} Crítica Retrô: September 2023

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Friday, September 29, 2023

Os Contos de Hoffmann (1951) / The Tales of Hoffmann (1951)

 

Eu confio em Martin Scorsese. Ele não é apenas um excelente cineasta, mas também ama o cinema profundamente. Ele tem uma fundação para restaurar e exibir filmes de todo o mundo que sejam culturalmente significantes. E por causa disso ele tem um ótimo gosto para filmes. Foi através de uma entrevista com Scorsese que eu pela primeira vez ouvi falar de “Os Contos de Hoffmann” (1951), um filme escrito, produzido e dirigido pela dupla dinâmica Michael Powell e Emeric Pressburger – o filme que é considerado o último triunfo deles antes da separação em 1957.

 

In Martin Scorsese we trust. He’s not only a great filmmaker, but also loves cinema deeply. He has a foundation to restore and exhibit movies from all over the world that are culturally significant. And because of this he has a very good taste in movies. It was through an interview with Scorsese that I first heard about “The Tales of Hoffmann” (1951), a film written, produced and directed by the mighty duo of Michael Powell and Emeric Pressburger – a film that is considered to be their last hurrah before they split in 1957.

O filme consiste em três histórias contadas por E.T.A. Hoffmann (Robert Rounseville) durante o intervalo de um espetáculo de dança do qual sua amada Stella (Moira Shearer) é a estrela. Stella também é objeto de desejo do rival de Hoffmann, Lindorf (Robert Helpmann).

 

The movie consists in three tales told by E.T.A. Hoffmann (Robert Rounseville) during the interval of a dance spectacle where his beloved Stella (Moira Shearer) is the star. Stella is also the object of desire of Hoffmann’s rival, Lindorf (Robert Helpmann).

Primeiro temos A História de Olympia. Em Paris, um jovem Hoffmann se apaixona por Olympia (Moira Shearer), uma boneca.

 

First we have The Tale of Olympia. In Paris, a young Hoffmann falls in love with Olympia (Moira Shearer), an automaton.

Depois há A História de Giulietta. Em Veneza, Hoffmann encontra a cortesã Giulietta (Ludmilla Tchérina) num baile de máscaras. Giulietta rouba almas e reflexos e gosta de usar joias suntuosas. Aqui podemos ouvir a Barcarolle, provavelmente a música mais famosa em “Os Contos de Hoffmann”.

 

Next there is The Tale of Giulietta. In Venice, Hoffmann meets the courtesan Giulietta (Ludmilla Tchérina) in a masquerade. Giulietta steals souls and reflections and likes to wear lavish jewelry. Here we can hear the Barcarolle, probably the most famous song in “The Tales of Hoffmann”.

A última história é A História de Antonia. Numa ilha grega, Antonia (Ann Ayars), uma cantora de ópera, vive com seu pai, um maestro amargo que quer que ela pare de cantar por causa de uma doença incurável.

 

The final tale is The Tale of Antonia. On a Greek island, Antonia (Ann Ayars), an opera singer, lives with her father, a bitter conductor who wants her to stop singing because of an incurable disease.

Além de Robert Rounseville, outros atores aparecem em todas as histórias, como Robert Helpmann e Léonide Massine. Eu estava esperando que todas as mulheres amadas por Hoffmann fossem interpretadas por Moira Shearer, para repetir o que acontece em outro filme de Powell e Pressburger, “Coronel Blimp: Vida e Morte” (1943), no qual todos os interesses amorosos do protagonista são interpretados pela mesma atriz, no caso Deborah Kerr. Eu vejo por que a mudança ocorreu em “Os Contos de Hoffmann”, especialmente na última história, que pedia uma cantora de ópera.

 

Besides Robert Rounseville, other actors appear in all stories, such as Robert Helpmann and Léonide Massine. I was expecting all women loved by Hoffmann to be played by Moira Shearer, to repeat what happens in another Powell and Pressburger movie, “The Life and Death of Colonel Blimp” (1943), in which all the lead’s love interests are played by the same actress, in this case Deborah Kerr. I see why the change is present in “The Tales of Hofmann”, especially in the last story, that required a real opera singer.

Um personagem que chamou minha atenção foi Nicklaus, fiel amigo de Hoffmann que está sempre ao seu lado em suas aventuras, interpretado por Pamela Brown. É claramente um personagem andrógino, que na ópera original também era interpretado por uma mulher. Nicklaus canta em alguns momentos – nos quais a voz de Brown é dublada pela popular cantora Monica Sinclair. Pamela Brown, apesar de ter artrite, o que limitava sua mobilidade, foi uma atriz de sucesso e teve um relacionamento com Michael Powell entre 1962 e a morte dela em 1975.

