} Crítica Retrô: Dublar ou não dublar: eis a questão

Tradutor / Translator / Traductor / Übersetzer / Traduttore / Traducteur / 翻訳者 / переводчик

Saturday, October 12, 2013

Dublar ou não dublar: eis a questão

Todos que se aventuram a ver um filme feito em idioma estrangeiro estão frente a um desafio. Para nós brasileiros, esta prática é mais que normal, pois o cinema do exterior domina o cenário cultural. Surge logo uma dúvida capaz de gerar calorosos debates entre cinéfilos, críticos e pseudointelectuais da arte cinematográfica: o filme deve ser exibido legendado ou dublado? A dublagem acaba com as características que fazem de cada filme único? A dublagem piora o filme? Deve ser evitada como se fosse o capeta?
Querendo ou não, temos que admitir que conhecemos o cinema dublado. Os primeiros filmes, as animações da infância, vimos todos dublados. Conhecemos as vozes de Salsicha e Scooby Doo, Pernalonga e Patolino, Ben 10 ou qualquer outro personagem em português, e certamente estranharemos se tomarmos contato com a dublagem original. Estamos acostumados com o esperto gato Manda-Chuva sendo dublado por Lima Duarte!
Lima não dublou o filme, mas a foto ficou boa
Para quem conhece o idioma original a fundo, mesmo a legenda deixa a desejar. De fato, alguns jogos de palavras, como os muitos que davam graça aos filmes dos irmãos Marx, são intraduzíveis. “Who’s On First?”, talvez o esquete mais famoso de Abbott e Costello, deixa de ser engraçado fora do inglês. Quem vê um filme em inglês com legendas apreende muito do que também não foi propriamente traduzido. Mas com idiomas desconhecidos a história é outra: se eu for ver um filme em mandarim, terei de aceitar passivamente o que a legenda ou a dublagem contam, mesmo que elas estejam erradas, pois não entendo nada da língua.
Um grande problema para os fãs de filmes clássicos é que as dublagens não são recentes. Foi esse o motivo que me impedia de ver “I Love Lucy” nas férias de 2009: eu simplesmente não conseguia entender as falas dubladas dos personagens com o chiado que vinha junto com a trilha sonora. Alguns musicais, como “Gigi”, ficam com o som baixo durante os diálogos e no momento das canções ele aumenta assustadoramente. Outro problema é que nem sempre o tradutor ou o dublador têm conhecimento suficiente sobre cinema para perceber quando um detalhe é fundamental, por exemplo, um personagem que fica com a voz mais aguda em um momento crítico ou um efeito sonoro que não pode desaparecer.
Hoje está na moda chamar artistas para dublar filmes de animação, tanto no Brasil quanto no exterior. Nem todos têm o treinamento formal que a profissão exige, o que é alcançado através de cursos específicos de dublagem, geralmente oferecidos por oficinas e escolas de atuação. Embora nem sempre a escolha do ator “combine” com o personagem animado, devo confessar que muitos trocadilhos e gírias estão sendo bem traduzidas nos últimos tempos.
E, quando se fala da tradução que marcou nossa infância, é impossível esquecer Herbert Richers. A morte dele, em 2009, gerou grande comoção e foi o início do fim de seu grande estúdio. Amigo de Walt Disney e produtor de filmes nos estúdios Atlântida, ele foi um pioneiro com seu estúdio, que fechou as portas em 2010. Outro estúdio importante da dublagem brasileira foi o Álamo, fundado pelo inglês Michael Stoll, um dos vários estrangeiros contratados pelo estúdio Vera Cruz no início dos anos 50. Depois de trabalhar na distribuição de filmes, ele criou o Álamo em 1972. Ambos os estúdios foram responsáveis pelas dublagens de centenas de filmes, séries e desenhos que fizeram parte de nossa infância e adolescência.
O grande Orlando Drummond
Outra questão, não dos filmes infantis, é a tradução de “fuck”, às vezes tão presente em alguns diálogos (Tarantino, estou pensando em você). Nem sempre aparecem nas legendas, tampouco nas dublagens, um equivalente em nossa língua. Em um ou outro caso, como “Antes que o diabo saiba que você está morto”, último filme de Sidney Lumet, realizado em 2007, tive inclusive que ver sem som, pois não aguentei o excesso da palavrinha nos diálogos. Na legenda ela não aparecia com tanta frequência.

Chega, afinal, a hora de dar minha opinião: prefiro ver filmes legendados. Com isso posso reconhecer expressões que aprendi em inglês ou espanhol ou simplesmente apreciar a cadência do francês ou do italiano e a força do alemão e do russo. Entretanto, não havendo outra possibilidade, não descarto ver um filme dublado. O que não vale é rejeitar um filme dublado. Isso é rejeitar cultura. 

