} Crítica Retrô: Pleasure Cruise (1933)

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Friday, March 6, 2020

Pleasure Cruise (1933)


Todos nós desejamos felicidade e tranquilidade na vida – mas não no cinema. Aqueles de nós que querem se casar desejam poucas brigas e nenhum ciúme – mas quem quer ver um filme sobre um casal que não tem absolutamente nenhum problema? No cinema, quanto mais problemático for um casamento, melhor, seja o filme uma comédia ou um drama. Na comédia pre-Code de 1933 “Pleasure Cruise”, um marido ciumento segue a esposa em um cruzeiro – e planeja ensinar-lhe uma lição da maneira mais nojenta possível.

We all long for happiness and calm in life – but not on screen. Those of us who want to get married wish few fights and no jealousy – but who wants to watch a movie about a couple that has absolutely no problems? On film, the most troubled a marriage is, the better, no matter if the movie is a comedy or a drama. In the 1933 pre-Code comedy “Pleasure Cruise”, a jealous husband follows his wife in a cruise trip – and plans to teach her a lesson in the vilest way.


Da primeira vez que vemos Andrew Poole (Roland Young), ele está leiloando todos os seus pertences e dando uma festa para os amigos enquanto suas coisas estão sendo levadas embora. Ele pretende desmanchar o noivado com Shirley (Genevieve Tobin), agora que está pobre, mas ela não aceita. Ele tem uma carreira promissora como escritor pela frente e ele tem um emprego, o que significa que eles podem se casar e ela pode sustentar a casa enquanto o livro dele não é publicado.

The first time we see Andrew Poole (Roland Young), he's auctioning all his belongings and throwing a party for his friends while his things are being taken away. He intends to break the engagement with his fiancée, Shirley (Genevieve Tobin), now that he is poor, but she doesn't want it. He has a promising career ahead as a writer and she has a job, which means that they can get married and she can be the breadwinner of the household while his book is not published.


Da próxima vez que vemos Andrew, ele é um homem casado usando um avental – que, no cinema, é um sinal de castração – e organizando as compras na cozinha. É seu aniversário de um ano de casamento, mas ele se esqueceu. Sua amiga Judy (Minna Gombell) o visita e traz flores para ele presentear Shirley. Enquanto cozinha, ele confessa para Judy que tem ciúmes dos colegas de trabalho de Shirley – em uma vinheta criativa e divertida, vemos que estes colegas não são nada do que ele imagina.

The next time we see Andrew, he is a married man wearing an apron – which, in a movie, is a sign of emasculation – and organizing the things he bought in the kitchen. It's his one-year wedding anniversary, but he has forgotten it. His friend Judy (Minna Gombell) visits him and brings flowers for him to give Shirley. While cooking, he confesses to Judy that he's jealous of Shirley's male coworkers – in a creative and fun vignette, we see that they're nothing like he imagines.


Naquela tarde, Andrew e Shirley saem para dar uma volta, e começam a discutir porque ela diz que não sairia do emprego se ele conseguisse um trabalho. Ela então sugere que ele vá pescar para descansar. Ironicamente, ele sugere que ela faça uma viagem num cruzeiro sozinha, e fica chocado quando ela aceita a ideia e imediatamente compra a viagem. Mas ele não pode ir pescar em paz, por isso ele consegue um emprego no mesmo cruzeiro em que ela viaja para ficar de olho nela – sem ser visto, obviamente.

Andrew and Shirley go out for a stroll in the rain that evening, and start arguing because she says she wouldn’t give her job up if he found a job. She then suggests for him to go on a fishing trip to rest. He ironically suggests for her to go solo on a pleasure cruise, and is shocked when she accepts the idea and immediately books the trip. But he can't go fishing in peace, so he gets a job in the same cruise she's travelling to watch her – without being seen, of course.


Fingindo ser barbeiro, Andrew tenta manter todos os homens longe de Shirley, contando mentiras sobre ela. Ao mesmo tempo, ele precisa escapar das investidas da Sra. Signus (Uma O’Connor), uma senhora que adora flertar. Para tornar as coisas mais complicadas, a cabine de Shirley é do lado da cabine da Sra. Signus, e Andrew frequentemente entra na cabine da Sra. Signus para espiar Shirley pelo buraco da fechadura.

Posing as a barber, Andrew tries to keep all men far from Shirley, telling lies about her. At the same time, he needs to escape Mrs Signus (Una O'Connor), a very flirty older lady. To make things more complicated, Shirley's cabin is next to Mrs Signus, and Andrew frequently enters Mrs Signus' cabin only to spy on Shirley through the keyhole.


Assim como muitos outros filmes do começo da era falada, “Pleasure Cruise” teve uma versão em língua estrangeira gravada ao mesmo tempo e enviada para países que não falavam inglês. A versão em espanhol, “No Dejes La Puerta Abierta”, era estrelada pelo brasileiro Raul Roulien e pela espanhola Rosita Moreno. Raul e Rosita fizeram muitas versões em espanhol de filmes em inglês nos estúdios Fox.