 

One character who called my attention was Nicklaus, Hoffmann’s faithful friend who is always accompanying him in his adventures, played by Pamela Brown. It’s clearly an androgynous character, that in the original opera was also played by a woman. Nicklaus had a few singing moments – in which Brown’s voice was dubbed by the popular singer Monica Sinclair. Pamela Brown, despite having an arthritic condition that limited her mobility, was a successful actress and was in a relationship with Michael Powell from 1962 until her death in 1975.

“Os Contos de Hoffmann” é originalmente uma ópera de 1881 de Jacques Offenbach, inspirada pelos contos de E.T.A. Hoffmann – sim, ele foi uma pessoa real! Além de inspirar esta ópera, os escritos de Hoffmann também serviram de inspiração para “O Quebra-Nozes” de Tchaikovsky e o balé “Coppelia”. Nada mau, considerando que Hoffmann foi também compositor.

 

“The Tales of Hoffmann” is originally an opera by Jacques Offenbach from 1881, coming from three short stories by E.T.A. Hoffmann – yes, he was a real person! Besides inspiring this opera, Hoffmann’s writings also inspired Tchaikovsky’s “The Nutcracker” and the ballet “Coppelia”.  Not bad, considering that Hoffmann was also a composer.

O processo de edição foi um pouco diferente neste filme. A ópera completa foi pré-gravada, criando a trilha sonora, e mais tarde o filme foi editado seguindo a música. “Os Contos de Hoffmann” realiza o sonho de Powell de criar um filme que complementaria música já composta. Foi o maestro Thomas Beecham que apresentou a ópera de Offenbach para Powell. Por causa da trilha pré-gravada, toda a cantoria foi filmada através de lip-synch, o que aproxima a produção dos filmes mudos, algo difícil de se imaginar no caso de um musical.

 

The editing process was a bit different in this film. The whole opera was pre-recorded, creating the soundtrack, and later the film was edited following the music. “The Tales of Hoffmann” fulfils Powell’s dream to create a movie that would complement music already composed. It was the conductor Thomas Beecham who introduced Powell to the Offenbach opera. Because of the pre-recorded soundtrack, all singing was lip-synched, which makes the production closer to silent films than we could imagine it would be.  

O diretor de fotografia do filme foi Christopher Challis, o que significa que Powell e Pressburger escolheram não dar continuidade à parceria com Jack Cardiff. Challis foi operador de câmera em outros filmes da dupla e era um mestre na fotografia de filmes coloridos. Sobre ele, Scorsese disse: “Chris Challis trouxe uma vibração à paleta de celuloide que foi inteiramente sua, e que ajudou a fazer da Inglaterra liderança naquele longo e glorioso período de cinema clássico mundial.”

 

The film was photographed by Christopher Challis, which means that Powell and Pressburger chose not to repeat their partnership with Jack Cardiff. Challis had been a camera operator in other films by the duo and was a master at shooting color films. About him, Scorsese said: “Chris Challis brought a vibrancy to the celluloid palette that was entirely his own, and which helped make Britain a leader in that long, glorious period of classic world cinema."

Quando “Hamilton” (2020) foi barrado no Oscar por ser “teatro filmado”, um debate teve início. “Os Contos de Hofmann”, que poderiam similarmente ser chamado de “ópera filmada”, foi indicado a dois Oscars em 1952: Melhor Direção de Arte – Cor e Melhor Design de Figurino – Cor – ambos os prêmios foram para outro musical, “Sinfonia de Paris”. E não podemos dizer que a produção de 1951 era simplesmente “ópera filmada”, pois tem edição – uma técnica exclusiva do cinema – e usa composições e ângulos de câmera que não representam a visão de um espectador num teatro.

 

When “Hamilton” (2020) was barred from the Oscars for being “filmed theater”, a debate ignited. “The Tales of Hoffmann”, that could similarly be called “filmed opera”, was nominated for two Oscars in 1952: Best Art Direction – Color and Best Costume Design – Color – both awards went to another musical, “An American in Paris”. And we can’t say that the 1951 production was simply “filmed opera”, as it has editing – a technique exclusive to cinema – and uses compositions and camera angles that don’t represent a viewer’s view in a theater.

