} Crítica Retrô: June 2018

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Thursday, June 21, 2018

Springtime Silent Movie Challenge – girls run the silent film world


Eu amo desafios – especialmente quando eles envolvem filmes. Por isso, quando a Fritzi do site Movies, Silently propôs um desafio de primavera para nós, amantes do cinema, eu tive de aceitar. O desafio consiste em ver dez filmes bem antigos. Mas estes não são filmes antigos como “O Cantor de Jazz” (1927) ou “Hollywood Revue” (1929). Nós tínhamos de ver 10 filmes feitos antes de 1914.

I love challenges - especially when they involve movies. So, when Fritzi from the site Movies, Silently proposed a springtime challenge for us, movie lovers, I had to join. The challenge consists in watching ten early movies. But those aren’t early movies like “The Jazz Singer” (1927) or “The Hollywood Revue” (1929). We had to watch 10 films from 1914 or before.

Isso é difícil? Nem um pouco. Por isso eu resolve deixar as coisas mais interessantes criando minha própria regra: no espírito do meu site colaborativo e feminista, Cine Suffragette, eu veria dez filmes estrelados por mulheres ou, de preferência, com mulheres atrás das câmeras – como produtoras, roteiristas ou diretoras. E, bem, ainda ficou fácil! Vamos ver o que eu consegui...

Is it difficult? Not at all. So I decided to spice things up and created my own rule: in the spirit of my collaborative feminist site Cine Suffragette, I’d watch ten films starring women or, preferably, with women behind the cameras - as producers, writers or directors. And, well, it was still easy! Let’s see what I came up with..


Cinco filmes feitos em 1905 ou antes:

Five Movies made in 1905 or before:

Carmencita (Estrelando Carmencita, 1894): Eu posso ter trapaceado com este, mas aqui está uma curiosidade interessante: a dançarina espanhola Carmencita foi provavelmente a primeira mulher a ser filmada nos Estados Unidos. O diretor William K.L. Dickson fazia experimentos com câmeras desde a série Monkeyshine, em 1890, e demorou quatro anos para finalmente filmar uma mulher. Esta exibição de dança de apenas um minuto foi a primeira e única experiência de Carmencita no cinema, enquanto Dickson fundou em 1895 o estúdio que depois viria a ser conhecido como Biograph.

Carmencita (Starring Carmencita, 1894): I may be cheating on this one, but here it is some interesting trivia: Spanish dancer Carmencita is probably the very first woman to appear in a motion picture in the US. Director William K.L. Dickson was making experiments with cameras since his Monkeyshine series in 1890, and it took him four years to finally film a woman. This one minute long dancing exhibition was the first and only experience Carmencita had with films, while Dickson founded in 1895 the studio later known as Biograph.

Cendrillon (Estrelando Jeanna D’Alcy, 1899): Georges Méliès leva o conto de fadas da Cinderela para as telas pela primeira vez em 1899. Como a fada madrinha, temos a esposa de Méliès, Jeanne D’Alcy. Assim como tudo o mais que o pioneiro do cinema fez, sua Cinderela é divertida e cheia de truques – sempre que um desejo é concedido à nossa heroína, um pouquinho de mágica acontece nas telas. Há também o uso de transições interessantes em várias ocasiões. Não há maneira melhor de passar cinco minutos ociosos do que com Méliès.

Cendrillon (Starring Jeanne D’Alcy, 1899): Georges Méliès brings the Cinderella fairy tale for the first time to the screen in 1899. As the fairy godmother, we have Méliès’s wife, Jeanne D’Alcy. As everything the pioneer did, his Cinderella is amusing and full of clever tricks whenever a wish was granted for our heroine. There is also the interesting use of “dissolve” transition in several occasions. There is no better way to spend five lazy minutes than with Méliès.

Pierrette’s Escapade (Dirigido por Alice Guy, 1900): A Pierrette conversa com o Pierrot através de gestos muito teatrais e enérgicos. E então, quando ele não está olhando, ela dá uma ‘escapadinha’ com a Arlequina, dançando com ela e beijando-a – sim, é um pequeno romance LGBT de 118 anos atrás. A dança é uma das melhores coisas aqui – a outra é que este é um filme colorido! O filme foi pintado à mão e, mesmo que a versão em domínio público esteja em condições não tão boas, ainda é possível aproveitar o filme, que nos mostra como as cineastas estavam sempre procurando trazer realismo e novidades para o público.

Pierrette’s Escapades (Directed by Alice Guy, 1900): The Pierrette talks to the Pierrot putting a lot of energy in her very theatrical gestures. And then, when he is not looking, she makes an escapade with the Harlequin, dancing and kissing her - yeah, it’s a petit 118 year-old LGBT romance. The dance is one of the best things here - the other being the color! The film was hand-tinted and, even if the public domain print is not in the best conditions, it is still enjoyable and shows us how filmmakers were always looking for realism and novelties for the audience.

A Parteira da Classe Média (Dirigido por Alice Guy, 1902): Os nostálgicos tinham razão: a vida era bem melhor no começo do século. Por exemplo, um casal que decidia ter um filho – depois de o homem insistir muito – poderia simplesmente... comprar um bebê de uma parteira! Sem dor, sem bagunça, sem sangue. Obviamente, isso era uma fábula, e Alice Guy já a havia filmado em 1896, também para o estúdio Gaumont, em “A Fada do Repolho”: era a velha superstição de que meninas nasciam de rosas, e meninos, de repolhos. O casal quer um menino – eu até acho que consegui ler os lábios da moça dizendo “garçon” – mas não ficam contentes com as opções mostradas pela parteira. Então, a parteira leva os dois até uma plantação de repolhos e começa a tirar BEBÊS DE VERDADE dos repolhos.

