} Crítica Retrô: December 2019

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Monday, December 30, 2019

Kitty Foyle (1940)


O que te faz querer ver um filme? É o elenco, o diretor ou a sinopse? Você tem uma lista de filmes para assistir? Você se planeja com antecedência ou assiste a qualquer coisa que encontrar na TV ou no streaming? Você se importa com os prêmios que um filme ganhou ou isso é irrelevante? Estou perguntando porque há muitos, muitos filmes para ver, e algum critério deve ser aplicado para que possamos escolher quais filmes ver e quais deixar passar. “Kitty Foyle”, de 1940, por exemplo, parecia digno de ser visto por ter trazido a única indicação ao Oscar de Ginger Rogers... e ela ganhou o Oscar! E, de fato, “Kitty Foyle” me fez refletir bastante.

What makes you want to watch a movie? Is it the cast, the director or the synopsis? Do you have a watch list? Do you plan ahead or do you watch whatever is on TV or streaming? Do you care if a film has won awards or isn’t it relevant for you? I’m asking because there are many, many movies to see, and some criteria must be applied for us to choose which ones to check and which ones to ignore. “Kitty Foyle”, from 1940, for instance, seemed worth checking out because it brings Ginger Roger’s only Oscar nomination… and she won that Oscar! And, indeed, “Kitty Foyle” made me think a lot.


O começo do filme é de doer: em uma breve sequência ambientada no começo do século XX, o filme mostra uma jovem vivendo uma vida perfeita, completa com marido e filhos. A mulher decide “descer de seu pedestal” e perder “privilégios” para conseguir direitos iguais – isto é, poder votar e trabalhar fora de casa. Já dá para perceber que o livro “Kitty Foyle” e o roteiro do filme foram escritos por homens?

The beginning of the film is cringe worthy: in a brief sequence set in the 1900s, the film shows a girl living the perfect life, complete with husband and kids. The woman decided to “climb down her pedestal” and lose her “privileges” in order to achieve equal rights – that is, to be able to vote and join the workforce. Can you see that the novel “Kitty Foyle” was written by a man, and so was the screenplay?


Kitty (uma Ginger Rogers morena) é uma jovem trabalhadora dos anos 40 tendo que escolher entre dois pretendentes. Uma noite, após sair do trabalho, ela acompanha seu namorado médico Mark (James Craig) até a casa de uma paciente. Lá ele ajuda no parto de um bebê e, quando Kitty o ajuda e segura o bebê, ele a pede em casamento. Ela aceita e ainda diz que se sente “tão completa” segurando aquele bebê. Eles planejam se casar naquela mesma noite, mas quando Kitty chega à pensão onde vive, ela encontra seu outro pretendente, Wyn (Dennis Morgan). Só há um problema: Wyn quer ficar com ela, mas se recusa a se divorciar de sua esposa.

Kitty (a brunette Ginger Rogers) is a 1940s “white-collar girl” having to choose between two beaus. One night, after leaving her work, she accompanies her doctor boyfriend Mark (James Craig) to a patient's house. There he helps deliver a baby and, when Kitty helps him and holds the baby, he proposes to her. She says yes, and also says that she feels “so right” holding that baby. They plan to get married that same night, but when Kitty arrives at the boarding house she lives in, she finds her other beau, Wyn (Dennis Morgan). There is only a problem: Wyn wants to be with her, but he won't divorce his wife.


Uma sequência em flashback nos mostra que Kitty havia trabalhado para Wyn como datilógrafa. Em um gesto que deveria ser romântico, mas que se parece mais com assédio no trabalho, ele confessa seu amor por ela. E ela não conhece Mark em circunstâncias mais convenientes: ele a ajuda quando ela acidentalmente dispara o alarme da loja em que havia sido recém-contratada, e ele a chantageia para que ela aceite sair com ele.

