} Crítica Retrô: The Flapper (1920) e o triste fim de sua protagonista

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Thursday, March 8, 2012

The Flapper (1920) e o triste fim de sua protagonista

Considerada uma das mais belas mulheres de seu tempo, Olive Thomas ironizou, em um dos seus últimos filmes, uma moda que estava nascendo e governaria durante toda a década de 1920: a ousada e sensual “flapper”. Se tivesse vivido mais, é difícil de acrediar que a angelical moça aderisse ao estilo, mas certamente continuaria arrasando corações. Infelizmente, Olive faleceu de modo trágico em setembro de 1920, aos 25 anos.
Genevieve King (Olive) é uma garota sonhadora que mora na pacata cidadezinha de Orange Springs. Ao ser vista passeando com seu vizinho Bill (Theodore Westman Jr), Genevieve é mandada pelo severo pai para um internato feminino perto de New York. Lá, ela continua sonhando em encontrar um príncipe encantado, e isso parace estar perto de acontecer, pois o charmoso Richard Chenning (William P. Carleton) cavalga todos os dias em frente à escola. Seguindo seus sonhos ingênuos, Genevieve vai a bailes, foge da proprietária do internato e até se envolve em um roubo de joias planejado pela colega malvada Hortense (Katherine Johnston). Norma Shearer e a irmã Athole fazem pontas como estudantes.
Ao voltar para casa nas férias, ela finge ter virado uma “flapper”, usando roupas elegantes e dizendo que seduzia vários homens na cidade grande. Seu estilo neste momento lembra vamps do cinema mudo, como Theda Bara ou Pola Negri. No entanto, essa parte é uma grande zombaria, pois Olive era muito mais parecida com as virginais Mary Pickford e Lillian Gish.
Algo muito interessante neste filme são os seus intertítulos decorados. Eles não trazem apenas um diálogo ou o texto narrativo, mas também desenhos relacionados às situações na tela. Por isso vemos bonequinhos de chumbo, cavalinhos de brinquedo, túmulos à venda, corações palpitantes e garrafas de bebida em meio às frases.
A experiência de ver essa película muda foi levada ao extremo, pois a versão a que eu assisti era realmente MUDA. Nenhum som se ouvia. Por isso eu coloquei para tocar várias músicas instrumentais que nem sempre combinavam com o que passava na tela. Porém, algumas músicas combinaram perfeitamente, como “Elizabethan Serenade” durante os esportes de inverno e “Pompa e Cirscunstância” durante o baile.

Nascida Oliveretta Elaine Duffy em 1894 em Pittsburgh, Olive (apelido dado pela família) foi para New York depois do fracasso de seu primeiro casamento, aos 18 anos. Chegando à cidade grande, ela passou a trabalhar como vendedora e, em 1914, ganhou um concurso de garota mais bela e, a partir daí, posou para várias pinturas e capas de revista, até ser contratada para ser uma Ziegfeld Girl. Ela faria sua estreia no cinema em 1916, mesmo ano em que se casaria com Jack Pickford, irmão da estrela Mary.
Depois da estreia de “The Flapper” e de finalizar “Everybody’s Sweetheart”, Olive partiu com Jack para uma segunda lua-de-mel em Paris. Depois de uma grande festa, Olive deciciu tomar um remédio para dormir e acabou ingerindo veneno, que a deixo cega e com as cordas vocais queimadas, matando-a cinco dias depois. Embora houvesse a hipótese de suicídio, a história mais aceita é a de que ela se confundiu com o rótulo em francês, tomando uma substância com mercúrio (HgCl2).
O casamento com Jack nunca foi fácil. Os dois adoravam viver perigosamente e desfrutar das festas de alta sociedade. A família de Jack não aprovava o casamento, pois, segundo Mary Pickford, Olive era do mundo do teatro, de uma realidade diferente de quem estava no cinema. Apesar das brigas do casal, eles eram muito apaixonados e, em 1920, adotaram o sobrinho de Olive, após o menino ficar órfão. Depois da morte da esposa, Jack nunca mais foi o mesmo. Ele se entregou ao acoolismo, casou-se mais duas vezes e faleceu em 1933, aos 36 anos.
Com olhos violeta, cabelos castanhos e um rosto angelical, Olive fez 24 filmes em apenas quatro anos de carreira. A linda atriz, apesar de estar exagerando nas reações, parece mais glamourosa nas cenas vestida de “flapper”. Este filme foi feito pela companhia de Myron Selznick (irmão de David), onde também trabalhavam seus dois irmãos. Olive reclamava que não havia estereótipo que lhe servisse, pois estava entre a menina ingênua e a mlher sedutora. Apesar de sua beleza e de seu sucesso, a estrela hoje está um pouco esquecida, mas conseguiu provar, junto com Jean Harlow e James Dean, que não é preciso viver muito para escrever seu nome em Hollywood.
Gone Too Soon Blogathon

