} Crítica Retrô: The Terror of Tiny Town (1938)

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Friday, February 22, 2019

The Terror of Tiny Town (1938)


Atualmente, um diretor muito prolífico faz, no máximo, dois filmes por ano. Em 1938, Sam Newfield fez 15 filmes em 12 meses – um a menos que no ano anterior. Obviamente, estes eram filmes de baixo orçamento feitos por pequenos estúdios – geralmente faroestes com menos de uma hora de duração. Mas um destes faroestes de 1938 se destaca: o bizarro “The Terror of Tiny Town”, um filme que tem de tudo.

Nowadays, a very prolific director makes, at most, two films a year. In 1938, Sam Newfield made 15 films in 12 months – which was one less than he did the previous year. Of course, those were low-budget films made for poverty row studios - often westerns that were under one hour long. But one of his westerns from 1938 stands out: the bizarre “The Terror of Tiny Town”, a film that has everything.


E quando eu digo que tem de tudo eu quero dizer TUDO mesmo: “The Terror of Tiny Town” é um faroeste musical com toques de comédia. Tem famílias rivais e uma trama com um romance ao estilo Romeu e Julieta, um xerife corrupto e ladrões de gado. Há um cozinheiro que persegue um pato para servir de alívio cômico, um pinguim em uma barbearia sem motivo algum e um número musical com homens de rosto infantil dublados com vozes de tenor. Tudo isso em apenas 60 minutos.

And when I say everything I mean EVERYTHING: “The Terror of Tiny Town” is a musical western with touches of comedy. It has rival families and a plot that involves a Romeo and Juliet kind of romance, a corrupt sheriff and cattle thieves. There is a cook chasing a duck for comic relief, a penguin at a barber shop for no reason at all and a musical number with baby-faced men dubbed with tenor voices. All this in only 60 minutes.


Em Tiny Town, um local no Oeste habitado apenas por anões, vivem duas famílias rivais: os Lawson e os Preston. Buck Lawson (Billy Curtis) se apaixona por Nancy (Yvonne Moray), sobrinha do patriarca Preston. Enquanto isso, o gado das duas famílias está sendo roubado, e o ladrão é Bat Haines (‘Little Billy’ Rhodes), um membro da família Preston que quer que a rivalidade continue indefinidamente. Ao seu lado Bat tem o corrupto xerife da cidade (Joseph Herbst) e uma namorada ciumenta identificada apenas como uma Vamp (Nita Krebs).

In Tiny Town, a place in the West inhabited only by little people, live two rival families: the Lawsons and the Prestons. Buck Lawson (Billy Curtis) is in love with Nancy (Yvonne Moray), the Preston patriarch’s niece. Meanwhile, cattle is being robbed from both families, and the thief is Bat Haines ('Little Billy' Rhodes), a member of the Preston family that wants the rivalry to go on indefinitely. On his side Bat has the corrupt town sheriff (Joseph Herbst) and a jealous girlfriend identified only as a Vamp (Nita Krebs).


Embora Tiny Town seja habitada apenas por anões, os cenários eram de tamanho normal. Isso significa que os atores quase sempre passavam por baixo da porta do saloon e das cercas. Eles também tinham de lidar com mobília normal, por vezes entrando dentro dos armários. O pior disso tudo é o tamanho de uma arma normal nas mãos pequenas dos atores. Estes detalhes foram, obviamente, pensados para serem engraçados, mas mostram como o único objetivo do filme era rir dos anões.

Although Tiny Town is inhabited only by little people, the sets were normal size. That means that the actors often passed under the saloon doors and under fences. They also had to deal with normal furniture, often entering inside closets. The worst of all is the size of a normal gun in the actors' small hands. Those details were, of course, thought to bring laughter, but they show that the film was made for exploitation purposes only.


