} Crítica Retrô: Variações sobre um mesmo tema: O Fantasma da Ópera (1925 e 1943)

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Friday, January 15, 2016

Variações sobre um mesmo tema: O Fantasma da Ópera (1925 e 1943)

Quando Gaston Leroux publicou o livro “O Fantasma da Ópera” entre 1909 e 1910, ele jamais pensou no impacto que a obra causaria: ela deu origem a um dos filmes mudos mais importantes da história, foi o ponto alto da carreira de um camaleão das telas e gerou um dos musicais mais amados de todos os tempos. Foram ao todo 32 adaptações para o cinema, segundo o IMDb, e você já deve imaginar qual a mais famosa: a de Lon Chaney, de 1925. Dezoito anos depois, outra versão chegou às telas e, apesar de pouco lembrada, é também digna de ser vista.
Em 1925, Mary Philbin é a cantora Christine Daaé, da Ópera de Paris. Ele é namorada de Raoul, visconde de Chagny (Norman Kerry). Corre o boato de que há uma perigosa criatura vivendo no subsolo da ópera, e estranhos acidentes acontecem, um deles envolvendo a prima donna, Carlota. Logo Carlota recebe um bilhete ameaçando-a: se ele não ceder seu lugar para Christine, outro acidente acontecerá.
Embora Gaston Leroux ainda estivesse vivo em 1925, não se sabe qual a opinião dele sobre a adaptação, nem sequer se ele chegou a vê-la. Entretanto, foi o próprio autor que apresentou sua obra a Carl Laemmle em Paris, e Laemmle logo comprou os direitos de adaptação já com Lon Chaney em mente para ser o protagonista. Foram necessários dois anos para que os cenários ficassem prontos e o filme começasse a ser rodado, mas a espera – e as três subsequentes re-edições das cenas – valeram a pena.
Em 1943, Lon Chaney já estava morto. A cor era cada vez mais presente nos filmes. Muitos estrangeiros circulavam por Hollywood, e um deles foi escolhido para ser o novo fantasma: o maravilhoso Claude Rains. A grande diferença é que vemos Erik, o violinista, como um homem normal no começo, nutrindo uma paixão secreta por Christine Dubois (Susanna Foster) e sofrendo ao perder o movimento dos dedos, o que o impossibilita de continuar na orquestra. Vemos seu terrível acidente com ácido, sua mudança para o subsolo e seus esforços para fazer de Christine uma estrela.
Os dois filmes utilizam os mesmos cenários, e a mais impressionante cena reproduzida em 1925 e 1943 envolve a queda de um enorme candelabro na plateia. Em ambas as produções, o espetáculo que está sendo apresentada para o público pouco importa: a ação principal se desenrola nos bastidores, no subsolo ou na parte superior do teatro, onde também encontramos Hume Cronyn na versão de 1943. A morada subterrânea do fantasma jamais é claustrofóbica, apenas labiríntica e entristecida (aliás, a cama do fantasma de 1925 foi depois usada por Norma Desmond em “Crepúsculo dos Deuses / Sunset Boulevard”).
“O Fantasma da Ópera” é dominado pelo seu protagonista. Chaney e Rains são a alma de seus respectivos filmes. O fantasma é o anti-herói mais amado das telas, porque o herói não importa. Sabemos que o fantasma não pode vencer e ser feliz para sempre com Christine, mas torcemos por ele. Ele é deformado, um pária da sociedade, mas é mais interessante que o corajoso Raoul.
Em ambos os filmes Raoul é interpretado por um ator pouco conhecido. Norman Kerry, antes mesmo de trabalhar no cinema, já era amigo de Rodolfo Valentino. Em Hollywood, trabalhou com Mary Pickford, Lillian Gish e em três oportunidades contracenou com Lon Chaney. Hoje ele é pouquíssimo lembrado. 
Em 1943, Raoul não era nem o primeiro, nem sequer o segundo personagem masculino mais importante. Nelson Eddy é o barítono Anatole Garron, criado apenas para esta versão e para exibir os dotes musicais de Eddy. Raoul, de conde em 1925, virou inspetor em 1943, e foi interpretado por Edgar Barrier que, apesar do nome francês, era americano e fez pequenos papéis no cinema, incluindo no primeiro filme de Orson Welles, “Too Much Johnson” (1938).
O poder da maquiagem
O fantasma de Claude Rains é uma figura simpática e trágica. O fantasma de Chaney é trágico e aterrorizante. No teatro de Chaney, bailarinas saltitantes se perguntam sobre a criatura que assombra o lugar. No teatro de Rains, a ópera é atração principal, e a trilha sonora ganhou até o Oscar. Em ambos os casos, ter o fantasma da ópera como tutor e admirador foi a melhor coisa que poderia ter acontecido a uma jovem cantora no começo da carreira. Mas a sorte maior é nossa: podemos ver dois grandes talentos da sétima arte em interpretações distintas e arrepiantes do fantasma mais solitário que já existiu.

This is my contribution to the Backstage blogathon, hosted by Fritzi at Movies, Silently and Janet at Sister Celluloid.

9 comments:

Caftan Woman said...

The sound film was the first adaption I saw and the beautiful colours and music made quite an impression. I still get goosebumps thinking about the first time I saw the Chaney version of the story. These movies are a strong case for the well-made, respectful remake. Excellent selection for the blogathon.

Birgit said...

I loved the silent film version and Chaney makes the film. I saw the Rains version and by then changes came about to make him a more sympathetic character. This just shows how great Chaney's acting is because he created sympathy from a very scary person. Great review on both films

Pedrita said...

nunca vi nenhuma versão desse musical. beijos, pedrita

Anonymous said...

Who knew there had been so many adaptations?!
It makes sense because it's a great story but that IMDB figure surprised me. I'm glad you selected these two versions - the silent version is wonderful but the Lubin version is my favourite.

Fritzi Kramer said...

Thanks so much for joining in! It's so much fun to compare these very different takes on the same story.

Silver Screenings said...

What a great idea to compare these two versions. I am ashamed to say I have not yet seen the Lon Chaney version, and I'd better rectify that ASAP. Great choice for the blogathon!

Marcelo Castro Moraes said...

Gosto da versão também da Hammer

Arlee Bird said...

This film is such a classic with a story that has endeared audiences even in modern times. Chaney's revolutionary make-up was such a game changer in the theatrical world. Scary and absolutely amazing.


Arlee Bird
Tossing It Out
&
Wrote By Rote

Lesley said...

I just recently recorded the Chaney version and have only seen bits of it, and have never seen the '43 which is strange because I adore Claude Rains, he's one of my very favorite actors. Looking forward to both even more after reading your piece!

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