Midwife to the Upper Classes (Directed by Alice Guy, 1902): Nostalgic people were right: life was much better in the beginning of the century. For instance, a couple that decided to have a baby – after the man insists on the issue – could just... buy one with a midwife! No pain, no mess, no blood. Of course, this was a fable, and Alice Guy had already filmed it in 1896, also for the Gaumont studio, in “The Cabbage Fairy”: the old wives' tale that baby girls came from roses, and baby boys, from cabbages. The couple wants a boy – I even think I can read the woman's lips saying “garçon” - but is not happy with the “ready-made” options. So the midwife just shows them a cabbage field and starts taking REAL BABIES from the cabbage.

The Spring Fairy (1902): Este pequeno filme tem duas personagens femininas, mas infelizmente os nomes das atrizes que as interpretam são desconhecidos. O filme conta a história de um casal solitário que dá comida e abrigo a uma velha senhora durante um dia de inverno. A velha senhora revela, na verdade, ser uma fada, e concede um desejo ao casal, porque eles foram bondosos com ela. O casal quer um bebê, e a fada transforma um pouco da neve em flores e das flores o casal tira duas meninas – parece que a nossa fada aprendeu algumas coisas com Alice Guy! E deixe-me dizer que tanto o vestido da fada quanto as flores de primavera são pintadas de amarelo, enquanto o resto da cena continua em preto e branco – um truque de cor bolado pelo incrível Segundo de Chomón.

The Spring Fairy (1902): This little film has two female characters, but unfortunately the names of the actresses portraying them are unknown. The film depicts the story of a lonely couple that gives food and shelter to an old woman during a cold winter day. The older woman reveals to be, actually, a fairy, and concedes the couple a wish, because they were nice to her. The couple wants a baby, so she transforms some of the snow into flowers and from the flowers the couple collects two baby girls – it looks like our fairy learned a few things with Alice Guy! And let me say that both the fairy’s dress and the spring flowers are painted in yellow, while the rest of the scene remains in black and white - a color trick applied by the great Segundo de Chomón.


Cinco filmes feitos entre 1906 e 1914:

Five Movies made between 1906 and 1914:

Canned Harmony (Dirigido por Alice Guy-Blaché, 1912): Que diferença dez anos fazem! Alice se casou com Herbert Blaché em 1907 e foi para os EUA. Em 1912, ela já assinava como Alice Guy-Blaché e tinha seu próprio estúdio, Solax, onde ela fez “Canned Harmony” e muitos, muitos outros filmes. Aqui, um professor de música só aceita que um músico virtuoso se case com sua filha, Evelyn (Blanche Cornwall). O namorado de Evelyn, Billy (Billy Quirk), sofre muito com esta exigência, até que seu colega de quarto o aconselha a usar um fonógrafo e um disco de um violinista para impressionar o futuro sogro. Sim, esta é uma comédia muda que depende do som para ser engraçada – e funciona! É interessante notar como, neste filme em particular, os intertítulos são usados para explicar a ação antes de ela acontecer. E há também um uso notável da tela dividida.

Canned Harmony (Directed by Alice Guy-Blaché, 1912): What a difference 10 years make! Alice married Herbert Blaché in 1907, and then went to the US. By 1912, she signed as Alice Guy-Blaché and had her own studio, Solax, where she made “Canned Harmony” and many, many more films. In this, a music professor will only accept a virtuoso musician to marry his daughter, Evelyn (Blanche Cornwall). Evelyn's beau, Billy (Billy Quirk), will suffer a lot with this exigency, until his roommate tells him to use a phonograph and a record of a violin virtuoso to impress his future father-in-law. Yes, this is a silent comedy that relies on sound to be funny – and it works! It's interesting that, in this particular film, the intertitles are used to explain the action before it happens. And there is also a notable use of split screen.

His Mother (Escrito e estrelado por Gene Gauntier, 1912): Dois turistas americanos estão na Irlanda quando ouvem uma melodia maravilhosa. O senhor Foster, um banqueiro, e sua filha (Gene Gauntier) descobrem que a música vem de uma casa pobre, onde o jovem Terence (J.J. Clark) toca seu violino. O senhor Foster dá seu cartão a ele, para quando Terence for à Nova York. Alguns meses depois, a mãe de Terence (Anna Clark – não sei se ela era de fato parente de J.J., mas me parece que não) dá a ele todas as suas econômicas para comprar uma passagem para Nova York. Terence faz isso e obtém sucesso, mas com o êxito profissional e a felicidade ele se esquece de mandar notícias para a mãe. Então a velha senhora decide ir atrás dele. E um filme simples, emocionante e com cenários ricamente decorados.

