} Crítica Retrô: Book review: Miss D & Me, by Kathryn Sermak and Danelle Morton

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Wednesday, September 11, 2019

Book review: Miss D & Me, by Kathryn Sermak and Danelle Morton


Algumas vezes eu me pergunto como algumas estrelas do cinema clássico eram na vida pessoal. É fácil imaginar algumas estrelas e apontar quais eram tímidas e quais eram extrovertidas graças à persona cinematográfica que interpretavam. Outras eram um mistério para mim. Bette Davis era um destes mistérios. Ela geralmente interpretava mulheres fortes nas telas, e ao mesmo tempo podemos encontrar fotos fofas dela em momentos de descanso. Eu não conseguia imaginar se ela era forte e exigente em sua vida pessoal ou fofa e relaxada. Agora, graças ao incrível livro “Miss D & Me”, eu aprendi que Bette era, ao mesmo tempo, forte e doce.

Sometimes I wonder how some classic film stars were in their private lives. Some are easy to imagine, to pinpoint which were shy and which were outgoing thanks to their film persona. Some were a mystery to me. Bette Davis was one of those mysteries. She often portrayed strong leading ladies on screen, and at the same time there are sweet pictures of her in moments of rest. I couldn’t imagine if she was strong and exigent in her private life or sweet and laid back. Now, thanks to the amazing book “Miss D & Me”, I could learn that Bette was, at the same time, both strong and sweet.


“Miss D & Me” foi escrito por Kathryn Sermak, assistente pessoal de Bette Davis no final dos anos 70 e início dos anos 80. Kathryn também estava com Bette quando a estrela sofreu um derrame quase fatal em 1983, e era a única pessoa presente no quarto de hospital quando Bette faleceu em 1989. Mais do que uma funcionária, Kathryn se tornou uma amiga e uma confidente. Ela presenciou o que houve de bom e de ruim na vida de Bette Davis, e com todo o respeito dividiu essas memórias conosco.

“Miss D & Me” was written by Kathryn Sermak, Bette Davis’ personal assistant in the late 1970s and early 1980s. Kathryn was also with Bette when the star suffered a near fatal stroke in 1983, and was the only person present in the hospital room when Bette passed away in 1989. More than an employee, Kathryn became a friend and a confident. She saw the good, the bad and the ugly of Bette Davis’ life, and with all due respect shared those memories with us.
 
Bette and Kathryn
A memória de Kathryn é admirável. Mesmo tendo ela escrito que anotava o que acontecia em seus dias com Bette, sua atenção ao detalhe e habilidade de se lembrar de pequenas coisas me impressionou. Estes detalhes foram o que mais me interessaram e surpreenderam – como o fato de Bette Davis sempre rearrumar a mobília em quartos de hotel e adicionar fotos e pequenos objetos decorativos trazidos de casa para que o local tivesse ares de lar.

Kathryn’s memory is admirable. Even though she says she kept notes of her days working with Bette, her attention to detail and ability to remember little things that happened decades ago impressed me. Those details also were what interested and amazed me the most – like how Bette Davis used to rearrange the furniture in hotel rooms and add photos and knickknacks she would bring from her house to make the place feel like home.


Eu pude ter perspectivas diferentes de Bette Davis durante a leitura. Eu imagino, agora, que ela era muito desconfiada e insegura, pois proibiu Kathryn de conversar com qualquer pessoa “abaixo dela” no set de filmagem e também com empregados como a faxineira ou o motorista, com medo de que aquelas pessoas fizessem perguntas sobre ela e vendessem informações para tabloides. Ela certamente fez isso por causa de experiências desagradáveis no passado. Ela aprendeu com o tempo a não confiar em ninguém quando se é estrela de cinema.

I got to have different perceptions of Bette Davis through the book. I imagine, now, that she was very suspicious and insecure, as she forbade Kathryn from talking to anything “lesser than her” on set, and also to household people such as the maid or the driver, afraid that those people were asking about her and collecting info to sell to tabloids. She certainly did this because of previous bad experiences. She learned with time to not trust anyone if you’re a film star.


