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ARTIGO CONTÉM SPOILERS
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ARTICLE HAS SPOILERS
Você tem medo de vulcões? Quer
dizer, quem não tem? E se eu disser que você pode já ter passado por lugares
que já foram vulcões – ou pode até viver num local criado por um vulcão? Na
verdade, eu nasci em uma cidade cujo terreno foi criado por atividade vulcânica
milhões de anos atrás. Bem radical, né? Mas não precisa ter medo. Quando
aprendemos mais sobre vulcões, nossas preocupações desaparecem. Há vulcões em
todos os continentes, e cerca de 1500 deles ainda estão ativos – e pelo menos
12 estão ativos nesse momento. Há muito menos vulcões agora do que há algumas
centenas de milhões de anos. Não há com o que se preocupar... a menos que você
viva perto do Vesúvio.
Are you afraid of volcanoes? I mean, who
isn’t? What if I tell you that you might have been to places that were once
volcanoes – or you might even live in a place created by a volcano? As a matter
of fact, I was born in a city whose landscape was created by volcano activity
millions of years ago. Pretty rad, isn’t it? But don’t be afraid. When we learn
more about volcanoes, our worries fade away. There are volcanoes on every
continent, and about 1,500 of them are still active – and at least a dozen are
active on any given day. This is much less than the number of volcanoes on
Earth some hundred million years ago. There is nothing to worry about... unless
you live near the Vesuvius.
Não há dúvida de que a tragédia
mais famosa causa da por um vulcão aconteceu em 79 d.C., quando o Vesúvio
arrasou a cidade de Pompeia – e também a cidade vizinha de Herculano, mas em
geral essa segunda parte é esquecida. É um fato tão famoso que muitas histórias
foram contadas sobre o povo de Pompeia que encontrou a morte naquele dia.
Muitos filmes foram feitos sobre a tragédia. Na verdade, só em 1913, dois
filmes com o mesmo enredo narraram os últimos dias de Pompeia: um filme, hoje
mais conhecido, foi produzido por Ambrosio e o outro por Pasquali.
There is no doubt that the most famous
tragedy caused by a volcano happened in 79 a.D., when the Vesuvius erased the
city of Pompeii – and also the neighboring town of Herculaneum, but people tend
to forget this second part. It is such a famous occurrence that many stories
were told about the people of Pompei who found death that day. Many films were
made about the tragedy. In fact, in 1913 alone, two movies with the same plot
told the last days of Pompeii: one film, better known today, was produced by
Ambrosio and the other by Pasquali.
Ambrosio poster |
A escrava cega Nidia é enviada
para dançar na festa de Arbaces, sacerdote de Ísis. Quando o anfitrião tenta
assediá-la, Nidia foge. O forte e belo Glauco vê tudo e decide comprar Nidia,
deixando-a livre – ou quase isso.
The blind slave Nidia is sent to dance
at Arbaces’, the priest of Isis, party. When the host tries to harass her,
Nidia runs away. Strong and handsome Glauco sees everything and decides to buy
Nidia from her master, freeing her – almost.
Pasquali |
Glauco tem um bom coração e
também um problema amoroso. Julia está apaixonada por ele, mas ele ama Ione – e
Ione é cobiçada por Arbaces. Para conquistar Ione, Arbaces diz a ela que Glauco
ama Nidia. Para mostrar que isso não é verdade, Glauco dá Nidia de presente
para Ione – mesmo Nidia estando apaixonada por ele! Parece que Glauco não tinha
um coração tão bom.
Glauco
has a good heart, and also a romantic problem. Julia is in love with him, but he loves Ione – and Ione is coveted by
Arbaces. In order to
conquer Ione, Arbaces tells her that Glauco loves Nidia. To show this is not
true, Glauco gives Nidia to Ione as a present – even though Nidia is in love
with him! Well, it looks like Glauco didn’t have such a good heart after all.
Ambrosio |
Quando Glauco e Ione ficam
noivos, a invejosa Julia convida Glauco para jantar, com o objetivo de dar a
ele uma poção do amor – que Arbaces trocou por uma poção que o deixará insano.
O plano completo de Arbaces inclui acusar Glauco de assassinato e mandá-lo para
a arena lutar com os leões até a morte. Mas ninguém imaginava que o Vesúvio
entraria em erupção naquele dia.
When Glauco and Ione get engaged, jealous
Julia invites Glauco for dinner in order to give him a love potion – that
Arbaces exchanges for an insanity potion. Arbaces’ extended plan involves
accusing Glauco of murder and sending him to the arena to fight with lions
until death. But nobody imagined that the Vesuvius would awake that day.