His Mother (Written and starred by Gene Gauntier, 1912): Two American tourists are in Ireland when they hear an incredible music. Mr Foster, a banker, and his daughter (Gene Gauntier) find out that the music comes from a poor house, where Terence (J.J. Clark) plays his violin. Mr Foster gives the man his card, for when the man goes to New York. A few months later, the Terence’s mother (Anna Clark – I don’t know if she was really related to J.J., but I believe she wasn’t) gives him all her savings to buy a passage to New York. Terence does it and succeeds, but with success and happiness he stops writing to his mom. So the old woman decides to go after him. Simple, moving, and with great set decoration.

Suspense (Dirigido e estrelado por Lois Weber, 1913): Você quer ser maravilhado, surpreendido e assustado por um filme feito há 105 anos? Veja “Suspense”. Nele, uma dona de casa (interpretada pela própria diretora Lois Weber) é deixada sozinha em casa. Ela mora em uma área quase desértica, e um andarilho (Sam Kaufman) decide invadir sua casa. Ela telefona para o marido (Valentine Paul), e ele começa uma corrida frenética para chegar em casa antes que algo trágico aconteça. Devemos prestar atenção aos truques de câmera de Lois – como a tomada pelo buraco da fechadura – e àquele que é provavelmente o primeiro uso de tela dividida no cinema. E eu estou vendo Lon Chaney sendo atropelado por um carro? À primeira vista eu achei que sim, mas agora não tenho certeza...

Suspense (Directed and starred by Lois Weber, 1913): Do you want to be amazed, surprised and scared by a film that is 105 years old? Just watch “Suspense”. In it, a housewife (played by director Lois Weber herself) is left home alone. She lives in a near-desert area, and a tramp (Sam Kaufman) decides to invade her house. She phones her husband (Valentine Paul), and he starts a frantic race to arrive home before something tragic happens. We must pay attention to Lois’s camera tricks – like the door lock shot – and what is probably the first use of split screen on film. And is that Lon Chaney being hit by a car? At first I thought so, but now I’m not so certain…

Daisy Doodad’s Dial (Produzido, escrito e estrelado por Florence Turner, 1914): Florence Turner – anteriormente conhecida como “a Vitagraph Girl” – interpreta Daisy Doodad, que lê em um jornal o anúncio de um concurso de caretas. Infelizmente, ela não pode ir ao grande evento, por causa de uma dor de dente, e seu marido (talvez Tom Powers ou Lawrence Trimble, não há consenso) entra no concurso e ganha o primeiro prêmio. Mas outra competição de caretas acontece pouco tempo depois e, a caminho do evento, Daisy decide praticar suas caretas e acaba criando problemas com a polícia. O filme é muito divertido – ou talvez meu humor seja muito vintage – e há um bom uso de efeitos especiais perto do final.

Daisy Doodad's Dial (Produced, written and starred by Florence Turner, 1914): Florence Turner – formerly known as “The Vitagraph Girl” - plays Daisy Doodad, who reads in the newspaper about a face making contest that is about to happen. Unfortunately, she can't attend the great event, because of a toothache, and her husband (maybe Tom Powers or Lawrence Trimble, there is no consensus) goes instead and wins first prize. But another face making competition takes place a little time later, and, while en route to it, Daisy decides to practice her faces and ends up creating trouble with the police. The film is very funny – or maybe my humor is very vintage – and there is a good use of special effects near the end.

Caught in a Cabaret (Dirigido, escrito e estrelado por Mabel Normand, 1914): Neste curta-metragem, Chaplin trabalha como garçom em um bar da periferia. Em sua folga, ele ajuda uma mulher rica (Mabel) que está sendo assediada por um homem. Chaplin se apresenta a ela como Primeiro-Ministro, e é convidado para uma festa na casa de Mabel, o que deixa o pretendente ela (Harry McCoy) furioso. E, obviamente, Chaplin não para de trabalhar no bar enquanto mantém a farsa, o que leva Harry a bolar um plano para desmascará-lo.

Caught in a Cabaret (Directed, written and starred by Mabel Normand, 1914): In this, Chaplin works as a waiter in a bar at the slums. In his free hour, he helps a rich woman (Mabel) who is being harassed by a man. Chaplin then presents himself as a Prime Minister and is invited to a party at Mabel’s house, what makes her beau (Harry McCoy) furious. And, of course, Chaplin doesn’t really stop working at the bar during his farce, and this gives Harry an idea of what to do to expose Chaplin.


O que eu aprendi com o desafio

Mesmo que eu tenha visto apenas uma porcentagem ínfima dos filmes disponíveis deste primeiríssimo período do cinema – não nos esqueçamos de que muitos destes filmes com mais de 100 anos foram perdidos, e na minha seleção, por causa de questões de tempo, eu não incluí longas-metragens – eu consegui aprender algumas coisas.
O cinema está sempre evoluindo, portanto a história do cinema é a história desta evolução. Os primeiros filmes tinham apenas uma cena, então eles evoluíram para múltiplas cenas, múltiplos cenários e múltiplas histórias em um mesmo filme. Transições e técnicas de edição foram criadas. Houve experimentação com edição, cores, tela dividida, ângulos de câmera e muito mais. O cinema evoluiu muito de 1894 até 1914.
Muitas mulheres estavam envolvidas no ‘fazer cinematográfico’ neste período, e muitas mais na “era de ouro do cinema mudo” – um conceito que eu mesma criei. Quando o cinema era visto como moda passageira, uma curiosidade sem futuro, as mulheres podiam ir para trás das câmeras, escrever, editar, experimentar e ter suas próprias produtoras. Quando as pessoas começaram a ver que o cinema era lucrativo, os homens tomaram conta de tudo. Nós temos, agora, menos mulheres atrás das câmeras do que tínhamos 100 anos atrás. É hora de nos inspirarmos por Alice Guy, Gene Gauntier, Mabel Normand e muitas outras e recobrar nosso lugar como cineastas.
Lois Weber
What I have learned with the challenge

