a ser planejado em 1975. O autor do romance aprovou e elogiou a escolha de elenco, dizendo que tanto Harrison Ford quanto Rutger Hauer eram perfeitos para os papéis. Infelizmente, Philip K. Dick nunca viu o filme completo, pois faleceu no começo de 1982, ano de estreia do filme.
The screenplay is by Hampton Fancher and David Peoples, based on the novel “Do androids dream of electric sheep?” by Philip K. Dick, from 1968. The film started being planned in 1975. The author of the novel approved and highly praised the casting, claiming that both Harrison Ford and Rutger Hauer were perfect for their roles. Unfortunately, Philip K. Dick never saw the completed film, as he died in early 1982, the year the movie was released.
“Blade Runner” inaugurou a tendência de um filme ter mais de uma versão final. Aqui há duas: uma com e outra sem narração, e os finais também diferem. Em 2007 o público viu a “versão do diretor”, vinda de um negativo que não foi apresentado ao público em 1982.
“Blade Runner” inaugurated the tendency to have more than one final version. There are two: the one with and the one without narration, and they have different endings. In 2007 the audience saw the “director’s cut”, coming from a negative that was not presented to the public back in 1982.
A música foi “composta, arranjada, executada e produzida por” Vangelis, um mestre da música eletrônica. Devemos agradecer a ele pela criação de um clima perfeito durante o assassinato de um Replicante - ou, como é dito dentro do filme, uma “aposentadoria”. Há também ótima música quando Rachael (Sean Young) desfaz seu penteado - que foi inspirado em Joan Crawford!-, antes de beijar Deckard. Surpreendentemente, a cena mais emocionante da morte de Batty (Rutger Hauer) não é acompanhada de música.
The music was “composed, arranged, performed and produced by” Vangelis, a master in electronic music. We should thank him for the moody music during the assassination of a Replicant - or, as it’s called within the film, a “retirement”. There is also great music when Rachael (Sean Young) undoes her hair - that was inspired by Joan Crawford! -, before kissing Deckard. Surprisingly, the more emotional scene of Batty’s (Rutger Hauer) death has no soundtrack.
Fiquei surpresa ao notar que “Blade Runner” não é um filme muito longo. Com quase duas horas de projeção (118 minutos), é muito mais curto que outras ficções científicas feitas mais ou menos na mesma época, como “2001: uma Odisseia no Espaço” (149 minutos de duração), e até mesmo a sequência “Blade Runner 2049”, que tem 164 minutos de duração!
I was surprised that “Blade Runner” isn’t a very long movie. Clocking in at nearly two hours of projection (118 minutes), it’s much shorter than other sci-fi movies made around the same time, such as “2001: a Space Odyssey” (149 minutes long), and even the sequel “Blade Runner 2049”, that is 164 minutes long!
Deckard diz que Replicantes são como quaisquer outras máquinas: podem ser benéficas ou uma ameaça. O mesmo pode ser dito sobre todas as novas tecnologias, incluindo a IA e o Metaverso. Não é a tecnologia que é inerentemente boa ou ruim, é nosso uso delas. Se tivermos que tirar uma lição de “Blade Runner”, esta é uma boa.
Deckard says that Replicants are like any other machine: either a benefit or a hazard. The same can be said about all new technologies, including AI and the Metaverse. It’s not the technology that is inherently good or bad, it’s how we use them. If we have to come up with a lesson from “Blade Runner”, this is as good as any other.
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