} Crítica Retrô: Nunca Me Deixes Ir / Never Let Me Go (1953)

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Saturday, August 5, 2017

Nunca Me Deixes Ir / Never Let Me Go (1953)

Alguns relacionamentos estão amaldiçoados desde o começo – como o de Romeu e Julieta, que eram membros de famílias rivais. E não havia nada mais moderno em termos de rivalidade em 1953 do que a Guerra Fria. Por isso temos em “Nunca Me Deixes Ir” Romeu e Julieta modernos: ele, Philip Sutherland (Clark Gable), é americano, e ela, Marya Lamarkina (Gene Tierney), é russa.

Some relationships are doomed from the start – like Romeo and Juliet, who were the children of rival families. And there was nothing more modern in terms of rivalry in 1953 than the Cold War. So, we have in “Never Let Me Go” a modern Romeo and Juliet: he, Philip Sutherland (Clark Gable), is an American, and she, Marya Lamarkina (Gene Tierney), is Russian.
A história começa no dia da vitória – o dia em que a Segunda Guerra Mundial foi oficialmente vencida pelos Aliados. Philip, um jornalista, vem mandando flores para Marya, uma bailarina, há mais de um ano. Ele nem imagine que ela corresponde o seu amor e está aprendendo inglês para finalmente poder falar com ele. A oportunidade aparece naquela noite, quando ela dá uma entrevista a uma rádio da Inglaterra e se dirige a ele. É a primeira vez que eles conversam, e as coisas vão bem rápido a partir daí. Em pouco tempo eles estão casados.

The story begins on V Day – the day the Second World War was oficially won by the Allies. Philip, a journalist, has been sending flowers to Marya, a ballerina, for over a year. Little does he know that she corresponds his affection and is learning English in order to finally talk to him. The opportunity appears that night, when she gives an interview to a radio from England and hints at him. It's the first time they talk, and things move pretty quickly for them. In little time they are married.
Mas a alegria não dura para sempre. Os pais dela foram mandados para o exílio e a deixaram na escola de balé. Ela sabe que os soviéticos podem ser cruéis e negar um visto para que ela vá para os Estados Unidos com o marido – eles já fizeram isso com a amiga dela, Svetlana. Ele não liga para a paranoia dela – afinal, 'isso não vai acontecer conosco', ele diz, 'Joe' Stalin – como ele se refere ao líder – não vai se importar com um simples casal.

But joy doesn't last forever. Her parents were sent to exile and left her in ballet school. She knows that the Soviets can be cruel and deny her a visa to go to the US with her husband – they already did it to her friend Svetlana. He doesn't care for her paranoia – after all, 'it won't happen to us', he keeps repeating, 'Joe' Stalin – as he refers to the leader – won't care for a simple couple.
Nós temos um aliado que vai tentar ajudar o casal a ficar junto: Steve Quillan (Kenneth Moore), um radialista inglês que conhece a censura logo no começo do filme e mais tarde decide desafiar as autoridades soviéticas mandando mensagens cifradas através de seu programa de rádio.

We have an ally who will try to help the couple stay together: Steve Quillan (Kenneth Moore), an English radio journalist who feels the censorship right in the beginning of the film and later decides to defy the Soviet authorities by sending secret messages through his radio program.
Este filme tem um quê de propaganda – não há dúvidas a respeito disto. Como a liberdade é um direito tão importante e amado nos Estados Unidos e em outros países ocidentais, o filme foca na pouca liberdade que o povo da União Soviética tem – eles não podem ser felizes a não ser que isso beneficie os sovietes, ou o coletivo. A busca pelo amor é o tema aqui – e vamos combinar: a indústria do cinema em Hollywood foi basicamente construída em cima de filmes sobre a busca pelo amor.

This movie has a propaganda feeling – there is no doubt about it. Being liberty such a beloved and important right in the US and other western countries, the film focuses on the lack of freedom the people of the Soviet Union have – they can't be happy unless it benefits the Soviets, the collective. The pursuit of love is the theme here – and let's face it: the Hollywood industry was basically built with movies about the pursuit of love.
O filme é narrado por Clark Gable, até que de repente o narrador muda, na marca de 40 minutos. Agora é Joe (Bernard Miles), um engenheiro naval, que dá sua opinião sobre as atitudes de Philip. Alguns minutos depois, Gable volta à sua função de narrador. Eu me pergunto se o mesmo acontece no livro que inspirou o filme. E falando em estranhezas, “Nunca Me Deixes Ir” tem pouco balé e muita vodca. Os momentos com vodca são, entretanto, os mais divertidos.