A flashback sequence shows us that Kitty had worked for Wyn as a typist. In a move that should be romantic but looks more like workplace harassment, he confesses he loves her. And she doesn't meet Mark in more convenient circumstances either: he helps her when she accidentally sounds the alarm from the store she has just started working in and he humorously blackmails her to go on a date with him.


Há momentos mais progressistas no filme. Em um deles, Kitty enfrenta a família rica de Wyn, quando descobre que ele só poderia usar o dinheiro de sua herança se ele e ela vivessem na casa da família. Quando ela protesta por “gente morta poder ditar como Wyn vive sua vida”, nós quase nos esquecemos do discurso datado do começo.

There are more progressive moments in the film. In one of them, Kitty faces Wyn's rich family, when learning that he would only use his inheritance money if he and she lived in the family property. As she protests about how “dead people can say how Wyn must live his life”, we almost forget about the dated speech from the beginning.


O filme também lida com gravidez fora do casamento, mas encontra uma maneira muito convencional de rapidamente se livrar do assunto. Curiosamente, o livro era muito mais controverso – ele era vendido como “a novela mais ousada sobre uma mulher a ser escrita por um homem” – mas quase todos os temas controversos foram excluídos do roteiro por causa do Código Hays. Mais uma vez, o Código arruinou um filme – afinal, não podemos nos esquecer de que, na época, até a palavra “grávida” era proibida no cinema.

The film also deals with pregnancy out of wedlock, but it finds a very conventional way to quickly erase the subject. Interestingly, the novel was much more controversial – it was marketed as “the most daring novel ever written by a man about a woman” – but nearly all controversial themes had to be excluded from the screenplay due to the Hays Code. Once again, the Code has ruined a movie – after all, let’s not forget that back in the day even the word “pregnant” was forbidden in a film.


O título completo do filme é: “Kitty Foyle – A história natural de uma mulher”.  Isto é revelador, como se contentar-se com menos, com o mais conveniente, fosse o destino de todas as mulheres. Eu costumo dizer que se a poligamia fosse normalizada, 90% de todas as tramas de filmes perderiam o sentido. Isso aconteceria aqui, onde Kitty tem de escolher entre um homem que ela ama demais, mas com quem seu futuro é incerto, e um homem que ela não aprecia muito, mas com quem seu futuro será seguro.

The full title of the film is: “Kitty Foyle – The natural history of a woman”. This is revealing, as if settling for less, for the most convenient, was the fate of all women. I usually say that if polygamy was normalized, 90% of all film plots would stop working. This would happen here, where Kitty needs to choose between a man she loves deeply, but with whom her future is uncertain, and a man that she doesn’t like so much, but with whom her future will be safe.


Gostar de coisas antigas não significa ter valores antiquados. Eu não gostaria de ter nascido nos anos 1930. Eu sei que, se eu tivesse nascido naquela época, minha chance de ser uma mulher comum, dona de casa e mãe, seria muito maior do que minha chance de ter sido uma mulher trabalhadora e independente. Eu acredito que meu ponto de vista feminista é algo único que eu trago para minhas críticas, e tenho de apontar detalhes antiquados em filmes como “Kitty Foyle” para que possamos parar de romantizar a Era de Ouro do cinema como uma época melhor. Ela certamente não foi melhor para todos – talvez apenas para os homens brancos e heterossexuais, e é ótimo que nós, como sociedade, estejamos mudando isso.

Liking vintage things does not mean having vintage values. I don't wish I was born in the 1930s. I know that, if I was born back then, my chance of being a common woman, housewife and mother, would be much bigger than my chance of being an independent career woman. I believe that my feminist point of view is something unique I add to my reviews, and I have to point out those dated details in films like “Kitty Foyle” for us to sometimes stop romanticizing the Golden Age of Film as a better time. It certainly wasn’t better for all – maybe only for straight white man, and it’s so good that we, as a society, are changing this.