Fico feliz por finalmente ter assistido a “Os Contos de Hoffmann”, embora eu desejasse tê-lo visto na tela grande, para aproveitar o espetáculo, e com legendas, para melhor entender o que estava sendo cantado. Ele não entrou no meu Top 3 de Powell e Pressburger – que consiste de “Coronel Blimp: Vida e Morte” (1943), “Os Sapatinhos Vermelhos” (1948) e meu grande favorito “Neste Mundo e no Outro” (1946).

 

I’m happy I finally watched “The Tales of Hoffmann”, although I wish it was on the big screen, to see the spectacle, and with subtitles, to better understand what was being sung. It didn’t enter my Powell and Pressburger Top 3 – that consists of “The Life and Death of Colonel Blimp”(1943), “The Red Shoes” (1948) and my big favorite “A Matter of Life and Death”(1946).

Saturday, September 23, 2023

A Família do Gênio (1952) / Belles on Their Toes (1952)

 

Um dos meus filmes favoritos que pode ser chamado de “tesouro escondido” é “Papai Batuta”, comédia de 1950. Apesar de ser divertido e adorável, tem momentos dramáticos e é um deles que torna o filme tão bom. Perto do final, ao receber más notícias por telefone, Lillian Moller Gilbreth (interpretada por Myrna Loy) diz tudo o que está sentindo somente com o olhar. Isto é, obviamente, prova do talento incrível e normalmente subestimado de Myrna Loy. Já que “Papai Batuta” é um dos meus filmes favoritos, eu me pergunto por que demorei tanto para ver a sequência, “A Família do Gênio”, de 1952.

 

One of my favorite films that can be called a “hidden gem” is the 1950 comedy “Cheaper by the Dozen”. Besides being funny and adorable, it has dramatic moments and it’s one of them that makes the film so good. Near the end, while receiving bad news on the telephone, Lillian Moller Gilbreth (played by Myrna Loy) says everything she’s feeling only with her eyes. This is, of course, proof of Myrna Loy’s incredible and often overlooked talent. Being “Cheaper by the Dozen” one of my favorite films, I wonder why it took me so long to watch the sequel, “Belles on Their Toes”, from 1952.

A história começa no tempo presente: é o dia da formatura de Jane, a mais nova dos Gilbreth. Sua família toda está lá para assistir à cerimônia, incluindo a mãe Lillian (Myrna Loy), que começa a relembrar o passado. Num flashback, somos transportados para os anos 1920, quando uma recém-viúva Lillian tem de tomar conta de doze filhos e ainda apresentar as palestras que seu marido havia sido convidado a apresentar antes de sua morte repentina.


The story begins in the present day: it’s graduation day for Jane, the youngest Gilbreth. Her whole family is there to watch the ceremony, including her mother Lillian (Myrna Loy), who starts remember the past. In flashback, we’re transported to the 1920s, when a recently widowed Lillian has to take care of twelve children and also give the speeches her husband had been asked to give before dying suddenly.


Quando Lillian está fora de casa e também quando está cuidando de assuntos administrativos – ela é uma engenheira à procura de trabalho, afinal – as crianças devem obedecer à irmã mais velha dos Gilbreth, Anne (Jeanne Crain). Estes são tempos difíceis para Anne, que teve de desistir da faculdade para cuidar de seus irmãos, porém há romance e muita diversão no horizonte para ela e os demais Gilbreths.

 

While Lillian is away and also when she’s taking care of administrative issues – she’s an engineer looking for a job, after all – the children must obey the older Gilbreth, Anne (Jeanne Crain). These are hard times for Anne, who had to drop out of college to take care of her siblings, but there is romance and lots of fun in the horizon for her and the other Gilbreths.

A subtrama que mais chamou minha atenção consiste em Lillian ser chamada para fazer um discurso no clube de engenheiros. Entretanto, quando eles descobrem que L.M. Gilbreth é uma mulher, eles cancelam o convite, porque mulheres não são permitidas no clube de engenheiros. Por causa disso, o senhor Harper (Edward Arnold), cujos empregados foram treinados por Lillian para se tornarem mais eficientes, promete torná-la conhecida no país inteiro. O resultado do esforço do senhor Harper é um newsreel – curta informativo que era exibido antes dos filmes – que mostra a família jantando, algo que o público do cinema acha muito engraçado, provocando o riso generalizado.  