Even though I have barely scratched the surface of the earliest cinema available - let’s not forget that many of these 100+ year-old movies are lost, and in my selection, because of time constraints, I didn’t include feature films - I was able to learn a few things.
Film is always evolving; therefore film history is the history of this evolution. The first movies had only one scene, and then they evolved to multiple scenes, multiple sets, and multiple storylines. Transitions and editions were created. There was experimentation with edition, color, split screen, camera angles and so on. Cinema evolved a lot from 1894 to 1914.
Many women were involved in the making of movies in this first period, and even more in the “golden age of silent cinema” - a concept created by me. When film was viewed as a fad, a curiosity with no future, women could handle cameras, write, edit, experiment and have their own production companies. When people started seeing that cinema was profitable, men took charge of everything. We are, now, with fewer women behind the cameras than there was 100 years ago. It’s time to be inspired by Alice Guy, Gene Gauntier, Mabel Normand and many more and recover our place as filmmakers.

Thanks again to Fritzi at Movies, Silently for creating this amazing challenge.

Monday, June 11, 2018

Sinatramania

Adolescentes e jovens mulheres gritando até perder a voz. Quando elas finalmente veem o ídolo, elas gritam mais alto, choram, desmaiam. Algumas delas até perseguiam o ídolo, em busca de um autógrafo, foto ou talvez, uma mecha de cabelo. Seriam elas fãs do século XXI, loucas pelo cantor mais famoso do momento? Não. Fãs malucas não são novidade. Será que Al Jolson teve de lidar com flappers malucas? Havia groupies que seguiam Beethoven? Obviamente, eu não posso responder a estas perguntas por falta de provas, mas posso mostrar um exemplo de super-estrelato de 70 anos atrás. Nos anos 40, quase todas as garotas eram loucas por Sinatra.

Teenagers and young women screaming until they become voiceless. When they finally see their idol, they scream louder, cry, faint. Some of them even go after the idol, in the pursuit of an autograph, photo or, maybe, a lock of hair. Are they 21st century fans of the newest singer who is currently in vogue? No. Insane fans is nothing new. Did Al Jolson have to deal with crazy flappers? Were there any Beethoven groupies? Of course, I can't answer these questions because I don't have any proof, but I can show an example of superstardom from 70 years ago. In the 1940s, almost all girls were crazy for Sinatra.  


Francis Albert Sinatra nasceu em 1915. O jovem Frank amava música e, de acordo com livros biográficos, começou a cantar em reuniões familiares e no bar de seus pais em Hoboken – ele aprendeu música de ouvido, ou seja, sem aprender a ler partituras. Quando ele tinha 20 anos, conheceu o sucesso pela primeira vez: como membro do grupo “The Hoboken Four”, ele conseguiu seu primeiro contrato para uma turnê. E adivinhe qual dos quatro meninos de Hoboken chamava a atenção de todas as garotas?

Francis Albert Sinatra was born in 1915. Young Frank loved music and, according to biographic books, started performing at family gatherings and at his parents' tavern in Hoboken – he only learned music by ear, that is, he couldn't read music sheets. When he was 20, he had his first break: as a member of the group “The Hoboken Four”, he got his frst contract for a tour. And guess which of the four boys from Hoboken attracted all the girls' attention?


Depois de cantar com a orquestra de Tommy Dorsey, era a hora de Frank Sinatra começar a carreira solo e causar furor no mundo da música. Em dezembro de 1942, Frank estava nervoso com esta mudança na carreira, mas quando ele chegou ao teatro Paramount em Nova York, foi outra coisa que o deixou nervoso: a animação das fãs. Havia milhares de adolescentes histéricas, que conheciam suas canções do rádio e estavam agora mais do que animadas para vê-lo ao vivo.

After singing with the Tommy Dorsey orchestra, it was time for Frank Sinatra to go solo and cause mayheim in the music world. In December 1942, Frank was nervous as he was beginning his solo career, but when he arrived in the Paramount Theater in New York, something else made him nervous: the excitement of his fans. There were thousands of hysterical bobby-soxers, teenagers who had heard him on the radio and now were more than excited to see him live.


E durante os três anos seguintes, Sinatra continuou levando as adolescentes à loucura – mesmo sendo um homem casado de quase trinta anos... ou talvez tenha sido essa a razão? O clímax de sua popularidade e um pináculo na cultura pop americana é o chamdo “Columus Day riot”: um concerto, novamente no teatro Paramount em Nova York, em 12 de outubro de 1944, atraiu um recorde de fãs malucas. À meia-noite, a fila começou a se formar, e em quatro horas já havia 500 adolescentes esperando na fila para ver Frank. Algumas delas nem tinham ingressos, elas só queriam a oportunidade de ver o ídolo de perto. Soa familiar, não?

