} Crítica Retrô: Contos de Hoffmann (1916) / Tales of Hoffmann (1916) / Hoffmanns Erzählungen (1916)

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Sunday, January 27, 2019

Contos de Hoffmann (1916) / Tales of Hoffmann (1916) / Hoffmanns Erzählungen (1916)


ESTA CRÍTICA CONTÉM SPOILERS

THIS ARTICLE HAS SPOILERS

De acordo com o dicionário Oxford, o termo robô foi originado nos anos 1920, em uma peça tcheca chamada “R.U.R Rossum’s Universal Robots”, vindo da palavra tcheca robota, que significa trabalho forçado. O filme “Hoffmanns Erzählungen”, ou “Contos de Hoffmann”, foi feito antes de 1920, mas tem um robô - ou melhor, um autômato. Robô e autômato são sinônimos até hoje.

According to the Oxford Dictionary, the term robot was originated in the 1920s, coming from a Czech play called “R.U.R Rossum’s Universal Robots”, and came from the Czech word robota, meaning forced labor. The film “Hoffmanns Erzählungen”, or “Tales of Hoffmann” was made before 1920, but it has a robot - or better, an automaton. Robot and automaton are used as synonyms until now.


No Prelúdio, conhecemos o jovem E.T.A Hoffmann (Kurt Wolowsky), que mora com o tio e o enfurece com seu hábito de desenhar caricaturas. Perto da casa de Hoffmann podemos encontrar os alquimistas Coppelius (Friedrich Kühne) e Spalanzani (Lupu Pick) que, como bons alquimistas, querem produzir ouro, mas a partir de partes do corpo humano. Um dia, Hoffmann fica de castigo por causa de uma caricatura que ele desenhou do Conde Dapertutto (Werner Krauss), mas o jovem escapa e encontra o esconderijo dos alquimistas, e lá fica horrorizado com as experiências deles. Hoffmann desmaia na rua e é salvo por uma dançarina chamada Angela (Relly Ridon), uma mulher casada cobiçada por um médico. Depois que Hoffmann se recupera, Angela morre subitamente depois de uma última dança.

In the Prelude, we get to know the young E.T.A. Hoffmann (Kurt Wolowsky), who lives with his uncle and enrages him with his habit of drawing caricatures. Near Hoffmann’s place we can find the alchemists Coppelius (Friedrich Kühne) and Spalanzani (Lupu Pick) who, as good alchemists, want to make gold, but out of people’s body parts. One day, Hoffmann is grounded because of a caricature he drew of Count Dapertutto (Werner Krauss) but the young man escapes and finds the alchemists’ place, where he gets horrified with their experience. Hoffmann collapses in the street and is saved by a dancer named Angela (Relly Ridon), a married woman coveted by a doctor. After Hoffman recovers, Angela dies suddenly after a last dance.


Quando começa o Primeiro Ato, encontramos Hoffmann já como homem maduro - agora interpretado por Erich Kaiser-Titz - e amante da atriz Stella (Kathe Oswald). Quando o noivo de Stella flagra os dois, Hoffmann foge. Em uma pequena cidade, ele encontra Coppelius e Spalanzani, agora um vendedor de óculos e um diretor de museu, com a mais nova invenção deles: Olympia (Alice Hechy), um autômato quase real. Ao usar os óculos especiais e mágicos de Coppelius, Hoffmann se apaixona por Olympia, acreditando que ela é uma mulher real, mas ele tem seu coração partido ao tirar os óculos.

When the First Act begins, we find Hoffmann as a mature man - now played by Erich Kaiser-Titz - and the lover of actress Stella (Kathe Oswald). When Stella’s fiancé find the two, Hoffmann escapes. In a small town, he meets Coppelius and Spalanzani, now a glass seller and a museum director, with their newest invention: Olympia (Alice Hechy), a life-like automaton. While wearing Coppelius’s special magical glasses, Hoffmann falls in love with Olympia, believing she is a real girl, only to have his heart broken when the glasses are removed.


Então, para esquecer Olympia, Hoffmann vai ao teatro e se apaixona pela rica Giulietta (Thea Sandten) - que está mais interessada em seus pretendentes viciados em jogo. De volta ao lar, Hoffmann namora Antonia, a filha de Angela - a mulher que o ajudou muitos anos antes - que foi proibida pelo pai de dançar e que também é cortejada pelo médico que cobiçava sua mãe, o vingativo doutor Miracle (Andreas von Horn).

Then, to forget Olympia, Hoffmann goes to the theater and falls for the rich Giulietta (Thea Sandten) - who is more interested in her gambling suitors. Back home, Hoffmann dates Antonia, the daughter of Angela - the woman who helped Hoffmann many years before - who is forbidden to dance by her father and who is also courted by the doctor who courted her mother, the revengeful doctor Miracle (Andreas von Horn).
 