Kathryn descreve Bette como perfeccionista. Kathryn teve de ser humilde e aprender com os erros nos seus primeiros anos com Bette, e aceitar muitas críticas. Bette decidiu moldá-la assim como ela havia sido moldada pela Warner Brothers quando ela chegou a Hollywood. Bette mudou o nome de Kathryn (era originalmente Catherine), seu estilo, seu cabelo e em especial suas maneiras. Era algo frustrante para Kathryn em muitas ocasiões, mas ela escreve que é muito grata até hoje pelas lições.

Kathryn describes Bette as a perfectionist. Kathryn had to be meek and learn through mistakes in his first years with Bette, and accept a lot of criticism. Bette decided to shape her just as she had been shaped by Warner Brothers when she arrived in Hollywood. Bette changed Kathryn’s name (it was originally Catherine), her wardrobe, her hair and in special her manners. It was frustrating to Kathryn in many occasions, but she writes about how grateful she is until today for the lessons.


Em 1983, Bette Davis fez uma mastectomia e mais tarde teve um derrame que quase a matou. Durante sua recuperação, tanto no hospital quanto fora dele, Kathryn está ao lado dela, usando tudo o que havia aprendido para cuidar da melhor maneira possível da querida Miss D. Aliás, “Miss D” é como ela se referia a Bette, um apelido bonitinho que ambas escolheram quando Bette aconselhou Kathryn a mudar de nome.

In 1983, Bette Davis underwent a mastectomy and later had a stroke that nearly killed her. During her recovery, both in the hospital and out of it, Kathryn is by her side, using all she had learned to take the best care possible of her dear Miss D. By the way, “Miss D” was how she addressed Bette, a cute nickname they both agreed on when Bette advised Kathryn to change her name.


Você deve conhecer “Mamãezinha Querida”, o livro que a filha de Joan Crawford escreveu sobre Joan, mas a única filha biológica de Bette, Barbara ‘Bede’ (B.D.) Merrill, também escreveu um livro difamatório sobre a mãe. Como narrado por Kathryn, ela provavelmente decidiu escrever o livro após o derrame de Bette, quando os médicos deram apenas mais três semanas de vida para a estrela. Bette se recuperou, mas ficou de coração partido quando descobriu sobre o livro. Bede se tornou uma fanática religiosa, vendeu sua fazenda e se mudou com a família para as Bahamas sem contar nada para Bette, por isso o livro foi apenas a cereja do bolo de decepções. Embora Kathryn escreva que “Bede e Miss D claramente amavam uma à outra”, a ganância e a nova religião de Bede foram mais poderosas que o amor materno.

You must be aware of “Mommie Dearest”, the book Joan Crawford’s daughter wrote about Joan, but Bette’s only biological daughter, Barbara ‘Bede’  (B.D.) Merrill, also wrote a defamatory book about her mother. As narrated by Kathryn, she probably decided to write the book after Bette’s stroke, when doctors gave the film star only three weeks to live. Bette recovered, but was left broken-hearted when she was informed about the book. Bede had became a religious fanatic, sold her farm and moved with her family to the Bahamas without telling Bette, so the book was only the icing of the cake of Bette’s disappointment. Even though Kathryn writes that “Bede and Miss D clearly loved each other”, the greed and Bede’s new religion were more powerful than the motherly love.
Bette and Bede
Bette certamente amava sua família, e isso incluía seus dois filhos adotivos. Kathryn passa um capítulo narrando um feriado de Quatro de Julho particularmente difícil na casa de Bette, quando toda a família estava reunida. Perto de seus entes queridos, Bette era mais insegura e hesitante, como diz Kathryn: “Só se ela fosse perfeita ela se sentia digna do amor deles”.

Bette certainly loved her family, and that included her two adoptive children. Kathryn spends a chapter narrating a particularly difficult Fourth of July holiday on Bette’s house, when the whole family was reunited. Near her loved ones, Bette Davis was more insecure and hesitant, as Kathryn says: “Only if she was perfect would she feel worthy of their love.”
 
