} Crítica Retrô: Eu sou Ingrid Bergman (2015) / Ingrid Bergman: In her Own Words (2015)

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Wednesday, August 29, 2018

Eu sou Ingrid Bergman (2015) / Ingrid Bergman: In her Own Words (2015)


Se você tivesse que escolher uma palavra para descrever Ingrid Bergman, qual escolheria? As respostas variam. Para Hitchcock, a palavra seria “musa”. Para Cary Grant, “amiga” para Roberto Rossellini, “amore”. Para Pia, Robertino, Ingrid e Isabella, “mama”. Para seus fãs, “deusa”. Para os admiradores de sua trajetória, “livre”. Para qualquer um que ame cinema, “talento”.

If you had to describe Ingrid Bergman with only one world, which one would you choose? The answers would vary widely. For Hitchcock, it’d be “muse”. For Cary Grant, “friend”. For Roberto Rossellini, “amore”. For Pia, Robertino, Ingrid and Isabella, “mama”. For her fans, “goddess”. For the admirers of her life story, “free”. For anyone who love cinema, “talent”.


Felizmente, nós não temos de escolher uma única palavra, porque a própria Ingrid nos deixou muitas palavras. Ela é provavelmente a atriz de cinema clássico que tem mais diários, cartas, fotos e vídeos caseiros para serem apreciados. E estas fontes foram o ponto de partida para o documentário “Eu sou Ingrid Bergman”, do diretor sueco Stig Björkman. Todos estes materiais estão disponíveis para consulta na Coleção Ingrid Bergman dos Arquivos de Cinema da Universidade Wesleyan.

Thankfully, we don’t have to choose only one word, because Ingrid herself left many words for us. She was probably the actress from the Golden Age who has the most diaries, letters, candid photos and home videos to be appreciated. And these material sources were the start of the documentary “Ingrid Bergman: in her own words”, by the Swedish director Stig Björkman. All these materials are now available to be consulted at the Ingrid Bergman Collection from the Cinema Archives at the Wesleyan University.
A professora da Universidade Wesleyan, Jeanine Basinger, com o passaporte de Ingrid, ainda criança / Historian and Wesleyan professor Jeanine Basinger holds Bergman's childhood passport
Sua primeira experiência no cinema foi aos 16 anos, como figurante em “Landskamp” (1932), e ela ficou em êxtase com o que viu. Em 1933 ela foi aceita na Academia de Arte Dramática da Suécia - mesmo local em que Greta Garbo estudou - e em 1935 ela estava fazendo filmes, sendo creditada e disputado pelos estúdios. É maravilhoso ver fatos e cenas destes primeiros filmes.

Her first film experience was at age 16, when she was an extra in “Landskamp” (1932), and she was ecstatic about what she saw. In 1933 she entered the Royal Dramatic School in Sweden - the same place Greta Garbo attended - and in 1935 she started doing movies as a credited actress and being disputed by studios. It’s wonderful to see stills and scenes from those early movies.

Ingrid herdou do pai, que morreu quando ela tinha 13 anos, o hábito de filmar tudo ao seu redor. Ela sempre carregava uma câmera consigo, e por causa disso hoje podemos vê-la com seu primeiro marido, Petter Lindström, na cerimônia de casamento, passeando pela Europa e muito mais. Em um curto e assustador vídeo de 1938, um grupo de nazistas marcha ao lado do carro deles, estacionado na rua, onde Ingrid está encostada. Todos agem como se aquilo fosse normal. É um vídeo em cores, o que faz tudo ainda mais realista. Isso não aconteceu há muito tempo. E alguns dos nossos ídolos estavam lá testemunhando tudo.

Ingrid inherited from her father, who died when she was 13, the habit of filming everything around her. She always had a camera with her, and because of that we can see her with her first husband, Petter Lindström, in their wedding, vacationing through Europe and more. In a chilling footage, from 1938, a group of Nazi soldiers marches side by side with their car, parked in a street, with Ingrid leaning on it. Everybody acts as if it was normal. It’s color footage, making everything more palpable. It happened not so long ago. And some of our idols experienced it firsthand.

Ingrid também escreve muitas cartas. Boa parte da narração - a voz de Ingrid em sueco é de Alicia Vikander - vem de trechos de cartas que ela escreveu para Mollie, uma amiga sueca, Ruth, uma fonoaudióloga de Hollywood, e Irene, esposa de Selznick. Há também um trecho de uma carta que o fotógrafo de guerra Robert Capa escreveu para Ingrid. Eles se conheceram na Europa, onde Ingrid estava visitando as tropas norte-americanas, e se apaixonaram. O mesmo aconteceu quando ela trabalhou com Victor Fleming. Sua filha, Pia, tem uma teoria sobre estas paixões: homens que trabalhavam atrás das câmeras faziam Ingrid se lembrar do pai.

Ingrid also wrote many letters. A lot of the narration - Ingrid’s voice in Swedish is provided by Alicia Vikander - is provided from passages of letters she wrote to Mollie, a Swedish friend, Ruth, a Hollywood speech coach, and Irene, Selznick’s wife. There is also a passage taken from a letter war photographer Robert Capa wrote to Bergman. They met in Europe, where Ingrid was entertaining the troops, and fell in love. The same happened when she worked with Victor Fleming. Her daughter Pia has a theory about those love affairs: men behind cameras reminded Ingrid of her father.