17 comments:

Pedrita said...

só animações que vejo dubladas, mesmo assim não sempre. respeito os dubladores brasileiros, mas detesto o estilo de dublagem brasileira. aquelas vozinhas são insuportáveis. por sorte hj o controle remoto permite o som original em vários canais, alguns retrógados ainda não aderiram. beijos, pedrita

Ana said...

Prefiro legendado e quando assisto algum filme, por exemplo, em alemão, russo, etc, fico pensando nos detalhes que estou perdendo. Além das gírias e das particularidades do vocabulário, ainda tem o sotaque. O ator está fazendo um ótimo trabalho, fazendo o sotaque do norte, do leste, etc e a gente nem fica sabendo.

Atualmente, com tantos recursos, tem que ser democrático: dublado e legendado para cada um escolher, ainda mais porque pagamos caro para assistir canais de filmes.

Anonymous said...

Eu prefiro filmes/séries legendados, com certeza! Não gosto das adaptações que fazem quando dublam, nem da escolha das vozes (que raramente combinam com os personagens). Abro exceção para os desenhos, que realmente precisam de dublagem por serem mais direcionados ao público infantil. Nesse ponto a dublagem brasileira não me desaponta em nada!

Beijos.
http://pinupinsana.blogspot.com.br

Marcelo Castro Moraes said...

Eu gosto das dublagens, mas as vezes tem filmes cuja a dublagem foi feita nas coxas. Bom exemplo é Kill Bill que tem uma das piores dublagens que eu já ouvi.

Paulo Telles said...

Eu amo o cinema, mas a nossa geração (pelo menos a minha, e um pouquinho além) se acostumou com as dublagens, graças principalmente as vozes marcantes nas antigas séries televisivas e nos clássicos desenhos animados, nostalgia que dá imensa saudade que não se produz mais hoje em dia. Por isso digo que tanto a minha geração quanto aqueles que vivenciaram antes e depois de mim, puderam conhecer estes incríveis profissionais da dublagem, cuja essência origina desde os áureos tempos das locuções de Rádio e das novelas nas mesmas.

Contudo, mesmo apreciando o trabalho destes artistas, que merecem créditos por mil anos, naturalmente sem querer acabamos por esquecer as vozes e até mesmo o desempenho original do ator ou da atriz dos filmes clássicos que tanto devotamos, e com poucas exceções, raramente um dublador pode chegar perto da atuação original. Posso destacar muitos destes profissionais que chegaram perto daqueles as quais lhe emprestaram a voz. Quem não se lembra da saudosa Ida Gomes que tanto marcou a Bette Davis em diversos filmes, como A MALVADA e VITÓRIA AMARGA? Ou outra lenda, e VIVA, Márcio Seixas, que era dublador mor dos astros Rock Hudson e Charlton Heston? E entre outros que já se foram e que foram ases da dublagem do Brasil, como André Filho (Robert Wagner, Casal 20), Os saudosos Darcy Pedrosa (Yul Brynner em OS 10 MANDAMENTOS), Newton da Mata (Bruce Willis, A Gata e o Rato), Márcos Miranda (Clark Gable E O VENTO LEVOU), e sua irmã, tamém já falecida, Vera Miranda .

Com efeito, a dublagem de hoje já não é mais a mesma no Brasil, cujo o auge foi na época da Cinecastro, responsáveis pelas dublagens de inúmeras séries clássicas (TÚNEL DO TEMPO, VIAGEM AO FUNDO DO MAR), e na Herbert Richers entre os finais da década de 1960 até o início de 1990, e muitos destes, sempre com a presença marcante de Ricardo Mariano, apresentador nas aberturas.

Mas claro, na TELEVISÃO, obviamente isto vale, pois nem todos tem noção de inglês ou possam enxergar os letreiros de uma legenda (como no caso de alguns idosos). Mas quando se trata de cinema, em exibição pessoal ou em grupo com amigos, acho que a versão original é mais válida, mas claro tudo isto é opcional para quem queira promover, mas sem dúvida, como amantes da Sétima Arte, não devemos ignorar também o trabalho original do ator e também sua verdadeira voz, sem contar outros fatores técnicos que a dublagem, não intencionalmente, vem a deteriorar num filme. Mas isto é só um detalhe.

Paulo Telles
Filmes Antigos Club Artigos
http://www.articlesfilmesantigosclub.blogspot.com.br/

Suzane Weck said...

Ola Querida Lê,realmente é um assunto para muito debate.Eu prefiro com certeza filmes legendados pois acho que por melhor que seja a dublagem,não dá para ter a veracidade,reflexões,assentos,tiques entonações que o própio ator confere á seu personagem no momento em que esta sendo filmado.Além do que acho que a melhor maneira de aprender uma língua é passar um tempo no país de sua origem ou para quem não puder dispender deste tempo,assistir quantas vezes necessário,o filme cujo idioma tem interesse de aprender.Mas não discarto de assistir filmes dublados quando necessário.Nossa já falei demais..... Beijo SU

Jefferson C. Vendrame said...