Ambrosio |
É interessante comparar as duas
produções. “Jone ovvero gli ultimi giorni di Pompei” (Ione ou Os Últimos Dias
de Pompeia) foi produzido por Ernesto Maria Pasquali e tem 99 minutos de
duração. Por outro lado, “Os Últimos Dias de Pompeia” foi produzido por Arturo
Ambrosio e tem 88 minutos. Ambas foram baseadas num romance escrito por Edward
Bulwer-Lytton.
It’s interesting to compare both
productions. “Jone ovvero gli ultimi giorni di Pompei” (Ione or The Last Days
of Pompeii) was produced by Ernesto Maria Pasquali and runs 99 minutes. On the
other hand, “Gli ultimi giorni di Pompei” was produced by Arturo Ambrosio and
is 88 minutes long. Both were based on a novel written by Edward Bulwer-Lytton.
Ambrosio |
Não há dúvida de que a versão de
Pasquali é a mais bonita esteticamente – em especial se você tiver acesso a uma
cópia restaurada. Os figurinos e penteados são mais elaborados e os interiores,
mais ricamente decorados. As cenas exteriores também são belas e há até um
pequeno desfile de bigas na arena. No entanto, a versão de Ambrosio usa de
maneira inteligente uma split screen quando Arbaces tenta iludir Ione no templo
de Ísis.
There is no doubt that the Pasquali
version is the most aesthetically appealing – in special if you can see a
restored copy. The costumes and hairstyles are more elaborate and the interiors
are more richly decorated. The exterior scenes are beautiful as well and there
is even a small chariot parade at the arena. However, the Ambrosio production
has a clever use of split screen when Arbaces tries to trick Ione at the temple
of Isis.
Pasquali |
Embora tenha um visual mais
rústico, a versão de Ambrosio tem uma protagonista melhor. Como Nidia, Fernanda
Negri Pouget é mais convincente e não tão desorientada quanto Suzanne de Labroy
da versão de Pasquali, que parece ter acabado de ficar cega. A versão de
Ambrosio apresenta Arbaces como um egípcio, uma “ameaça estrangeira”, e também
dispensa a personagem Julia.
Although with a rawer look, the Ambrosio
version has a better lead. As Nidia, Fernanda Negri Pouget is more believable
and not as disoriented as Suzanne de Labroy from the Pasquali version, who
seems like she had just become blind. The Ambrosio version presents Arbaces as
an Egyptian, a “foreign menace”, and it also ditches the character Julia.
Pasquali |
Arturo Ambrosio dirigiu um
curta-metragem em 1908 sobre os últimos dias de Pompeia, também seguindo o
romance de Bulwer-Lytton. Ambrosio teve uma carreira bem longa: seu perfil no
IMDb lista mais de 1300 filmes como produtor! Ambrosio é considerado o pai da
indústria cinematográfica italiana. Aliás, Ernesto Maria Pasquali trabalhou
para Ambrosio no começo da carreira, antes de criar sua própria produtora.
Tanto Ambrosio quanto Pasquali sofreram com a guerra, quando a indústria do
cinema na Itália foi basicamente destruída e os filmes norte-americanos
dominaram o mercado. Pasquali faleceu em 1919, e Ambrosio
viveu até 1960.
Arturo Ambrosio had actually directed a
1908 short about the last days of Pompeii, also following the Bulwer-Lytton
novel. Ambrosio had a very long career: his IMDb profile lists over 1,300
titles as producer! Ambrosio is considered the father of the Italian film
industry. In fact, Ernesto Maria Pasquali had worked for Ambrosio in the
beginning of his career, before creating his own production company. Both
Ambrosio and Pasquali suffered the blow from the war, when the Italian film
industry was basically destroyed and US films dominated the market. Pasquali
passed away in 1919, while Ambrosio lived until 1960.
Arturo Ambrosio |
É curioso que os amantes
consigam, com a ajuda de Nidia, fugir e sobreviver à tragédia, enquanto o
malvado Arbaces morre sufocado – ou esmagado por uma coluna na versão de
Ambrosio. Claro, isso foi feito para agradar ao público, mas parece quase com
uma traição. Ora, tanto pessoas boas quanto más morrem em tragédias. Vemos isso
o tempo todo. Estamos vendo isso agora. A
tragédia é democrática: não escolhe vítimas.
I find it curious that the lovers are
able to run away, with Nidia’s help, and survive the tragedy, while the evil
Arbaces dies suffocated – or crushed by a column in the Ambrosio version. Of
course, this was made to please the audiences, but it is almost a betrayal.
Come on, both good people and bad people die in tragedies. We see this all the
time. We’re seeing this now. Tragedy is democratic: it does
not choose the victims.