The subplot that called my attention has Lillian asked to give a speech at the engineer’s club. However, when they find out that L.M. Gilbreth is a woman, they cancel the speech, because women aren’t allowed at the engineer’s club. Because of this, Mr Harper (Edward Arnold), whose employees were trained by Lillian for efficiency, vows to make her well-known in the whole country. The result of Mr Harper’s effort is a newsreel that shows the family at dinner, something the people in the theater find amusing, causing lots of laughter.

“A Família do Gênio” é baseado em um livro de 1950 escrito por dois dos filhos de Gilbreth, mas a história foi adaptada para as telas por Phoebe e Henry Ephron. Se você está se perguntando, a resposta é SIM: há uma conexão com a famosa roteirista e diretora Nora Ephron. Phoebe e Henry eram os pais de Nora. Eles conseguiram escrever um filme bem divertido. Uma das minhas partes favoritas é quando um rapaz é desclassificado de um concurso de dança pelo senhor Harper, que estava fingindo ser um dos juízes, e reclama sobre o fato, ao que o senhor Harper responde: “Você estava fazendo a versão sulista dos passos de dança. Isso não é permitido em Nova Jersey!”   


“Belles on Their Toes” was based on a 1950 book written by two of the Gilbreth kids, but the story was adapted to the screen by Phoebe and Henry Ephron. If you’re wondering, the answer is YES: there is a connection to famous screenwriter and director Nora Ephron. Phoebe and Henry were Nora’s parents. They manage to write a very funny movie. One of my favorite parts was when a young man is taken out of a dance contest by Mr Harper, who was posing as a judge, and complains about it, Mr Harper answers: “You we’re doing the Southern version of the steps. This is not allowed in New Jersey!”.

Enquanto “Papai Batuta” foi dirigido por Walter Lang, a sequência foi dirigida pelo menos famoso Henry Levin. Começando como ator de teatro no começo dos anos 1940, Levin foi contratado como diretor de diálogos pelos estúdios Columbia em meados da década. Ele dirigiu mais de 50 filmes em diversos estúdios. “A Família do Gênio” foi seu primeiro filme para a 20th Century Fox.


While “Cheaper by the Dozen” was directed by Walter Lang, the sequel was directed by the less famous Henry Levin. Starting as a stage actor in the early 1940s, Levin was hired as a dialogue director for Columbia Pictures by the middle of the decade. He went on to direct over 50 films in several studios. “Belles on Their Toes” was his first film for 20th Century Fox.

Jeanne Crain é uma das minhas atrizes subestimadas favoritas. Ela é competente tanto no drama quanto na comédia, e está muito charmosa neste filme, que pede dela somente isso: ser charmosa. Ela foi indicada ao Oscar por sua performance em “O que a Carne Herda” (1949) e teve como hobby a pintura, algo que eu explorei AQUI.

 

Jeanne Crain is one of my favorite underrated actresses. She’s competent in both drama and comedy, and is very charming in this movie, a movie that required only that from her: to be charming. She was nominated for an Oscar for her performance in “Pinky” (1949) and had painting as a hobby, something I explored HERE.

Nem tão bom quanto seu predecessor, mas bom entretenimento mesmo assim. “A Família do Gênio” não foi feito para ser uma obra-prima do cinema, mas diverte, é charmoso e nos faz rir. Pedir o que mais?

 

Not as good as its predecessor, but nice entertainment nonetheless. “Belles on Their Toes” wasn’t made to be a masterpiece of cinema, but it amuses, charms and makes us laugh. Who could ask of anything more?

 

This is my contribution to the Everything is Copy blogathon, honoring the Ephron family at the movies, hosted by Rebecca at Taking Up Room.


Friday, September 15, 2023

Disney’s Laugh-O-Grams

 Quando ele falava sobre seu Império, Walt Disney costumava dizer que “tudo começou com um camundongo”. Isto é mentira. Antes que Mickey Mouse aparecesse nas telas pela primeira vez em novembro de 1928, Walt Disney havia criado outro estúdio, o estúdio Laugh-O-Gram, em 1921, e fez onze curtas, que eram ou animações ou misturas de animação com live-action.

 

When talking about his Empire, Walt Disney used to say “It all started with a Mouse”. This is a lie. Before Mickey Mouse graced the screen for the first time in November 1928, Walt Disney had created another studio, the Laugh-O-Gram Studio, in 1921, and made eleven shorts, that were either animations or mixes of animation with live-action.


Localizado em Kansas City, Missouri, o estúdio Laugh-O-Gram foi fundado em 1921 e fechou as portas em 1923, quando Disney foi para Hollywood. Os curtas que Disney fez lá eram quase todos adaptações pouco fiéis de contos de fadas. Vamos olhar para estes curtas individualmente.