Oi Lê! Parabéns pelo texto e pela abordagem a esse assunto que com certeza dá muito pano para manga.
Eu, assim como você, também prefiro filmes legendados. Penso que a dublagem retira a originalidade do filme, prejudicando-o por completo. Quanto aos desenhos animados e as produções que conhecemos dubladas desde crianças, tenho certeza que ao conhecermos os mesmos em suas versões originais, essa também sera as nossas preferidas. Parabéns mais uma vez pelo ótimo Post!

Abração!

Iza said...

Confesso que gosto de desenhos e animações dubladas - se bem que assisti American Pop legendado, já assistiu? É muito bom! -, mas filmes... não mesmo. É como se a voz não "combinasse" com o ator ou personagem. Recentemente assisti A Lista de Schindler dublado... aff... tiraram aquele sotaque britânico perfeito do Ralph Fiennes...ficou tão... horrível, sabe?
É sempre melhor o audio original, não é?
Beijão <3

P.S: Prometo não sumir mais...

Hugo said...

É uma tema sobre o qual eu já escrevi no blog e vários outros colegas escreveram em seus blogs também.

A questão principal é o cinema e os canais a cabo oferecerem as duas opções.

Até meados dos anos oitenta a única opção na tv eram os filmes dublados e quando eu comecei a ir ao cinema percebi a grande diferença.

Quando surgiram as locadoras e depois a tv a cabo, foi um enorme ganho para o cinéfilo, que passou a conhecer as vozes de atores e atrizes e perceber que as dublagens mudavam muitos os diálogos, ignoravam os palavrões, sem contar a perda de detalhes do som original.

Cito sempre como exemplo o caso de "Rocky - Um Lutador", em que a dublagem da tv citava que houve empate na luta final, quando na verdade Rocky foi derrotado.

Eu assisto apenas filmes e seriados legendados e vejo como um retrocesso os canais a cabo que passaram a dublar a programação e que não oferecem a opção do som original com legendas.

Abraço e uma ótima semana.

Tsu said...

Olá Lê!
Tai um assunto delicado...eu só gosto de dublagem em desenho americano (disney) de resto SÓ legendado..é um saco pra mim terr que ver dublado..pior que filme dublado é ver anime dublado. Não dá...a dublagem (tirando rarissimas excessões) fica um lixo...os japoneses podem não ser bons para atuar, mas para dublar, são incomparáveis.
Muito obrigada pelo apoio! O que posso dizer é que estamos correndo aqui para dar tudo certo para ajudar essa pessoa, que é a mais importante para mim. Eu amo escrever mas ultimamente nem tempo para isso estou conseguindo ter!
bjs

Iza said...

Já votei em você, flor <3
Beijão e boa semana <3

Iza said...

Fico muito feliz que tenhas gostado de meus croquis!
Beijos♥

MariEdy said...

Ah, as dublagens ... Manda-Chuva, Pepe Legal, Dr. Smith ... O Brasil costuma fazer boas dublagens, mas eu gosto de ver os filmes em seu idioma original (desde que eu o domine, claro) Alladin, vi no original, pois não dava para deixar de lado a atuação ensandecida do Robin Williams. O duro é a tradução horrorosa que fazem por aí ...

Rubens said...

As dublagens são péssimas. é só comparar com o original e ver que há um exagero, principalmente nas gírias. Para mim, um Lixo.

Na Tv Paga,os canais só Dublagem, deveriam gera crédito de valor para o assinante. Pago para ver o original e tenho que aguentar esta empulhação bem brasileira.

Игорь said...

Legendas apenas .

Unknown said...

Duas correções ao comentário de Paulo Telles: Vera Miranda e Roberto Miranda não eram irmãos e a dublagem de O túnel do tempo e Viagem ao fundo do mar foram feitas pela célebre AIC São Paulo e não Cinecastro. Para mim o melhor é um filme bem dublado pois a legenda tira o foco do filme. Para quem conhece e entende perfeitamente o inglês, tudo bem que prefira ver o original mas para quem não entende acho uma frescura falar mal de dublagem até porque a maioria dos nossos dubladores são ótimos atores e quase sempre tem uma voz mais agradável que a dos atores dos filme. Ex: Marlon Brando e Silvester Stalone.

Anonymous said...

respeito as pessoas que gostam de filmes legendados, mais temos que reconhecer que a dublagem brasileira é a melhor do mundo e temos profissionais maravilhosos com vozes marcantes e que realizam com muito talento este trabalho, lembrando que pessoas mais humildes, teriam dificuldade para acompanhar as legendas e que o filme legendado não chamaria ou prenderia a atenção delas, pessoal que curte filme legendado, vocês ainda tem a opção de ver o filme na íntegra no canal fechado.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...