Prolific actress Thea Sandten was killed in Auschwitz in 1943

E.T.A. Hoffmann realmente existiu: ele foi um autor de literatura fantástica do século XVIII e início do século XIX. “Os Contos de Hoffmann” são uma coletânea dos contos dele em forma de ópera, composta por Offenbach em 1881. Para o filme de 1916, os roteiristas - uma dupla que incluía o diretor Richard Oswald - mudaram a ordem dos atos da ópera.

E.T.A. Hoffman really existed: he was a writer of fantastic literature from the 18th and early 19th centuries. “The Tales of Hoffmann” is a collection of his stories in the shape of an opera, composed by Offenbach in 1881. For the 1916 film, the screenwriters - a duo that included director Richard Oswald - changed the order of the acts of the opera to film.


A história do autômato é interessante, mas muito curta - dura cerca de 15 minutos. O filme alemão “A Boneca”, de 1919, por outro lado, traz uma história de amor com autômato maior e melhor. Algo a se notar em “Contos de Hoffmann” é o uso de efeitos especiais para mostrar o autômato, em versão miniatura, girando dentro de uma caixa. Não encontrei detalhes sobre como isso foi feito, mas uma cena semelhante aparece em “A Noiva de Frankenstein” (1935), com miniaturas se mexendo dentro de garrafas. No filme de Hollywood, o efeito foi obtido quando se colocaram os atores em jarras gigantescas em frente a um veludo preto, e a cena gravada foi editada junto aos atores interpretando os cientistas.

The automaton story is interesting, but very short - it lasts about 15 minutes. The German film “The Doll”, from 1919, on the other hand, has a nicer and longer automaton love story. The one thing to notice in “Tales of Hoffmann” is the use of special effects to show Olympia the automaton, in a miniature version, moving inside a box. I couldn’t find how it was made, but a similar scene appears in “The Bride of Frankenstein” (1935), with miniatures moving in bottles. In this Hollywood film, the effect was achieved by putting the actors in huge jars in front of black velvet then mixing and lining up this footage with the footage of the scientists.


Fica óbvio que o banqueiro Elias, um personagem menor, é judeu - algo que depois é inclusive mencionado e confirmado em uma carta. Muitos judeus trabalhavam com finanças, na Alemanha e no resto do mundo, e há a ideia geral de que judeus têm talento para os negócios. Uma das razões para a perseguição de judeus na era nazista foi o ressentimento em relação à banqueiros judeus que, diretamente ou não, teriam ajudado na derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial.

It’s clear to the eyes - and later stated in a letter - that the banker Elias, a minor character, is a Jew. Many Jews worked in the financial field, in German and elsewhere, and there is the general idea that Jews have a talent for business. One of the reasons for the persecution of Jews during the Nazi era was the bitterness towards Jewish bankers who, directly or indirectly, might have helped Germany to be defeated in World War I.


Os belos cenários em cenas de interiores são a melhor coisa de “Contos de Hoffmann” - um filme sobre um homem que não consegue ser feliz no amor. A versão que temos disponível, com 67 minutos, é considerada incompleta pelo site silentera.com, mas não há quase nada faltando e as histórias podem ser compreendidas sem problemas. Servindo mais como uma curiosidade e uma experiência, “Contos de Hoffmann” é para os mais loucos cinéfilos e os mais audaciosos aventureiros do cinema.

The gorgeous interior sets are the best thing about “Tales of Hoffmann” - a film about a man who can’t find happiness in his love life. The print we have available now, with 67 minutes, is considered incomplete by the site silentera.com, but there isn’t much missing and the stories can be understood perfectly. Serving as more of a curiosity and an experience, “Tales of Hoffmann” is for the craziest cinephiles and the most daring screen adventurers.

This is my contribution to the Robots in Film blogathon, hosted by Quiggy and Hamlette at The Midnight Drive-In and Hamlette’s Soliloquy.


3 comments:

DKoren said...

Great review! I've always wanted to see this version, as I'm a fan of the opera, and I love cinematic versions of operas. I will see if I can find this to watch!

Hamlette (Rachel) said...

How intriguing! I knew vaguely that Tales of Hoffmann was about a guy who has a bunch of failed love-affairs, but I didn't know that it involved animated dolls and gold made out of dead people! Very intriguing. Did the version you watch have music from Offenbach's opera for the background?

Thanks for joining the blogathon!

Caftan Woman said...

Quite a fascinating selection. I was unaware of this version of Tales of Hoffmann until now. Fascinating how they switched up the acts to tell their story. I'll be checking this out when I can.

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