And during the following three or four years, Sinatra kept on driving teenagers crazy – even though he was a married man in his late 20s... or maybe this was the reason? The climax of his popularity and a pinnacle in American pop culture is the Columbus Day riot: a concert again at the Paramount Theater in New York on October 12th 1944 that attracted more crazy fans than ever. At midnight, the line started forming, and in four hours there were already 500 teenagers waiting to see Frank. Some of them didn't even have tickets, they only wanted the opportunity to catch a glimpse of the idol. Sounds familiar, doesn't it?


Essas garotas eram loucas por estarem apaixonadas por Frank Sinatra? Eu acho que não. Ele era um homem muito magro, com olhos azuis, cabelos pretos e uma voz que não parecia combinar com seu corpo. Ele tinha beleza e talento. Em um nível subconsciente, ele era um símbolo dos tempos de guerra: ele foi considerado inapto a servir o exército e ficou nos EUA cantando, e para muitas garotas ele representava o garoto conhecido que estava lutando na Europa – e que poderia nunca mais voltar. O próprio Sinatra disse que a solidão dos anos de guerra foi uma das coisas responsáveis por seu imenso sucesso.

Were these girls right to be crazily in love with Frank Sinatra? I think so. He was a very skinny, blue-eyed, black-haired man with a powerful voice that didn't seem to match his physique. He had looks and talent. In a subconscious level, he was a symbol in war times: he was considered unfit to serve the army and stayed in the US singing, and for many girls he represented the boy-next-door that was fighting in Europe – and could never return. Sinatra himself said that the loneliness of war years was one of the things responsible for his massive success.


Em seus primeiros filmes, esta imagem foi explorada. Em “Marujos do Amor” (1945), seu personagem, Clarence, é muito tímido e pede para que o maigo Joe (Gene Kelly) o ensine a conquistar as garotas. Ele é, no filme, o tipo mais fofo de tímido, e até canta a doce “I Fall in Love Too Easily”. Um comportamento semelhante é encontrado em Chip, seu personagem em “Um dia em Nova York” (1949). chip quer ver todos os pontos turístico de NY que seu avô um dia viu – o problema é que a maioria destes pontos não existe mais. Chip não corre atrás de uma garota como o Gabey de Gene Kelly faz – é a esperta taxista Hildy (Betty Garrett) que tem de flertar agressivamente com ele mais de uma vez.

In his first films, this image was explored. In “Anchors Aweigh” (1945), his character, Clarence, is too shy and asks his friend Joe (Gene Kelly) to teach him how to get girls. He is, in this film, the cutest kind of shy, and even sings the sweet song “I Fall in Love Too Easily”. Almost the same kind of behavior can be found in Chip, his character in “On the Town” (1949). Chip wants to see all the New York landmarks his grandfather has once seen – the problem is that almost all of these landmarks don't exist anymore. Chip doesn't pursue a girl like Gene Kelly's Gabey does – it's smart taxi driver Hildy (Betty Garrett) that must flirt with him aggressively again and again.



É interessante notar como nós ainda usamos alguns termos e ideias da Sinatramania em conceitos de fandoms de internet. Frank era comumente chamado de “Swoonatra”. As garotas da fandom chamavam a si mesmas de “Sinatratics” - da mesma maneira que a fandom da Beyonce é a “beyhive” e nós fãs de Benedict Cumberbatch nos chamamos de “Cumberbitches”. Eu só imagino que hashtags as fãs de Sinatra usariam no Twitter e no Tumblr...

It's very interesting to notice how we still use some terms and ideas from the Sinatramania in our concepts of internet fandom. Frank was commonly referred to as “Swoonatra”. The girls in his fandom called themselves “Sinatratics” - in the same way that the Beyonce fandom is the “Beyhive” and we Benedict Cumberbatch's fans call ourselves “Cumberbitches”. I only wonder what hashtags the Sinatratics would use on Twitter and Tumblr...


Elas também faziam “cosplay”: as fãs usavam gravata-borboleta, assim como o ídolo, e geralmente prendiam uma foto de Sinatra com um alfinete na roupa. E muitas pessoas encontraram um jeito de explorar a Sinatramania para ganhar dinheiro: havia vários produtos com o rosto de Sinatra estampado, ele foi capa de diversas revistas e, uma vez, algumas fotos foram tiradas mostrando Frank Sinatra como membro de um coral no ensino médio. O problema é que as fotos foram tiradas pelo fotógrafo Peter Martin para trazer Sinatra ainda mais perto de suas fãs – na verdade, ele nunca foi parte de um coral e já tinha 27 anos quando a foto foi tirada. Suas fãs, obviamente, não se importaram.

They also kind of cosplayed: the Sinatratics wore bow-ties, just like their idol, and usually pinned Sinatra's pictures to their outfits. And many people found a way of exploring the Sinatramania in order to make money: there were several products with Sinatra's face on it, he was on the over of many magazines, and once, some publicity photos were taken showing Frank Sinatra as a member of a high school glee club. The problem was that the photos were staged by photographer Peter Martin in order to make Sinatra even closer to his fans – in reality, he was never a part of a glee club and was actually 27 when the pic was taken. The fans, of course, didn't care.


Frank Sinatra viu sua carreira cinematográfica sofrer no final dos anos 40, mas retornou em 1953 com uma performance ganhadora do Oscar em “A um passo da eternidade”. Sua carreira na música foi um sucesso até sua morte, em 1998 – 20 anos atrás – e não podemos negar que ele ainda é uma das maiores influências no mundo da música (de acordo com o Spotify, Frank tem mais de 5 milhões de ouvintes mensais fiéis na plataforma de streaming, incluindo eu). Para ele e para a cultura pop, a Sinatramania foi só o começo.

