} Crítica Retrô: Crescendo em frente às câmeras: Roddy & Dean

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Friday, May 24, 2013

Crescendo em frente às câmeras: Roddy & Dean

Desde 1895, quando foi rodado “Le repas de bébé”, estrelando o filho de Auguste Lumiére, crianças fazem parte do cinema, com maior ou menor grau de profissionalismo em suas interpretações. Nenhuma década ficou sem seu ator ou atriz mirim para abrilhantar as telas e retira exclamações de fofura das plateias. Na década de 1940, dois meninos protagonizaram filmes de igual sucesso, mas com o tempo cada um seguiu caminhos muito diferentes.
Dean Stockwell como Nick Charles Jr em uma imagem estranha
Roderick Andrew McDowall nasceu na Inglaterra em 1928. Seu pai era da Marinha e sua mãe sempre quis ser atriz, e viu no filho a oportunidade de realizar esse sonho. O menino fez sua estreia no cinema aos dez anos, como o irmão de Jessica Tandy em “Murder in the Family”. Com a Segunda Guerra Mundial, toda sua família foi para os Estados Unidos, onde ele conseguiu um papel que equivalia ao de um protagonista como o narrador mirim de “Como era verde o meu vale / How green was my valley” (1941). Da produção desse filme surgiu uma amizade com a atriz Maureen O’Hara que duraria décadas. Também nesse período Roddy conheceu duas outras importantes amigas, as também atrizes infantis Peggy Ann Garner e Elizabeth Taylor que, curiosamente, contracenaram em “Jane Eyre” (1943).  
Robert Dean Stockwell nasceu nos Estados Unidos em 1936. Seu pai foi, no ano seguinte, o dublador do príncipe encantado no longa pioneiro de animação “Branca de Neve e os sete anões”, e sua mãe trabalhava no teatro com o nome de Betty Veronica. Com cara de anjo e sangue artístico na família, ele estreou aos nove anos em "O vale da decisão / The valley of decision" (1945), um filme cheio de estrelas (incluindo Jessica Tandy), e nos mesmo ano esteve ao lado de Gene Kelly, Frank Sinatra e Kathryn Grayson em "Marujos do Amor / Anchors Aweigh". Em dois anos ele voltaria a trabalhar com Gregory Peck, o astro de seu primeiro filme, no excelente "A luz é para todos / Gentlemen's Agreement" (1948) e, antes disso, viveu Nick Charles Jr. em "A canção dos acusados / Song of the thin man" (1946), o último filme do charmoso casal Nick & Nora.
Com o tempo, ambos diversificaram seus ramos de atuação. Aos 20 anos Roddy já era produtor associado de vários filmes, ao mesmo tempo em que atuava na Broadway. Tanto Dean quanto Roddy colecionaram vários papéis na televisão enquanto eram jovens. Antes dos 30 Dean Stockwell conquistou dois prêmios de melhor ator no Festival de Cannes, dividindo ambos com seus colegas de elenco nas maravilhosas produções "Estranha Compulsão / Compulsion" (1959) e "Longa jornada noite adentro / Long day's journey into night" (1962). Nos anos 80, esteve nas aclamadas produções "Paris, Texas" (1984) e "Veludo Azul / Blue velvet" (1986).
Os maiores papéis de Roddy vieram na década de 1960. Em 1963, reunindo-se mais uma vez com sua amiga Liz Taylor, ele interpretou Otávio em "Cleópatra" e só não recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por um erro da Fox, que indicou seu nome como ator principal. O estúdio se desculpou publicamente pelo erro. Cinco anos foram necessários para ele ir do Império Romano ao futuro surpreendente de "O planeta dos macacos / Planet of the apes" (1968), em que ele interpreta o cientista símio Cornelius. A partir daí, a caracterização de macaco virou uma constante em sua vida, participando de mais quatro filmes sobre o planeta dos macacos, nenhum deles à altura do original. Antes disso, ele fez várias séries na televisão.
Esses dois atores não têm em comum apenas o fato de terem sido estrelas infantis bem-sucedidas na idade adulta. Entre 1957 e 1958, McDowall fez na Broadway o papel de Artie Straus em "Estranha compulsão", contracenando justamente com Dean. Quando a história foi adaptada para o cinema, Bradford Dillmann ficou com o papel de Roddy, que estava já em outras peças da Broadway. Os dois também estavam ligados ao mundo da fotografia. Enquanto Roddy publicou cinco livros com suas fotografias, Dean se concentra em montagens digitais e exposições por todo o território americano. O acervo fotográfico da Academia responsável pelo Oscar foi batizado em homenagem a Roddy em 1998. Na atuação, as carreiras dos dois atores voltariam a se cruzar na série de TV "Quantum Leap" (1989-1993), em que Roddy fez uma participação especial e pela qual Dean ganhou um Globo de Ouro.
Roddy continuou muito ligado às artes, inclusive sendo atuante na questão de preservação de filmes. Com 261 trabalhos no currículo, ele faleceu em 1998, aos 70 anos, vítima de câncer de pulmão. Dean não chegou a completar o curso universitário na Califórnia, foi agente imobiliário e até ajudante de padeiro, mas a carreira artística falou mais alto. Com quase 200 trabalhos no currículo, ele continua atuando. Contemporâneos e com muitas coisas em comum, Roddy e Dean são dois bons e raros exemplos de crianças que não se deslumbraram com a fama.
This is my contribution to the Children on Film blogathon, hosted by Jessica at Comet over Hollywood. Come see all the cuteness!