 

Located in Kansas City, Missouri, the Laugh-O-Gram Studio was founded in 1921 and closed in 1923, when Disney went to Hollywood. The short films Disney made there were almost all very loose adaptations of fairy tales. Let’s take an individualized look at them.

A primeiríssima animação que Disney fez foi “Newman Laugh-O-Grams”, uma série de desenhos a serem exibidos no Newman Theater, um negócio local. Primeiro vemos Disney em sua mesa e ele faz alguns desenhos, com a parte final sendo uma animação bem curtinha sobre uma delegacia de polícia. É relevante por ser o primeiro trabalho de Disney e eu fico feliz que ainda esteja disponível, mas não é nada extraordinário.

 

The very first animation Disney did was “Newman Laugh-O-Grams”, a series of cartoons to be exhibited at the local Newman Theater. We first see Disney on his desk and he goes on to do some drawings, with the last part being a very short animation about a police district. It’s relevant as Disney’s first work and I’m glad it’s still available, but it’s not extraordinary.

A seguir vem “Chapeuzinho Vermelho” (1922). O curta começa com um minuto de um gato usando uma arma para fazer buracos em rosquinhas. Depois de mais algumas estripulias felinas, somos apresentados à Chapeuzinho Vermelho, que vai entregar alguns donuts para a vovozinha. O vilão não é o lobo, mas um homem bem-vestido, e o herói não é um caçador, mas um menino com um avião. Chapeuzinho também tem a companhia de seu fiel cão aqui.  

 

Next up is “Little Red Riding Hood” (1922). It starts with one minute of a cat using a gun to make holes on donuts. After some more feline shenanigans, we’re introduced to Little Red Riding Hood, who will deliver some donuts to her grandma. The villain is not the wolf, but a well-dressed man, and the hero isn’t a hunter, but a boy with an airplane. Little Red also has the company of her faithful dog here.

Depois temos o que é descrito nos créditos principais como “uma versão modernizada do velho conto de fadas” “Os Quatro Músicos de Bremen” (1922). Os quatro músicos são um gato, um cão, um pássaro e um burro, e este curta é uma viagem. Há peixes que caminham e dançam, e também balas de canhão que atingem as paredes da casa onde estão nossos heróis e são catapultadas de volta.

 

Then we have what is described in the main title card as “A modernized version of that old fairy tale” “The Four Musicians of Bremen” (1922). The four musicians are a cat, a dog, a bird and a donkey, and this little film is a real trip. There are walking and dancing fish, as well as cannonballs that hit the walls of the house our heroes are in and bounce back.

Também de 1922 temos “Jack o Matador de Gigantes”. Acompanhado de um gato e um cão, um menino chamado Jack chega à terra dos gigantes e deve vencê-los para salvar uma menina chamada Susie. Com diversos animais selvagens fazendo coisas interessantes, esta é mais uma parte curiosa da série.

 

Also from 1922 we have “Jack the Giant Killer”. Accompanied by a cat and a dog, a boy named Jack arrives in the land of giants and must outsmart the giants to save a girl named Susie. With several jungle animals doing interesting things, this is another curious entry on the series.

O curta todo animado mais longo da série é “Gato de Botas” (1922) - e não tem nada a ver com o conto de fadas. No desenho, nossos velhos amigos Jack e Susie estão lá, assim como o gato preto, mas Susie é uma princesa cujo pai, o Rei, não deixa que Jack a visite. Para solucionar seu problema, Jack e o gato vão ver um filme de Rodolf Vaselino e o gato tem uma ideia: Jack compra para o felino um par de “botas da moda” e o gato ajuda Jack a demonstrar sua bravura numa tourada. Aqui, em vez de muitas cartelas de títulos, o diálogo é mostrado em balões, como nas tirinhas e quadrinhos.

 

The longest all-animated short of the series is “Puss in Boots” (1922) - and it has nothing to do with the fairy tale. In the cartoon, our old friends Jack and Susie are there, alongside the black cat, but Susie is a princess whose father, the King, doesn’t let Jack see her. To solve his problem, Jack and the cat go watch a movie with Rodolf Vaselino and the cat has an idea: Jack buys him a pair of “flapper boots” and the cat helps Jack showcase his bravery in a bullfight. Here, instead of many title cards, the dialogue is shown in balloons, like it happens in comic strips.