Frank Sinatra saw his film career suffer a little in the end of the 1940s, but he returned in 1953 with an Oscar-winning performance in “From Here to Eternity”. His singing career was successful until his death, in 1998 – 20 years ago – and we can't deny that he is still a major influence in the music world (according to Spotify, Frank has more than 5 million faithful monthly listeners on the straming platform, me included). For him and for pop culture, Sinatramania was just the beginning.



This is my contribution to the Reel Infatuation blogathon, hosted by Ruth at Silver Screenings and Maedez at Font & Frock.

Sunday, June 10, 2018

A Gata dos meus Sonhos (1962) / Gay Purr-ee (1962)

Eu AMO animação. E esta é a razão pela qual eu não escrevo críticas de filmes de animação com frequência: eu fico tão maravilhada, impressionada e imersa neste tipo de filme que eu seria capaz de apenas elogiar quase todas as animações que eu já vi – incluindo “Os Pinguins de Madagascar” (2014), um filme de cujos personagens eu gosto tanto que pode até ser que eu tenha um conjunto de brinquedos deles.

I LOVE animation. And this is the reason why I don't often review animation: I'm so enthralled, overwhelmed and absorbed by them that I could write nothing but compliments to almost all animated films I've seen – including “The Penguins of Madagascar”, a film whose characters I like so much that I may or may not have a figurine set of them.


Há ainda muitas animações que eu ainda quero ver. Uma delas era “A Gata dos meus Sonhos”. A razão principal para eu querer vê-la era, obviamente, o trabalho de dublagem de Judy Garland no filme. Mas, como eu amo animações dos anos 60 desde que eu era criança, eu decidi dar uma chance a este filme o mais rápido possível.

There are also many animated movies in my watchlist. One of them was “Gay Purr-ee”. My main reason to watch it was, of course, Judy Garland's voicework in this. But, since I've loved 1960s cartoons since I was a child, I decided to give the film a chance as soon as I could.


Milhares de histórias de amor ambientadas em Paris já foram contadas no cinema. E muitas outras histórias de amor, quando não completamente ambientadas em Paris, cedo ou tarde tiveram alguma cena na cidade. É isso que acontece em “A Gata dos meus Sonhos”. A linda gata Mewsette (dublada por Judy Garland) é cortejada por Jaune-Tom (dublado por Robert Goulet) em uma área rural da Provença. Um dia, ela ouve uma mulher falando sobre toda a classe e elegância de Paris, e de repente Jaune-Tom parece muito caipira comparado com todas as coisas que ela poderia obter em Paris. Ela então vai para a cidade grande em uma carruagem, seguindo o conselho raivoso dado por Robespierre (dublado por Red Buttons), o pequeno companheiro de Jaune-Tom que tem ciúmes de Mewsette.

Thousands of love stories set in Paris have already been told in the movies. And many more love stories, if not completely set in Paris, sooner or later have a few scenes there. This is what happens in “Gay Purr-ee”. The gorgeous female cat Mewsette (voiced by Judy Garland) is courted by Jaune-Tom (voiced by Robert Goulet) in a rural area of Provence. One day, she hears a woman talking about all the class that exists in Paris, and suddenly her Jaune-Tom seems too bland compared to all the fancy things she could get in Paris. She then leaves to the big city in a carriage, following the angry advice she receives from Robespierre (voiced by Red Buttons), Jaune-Tom's tiny companion who is very jealous of Mewsette.


Depois da carruagem, Mewsette toma um trem, e lá ela conhece Meowrice Percy Beaucoup (dubaldo por Paul Frees), que diz que sua irmã pode apresentá-la à high society. A irmã de Meowrice – que, você adivinhou, não é irmã dele de verdade – é a madame Rubens-Chatte (dublada por Hermione Gingold), uma gata professora de boas maneiras. Meowrice e madame Rubens-Chatte querem usar Mewsette em um de seus esquemas sujos. Enquanto isso, Jaune-Tom e Robespierre também vão para Paris procurar Mewsette.

After the carriage, Mewsette takes a train, and there she meets Meowrice Percy Beaucoup (voice by Paul Frees), who says his sister can introduce her to high society. Meowrice's sister – who, you got  it, isn't really his sister – is Mme. Rubens-Chatte (voiced by Hermione Gingold), a cat who teaches good manners. Meowrice and Mme. Rubens-Chatte want to use Mewsette in one of their dirty schemes. At the same time, Jaune-Tom and Robespierre also go to Paris, looking for Mewsette.


Eu amei o visual do filme. Muitos cenários – fundos estáticos, na frente dos quais os personagens se moviam – foram claramente inspirados em pinturas famosas. Outros cenários eram cópias da Paris “humana”: por exemplo, há o Follies Bergères, e Mewsette vai ao Felines Bergères,  e há o Moulin Rouge, e ao lado dele os gatos têm seu Mewlon Rouge. Mas nada se compara à sequência em que Mewsette tem seu retrato pintado por diversos artistas do final dos anos 1890 – época em que se passa a história.

