} Crítica Retrô: Abbott e Costello às voltas com fantasmas / Bud Abbott and Lou Costello Meet Frankenstein (1948)

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Wednesday, September 23, 2015

Abbott e Costello às voltas com fantasmas / Bud Abbott and Lou Costello Meet Frankenstein (1948)

Os tempos mudam, as décadas passam, o cinema se modifica, mas há algo que nunca para de provocar riso: a comédia física. Desde os primórdios do cinema, ela estava lá. Max Linder, Mabel Normand, Roscoe ‘Fatty’ Arbuckle, Chaplin, Keaton, Harold Lloyd fizeram maravilhas com a comédia física, e ainda encantam as plateias com filmes centenários.
O som chegou ao cinema, mas a comédia física continuou firme e forte. Vindos do vaudeville, os irmãos Marx misturavam bem as frases inteligentes, os trocadilhos, as canções e a comédia física, personificada no sempre incrível Harpo Marx. Vindos de curtas-metragens mudos, Stan Laurel e Oliver Hardy mantiveram um pouco das gags tão características desta era do cinema. E, um pouco parecidos com Laurel e Hardy, seguiram Abbott e Costello a partir dos anos 40.
Bud Abbott era alto, magro, prático e racional. Lou Costello era baixo, gordo, medroso e rico em expressões faciais impagáveis. Naquele que é considerado o melhor filme da dupla, Abbott e Costello interpretam respectivamente Chick e Wilbur, dois (i)responsáveis por uma companhia de seguros que devem levar uma carga preciosa até o show de horrores de MacDougal (Frank Ferguson). Nos caixotes muito bem vedados estão os corpos de Drácula e do monstro de Frankenstein, mas eles não estão nem um pouco mortos.
Drácula (Bela Lugosi) é o primeiro a acordar e assombrar Wilbur, em uma sequência divertida, mas que poderia ser mais curta. Em seguida, o vampiro acorda a criatura do doutor Frankenstein (Glenn Strange), e coloca seu plano maligno em prática: com a ajuda da doutora Sandra Mornay (Lenore Aubert), Drácula quer dar um novo cérebro, completamente obediente, para a criatura. Quem tenta impedir o plano maligno é ninguém mais ninguém menos que o Lobisomem (Lon Chaney Jr).
Costello é o rei da comédia física. Desde o começo ele está derrubando coisas e promovendo o caos. Seus gestos após a fuga dos monstros são descontrolados e hilários. Seu encontro com duas garotas em uma festa a fantasia causa inveja em Abbott e é fonte de boas surpresas. A cena em que ele senta no colo de Frankenstein é carregada de sustos e improvisos. Quando fica tenso, as palavras desaparecem, e resta a Lou Costello tentar se comunicar com gestos. Mas o mais impressionante não é o que Costello faz, mas sim o fato de que ele quase não fez este filme: se recusou a trabalhar com um roteiro que considerou fraquíssimo (ele teria dito que a filha pequena era capaz de escrever algo melhor que “aquilo”). Mas uma conversa amigável (e 50 mil dólares) o convenceram a fazer o filme, para nossa alegria.
O terror é um gênero que, assim como a comédia, depende muito dos efeitos visuais. No castelo de Drácula, as passagens secretas e cenários assombrados criam a mistura perfeita de comédia e suspense. Tanto o horror quanto a comédia dependem de histórias simples que geralmente dão origem a filmes de menos de 90 minutos, com muitas imagens poderosas. Alguns efeitos especiais também estão presentes, como a transformação de Drácula em mamífero voador. E a transformação de Chaney Jr em Lobisomem é um espetáculo à parte. E, curiosidade: na cena em que a criatura de Frankenstein pega Sandra no colo, é Chaney que está por baixo da máscara, pois Glenn Strange estava com o tornozelo machucado.
O cenário do filme é dos mais belos já feitos pela Universal, e lembra muito “O Gato e o Canário / The Cat and the Canary” (1927) e “A Mansão de Frankenstein / House of Frankenstein” (1944), ambos filmes também produzidos pela Universal, de modo que não seria de se espantar se os cenários fossem reutilizados.
O último grande filme dos monstros da Universal foi um dos mais baratos do estúdio, e também um dos maiores sucessos. Mais de 65 anos após sua estreia, o filme mantém o frescor original. Para apreciar o filme, não é preciso conhecer a história por trás de Drácula, Frankenstein e Lobisomem. Não temos piadas perdidas na tradução, não temos nada que passou da validade. Em tempos de American Pies e outras apelações cômicas, a boa e velha comédia física se mostra mais duradoura, atual e importante do que nunca. E viva Abbott e Costello!
This is my contribution to the See You in the 'Fall' Blogathon, hosted by Steve at Movie Movie Blog Blog.

5 comments:

Pedrita said...

ai que delícia. adoro. beijos, pedrita

Caftan Woman said...

Truer words were never spoken than the observation that Lou "promotes chaos". And always hilarious chaos. Really fine article, my friend.

Steve Bailey said...

Nicely done! There have been plenty of horror comedies before and since, but nobody did it quite like Abbott and Costello. Thanks so much for contributing to the blogathon!

Unknown said...

Love this movie! Great choice and great post!
Ciao!
Summer

Silver Screenings said...

I love Abbott and Costello although, for some strange reason, I haven't seen this film.

Your descriptions of the two were spot-on. Great review!

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