Os vídeos caseiros feitos na Itália, quando ela estava com Rossellini, são divertidos, emocionantes e cheios de propósito, como a filha Ingrid menciona. Isso nos faz imaginar como Ingrid seria se fosse diretora de cinema. Ela se especializaria em comédias? Ela ficaria mais confortável na frente ou atrás das câmeras, ou talvez ambos?

The home videos she recorded in Italy, when she was with Rossellini, are fun, touching and purposeful, as daughter Ingrid mentions. This makes us wonder how Ingrid Bergman would be as a movie director. Would she specialize in comedies? Would she be more comfortable in front of or behind the cameras, or maybe both?


Ingrid diz que Humphrey Bogart era “interessante”, porque não era um galã comum, chama Hitchcock de “muito talentoso”, e Cary Grant de “um dos colegas de cena mais simpáticos” - e Isabella ainda diz que Gran ensinou a mãe a não se levar tão a sério. Com Jean Renoir, ela aprendeu que atuar em filmes não apenas ser outra pessoa, e tendo isso em mente, ela pôde ter uma nova perspectiva acerca dos filmes que fez.

Ingrid calls Humphrey Bogart “interesting”, because he’s not the average leading man, says Hitchcock is “very talented”, and Cary Grant was “one of the nicest costars she worked with” - and Isabella adds that Grant taught her mother to take herself less seriously. With Jean Renoir, she learned that acting in movies is not only about being someone else, and with this in mind she could have a new perspective of the movies she had acted in.


Quando Ingrid mudou-se da Suécia para Hollywood, ela deixou Pia ainda bebê. Quando ela foi para a Itália, Pia tinha 11 anos. E quando ela se separou de Rossellini e mais tarde se casou com o produtor de teatro sueco Lars, ela não levou consigo as crianças. Mesmo assim, nenhuma delas tinha coisas ruins para falar da mãe. Mesmo que desejassem ter passado mais tempo com ela, eles sabiam que ela era preocupada - ela deu uma pausa de dois anos na carreira quando Isabella fez uma cirurgia nas costas - divertida, doce, surpreendente e carinhosa.

When Ingrid left Sweden for Hollywood, she left Pia, still a baby. When she left to Italy, Pia was 11. And, when Ingrid divorced Rossellini and later married the Swedish theater producer Lars, she didn’t bring along her children either. Yet, nobody had a harsh word to talk about their mother. Although they wish they had more time with her, they knew she was caring - she stopped working for two years when Isabella had back surgery - funny, sweet, amusing and warm.
 
Roberto, Ingrid, Isabella and Pia

Ingrid era uma mulher moderna que se sentia incompleta quando não estava trabalhando e fazendo o que amava, mesmo tendo uma família e uma casa para ocupar seu tempo - o que, de acordo com algumas pessoas, são mais do que o suficiente para fazer uma mulher feliz. Mas não me fariam feliz. E também não fizeram Ingrid feliz. Ela nuca estava satisfeita, sempre queria mais. Na Suécia, ela queira ir para Hollywood. Uma vez em Hollywood, ela decidiu ir para a Itália. E depois para a França. E então para a Inglaterra. Ela enfrentou o julgamento hipócrita que todas as mulheres livres enfrentam.

Ingrid was modern woman who felt incomplete when she wasn’t working and doing what she loved, even though she had a family and a house to keep her busy - which, according to some people, is more than enough to make a woman happy. But not me. And not Ingrid either. She was never happy, she always wanted more. In Sweden, she aspired for Hollywood. Once in Hollywood, she decided to go to Italy. Then France. Then England. She faced the hypocritical judgment all free women face. 
 
1939 make-up test in Hollywood
Só um exemplo de hipocrisia: há um trecho com Ed Sullivan perguntando a seu público se eles queriam que Ingrid Bergman fosse entrevistada no seu programa. O documentário não mostra o desfecho: o público disse Sim, mas Sullivan vetou a decisão. As pessoas queriam vê-la e ouvi-la, mas os salvadores da família e da moral não queriam dar uma voz a ela, e pintaram-na como prostituta.

Only one example of hypocrisy: there is footage of Ed Sullivan asking his viewers if they wanted to see Ingrid interviewed in his shows. The documentary doesn’t show the results: the public said Yes, but Sullivan vetoed the actress. People wanted to see and hear the star, but the mighty saviors of family and morale didn’t want to give her a voice, and painted her as a whore.


De volta à pergunta inicial: Se você tivesse que escolher uma palavra para descrever Ingrid Bergman, qual escolheria? Algumas palavras são escolhidas por seus filhos para descrevê-la. Isabella escolhe “charme”. Roberto escolhe “coragem”. Você não precisa escolher nenhuma palavra. Ingrid Bergman nós deixou todas as suas palavras como um precioso legado.

Back to the initial question: If you had to describe Ingrid Bergman with only one world, which one would you choose? A few little words are chosen by her kids to describe her. Isabella chooses “charm”. Roberto chooses “courage”. You don’t have to choose a word. Ingrid left us all her words as a precious legacy.

This is my contribution to the Fourth Wonderful Ingrid Bergman blogathon, hosted by my friend Virginie at The Wonderful World of Cinema.

2 comments:

Caftan Woman said...

A beautifully written tribute to an amazing woman, Ingrid Bergman. You chose all the right words.

Virginie Pronovost said...

My word for Ingrid Bergman still is "Fascinating"! :D What a woman! This documentary proves it to us perfectly. I love your review of it as it not only gave us a good preview of what the film is about but also tells us why Ingrid deserves a lot of respect. A delightful read. Thanks a lot for your contribution to the blogathon!

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