O roteiro foi escrito por Dalton Trumbo, com ajuda de Donald Ogden Stewart, mas ele pouco se parece com os melhores trabalhos destes grandes escritores. A história é romântica e por vezes engraçada, mas não tem o charme de “A Princesa e o Plebeu” (1953) de Trumbo e de “Núpcias de Escândalo” (1940) de Stewart.

The screenplay was written by Dalton Trumbo with help from Donald Ogden Stewart, but it hardly looks like the best works by those great writers. The story is romantic and sometimes funny, but lacks the charm of Trumbo’s “Roman Holiday” (1953) and Stewart’s “The Philadelphia Story” (1940).


Aliás, Ginger ganhou o Oscar derrotando Katharine Hepburn, de “Núpcias de Escândalo” – que havia se recusado a fazer “Kitty Foyle” – e outras indicadas cujas performances parecem ter merecido mais o prêmio do que ela: Joan Fontaine em “Rebecca” (1940) e a melhor de todas as indicadas, Bette Davis em “A Carta” (1940). Ah, e devemos nos lembrar de que Vivien Leigh sequer foi indicada por sua performance arrebatadora em “A Ponte de Waterloo” (1940)!

By the way, Ginger won her Oscar over Katharine Hepburn, from “The Philadelphia Story” – who had refused to star in “Kitty Foyle” – and other nominees whose performances seem more deserving than hers: Joan Fontaine in “Rebecca” (1940) and, the best of the bunch, Bette Davis in “The Letter”. Oh, and we must remember that Vivien Leigh wasn’t even nominated for her heartbreaking performance in “Waterloo Bridge” (1940)!


Ginger também lançou moda dentro e for a do filme. Do filme veio o “vestido Kitty Foyle”, um vestido escuro com colarinho e abotoadura brancos. Fora do filme, no Oscar, Ginger usou um vestido que causou frisson: com a parte de cima parecendo uma lingerie, o vestido de seda cinza foi considerado ousado demais. Mesmo que Ginger tenha seguido a sugestão de usar “tons sérios” por causa da guerra que estava em curso, foi a transparência do vestido que gerou críticas.

Ginger also created fashion trends in and outside the film. From the film came the “Kitty Foyle dress”, a dark dress with white collar and cuffs. Outside the film, at the Academy Awards, Ginger wore a dress that caused a stir: with the top part looking like a negligee, the grey silk dress was considered too daring. Although Ginger kept with the suggestion of wearing “muted tones” because of the ongoing war, it was the transparency of her dress that brought criticism.


“Kitty Foyle” é ruim? Não. É datado? Sim. Com um discurso de que o destino da mulher trabalhadora ainda é o casamento, o filme tem as qualidades e os defeitos que também encontramos nos melodramas de Douglas Srik, e nos anos 1950 Sirk provavelmente teria remodelado a história para torná-la mais interessante. Afinal, se havia alguém na Velha Hollywood que conhecia a “história natural de uma mulher”, este alguém era Sirk.

Is “Kitty Foyle” bad? No. Is it dated? Yes. With the speech about how the fate of the “white-collar girl” is still marriage, it has the positive and negative characteristics we also find in Douglas Sirk’s melodramas, and in the 1950s Sirk would probably have revamped the story to make it more interesting. After all, if there was someone in the Old Hollywood who knew about “the natural history of a woman”, this someone was Sirk.

This is my contribution to the Second Fred Astaire and Ginger Rogers blogathon, hosted by Michaela and Crystal at Love Letters to Old Hollywood and In the Good Old Days of Classic Hollywood.

Sunday, December 22, 2019

François Truffaut, filmes de guerra e eu

François Truffaut, war movies and me

François Truffaut é um dos deuses do cinema. Além de ser um grande diretor, roteirista e por vezes ator, ele amava o cinema acima de todas as coisas. Ele era um de nós, cinéfilos. Mas isso não significa que ele estava sempre correto em suas opiniões sobre o cinema. Há algum tempo eu li algo que Truffaut disse e discordei dele. Truffaut disse que não existe um filme completamente antiguerra porque mesmo os filmes antiguerra acabam glorificando a guerra.