Ernesto Maria Pasquali |
Já que estamos falando sobre
coisas desagradáveis, se você assistir a ambas as versões, e a de Pasquali em
particular, você perceberá que os romanos têm um jeito curioso de cumprimentar:
levantando um braço em direção à outra pessoa. Sim, é o cumprimento nazista
sendo feito em 1913. Na época, acreditava-se que os romanos antigos faziam esse
tipo de cumprimento, e foi por isso que os fascistas copiaram o cumprimento -
porque eles queriam resgatar a época de ouro da Roma Antiga na Itália moderna –
e os nazistas copiaram o cumprimento dos fascistas. Não há evidência de que os
romanos antigos faziam este gesto, pois ele foi visto pela primeira vez apenas
em 1784 numa pintura do francês Jacques-Louis David.
Since we’re talking about unpleasant
things, if you watch both versions, and the Pasquali version in particular,
you’ll notice the Romans have an odd way of greeting each other: by raising an
arm to the other person. Yes, it is the Nazi salute being done in 1913. Back
then, it was believed that Ancient Romans used that kind of greeting, and this
was the reason why fascists copied the greeting – because they wanted to rescue
the golden times of Ancient Rome in modern Italy – and Nazis copied the salute
from fascists. There is no evidence that Ancient Romans did this salute, as it
was first seen only in 1784 in a painting by Frenchman Jacques-Louis David.
Ambrosio |
Filmes de catástrofe sempre foram
um sucesso – ambos os filmes italianos de 1913 foram exibidos nos EUA, por
exemplo. Não sou capaz de dar uma resposta psicologicamente correta do porquê
gostamos de ver desastres na tela, mas acredito que o fato de estarmos em um
ambiente seguro como um cinema ou na frente da TV, sabendo que tudo aquilo é
atualmente ficção, tem algo a ver com nosso apreço por este tipo de filme.
Ninguém gosta de viver uma tragédia. Ninguém quer enfrentar um terremoto ou
acidente aéreo ou navio afundando ou uma epidemia ou um vulcão em erupção.
Catastrophe movies have always been
successful – both these Italian movies from 1913 were shown in the US, for
instance. I can’t give a psychologically appropriate reason why we love to see
disasters on the screen, but I believe that being in a safe environment like a
movie theater or in front of the TV and knowing all that is currently fiction
plays a role in our liking of those movies. Nobody likes to live a tragedy.
Nobody wants to face an earthquake or a plane crash or a ship sinking or a plague
or an awake volcano.
Ambrosio |
A destruição de Pompeia
provavelmente não foi a pior tragédia causa da pelo Vesúvio. Considerando seu
ciclo e a estimativa de que o vulcão entra em erupção a cada 2500 anos
aproximadamente, o Vesúvio pode entrar em erupção a qualquer momento. Ninguém
vai querer estar lá para presenciar isso. Mas certamente haverá milhões de
pessoas dispostas a ver o filme que será feito sobre a tragédia – como sempre
ocorre.
The destruction of Pompeii probably
wasn’t the worst tragedy the Vesuvius caused. Considering its cycle and the
estimation that the volcano awakes every 2,500 years or so, the Vesuvius can
awake any day now. Nobody will want to be there to witness it. But there will
certainly be millions of people willing to see the film that will be made about
the tragedy – as it always happens.
This is my contribution to The Disaster Blogathon, hosted by Quiggy and J-Dub at The Midnite Drive-In and Dubsism.
5 comments:
This is an excellent article. We have all noted the cycle where similar movies are released close to each other, and these based on the same source material certainly fit the bill. They sound fascinating as well and I shall have to seek them out. Like the sinking of the Titanic, filmmakers obsessively return to the event in Pompeii and Herculaneum.
This was fun to read. I've never seen this (the oldest) version of Pompeii, but it certainly sounds exciting! ;)
Hi Le, fascinating article on a fascinating subject. Production design in those early silents was gorgeous indeed. I actually visited Pompeii about 10 years ago and had a sense of deja vu. With Vesuvius looming in the background, there is still a sense of foreboding there, despite the evidence of the vibrant, decadent pagan lifestyle that these films so vividly portray.
- Chris
Thanks for reviewing both films – it was interesting to learn they were based on the same book. I'm going to see if either/both are available on YouTube.
I liked your point about how many volcanoes are on planet earth. I happened to look it up a few months ago and I was shocked to see how many of them there are. It's not a comforting thought...
Pompeii is a popular topic--I can't remember how many movies, miniseries, etc. have been made about it, but I had no idea there were two silent films. Thanks for a great article!
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