E que outra opção eles tinham nos anos 30 além de serem explorados dessa forma? A inclusão é difícil até hoje, e naquela época os anões ou viviam trancados em suas casas ou em instituições de caridade ou entravam para o elenco de circos e shows de horrores. No cinema, eles eram usados, mais uma vez, como curiosidades ou como alívio cômico. Uma exceção é o surpreendente “Monstros” (1932), que tem como estrela um anão que se apaixona por uma trapezista. O astro de “Monstros”, Harry Earles, e boa parte do elenco de “The Terror of Tiny Town” tiveram mais uma oportunidade de brilhar em Hollywood como Munchkins em “O Mágico de Oz” (1939).

And what other option had a little person in the 1930s if not being exploited? Inclusion is difficult until today, and back then those people had to either live locked in their homes or in institutions or join circuses and freak shows. On film, they were used again as curiosities and sometimes as comic relief. One exception is the chilling “Freaks” (1932), that stars a dwarf who is in love with a trapeze girl. The star of “Freaks”, Harry Earles, and most of the cast of “The Terror of Tiny Town” had another opportunity to shine in Hollywood as Munchkins in “The Wizard of Oz” (1939).


A vida nem sempre foi tão difícil para os anões. No Egito Antigo, por exemplo, eles eram considerados seres divinos e tinham altos cargos junto ao faraó. A mesma coisa acontecia na China Antiga. Na Europa Moderna e Medieval, entretanto, os anões eram ou bobos da corte ou tratados como animais de estimação pela nobreza e monarquia. Quando começou a Era da Razão, eles passaram a ser exibidos como curiosidade ou estudados por cientistas que procuravam a cura do nanismo.

Life wasn’t always so difficult for little people. In the Ancient Egypt, for instance, they were considered divine beings and held high positions near the Pharaoh. The same happened in Ancient China. In Medieval and Modern Europe, however, little people were either court jesters or treated as pets by the nobility or the monarchs. As the Age of Reason started, they were either exhibited as freaks or studied by scientists looking for a cure for dwarfism.
 
A deusa egípcia Bes era uma anã /
Egyptian goddess Bes was a dwarf
Em quase todos estes casos, há um denominador comum: os anões não eram ouvidos. O diretor alemão Werner Herzog, em seu segundo longa-metragem, tentou dar voz aos anões ao mesmo tempo em que mandava uma mensagem mais profunda – e foi tudo uma bagunça... exatamente como ele planejou.

In almost all these cases, there is one thing in common: little people weren’t heard about what they wanted. German director Werner Herzog, in his second feature, tried to give a voice to little people while also sending a deeper message – and, boy, it was a mess... just as he intended.


Um anão é uma pessoa que, na idade adulta, mede menos de 1,20 m – o que significa que eu escapei por 30 cm. No filme “Os Anões Também Começaram Pequenos” (1970), vemos uma instituição de caridade habitada apenas por anões. Quando um destes internos, Pepe (Gerd Gickel), é detido pelo instrutor da instituição – que também é anão – e é acusado de atacar outra interna, todos os anões se rebelam, causando caos - e abuso animal.

A little person or a dwarf is a person who, as an adult, is less than 4 feet tall – which means that I escaped by a whole foot. In the film “Even Dwarfs Started Small” (1970), we see an institution inhabited only by little people. When one of those interns, Pepe (Gerd Gickel), is detained by an instructor of the institution – who is also a dwarf – and accused of attacking another intern, all little people revolt, resulting in chaos - and animal abuse.


Os anões se revoltam contra as regras do lugar, contra as atividades que eles têm de fazer 'porque faz bem à saúde', como caminhar ao ar livre, regar as plantas e cuidar dos animais. Você pode pensar que foi uma tentativa de dar voz a quem não era ouvido, mas por fim vemos que eles gostam de fazer coisas infantis – como pregar peças em dois anões cegos e encenar um falso casamento entre uma anã com alguma deficiência mental e o homem mais baixo do lugar, um cara chamado Hombre (Helmut Döring). Tudo em meio a muitas risadinhas.

The little people revolt against the norms of the place, against the activities they have to do 'for their health', such as walking outdoors, watering plants and taking care of the animals. You may think it was an attempt to give a voice to the voiceless, but eventually we see that they engage in childish adventures – like pranking two blind dwarfs and holding a fake wedding between a mentally impaired female dwarf and the shortest man there, a guy called Hombre (Helmut Döring). All in between many giggles.