O curta seguinte é “Cinderella” (1922). Com duas irmãs más, mas nenhuma madrasta má, Susie é nossa Cinderella e Jack é o príncipe que também é caçador - algo mostrado numa sequência bem pesada. A história segue do jeito como todos conhecemos, e eles vivem felizes para sempre. Há também romance reservado para o gato de Susie.

 

The following short is “Cinderella” (1922). With two evil sisters but no evil stepmother in sight, Susie is our Cinderella and Jack is the prince who is also a hunter - something established in a rather dark sequence. The story follows as we all know, and they live happily ever after. There is romance also for Susie’s cat.

O último Laugh-O-Gram feito em 1922 foi “O Dente de Tommy Tucker”. Em sua quase totalidade um curta em live-action, ele conta a história dos amigos Jimmie Jones e Tommy Tucker. Jimmie, ao contrário de Tommy, não cuidou bem de seus dentes, por isso teve dor de dente e prejudicou sua saúde e até sua carreira por causa de seus maus hábitos de higiene. Este curta educativo foi encomendado por um dentista local chamado Thomas B. McCrum, que pagou 500 dólares a Disney pelo filme.

 

The final Laugh-O-Gram made in 1922 was “Tommy Tucker’s Tooth”. Mostly a live-action short, it tells the story of pals Jimmie Jones and Tommy Tucker. Jimmie, unlike Tommy, didn’t take proper care of his teeth, so he got a toothache and his health and even career were harmed because of his bad hygiene habits. This educational short was commissioned by a local dentist named Thomas B. McCrum, who paid Disney 500 dollars for the film.

Em 1923, à beira da falência, o estúdio Laugh-O-Gram fez um último filme: “Alice’s Wonderland”. Uma mistura de live-action e animação, é o piloto para a série sobre Alice que seria desenvolvida por Disney em Hollywood, e Virginia Davis, uma modelo mirim do Kansas, já interpreta o papel que lhe daria fama. Alice visita o estúdio de Disney e, naquela noite, sonha que está em Cartoonland, interagindo com todas aquelas criaturas animadas. 

 

In 1923, on the verge of bankruptcy, the Laugh-O-Gram Studios made one final film: “Alice’s Wonderland”. A mix of live-action and animation, it’s the pilot for the Alice series that would be developed by Disney in Hollywood, and Virginia Davis, a local Kansas child model, already plays the role that would make her famous. Alice visits Disney’s studio and that night, she dreams she is in Cartoonland, interacting with all those animated creatures.

O gato preto que aparece em muitos dos Laugh-O-Grams mais tarde seria batizado de Julius e se tornaria o fiel companheiro de Alice nas Alice Comedies - o que faz de Julius, não Mickey nem Osvaldo o Coelho Sortudo, o primeiro personagem animado recorrente de Disney.

 

The black cat that appears in many of the Laugh-O-Grams would later be named Julius the Cat and would become Alice’s faithful companion in the Alice Comedies - which makes Julius, not Mickey nor Oswald the Lucky Rabbit, the first re-occurring animation character from Disney.

Dos Laugh-O-Grams feitos, apenas um, “Martha” (1923), permanece perdido. Todos os outros estão em domínio público, mas apenas os mencionados aqui estão disponíveis para serem vistos na página da Wikipédia. Embora existam, “Jack e o Pé de Feijão” e “Cachinhos Dourados e os Três Ursos” não estão disponíveis online.

 

Out of the Laugh-O-Grams made, only one, “Martha” (1923), remains lost. All of the others are in the public domain, but only the ones mentioned here are available to be seen on the Wikipedia page. Although extant, “Jack and the Beanstalk” and “Goldie Locks and the Three Bears” are not available online.

Os Laugh-O-Grams de Disney não são obras-primas da animação. Algumas ideias e mesmo sequências são repetidas ao longo da série - como as nove vidas de um gato saindo do corpo do animal - e a animação e mesmo os traços são muito simples. Eles são, entretanto, artefatos históricos de interesse e, mais uma vez, fico feliz que tenham sobrevivido ao teste do tempo.

 

The Disney Laugh-O-Grams are not masterpieces of animation. Some ideas and even sequels are repeated throughout the series - like the cat’s nine lives leaving the animal’s body - and the animation and even drawing are very simple. They are, however, historical artifacts of interest and, once again, I’m glad they survived the test of time.

 

This is my contribution to the 100 Years of Disney blogathon, hosted by the girls Diana and Constance at Silver Scenes.



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