Espere um momento: o blog não é sobre cinema clássico? O que um
telefilme de 2013 está fazendo aqui? “Behind
the Candelabra” pode ser uma produção moderna, mas tem todo um toque retrô, e
inclusive cita muitos filmes e celebridades do cinema clássico, ao tratar de um
período importante na vida do primeiro e único pianista showman: o extravagante
Liberace.
É 1977, e Liberace (Michael Douglas), já um consolidado criador de
espetáculos para os olhos e ouvidos, está com 58 anos. Ele é apresentado ao
jovem Scott Thorson (Matt Damon), garoto relativamente carente que sonha em ser
veterinário. Começa então um relacionamento que vai mudar para sempre a vida de
ambos. Scott, que tinha apenas 18 anos quando conheceu Liberace e que foi
criado em orfanatos, é apresentado a um mundo de luxo, riqueza, joias e
vaidade.
Liberace começou a tocar piano aos quatro anos, mas começou a fazer
sucesso só na década d 1940. Do filme “À Noite Sonhamos / A Song to Remember”
(1945) ele tirou a ideia de colocar um candelabro em cima do piano, o que se
tornou sua marca registrada. Subvertendo o jeito sisudo dos pianistas, deixando
o instrumento mais dinâmico e animado, Liberace conquistou os palcos, os clubes
e as telas da televisão. Suas roupas eram exageradas, seu carisma, inigualável,
e seu talento, imbatível. Conversava com a plateia enquanto tocava e seus shows
eram garantia de ingressos esgotados.
Michael Douglas está fantástico como Liberace. Ele realmente mereceu
ganhar todos os prêmios da temporada. Exagerada, mas humana, sua interpretação
chega a dar um recado para os muitos preconceituosos de Hollywood. Explicando:
o filme deveria ser distribuído comercialmente nos cinemas em 2008, mas todos
os produtores com quem o diretor Steven Soderbergh conversou se recusaram a
financiar e distribuir o filme, dizendo que era “demasiado gay”. E chega a cena
em que Liberace conta como sobreviveu a uma grave doença nos rins. A frase é
impactante:
“I knew my life would not have been spared if being gay was the sin the
Church said it was”.
Mesmo com 42 anos, Matt Damon está bem como o jovem Scott (a idade
dele não é revelada no filme). Outro que se destaca é Rob Lowe, com a aparência
mais bizarra possível para viver um cirurgião picareta, ao mesmo tempo cômico e
trágico. Muita maquiagem foi necessária para caracterizar os dois atores. O
filme foi distribuído nos cinemas europeus, o que rendeu a Matt uma indicação
ao Bafta de Melhor Ator Coadjuvante. Por falar em coadjuvante, outra que tem
boas cenas é Debbie Reynolds, irreconhecível como a mãe de Liberace. Debbie
chegou a conhecer o cantor e sua família, inclusive participando de especiais
dele para a TV. E as coincidências não param por aí: o único ator de Hollywood
presente no funeral de Liberace era ninguém mais ninguém menos que Kirk Douglas.
O filme é tão bom que até o cachorro ganhou um prêmio, mesmo estando
presente em uma só cena: Baby Boy, o poodle cego de Liberace, ganhou o Palm Dog
Award no Festival de Cannes. O telefilme também foi o grande vencedor do Emmy, com
prêmios em categorias técnicas e também de atuação. De fato, o cuidado com os
detalhes é incrível, e os cenários são de deixar qualquer um boquiaberto. Se
todo o luxo durante o filme não fosse suficiente, há também os lindos pianos em
miniatura que aparecem nos créditos finais. Eu queria comprar todos eles!
Baseado no livro de Scott Thorson, “Behind the Candelabra” pode ser o
último trabalho de Steven Soderbergh, responsável pela trilogia dos “11 homens
e um segredo” (Ocean’s 11), “Erin Brockovich” e “Sexo, Mentiras e Videotape”,
além de produtor de sucessos como “Precisamos falar sobre o Kevin”. Em uma
entrevista enigmática, ele disse que vai se retirar por um tempo e voltará se
tiver se reinventado como diretor. Esperamos que, assim como fazia Liberace,
ele volte de maneira triunfal.
This is my contribution to the Steven Soderbergh Blogathon, hosted by
Ratnakar at Seetimar – Diary of a Movie Lover.
10 comments:
Steven Soderbergh siempre dice que se va a retirar y vuelve a sacar un filme bajo la manga, ya no le creemos, y es mejor así, que siga aunque haga una de cal y otra de arena. A mi me gusta a veces solamente aunque es un director interesante a fin de cuentas. Esta película y el gran Michael Douglas me interesa, es raro porque cuando decimos telefilme siempre pensamos en mala calidad, o en melodrama, pero este es muy bueno, según mucha crítica. Un beso.
eu tenho visto q está na programação dos hbos. ainda não me animei pra assistir, mas devo ver. beijos, pedrita
Bela postagem.. Quero muito ver esse filme.. Tenho lido vários elogios a M.Douglas e Damon por esse filme.. ^^
amei
beijos
http://pinagirlscris.blogspot.com.br
A caracterização dos atores parece ser um show a parte.
Até mais
Apesar de ver demais na grade da HBO eu não assisti, mas ainda vi umas cenas, não vi tudo, apesar de gostar de filmes biográficos.
Apesar de ver demais na grade da HBO eu não assisti, mas ainda vi umas cenas, não vi tudo, apesar de gostar de filmes biográficos.
Maravilhoso, Letícia!
Eu pouco ouvi falar de Liberace, ele parece ser uma pessoa/um personagem muito interessante. O filme não tinha chegado aos meus ouvidos até agora, mas agora que chegou acho que vale a pena eu baixar e conhecer um pouco mais dessa pessoa extravagante que foi esse pianista.
Beijos,
Mari
caixadamari.com
Soderbergh é Soderbergh, né Lê? O Michael Douglas está irreconhecível - eu pelo menos, achei. Sabe, tava procurando um filme para assistir hoje. Ótima, dica, viu? Irei assistir.
Beijos <3
P.S: Dos indicados ao Academy Awards, só assisti 12 Anos de Escravidão e Clube de Compras Dallas. E você?
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