À primeira vista, é difícil entender os temas subjacentes que Herzog adiciona aos seus filmes. Em “Os Anões Também Começaram Pequenos”, há o absurdo da situação toda, a ideia de que toda revolução termina em caos se não há foco e cooperação e muitos outros – porque cada espectador interpretará o filme de maneira diferente. Havia uma resão mais profunda e mais nobre para Herzog fazer este filme do que a exploração dos seus atores – mas só entendemos isso depois de refletir sobre o filme dentro da carreira do diretor.

It's difficult at first to understand the underlying themes Herzog adds to his films. In “Even Dwarfs Started Small”, there is the absurdity of the whole situation, the idea that all revolution ends in chaos if there is no focus and cooperation and many others – because all viewers will interpret the film differently. There was a deeper, nobler reason for Herzog to make this movie than simple exploitation – but we just understand that after reflecting upon the film inside of the director's career.


Recentemente, um monte de reality shows de televisão estrelando anões surgiu e teve muito sucesso. Há muita controvérsia sobre estes programas, em especial quando consideramos que muitos espectadores apenas os veem em busca do mesmo tipo de exploração que era oferecido pelos shows de horrores.

Recently, a plethora of reality TV shows starring little people appeared and became hits. There is a lot of controversy around those shows, in special considering that many viewers only follow the shows looking for the same kind of exploitation offered by freak shows.
Todos os atores de “The Terror of Tiny Town” já eram profissionais no palco, e continuaram atuando. A maioria dos atores de “Os Anões Também Começaram Pequenos” não era profissional, e quase todos eles fizeram apenas este filme e nada mais no cinema. “The Terror of Tiny Town” pode não ter beneficiado a carreira de nenhum de seus atores, mas imortalizou-os, e gerou um debate que nos mostra que ainda há muito a fazer para que os anões sejam incluídos no cinema como as pessoas completas, capazes, inteligentes e talentosas que eles são.

All actors in “The Terror of Tiny Town” were already professionals of the stage, and went on acting. Most actors of “Even Dwarfs Started Small” were not professionals, and almost all of them didn't do other films. “The Terror of Tiny Town” may not have furthered anyone's career, but it immortalized those little actors, and sparkled a debate that shows us that there is still a long way to go for little people to be fully included in movies as the whole, capable, intelligent and talented people they are.

This is my contribution to the So Bad It’s Good Blogathon, hosted by Rebecca at Taking Up Room.

5 comments:

Silver Screenings said...

Thanks, Le, for sharing this research. I didn't know little people were so revered in ancient Egypt.

I haven't seen either film, so I was glad to read your thoughts on them. You always give a reader her money's worth!

Quiggy said...

I kind of like Tiny Town, even if it is a "bad" movie. It reminds me of "Under the Rainbow" which had Chevy Chase and a bunch of little people in Hollywood during the auditions for Wizard of Oz (with a ridiculous plot about Nazis including Billy Barty as a Nazi spy. Trust me. It has to be seen to be believed. And this was made in 1981...)

Cynthia said...

I'm so glad you chose Tiny Town for the blogathon. A lot of people don't know about this film, and whether you enjoy it or not, it's a fascinating piece of cinematic history. Plus, like you say, it has pretty much everything. Except a rubber monster.

Rebecca Deniston said...

This was so interesting, Le. Thanks for covering not only "Tiny Town," which seems like a ludicrous film, but the ways little people have been perceived at different times in history. It's unfair that they're overlooked most of the time. Thanks for this terrific review and for joining the blogathon!

Crystal Kalyana said...

I have never heard of this film, but now I want to check it out. It sounds fun. Thanks for introducing me to this film with your fab article Le.

I also invite you to read my contribution to the blogathon.

https://crystalkalyana.wordpress.com/2019/03/01/bette-davis-triumphs-on-the-small-screen-strangers-the-story-of-a-mother-and-daughter-1979/

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