Ah, os anos
60! A época da revolução sexual, da segunda onda do feminismo, da extinção do
ridículo Código Hays... e Hollywood tinha de lidar com todos eles. De repente,
temas mais polêmicos poderiam ser retratados em filmes... não, eles deveriam
aparecer, porque a sociedade queria vê-los no cinema e porque eles faziam parte
da realidade. De repente, um infiel não tinha de sofrer e ser condenado... e
até uma comédia poderia ser feita com o tema infidelidade.
Oh, the 1960s!
Time of the sexual revolution, of the second wave of feminism, of the end of
the ridiculous Hays Code... And Hollywod had to deal with them all. Suddenly,
more risky themes could appear in movies... no, they should appear, because
society wanted them and because they mirrored the reality. Suddenly, a cheater
didn't have to suffer and be condemned... and even a comedy could be made about
cheating.
No começo, William
‘Bill’ Austin (Van Johnson) é um aspirante a escritor, que atualmente escreve
um livro de receitas. Sua esposa Bertie (Janet Leigh) é quem traz dinheiro para
casa, e ela trabalha em um consultório de dentista. Eles têm uma filha, uma
peculiar garotinha de sete anos e ¾ de idade, Julie (Claire Wilcox). O ego
masculino e frágil de Bill está machucado porque sua esposa trabalha fora e ele
não, mas logo uma grande mudança acontece: a agente literária de Bill, Lucinda
Ford (Martha Hyer) vende os direitos do romance de Bill para um clube de
leitura e para uma peça.
At first, William
'Bill' Austin (Van Johnson) is a struggling writer, currently writing a
cookbook. His wife Bertie (Janet Leigh) is the breadwinner of the house, and
she works in a dentist's office. They have a daughter, the quirky seven and ¾
year-old Julie (Claire Wilcox). Bill's fragile male ego was hurt because his
wife was working and he wasn't, until a big change happens: Bill's literary agent
Lucinda Ford (Martha Hyer) sells Bill's novel's rights for a book club and a
play.
A vida da
família muda completamente. Bill insiste para que eles se mudem do pequeno
apartamento em Nova York para uma casa elegante em Connecticut. Lá eles
conhecem os enxeridos vizinhos Fran (Shelley Winters) e Wylie (Ray Walston).
Fran é divorciada – seu ex-marido é ator – e Wylie é um designer de interiores
que vive na casa dos fundos de Fran. Eles são incríveis!
Their life
changes completely. Per Bill's insistence, they move from a small New York
apartment to a fancy house in Connecticut. There they meet nosy neighbors Fran
(Shelley Winters) and Wylie (Ray Walston). Fran is divorced – her ex-husband is
an actor – and Wylie is an interior decorator who lives in the smaller house on
the back of Fran's home. They're a riot!
Bill começa
a sair com Lucinda para aparecer em eventos sociais, deixando sua família de
lado. Mas coisas só dão errado de fato quando Bill e Bertie oferecem um jantar
em casa e convidam Fran, Wylie, Lucinda e o ator Gar Aldrich (Jeremy Slate), a
estrela da peça que Bill está escrevendo. Quando Lucinda começa a paquerar
Bill, Gar, que já havia namorado Lucinda, passa a paquerar Bertie.
Bill starts to
go out with Lucinda to social gatherings, leaving his family behind. But things
go really wrong when Bill and Bertie host a dinner party in their house, and
the guests are Fran, Wylie, Lucinda and actor Gar Aldrich (Jeremy Slate), the
star of the play Bill is writing. As Lucinda starts flirting with Bill, Gar,
who used to date Lucinda, flirts with Bertie.
Era óbvio
que o novo estilo de vida prejudicaria o casal. É possível ver isso em uma
poderosa metáfora visual: depois de receber a notícia de que os direitos do
romance haviam sido vendidos, Bill imediatamente compra para Bertie o casaco
chique que Lucinda estava usando. Bertie é deixada na cozinha, e coloca um
avental por cima do casaco chique – a nova vida e a velha vida entram em
confronto em uma imagem.
It was obvious
that the new lifestyle would harm the Austins. You can see this in a powerful
visual metaphor: after receiving the news that his novel's rights were sold, Bill
buys Bertie the fancy coat Lucinda is wearing and goes out to celebrate. Bertie
is left in the kitchen, and puts an apron over the fancy coat – it's the old
life and the new life clashing in one image.
Todos os
atores estão muito bem em cena. “Esposas e Amantes” é uma comédia romântica
sobre sexo, como aquelas estreladas por Doris Day e Rock Hudson, e temos
algumas gags divertidas, como o aparelho de som sofisticado de Bill, que ele
não consegue ligar, mas todos os outros conseguem. Também gostei de quando Wylie fabricou um
móvel antigo artificialmente. Julie é provavelmente a fonte da maioria das
piadas. Suas perguntas de criança são engraçadas, mas para mim o mais engraçado
é seu hábito de só comer se os alimentos não estiverem tocando uns aos outros –
isto é, ela come um sanduíche só se os ingredientes vierem em pratos separados.
Everybody
delivers very good performances. “Wives and Lovers” is a sex comedy, like the
ones with Doris Day and Rock Hudson, and we have some funny gags, like Bill's
fancy sound stereo that he apparently can't turn on, but almost everybody else
can. I also enjoyed when Wylie fabricated an antique piece of furniture
artificially. Julie is probably the source of the most jokes. Her childish
questions are funny, but for me the funniest thing is her habit of only eating
when her food is not touching each other on the plate – that means, she eats a
sandwich only if the ingredients come in separate plates.