The film is narrated by Clark Gable, until it suddenly shifts narrator at 40 minutes or so. Now it's Joe (Bernard Miles), a boat engineer, who gives his impressions about Philip's actions. A few minutes later, Gable is back at his position as narrator. I wonder if it also happens in the book that served as the source for the movie. Speaking of oddities, “Never Let Me Go” has too much vodka and too little ballet. The vodka moments are, nevertheless, the funniest.
É Gene Tierney mesmo dançando? Bem, ela começou a fazer aulas de balé para fazer o filme, mas o mais provável é que não seja ela nos momentos mais complicados – como quando vemos a Rainha dos Cisnes dançando na ponta dos pés em O Lago dos Cisnes, porque é uma tomada longa e não podemos ver com clareza o rosto da bailarina. Vemos Gene em close-ups, mas uma coisa é verdade: por causa do filme ela se apaixonou por balé e continuou indo a e patrocinando espetáculos de balé até o fim da vida.

Did Gene Tierney do her own dancing? Well, she started having ballet lessons in order to do this film, but it's more probable that it's not her in the more complicated moments – like when we see the Swan Queen dancing en pointe in The Swan Lake, because it is a long shot and we can't clearly see the ballerina's face. We see Gene only in close-ups, but one thing is true: because of this film she fell in love with ballet and kept going to and sponsoring ballet recitals until the end of her life.
Tierney é linda e adorável, embora seu sotaque incomode um pouco. Mas o filme é de Gable – é ele que faz todo o esforço para 'nunca deixá-la ir'. É impossível não torcermos por Philip e Marya – e isto por causa de uma escolha sábia de elenco porque, convenhamos, que ator do cinema clássico representa os Estados Unidos melhor que Clark Gable, que pode inclusive ser considerado o melhor exemplo de estrela do sistema de estúdio? É um filme pró-americano, mas com um detalhe interessante: uma russa em particular não vê problema em dedurar camaradas quando necessário – algo que americanos bons e preocupados estavam fazendo então durante as investigações anti-comunistas da caça às bruxas, e estão fazendo agora também. No final, americanos e russos não são tão diferentes.

Tierney is gorgeous and lovely, even though her accent bothers us a little. But it is Gable's film – he is the one making all the effort to 'never let her go'. We can't avoid rooting for Philip and Marya – and this due to a wise casting choice because, come on, which classic Hollywood actor embodies America better than Clark Gable, who may even be the best example of star of the studio system? It is a pro-America film, but with an interesting twist: a particular Russian sees no problem in 'naming names' when necessary – something good, worried Americans were doing in the HUAC investigations back then, and are even doing now. In the end, Americans and Russians are not very different from each other.

For a different take on this film, check the review at Phyllis Loves Classic Movies!

This is my contribution to the En Pointe: The Ballet blogathon, hosted by Michaela at Love Letters to Old Hollywood and Christina at Christina Wehner.

5 comments:

Anonymous said...

This sounds very interesting. And how lovely that it started a life-long passion for ballet for Gene Tierney! Doing some dance training must have really given her a great appreciation for the work behind the art. I've been reading about WWII movies and their messages recently and it is interesting to read about the messages during the Cold War, which does not get as much attention.

So glad you could join!

Michaela said...

Great post and gorgeous photos! I rather enjoyed this film, especially because it pairs two of my favorites, Gable and Tierney. You're spot-on in your writing on them. I actually found myself gripped by the ending. I couldn't figure out if the film was going to let our couple have their happy ending or not.

Thanks for participating!

Caftan Woman said...

Tragic romances aren't usually my thing as I know they will probably make me cry. I avoid them until the one time when I can't any longer, so I watch and enjoy my good cry. Never Let Me Go sounds like one of those movies I will have to give in to someday. Sigh.

Phyl said...

Wonderful analysis of the film! Gable really is perfect in this. And yes the vodka scenes were pretty funny. Overall just a wonderful movie!

Btw, I updated my post with a link to this post :)

Unknown said...

Sound enjoyable, ballet romance and Politics!!!

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