Like many other early talkies, “Pleasure Cruise” had a foreign language version shot at the same time for non-English speaking markets. The Spanish version, “No Dejes la Puerta Abierta” (Don't Leave the Door Open), starred Brazilian import Raul Roulien and Spanish actress Rosita Moreno. Roulien and Moreno did a lot of Spanish versions of English-speaking films at Fox studios.


Podemos perceber que este filme foi feito antes do Código Hays pelo primeiro frame. Quando o filme começa, vemos as costas de uma mulher nua e alguém ordena “vire-se”. Para nosso alívio, vemos que se trata de uma pintura, não de uma mulher nua – e os cineastas sorriem porque acabaram de nos enganar. Além disso, há muitas – e eu quero dizer MUITAS – insinuações sexuais no filme.

We can see this a pre-Code by the very first frame. When the film begins, we see a naked woman's back and someone orders “turn around”. To our relief, we realize it's a painting, not a naked woman – and the filmmakers smile as they see they fooled us. Besides that, there is a lot – and I mean a LOT – of sexual innuendo in this film.


Algumas transições chamaram minha atenção por causa da criatividade envolvida. Quando Andrew e Shirley saem da casa deles, a câmera foca nos pés do casal. No momento seguinte, eles estão saindo da igreja, casados. No próximo momento, ainda com a Marcha Nupcial tocando, Andrew está caminhando sozinho, depois de fazer compras para casa. Em outra sequência, um chuveiro aberto se transforma em chuva caindo do lado de fora de uma janela e, mas tarde, a passagem do tempo é simbolizada pela chuva que para de cair em uma poça. Um balão estoura e uma grande festa no cruzeiro acaba. São todos pequenos truques, muito bem executados, que tornam o filme visualmente bonito.

Some scene transitions really caught my attention because of the creative way they were done. As Andrew and Shirley leave his house, the camera focuses on their feet. The next moment, they are walking down the aisle, married. The next one, still with the Wedding March playing, Andrew is walking alone, after buying groceries for his home. In another sequence, an open shower transforms into rain falling outside of a window and, later, the passing of time is symbolized by the rain that stops falling in a puddle. A balloon pops and a huge party at the cruise is over. These are little tricks that, well done, make the film visually pleasing.


Genevieve Tobin está ótima nos momentos cômicos de “Pleasure Cruise”. Nascida em Nova York em 1899, Genevieve fez seu primeiro filme aos 10 anos. Sua irmã Vivian e seu irmão George também eram atores. Ao contrário de sua personagem em “Pleasure Cruise”, Genevieve deixou Hollywood em 1940 após se casar. Ela faleceu em 21 de julho de 1995 – meu segundo aniversário.

Genevieve Tobin is great at comical moments in “Pleasure Cruise”. Born in New York in 1899, Genevieve made her first film at age 10. Her sister Vivian and her brother George were also actors. Unlike her character from “Pleasure Cruise”, Genevieve left Hollywood in 1940 after getting married. She passed away on July 21st, 1995 – which was my second birthday.


Aqui, Roland Young me lembrou de Bruce Willis, mas com um bigode. O ator inglês fez sua estreia no cinema como Watson no “Sherlock Holmes” de 1922, com John Barrymore como Sherlock. No começo da década de 1930 ele passou a trabalhar como freelancer – sem ter contrato com um único estúdio – e fez sucesso em muitos papéis coadjuvantes, incluindo “A Dupla do Outro Mundo” (1937), pelo qual ele recebeu uma indicação ao Oscar.

Roland Young here reminded me of Bruce Willis, but with a mustache. The English actor made his film debut as Watson in 1922’s “Sherlock Holmes”, with John Barrymore as Sherlock. In the early 1930s he started working as a freelancer – not having a contract with a single studio – and found success in many supporting roles, including “Topper” (1937), for which he was nominated for an Oscar.


Com apenas 72 minutos, “Pleasure Cruise” é um filme prazeroso até os minutos finais. Uma escolha de mau gosto – e é de MUITO mau gosto – é feita quando Andrew vai longe demais para ensinar uma lição para a esposa. Não darei spoilers, mas Danny do site pre-code.com discute esta questão na crítica dele AQUI (em inglês). Por causa deste detalhe não tão pequeno, “Pleasure Cruise” é um filme que podemos dizer que envelheceu mal, e nos faz agradecer pelas constantes mudanças na sociedade.

Clocking at 72 minutes, “Pleasure Cruise” is a delightful pre-Code movie up until the final minutes. A twist of bad taste – and I mean VERY bad taste – happens when Andrew goes too far to teach his wife a lesson. I won’t give spoilers, but Danny from pre-code.com discusses this plot point in his review of the film HERE. Because of this not so small detail, “Pleasure Cruise” is a film we can say aged badly, and it makes us be thankful that times are constantly changing.

This is my contribution to the Out to Sea blogathon, hosted by Debra at Moon in Gemini.

2 comments:

Caftan Woman said...

I'm curious to check this out after reading your review. I'm quite fond of Genevieve Tobin and Roland Young, and one of the writers was P.G. Wodehouse's playwriting partner Guy Bolton. The creative transitions are something I look forward to, and I'm getting used to movies that start out well but end on a sour note. I can take it!

Debbie Vega said...

Thank you so much for bringing this interesting pre-Code film to the blogathon. The warning about the ending will likely make it more watchable. I'll be on the lookout for it!

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