I loved the visual of the movie. Many sets – static backgrounds, in front of which the characters moved – were clearly inspired by famous paintings. Others sets are counterparts of the “human” Paris: for instance, there is the Follies Bergères, and Mewsette goes to the Felines Bergères, and there is the Moulin Rouge, and next to it the cats have their Mewlon Rouge. But nothing compares to the sequence in which Mewsette's portrait is painted by several artists from the late 1890s – the time in which the story is set.


Hoje, é bem comum termos celebridades dublando personagens em animações. Quando se fala da origem desta prática, muitas pessoas citam erroneamente que Robin Williams dublando o Gênio de “Aladdin” (1992) foi a primeira vez em que isso aconteceu. Nós vemos, com “A Gata dos meus Sonhos”, que a prática é bem mais antiga. Neste filme, embora ela duble uma donzela ingênua em perigo, Judy Garland tem uma chance de brilhar, tanto falando mansinho como a gata romântica quanto cantando com sua voz poderosa. Aliás, fique atento e você poderá reconhecer uma voz bastante familiar: muitos personagens secundários foram dublados por Mel Blanc!

Today, it's fairly common to have  celebrities voicing characters in animated movies. When talking about the origin of this practice, many people erroneously cite Robin Williams's voicing the Genie in “Aladdin” (1992) as the first time this happen. We see, with “Gay Purr-ee”, that the practice is much older. In this film, although she voices the naïve damsel in distress, Judy Garland has a chance to shine, both speaking softly as the romantic cat and singing with her powerful voice. By the way, keep your ears open and you may recognize a very familiar voice: many secondary characters are voiced by Mel Blanc!
Muitas pessoas, em especial crianças, se recusam a ver filmes de animação se eles não forem em 3D, feitos por computador ou tiverem gráficos elaborados. Eu tenho pena dessas pessoas. Com este tipo de preconceito, eles perdem a oportunidade de ver obras como “A Gata dos meus Sonhos”, um pequeno filme realmente louvável e charmoso, cheio das cores psicodélicas que eram moda nos anos 60.

Many people, in special kids, are now discouraged to see animated features that are not in 3D, made by computer or highly stylized. I'm sorry for them. With this kind of prejudice, they miss works like “Gay Purr-ee”, a truly outstanding and charming little movie, full of psychedelic colors that were in vogue in the 1960s.



This is my contribution to the Second Annual Judy Garland blogathon, hosted by Crystal at In the Good Old Days of Classic Hollywood.

Sunday, June 3, 2018

Melodia da Broadway de 1940 / Broadway Melody of 1940

Alguém tem como sonho ser uma estrela da Broadway. Outra pessoa quer montar um show musical. Há um interesse amoroso, confusão, mal-entendido, uma pouco de drama, um monte de músicas. Eu acabei de descrever todos os musicais já feitos – ou pelo menos boa parte deles? Não importa: para nós, que somos loucos por musicais, a história pode ser a mesma, o final previsível, a maneira como os personagens começam a cantar do nada pode ser até inacreditável. Nós não nos importamos. Os musicais não foram feitos para serem analisados como obras de arte filosóficas e complexas. Eles foram feitos para despertar nossos sentimentos, nos alegrar e nos fazer sorrir. E que sorriso a “Melodia da Broadway de 1940” é capaz de gerar em nós!

Someone has the dream to make it big on Broadway. Someone else wants to put on a show. There is a love interest, confusion, misunderstandings, a little drama, a lot of music. Have I described all musicals ever made – or at least a good part of them? It doesn't matter: for us, who are mad about musicals, the story may be the same, the ending predictable, the bursting-into-song situation unbelievable. We don't care. Musicals were not made to be analyzed as complex philosophical work of arts. They were made for us to feel, to enjoy, and to smile. And what a smile does “Broadway Melody of 1940” brings to our faces!
Johnny Brett (Fred Astaire) e King Shaw (George Murphy) são dois dançarinos que sonham em se apresentar na Broadway. Por enquanto, eles se apresentam em um simples salão, e lá são vistos por Bob Casey (Frank Morgan). John acredita que Bob é um cobrador, e por isso diz que se chama King Shaw. O sócio de Bob Casey, Bert Matthews (Ian Hunter), convida Shaw para um teste para ser o parceiro de dança de Clare Bennett (Eleanor Powell). Shaw é bem-sucedido no teste, e não sabe que John está apaixonado por Clare Bennett.

Johnny Brett (Fred Astaire) and King Shaw (George Murphy) are two dancers dreaming about making it big on Broadway. They present an act in a simple ballroom, when they are spotted by Bob Casey (Frank Morgan). John believes Casey is a bill collector, so he says his name is King Shaw. Casey's business partner, Bert Matthews (Ian Hunter), invites Shaw for an audition to be Clare Bennett´s (Eleanor Powell) dance partner. Shaw succeeds in the audition, without knowing that John is in love with Clare Bennett.
Muitos artistas querem assinar um contrato com Matthews e Casey, incluindo uma jovem malabarista, um rapaz com um monociclo, e um casal que faz um número que seria um sucesso com as plateias do vaudeville de 1910 – e todos estes são considerados por Casey “a maior descoberta da vida” dele!

