} Crítica Retrô: Triunfos de Mulher / Night Nurse (1931)

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Wednesday, January 20, 2016

Triunfos de Mulher / Night Nurse (1931)

ESTE ARTIGO CONTÉM SPOILERS.
Antes de ER, Grey's Anatomy Private Practice, House e tantas outras séries mostrarem a vida pessoal dos profissionais de saúde, o grande diretor William A. Wellman, em tempos de pre-Code, desfez parte da aura de caridade e desprendimento que tantas vezes é criada em torno de médicos e enfermeiros. Ao mostrar que médicos e enfermeiros têm desejos, se comportam mal e às vezes são realmente detestáveis, este filme de mais de 80 anos nos ensina que há muitas maneiras de salvar uma vida – incluindo formas jamais consideradas em casos clínicos.
Lora Hart (Barbara Stanwyck) não tem experiência nenhuma, mas, por ser bonita, agradável e ter lindas pernas, recebe a ajuda do influente Doutor Bell (Charles Winninger) para conseguir uma vaga no curso de formação de enfermeiras. A colega de quarto de Lora é Maloney (Joan Blondell), que não muito entusiasmada pela profissão, costuma chegar muito tarde no dormitório e vive mascando chiclete, tendo assim um ar despreocupado sempre. Maloney não leva Lora para um mau caminho, felizmente, e as duas se formam no curso e se tornam, finalmente, enfermeiras profissionais.
O trabalho noturno de Lora consiste em cuidar de duas meninas que já tinham ficado internadas no hospital sob seus cuidados. As irmãs não apresentaram nenhuma melhora depois de voltar para casa, e Lora desconfia de que elas estão desnutridas. Órfãs de pai, com uma mãe constantemente bêbada, as meninas ficam sob o cuidado de uma empregada, e também do motorista Nick (Clark Gable).
Uma enfermeira não deve se intrometer nos assuntos pessoais de seus pacientes, mas e quando essa intromissão pode fazer a diferença entre a vida e a morte de uma criança? É quando a mais nova das meninas de quem Lora cuida começa a piorar que a enfermeira passa a desconfiar de Nick e seu cúmplice, o médico exclusivo do caso, Doutor Ranger (Ralf Harolde). E Lora poderá pedir ajuda apenas para um velho “amigo”, Mortie (Ben Lyon), um contrabandista de bebidas de quem ela extraiu uma bala de revólver e mentiu para que ele não fosse preso.
Desmistificar a profissão médica é algo que não se vê muito em filmes. Mostrar médicos e enfermeiros como seres normais, não endeusados que têm “a nobre vocação de salvar vidas” é louvável e, como podemos ver, acontece no cinema há muito mais tempo que imaginamos. Embora Nick seja o grande vilão da história, doutor Ranger é seu cúmplice, e a quantidade de médicos imprestáveis e interesseiros no mundo é muito maior do que se pensa.
A inversão das expectativas é, portanto, o que torna o filme mais interessante. A Maloney de Joan Blondell não é divertida, mas sim entediada, e a qualquer momento ela poderia dizer “frankly, my dear, I don't give a damn”. E Clark Gable como vilão é algo quase inimaginável, mas ele está detestável em seus poucos minutos em cena, em um papel que quase foi interpretado por James Cagney.
Em muitas cenas Stanwyck e Blondell ficam só de lingerie enquanto colocam seus uniformes de enfermeiras. Blondell é sedutora e está mais preocupada com seus encontros que com seu trabalho. Mais tarde, Gable agride Stanwyck violentamente. O mundo pre-Code é a vida real, sem retoques ou atenuantes.
Ainda sem seu bigode famoso, Clark Gable foi dispensado da Warner Brothers por ter orelhas muito grandes. Blondell e Stanwyck viram nele o potencial de um astro, e estavam certas: Gable logo foi contratado pela MGM, onde se tornou o “rei de Hollywood”.
Os primeiros filmes da carreira de Barbara Stanwyck, feitos na era pre-Code (1929-1934) nunca decepcionam. Barbara brilha em cada um deles, e “Triunfos de Mulher / Night Nurse” é um dos melhores trabalhos da atriz, e um dos melhores filmes dos anos 30. Temos assédio envolvendo enfermeiras, médicos e residentes, mães alcoólatras, motoristas elegantes e perigosos, um impensável herói contrabandista e um profundo debate sobre ética em mais uma obra-prima estrelada por nossa querida Stanwyck.
This is my contribution to the Remembering Barbara Stanwyck Blogathon, hosted by my friend Crystal at In the Good Old Days of Classic Hollywood.

5 comments:

Caftan Woman said...

Truly a very interesting and eye-opening movie that still excites audiences with its story and stellar cast. Very nice entry for the blogathon, my friend.

Phyl said...

Have almost watched this several times. Love the gif at the end haha

The Metzinger Sisters said...

Wow...Stanwyck and Blondell in their underwear pointing to a skeleton in bed...now if that isn't a pre-code film I don't know what is! I remember enjoying Night Nurse very much the first time I saw it, but I must admit that reading your article I was surprised to find that Clark Gable was in the movie. I must have forgotten his part altogether!

Judy said...

I love this film and was lucky enough to see it on the big screen at the BFI in London - Wellman, Stanwyck, Blondell and Gable make a great combination! I really prefer the first half in the hospital rather than the plot of the second half, but a very enjoyable pre-Code overall.

Carol Caniato said...

Lê, sua primeira frase já me convenceu a colocar esse filme na lista! hahaha Sou viciada em Grey´s Anatomy e adoro tudo que vem essa temática envolvendo hospitais e etc! Vai ser muito interessante assistir a um filme mais antigo que trata do assunto!
Beijo!

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