François Truffaut is one of the cinema gods. Besides being a great director, screenwriter and sometimes actor, he loved cinema above all else. He was one of us, film people. But it doesn’t mean he was always right in his opinions about film. A while ago I read something Truffaut said and I strongly disagreed. Truffaut said that there can’t be a completely anti-war movie because even anti-war movies end up glorifying war.

Chicago Tribune - November 11th, 1973 

Eu encontrei esta declaração enquanto pesquisava para uma apresentação. Eu passei 2019 e boa parte de 2018 fazendo esta pesquisa. No final, escolhi 34 filmes, feitos entre 1917 e 2017 – este intervalo de 100 anos foi coincidência – sobre a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais.

I came across this declaration when I was doing research for a presentation. I spent 2019 and a good chunk of 2018 doing this research. In the end, I chose 34 films, made between 1917 and 2017 – this 100-year period was a coincidence – about World War I and World War II.


Minha intenção era analisar o discurso nestes filmes, e como ele mudou com o passar do tempo. No final, eu descobri que, durante as guerras, os filmes tinham um tom bem patriótico, mas depois ele mudava. Com “Eu Acuso!” (1919) de Abel Gance, os filmes e a sociedade em geral começaram a ver a Primeira Guerra Mundial como uma guerra na qual não valeu a pena lutar – e que moldou a Geração Perdida. Entretanto, por causa dos horrores dos campos de concentração, a Segunda Guerra Mundial sempre foi retratada no cinema como uma guerra do bem contra o mal, com os bons sendo parte da Geração Grandiosa.

My intention was to analyze the discourse in those films, and how it changed over time. In the end, I found out that, during the wars, the films had a very patriotic tone, but afterwards it changed. With Abel Gance’s “J’Accuse!” (1919), films and society in general started seeing World War I as a war that was not worth fighting – and one that shaped the Lost Generation. However, due to the horrors of concentration camps, World War II was always portrayed in film as a war of good versus evil, with the good ones being part of the Greatest Generation.

Me at the presentation

Isso significa que a maioria dos filmes sobre a Primeira Guerra Mundial é de filmes antiguerra, enquanto filmes sobre a Segunda Guerra Mundial são a favor da guerra. No artigo, Truffaut menciona “Glória Feita de Sangue” (1957), de Kubrick, como um filme antiguerra que na verdade glorifica a guerra. Eu não concordo muito com isso, mas há um filme que é completamente antiguerra e contesta a teoria de Truffaut: “Nada de Novo no Front” (1930).

This means that most films about WWI are anti-war films, while WWII films are pro-war. In the article, Truffaut mentions Kubrick’s “Paths of Glory” (1957) as an anti-war film that actually glorifies war. I don’t really agree with that, but there is one film that is completely anti-war and disproves Truffaut’s theory: “All Quiet on the Western Front” (1930).


“Nada de Novo no Front” é um filme de 1930 da Universal Pictures dirigido por Lewis Milestone. Ele é baseado no romance homônimo de Erich Maria Remarque, publicado em 1928. Ele conta a história do jovem alemão Paul Bäumer (interpretado por Lew Ayres) e seus colegas de classe que se alistam no exército após um inflamado discurso patriótico feito por um professor. Eles aprenderão que a guerra é bem diferente da descrição do professor: menos emocionante e glamourosa.

“All Quiet on the Western Front” is a 1930 Universal Pictures movie directed by Lewis Milestone. It is based on the novel of the same name by Erich Maria Remarque, published in 1928. It follows the young German Paul Bäumer (played by Lew Ayres) and his fellow classmates who enlist in the German Army after their teacher makes an intense patriotic speech. They all will learn that war isn’t that exciting or glamorous as the teacher had painted it.