Bette's family
Não há muito sobre a carreira de Bette no livro, pois a partir de 1979 ela fez filmes para a TV e interpretou papéis menores no cinema. Eu gostaria de mais informações sobre estes trabalhos. Eu adoraria ler, por exemplo, sobre como foi a filmagem de “Direito de Morrer”, pois foi a única vez em que Bette trabalhou com James Stewart. Eu também gostaria de saber se Bette e Lillian Gish ficaram amigas durante as filmagens de “Baleias de Agosto”, o último filme de Bette.

There isn’t a lot about Bette’s work in the book, as in the period starting in 1979 she did films for TV or played minor roles in features. I missed more info on those gigs. I’d love to have read, for instance, how the shooting of “Right of Way” went, as it was the only time Bette worked with James Stewart. I also wanted to know if Bette and Lillian Gish were friendly towards each other during the shooting of “The Whales of August”, Bette’s last film.


Kathryn diz que Miss D e ela foram empregadora e funcionária, mentora e discípula, mãe e filha, até que se tornaram melhores amigas. O livro começa e tem seu clímax com uma viagem de carro que elas fizeram pela França em 1985. É uma pequena aventura, cuja crônica aquecerá seu coração. E, de fato, o livro “Miss D & Me” é de aquecer o coração.

Kathryn says that Miss D and she had been employer and employee, mentor and protégé, mother and daughter, until they became best friends. The book starts and climaxes with their road trip through France in 1985. It’s a little adventure, a heart-warming one to be read. Indeed, “heart-warming” is a great word to describe the book “Miss D & Me”.

I’d like to thank Raquel and Hachette Books for this book that I won in a giveaway. This post is part of Raquel’s Summer Reading Classic Film Book Challenge.


4 comments:

Caftan Woman said...

Wonderful review that has piqued my interest in this book. I believe it is on Janet's shelf somewhere. I shall have to hunt.

Raquel Stecher said...

Great review Le! Very thorough. I got to meet Kathryn Sermak. She has so much energy and so many memories/stories to share about Bette Davis!

Sally Silverscreen said...

Fantastic review! This book sounds so interesting, I definitely want to check it out! I reviewed "The Whales of August" as part of the "Summer Under the Stars" blogathon, which correlated with Turner Classic Movies' (TCM's) "Summer Under the Stars" marathon. According to the host of Ann Sothern's day, Bette and Lillian did not get along. Bette also didn't get along with the director. However, Bette got along with Ann Sothern and the director got along with Lillian.

How is your article for 'Siskel and Ebert at the Blogathon' coming along? If you need more time, please let me know.

Pedro Dantas said...

Gostei bastante da review, eu acabei de terminar de ouvir o audiobook - o qual eu devorei em um fim de semana hehe é um must-read para os fãs ou curiosos em descobrir quem foi a atriz e mulher Bette Davis! Ainda mais pela perspectiva de uma amiga que a acompanhou até o fim e além.

Mas matando a curiosidade sobre a relação da Bette com a Lillian Gish nos bastidores de Whales of August , infelizmente elas não se deram muito bem não hahaha vou resumir o "mini feud", através do que eu li de algumas fontes. A Bette já chegou querendo star billing com o nome dela em primeiro, o que Gish achou desnecessário. Ambas eram veteranas e muito disciplinadas, mas Bette sabia ser difícil e fazia de tudo para conseguir as coisas do seu jeito. Não perdoou o fato de Lillian ter tido dificuldades no set por conta da idade avançada (ela era ainda mais velha, já estava com mais de 90 anos). Ela perdia muitas deixas e estava meio surda, mas em dado momento, para rebater a indiferença de Bette, Lillian simplesmente começou a se fazer de surda para irritar a colega de trabalho hahahaha uma das tiradas épicas foi quando o diretor elogiou a Lillian pelos seus closeups, e Bette respondeu: "claro que ela é ótima nos closeups, ela os inventou!". Enfim, havia um respeito entre elas mas nunca houve uma amizade, além desses atritos. Mas o filme é lindo e é um dos meus favoritos - se ignorarmos A Madrasta, esse sim é o canto de cisne de Bette. :)

P.

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