12 comments:

Jessica P. said...

Great post!
I had no idea Dean Stockwell was the voice of the Prince in Snow White. I also didn't realize the two had so many similarities.
Thank you for participating!

Anonymous said...

Great article about two excellent actors. I enjoyed it very much.

FlickChick said...

I love Roddy - such a child of Hollywood! Thanks for a very informative post of 2 memorable child stars (and nice adults)!

Pedrita said...

eu gosto da participação das crianças na cultura. mas todos precisam ficar atentos a não sobrecarregar a criança e a pais que os exploram. beijos, pedrita

Silver Screenings said...

I didn't realize there were so many similarities between these two actors.

I was a big fan of Roddy McDowall as a kid, watching re-runs of "Planet of the Apes" on television on Saturday mornings.

Great post!

The Lady Eve said...

I've been a fan of Roddy and Dean for many years and enjoyed reading your take on both of them. I tend to prefer Roddy's performances as a child to his later work (though I very much enjoyed him in "The Loved One" last night on TCM).

I am a real fan of Dean Stockwell. I remember seeing "The Boy with Green Hair" for the first time long ago on TV and being entranced by him. He was quite impressive as an adult as part of the ensemble cast of "Long Day's Journey into Night." Not long ago I happened upon "The Secret Garden" on TCM. I hadn't seen it for years and was reminded again what a fine actor he was as a child - so much more natural than the film's star, Margaret O'Brien.

Anonymous said...

Great post, thank you. I had no idea of the similarities between the two actors.

Caftan Woman said...

I enjoyed your post very much. I greatly admire both these actors.

Fritzi Kramer said...

Thanks for the great article!

Iza said...

Que mega coincidência, Lê. O último post do meu blog é sobre crianças na moda e o seu, crianças no cinema. Acho legal crianças participarem de cinema e peças de teatro, ajuda a desenvolver cultura nelas. No caso dos astros mirins, temos que cuidar para que a fama não os atrapalhe e os faça cair nas drogas, não é mesmo? Adorei saber mais sobre esses pequenos grandes (e eternos) astros mirins. Beijos <3

Mario Salazar said...

Te agradezco que hablaras de estos dos actores que no son tan conocidos pero son importantes. El cine es un trabajo de muchos y a veces se nos pasan desapercibidos, pero no solo directores y actores estelares merecen el reconocimiento sino hay secundarios maravillosos y ellos también lo merecen. Un beso.

Anonymous said...

Otimo esse post! Aprendi certas coisas (tera que procurar os filmes do Dean que fizeram successo em Cannes), e nao sabia das semelhancas entre os dois alem do talento. Valeu!

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