Para mim, há duas sequências fundamentais que mostram a desilusão destes jovens e também que a guerra não merecia o esforço. A primeira é quando o Cabo Himmelstoss (John Wray) – o homem abusivo que treinou os jovens antes de eles partirem para o campo de batalha – chega ao front e, vendo a guerra pela primeira vez, se mostra um covarde. Himmelstoss só era valente perto de jovens imaturos. Fato curioso: Himmelstoss significa "céu em queda" em alemão.

For me, there are two key sequences that show the disillusionment of those youngsters, also showing that the war was not worth fighting. The first is when Corporal Himmelstoss (John Wray) – the abusive man who trained the boys before they went to the front – arrives in the front and, seeing war for the first time, acts with cowardice. Himmelstoss was, after all, only a big bully. Curious fact: Himmelstoss means "falling sky" in German.


A segunda sequência envolve Paul voltando para casa, de folga. Quando ele chega à sua cidade natal, ele percebe que ninguém lá é capaz de imaginar os horrores da guerra, e eles inclusive acham que a Alemanha está a um passo da vitória. Pior ainda: quando ele visita sua velha escola, ele vê o professor Kantorek (Arnold Lucy) repetindo o mesmo discurso patriótico glorioso para alunos muito mais jovens que Paul. Revoltado, Paul conta a eles a verdade sobre a guerra, e como o professor não sabe do que está falando porque nunca esteve no front. Paul é então chamado de covarde pelos jovens estudantes, em transe com o discurso patriótico.

The second sequence involves Paul coming back home for a while. When he reaches his hometown, he realizes that nobody there imagines the horrors of war, and they all actually think that Germany is almost winning the war. Even worse: when he visits his old school, he finds Professor Kantorek (Arnold Lucy) repeating the same glorious patriotic speech to students much younger than Paul. Revolted, Paul tells them the truth about war, and how the professor can’t know them because he had never been to the front. Paul is then called a coward by the young students entranced by the patriotic speech.


“Nada de Novo no Front” era tão pacifista em sua mensagem que foi banido na Alemanha Nazista, na Itália fascista, na Áustria e até mesmo na França. Estes países só puderam ver a obra-prima de 1930 após a Segunda Guerra Mundial.

“All Quiet on the Western Front” had such a strong pacifist message that it was banned from Nazi Germany, fascist Italy, Austria and even France. Those countries could only see the 1930 masterpiece after World War II.


Além disso, a história foi tão profunda que fez o ator Lew Ayres se tornar pacifista. Isso lhe custou muito: ele se opunha à Segunda Guerra Mundial e se alistou no exército apenas para servir como ajudante médico. Depois de alguma confusão, ele finalmente seguiu no exército no posto desejado.

Moreover, the story was so appealing that it turned actor Lew Ayres into a lifelong pacifist. This cost a lot to him: he was a conscientious objector to the Second World War and enlisted in the army only to serve as medical aid. A little kerfuffle followed, until he was granted his wish.


Eu não consegui encontrar nada sobre o que Truffaut achou de “Nada de Novo no Front” – e sua opinião seria bem-vinda, porque o filme só estreou na França em 1963, quando Truffaut já era crítico de cinema. De qualquer forma, eu posso dizer uma coisa: por ter os vencedores da guerra contando uma história empática sobre os perdedores, “Nada de Novo no Front” humaniza ambos os lados do conflito e mostra que a guerra é inútil porque somos todos iguais. E eu sinto muito, monsieur Truffaut, mas este filme cria este discurso antiguerra da mais perfeita e inquestionável maneira que eu já vi no cinema.

I couldn’t find anything about what Truffaut thought of “All Quiet on the Western Front” – and his thoughts would be welcome, because the film was only allowed to be shown in France in 1963, when Truffaut was already a film critic. Anyway, I can say one thing: by letting the winners of the war tell an empathetic story about the losers, “All Quiet on the Western Front” humanizes both sides of the conflict and shows that war is useless because we’re all equal. And I’m sorry, monsieur Truffaut, but this film does this anti-war speech in the most perfect, unquestionable way I’ve ever seen on a screen.

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