Many artists want to sign a contract with Matthews and Casey, including a young juggler, a guy in a one-wheel vehicle, and a man and woman act that would be great for a 1910 vaudeville audience – and all are called by Casey “the greatest discovery of his life”!
Mas John não se incomoda. Ele é o melhor dos melhores amigos, e realmente deseja que Shaw tenha êxito. John ensaia com Shaw, lhe dá conselhos, inventa desculpas quando John pisa na bola e também recorta notícias de jornal que mencionam Shaw para fazer um livro de recortes. Shaw é um bom dançarino, mas ele também adora se divertir e não leva o trabalho muito a sério – ou pelo menos ele não tem a mesma paixão pela dança que John.

But John doesn't care. He is the best of best friends, and he truly wishes Shaw is successful. John rehearses with Shaw, gives him advice, covers for him when he screws up and also cuts all newspaper notes that mention Shaw for a scrapbook. Shaw is a good dancer, but he also loves to have fun and doesn't take his job very seriously – or at least doesn't have the same passion for dancing that John has.
É adorável ver Fred Astaire agir como bobo apaixonado. Ele é jovial, gentil, e faz com que todos os passos de dança pareçam fáceis. Ele é como um rapaz se apaixonando pela primeira vez – e nós acreditamos nisso, mesmo Fred Astaire tendo 40 anos de idade quando o filme foi gravado! E ele nem aparenta estar intimidado por Eleanor Powell, algo que ele realmente estava: então com 27 anos, Eleanor já era considerada “a melhor sapateadora do mundo”, e Fred acreditava que ela poderia ser melhor que ele. Eleanor, aliás, fez três dos quatro filmes da série “Melodia da Broadway” – em 1936, 1938 e 1940.

It's lovely to see Fred Astaire making a fool of himself because he is in love. He is youthful, suave and makes all his dance steps look easy. He is like a young boy, falling in love for the first time – and we believe in him, even though Fred was 40 when the film was shooting! And he doesn't even show that he was actually intimidated by Eleanor Powell: then at age 27, Eleanor was already considered “the greatest feminine tap dancer in the world”, and Fred believed she could dance better than him. Eleanor, by the way, was in three of the four “Broadway Melody” movies – 1936, 1938 and 1940.
Primeiro eu pensei que Fred Astaire iria “pegar leve” para que seu parceiro George Murphy não parecesse tão inferior a ele. Eu, obviamente, não havia reconhecido Murphy de outros filmes, e também não sabia que George era um ótimo dançarino que havia trabalhado na Broadway por sete anos antes de ir para Hollywood. George Murphy é muito bom na dança, mas não podemos negar que, quando Fred Astaire começa a dançar, algo mágico acontece.

At first I thought Fred would “underdance” so his partner George Murphy wouldn't look bad next to him. I, of course, hadn't recognized Murphy from other movies, and I also didn't know he was an accomplished dancer who worked on Broadway for seven years before going to Hollywood. George Murphy is a very good dancer, but we can't deny that, when Fred Astaire steps in, magic happens.
Meu primeiro contato com a “Melodia da Broadway de 1940” foi, de fato, mágica: no documentário “That’s Entertainment!” (1974) há um trecho do número “Begin the Beguine”, com Fred Astaire e Eleanor Powell. Eu fiquei sem reação ao sapateado deles. O número é maravilhoso, e seu visual inspirou a sequência do planetário em “Moonlight”, quer dizer, “La La Land” (2016).

My first contact with “Broadway Melody of 1940” was, indeed, magical: in the 1974 celebration documentary “That's Entertainment!” there is an excerpt of the “Begin the Beguine” number, danced by Fred Astaire and Eleanor Powell. I was just speechless as I saw their tap dance. The number is marvelous, and its look inspired the planetarium sequence in “Moonlight”, I mean, “La La Land” (2016).
De acordo com o IMDb, a “Melodia da Broadway de 1940” foi planejada para ser filmada em cores. Felizmente, isso não foi possível. Devemos nos lembrar de que tudo é pensado para aparecer perfeitamente na tela, e com certeza os números, cenários e figurinos teriam que ser bem diferentes se o filme fosse colorido. O resultado em preto e branco é lindo, às vezes triste, às vezes grandioso, e sempre surpreendente. Nós não conseguiríamos estes efeitos em cores:

According to IMDb, “Broadway Melody of 1940” was planned to shoot in color. Thank God it didn't happen! We must remember that everything is thought to appear perfectly on screen, and for certain the numbers, sets and outfits would have to be different if the film was shot in color. The black and white result is beautiful, sometimes sad, sometimes grandiose, and always mesmerizing. We couldn't get this effect in color:
Há muitos momentos divertidos no filme – e eu aposto que isso tem a ver com Preston Sturges, que foi um dos roteiristas não-creditados. A “Melodia da Broadway de 1940” é mais um daqueles musicais deliciosos que te fazem esquecer seus problemas e obrigações, e simplesmente te divertem. Você pode até ficar com inveja das habilidades de dança de Fred Astaire e Eleanor Powell, mas é um efeito colateral que vale a pena.

There are many fun moments in the movie – and I bet Preston Sturges being one of the uncredited screenwriters has something to do with a few gags. “Broadway Melody of 1940” is another delightful musical that you make you forget your problems and obligations, and just enjoy yourself. You might also be jealous of Astaire’s and Powell’s dancing skills, but it is a fair enough side effect.

This is my contribution to the Broadway Bound blogathon, hosted by Rebecca of Taking Up Room.

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