} Crítica Retrô: A Epopeia do Jazz / Alexander’s Ragtime Band (1938)

Tradutor / Translator / Traductor / Übersetzer / Traduttore / Traducteur / 翻訳者 / переводчик

Sunday, September 7, 2014

A Epopeia do Jazz / Alexander’s Ragtime Band (1938)

Há cem anos, o mundo passava por uma grande turbulência. Estou me referindo, claro, à Primeira Guerra Mundial, que trouxe imensas mudanças na geopolítica, tecnologia e no mundo das artes. O cinema usou o conflito como pano de fundo em muitos filmes, notadamente na década de 1930, quando outra guerra já estava se desenhando no horizonte. O filme “Alexander's Ragtime Band” tem um momento de guerra tão insignificante que poderia passar sem ele. Isto é, poderia se não fosse baseado na vida e obra do homem que personifica a música americana: Irving Berlin.
Roger Grant (Tyrone Power) é um músico clássico com uma carreira promissora pela frente. Ele usa também seu talento musical para ajudar a banda de seus dois melhores amigos, o pianista e compositor Charlie (Don Ameche) e o percussionista Davey (Jack Haley). Em uma noite em um bar, quando Charlie esqueceu as partituras, a banda acaba pegando emprestada a partitura de “Alexander’s Ragtime Band”, levada até o local pela aspirante a cantora Stella Kirby (Alice Faye). A banda toca, Stella canta, eles são um sucesso estrondoso e Roger passa a ser chamado de Alexander, the leader of the band.
Logo um triângulo amoroso é formado: Alexander, Stella e Charlie. Stella e Alexander têm problemas para admitir que se amam porque, como em outras boas histórias de amor, eles não param de discutir. Como o final feliz só pode ser alcançado depois de 106 minutos, há vários obstáculos para o sucesso da banda e do casal. Um desses obstáculos é a Primeira Guerra Mundial.
O filme começa em San Francisco em 1915. Dois anos depois os Estados Unidos entraram na guerra, e para o front foram Alexander e Davey. A guerra em si é mostrada em uma sequência rápida e ousada de menos de um minuto, porque, felizmente, ninguém volta (muito) ferido. Sim, foi por causa de guerra que muitos relacionamentos e carreiras foram interrompidos, mas a parte mais importante para Alexander foi a que veio antes da guerra: o show musical que ele cria com seus companheiros do exército.
Jack Haley em "Oh how I hate to get up in the morning!"
O compositor Irving Berlin, que assina todas as músicas do filme, também trabalhou em um desses shows formados com o regimento. Esta, aliás, é a única das experiências de Berlin que fazem parte do filme, que foi concebido como uma cinebiografia. A ideia não agradou ao biografado, e ficou decidido que a primeira canção de sucesso de Irving, “Alexander’s Ragtime Band”, seria o ponto de partida para um grande desfile de suas composições.
Ensaio com Irving Berlin ao piano
O ragtime foi um gênero musical que teve seu auge entre 1895 e 1918. O ragtime acabou quando terminou a guerra. Mas, no plano musical, a Primeira Guerra foi benéfica, pois foram os soldados americanos que popularizaram o ragtime na Europa. Na década de 1920, algumas características do ragtime ajudariam a criar o mais americano dos ritmos: o jazz.
E é sobre essa epopeia do jazz que o filme trata com mais afinco. O músico clássico Roger, ao preferir a música popular, é esnobado pelo velho professor Heinrich (Jean Hersholt) e pela tia rica Sophie (Helen Westley). Com o tempo (e o sucesso), Alexander e seu ragtime / jazz / swing começam a ser aceitos pela sociedade, convidados para espetáculos da Broadway e atingem o clímax de popularidade e elegância no Carnegie Hall.
Preste atenção nos dois protagonistas do filme! Não, não estou falando de Tyrone Power e Alice Faye, mas sim das músicas de Irving e dos ótimos coadjuvantes! São quase trinta canções adoráveis, e entre os coadjuvantes que roubam a cena estão Ethel Merman, Jack Haley e um importantíssimo John Carradine. Irving Berlin escreveria dois musicais exclusivamente para Ethel, por quem se encantou durante as filmagens. Jack Haley, às vésperas de viver o homem de lata de “O Mágico de Oz”, é o personagem mais alegre e simpático do filme, e ainda canta “Oh! How I get to get up in the morning”, cantada originalmente pelo próprio Irving Berlin no exército.
Ethel Merman
O filme foi o ápice da carreira de Alice Faye. Ela própria diria que “Alexander’s Ragtime Band” foi o melhor filme que fez (opinião compartilhada pelo diretor Henry King). A moça de beleza única e voz profunda arrancou elogios de Irving Berlin, passou a receber semanalmente centenas de cartas de fãs e seu salário subiu para 2500 dólares por semana. Alice brilharia até sua aposentadoria precoce, em 1945. Dois anos depois, “Alexander's Ragtime Band” voltou aos cinemas, conseguindo uma bilheteria ainda maior que a da estreia em 1938. Um sucesso merecido!

This is my contribution to the World War One in Classic Film Blogathon, hosted by the silent ladies Lea at Silent-ology and Fritzi at Movies,Silently.
My favorite movie about World War One <3 font="">

11 comments:

Pedrita said...

os eventos históricos influenciam os filmes, nem sempre positivamente. tb falei de um clássico no meu blog. beijos, pedrita

Fritzi Kramer said...

Thanks for joining the blogathon! This has long been one of my favorite movies (in spite of being a musical) and Alice Faye is a huge part of that. What a glorious voice she had!

Anonymous said...

This sounds wonderful - Merman's costume is great. I'm a big fan of Irving Berlin (I particularly love Top Hat, Holiday Inn and Annie Get Your Gun) - but this is one of the few I haven't seen. A musical sounds like a good twist on a WWI plot!

Gilberto Carlos said...

A segunda guerra mundial foi muito mais retratada no cinema do que a primeira, talvez devido a Hitler, que era um vilão digno de qualquer filme, por isso A epopeia do jazz pode ser uma boa pedida para conhecer mais dessa guerra.

FlickChick said...

Fantastic review! I love this film - one of my favorites for both Alice Faye and Power. I really had forgotten the WWI angle here - I mostly love the music and musical performances. Great and imaginative choice for the bogathon.

Kristina said...

I love Alice Faye and Tyrone and this movie, a great choice to write about as it shows how much music tells the story of the times and helps uplift and motivate. Besides just being a wonderful movie :)

Judy said...

I saw this fairly recently and enjoyed it a lot - Faye and Merman are both fantastic singers. Enjoyed your review.

Joe Thompson said...

Hi Lê. I enjoyed this movie, too. Tyrone Power, Jack Haley and Alice Faye are always good. I had forgotten the war scenes until you mentioned them. Thank you for sharing this with all of us.

Silver Screenings said...

I love Alice Faye in this movie, although I don't think I'll ever forgive her for choosing Tyrone Power over Don Ameche.

Great music in this film! The first time I watched it, I was surprised at how many songs I knew.

Greg Wilcox said...

I haven't seen this one yet, but I'll have to after that review. Thanks for the great post.

g.

Rick said...

Wonderful review. It's a pity more people don't know Alice Faye. Berlin wrote much music for WWI, including "God Bless America", which didn't become popular until WWII. Given the great music, one forgets it's tied to WWI. Excellent job!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

.

https://compre.vc/v2/335dc4a0346