Van Johnson é
um charme como Bill. Janet Leigh brilha como Bertie. É interessante notar que
ela menciona que a sociedade queria que ela se sentisse como “pão mofado”, como
uma mulher que não podia mais ser desejada – e Leigh tinha apenas 36 anos
quando o filme foi feito! De fato, o interesse de Gar é um obstáculo na relação
do casal Austin, mas também é uma oportunidade para Bertie perceber que ela é
uma mulher linda e desejável. Aliás, a química de Leigh e Johnson não é
surpresa: eles eram bons amigos, e foi o próprio Van Johnson que sugeriu a
Jeanette Helen Morrison o nome artístico de Janet Leigh em 1947, quando ela
fazia com ele seu primeiro filme, “Reconcilização”.
Van Johnson is
charming as Bill. Janet Leigh shines as Bertie. It's interesting to notice that
she mentions that society wanted her to feel like if she was “like molded
bread”, like a woman that couldn't be desired anymore – and Leigh was only 36
when the film was made! Indeed, Gar's courtship is an obstacle in the Austin's
relationship, but it is also an opportunity for Bertie to realize that she is a
gorgeous, desirable woman. By the way, the chemistry between Leigh and Johnson
is no surprise, since they were god friends, and it was Johnson himself who
suggested for Jeanette Helen Morrison the screen name Janet Leigh in 1947, when
she was making her first film, “The Romance of Rosy Ridge”.
“Esposas e
Amantes” é cheia de altos e baixos. Eu gostei do fato de que tanto o marido
quanto a esposa são tentados a trair, por isso não há julgamento, falso
moralismo ou outras bobagens. Eu não gostei do fato de que alguns personagens
masculinos, em especial Wylie, têm de ser rudes e tratar as mulheres mal para
serem levados a sério por elas. Eu realmente detestei alguns momentos sexistas,
como esta horrível “piada” dita por Shelley Winters: “Estuprada e desmembrada.
Por que não se pode ter um sem o outro?”
“Wives and
Lovers” is a series of hits and misses. I liked the fact that both the husband
and wife are tempted to cheat, so there is no judgment, fake morals or other bullshit.
I disliked the fact that some male characters, in special Wylie, had to be rude
and mistreat women in order to be taken seriously by then. I completely
disliked some sexist moments like the horrible joke uttered by Shelley Winters:
“Raped and dismembered. Why can't you have one without the other?”
Você deve
conhecer a música “Wives and Lovers”, que foi gravada pela primeira vez no
mesmo ano em que o filme estreou. A música de Burt Bacharach e Hal David foi,
na verdade, inspirada pelo filme! Foi uma “exploitation song”, uma canção
composta para ajudar na divulgação do filme, mas sem fazer parte de sua trilha
sonora. Hoje, a música é bem mais conhecida que o filme, mas eu não acredito
que sua letra expresse a mesma complexidade das relações como o filme faz.
You may be
familiar with the song “Wives and Lovers”, that came out the same year the film
did. The song by Burth Bacharach and Hal David was actually inspired by the
movie! It was an exploitation song, a song composed to help promote a film, but
not appearing on it. Today, the song is much better known if compared to the
film, but yet I don't think the lyrics express the same complexity of
relationships as the movie does.
“Esposas e
Amantes” deveria ser mais conhecido. Porque todos precisam de uma amiga como a
personagem de Shelley Winters. Porque a ausência de julgamento moral em um
filme dos anos 60 é algo raro. Porque é melhor que outras comédias românticas
sobre sexo da época – estou falando da terrível “Amor Daquele Jeito”, também de
1963, que desperdiça Paul Newman e Joanne Woodward. Porque o trailer de “Esposas
e Amantes” nos engana e promete bem mais conteúdo sexual do que realmente
entrega. E porque todos precisamos dar risada de vez em quando.
“Wives and
Lovers” should be better known. Because everybody needs a friend like Shelley
Winter's character. Because no moral judgment in a 1960s movie is something
rare. Because it is better than other sex comedies of the time – I'm thinking
about the awful “A New Kind of Love”, also from 1963, a film that wastes Paul
Newman and Joanne Woodward. Because the trailer for “Wives and Lovers” is
deceiving and promises a sexual feast that doesn't happen. And because we all
need a laugh once in a while.
This is my
contribution to the Second Van Johnson blogathon, hosted by Michaela at Love
Letters to Old Hollywood.
5 comments:
I'm dying to see this film, especially after reading your awesome review! I love Van and Janet Leigh together, and their friendship was so sweet. By the way, every time I heard the film's title, I would think of the song "Wives and Lovers" -- glad to hear that they were indeed connected in some way!
Thanks for bringing this great post to my blogathon!
I remember being impressed by this movie although it has been years since I saw it. The time period is important to me, as that is when I was a child and it is how I imagined adulthood. A cast of thorough pros given a funny script can make something work every time.
This definitely goes on my "need to see" list!
I have not heard of this before, but it might be an interesting watch! Of course, it has Van Johnson!
This sounds really good! I have been wanting to see it all summer but kept putting it off but your review makes it sound like a typical early-1960s romance/comedy like "Please Don't Eat the Daisies" or "Lover Come Back" so I am eager to watch it now!
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