Para os interessados, “The Flapper” pode ser assistido no Internet Archive ou no YouTube

20 comments:

Maria selma said...

Amiga,viva intensamente este dia,
Sinta o aroma dos mais variados prefumes,
Muitas flores coloridas para você
Neste dia especial
Parabéns...
Tem mimo para você...
Beijos de luz
http://mariaselmadr.blogspot.com
Lê não esquece de deixar sua marquinha de seguidora no bloguinho da kika

Iza said...

Que linda! Vi umas fotos dela no google, e adorei! Muito bonita! Vou tentar assistir esse filme. Querida, feliz Dia Internacional da Mulher. Beijos!

http://vintageiz.blogspot.com

lacinho rosa said...

Que bela homenagem para o dia da mulher:)

Jefferson C. Vendrame said...

Só posso te dizer que para mim esse Post foi uma verdadeira AULA DE CINEMA. Perfeito. Tudo que li me era inédito. Lê, Parabens, cada dia que passa seu Blog esta melhor.

Vou procurar ver esse filme, muito me interessou....

Abração

Rubi said...

Mas que bela homenagem Lê. Acho que foi um dos posts mais completos que li sobre Olivia. Ela era linda, não? E há muitos fatos que ainda não sabia sobre ela.

Anonymous said...

Thanks for letting us know where we can see The Flapper! I've only heard of Olive Thomas, but I haven't actually seen any of her movies. I will have to watch The Flapper sometime soon.

KC said...

What a horrible way to die! I can't imagine how it would feel to have burned vocal chords. I've got to get around to seeing "The Flapper", from what I've heard, her performance is deserving of much more attention. I learned a lot from your post--thanks.

ANTONIO NAHUD said...

Nunca assisti nada da Olive. Preciso conhecê-la.

O Falcão Maltês

FlickChick said...

I have actually never seen Olive Thomas in a film, but her story and tragic death are so famous. Thank you for a lovely and informative post on a beautiful actress.

Exceptionally ordinary. said...

Adorei, parabéns! Cada vez que venho aqui aprendo algo novo.

Anonymous said...

Esse post ficou incrível... Você escreve muito bem (:

robertavladya.blogspot.com

Fernanda Silveira said...

Também não conhecia a Olive, como muitos dos outros que comentaram. Ah, mas temos que mudar isso, não? Rs
Obrigada pelo maravilhoso post ;)

Beijos

http://twbmwbrazil.blogspot.com/

Page said...

I enjoyed your write up on Olive. I love the silent actresses and the era of 'flappers' makes me smile so I was thrilled you wrote about Olive, a beautiful star and one few know much about.

Well done!
Page

ALUISIO CAVALCANTE JR said...

Querida amiga

Cada nova
indicação é um presente,
enfeitado com
detalhes,
histórias
e vida.


Desejo que a alegria
faça folia em sua vida.

Maira said...

Nunca tinha ouvido falar no filme ou na Olive porque geralmente assisto filmes da década de 1940 pra cima, mas achei esse filme e a atriz super interessante.
E que jeito horrível de morrer, céus!

Beijos,
http://rockmyshoes.blogspot.com/

Dilberto L. Rosa said...

Sempre aprendendo muito por aqui (desconhecia por completo esta estrela, minha cara) e recordando coisas maravilhosas (adorável a crônica sobre os casais improváveis de Houstoun),lamento somente a sua longa ausência dos Morcegos - inclusive, tendo falado bastante do Oscar no final de fevereiro e com outros destaques culturais já ao longo de março... Meu abraço saudoso!

Unknown said...

Nossa, que máximo!
Parabéns pelo texto e pesquisa, Lê! Agora conheço uma atriz de quem nunca tinha ouvido falar. Morte triste e precoce, muito precoce...nossa!
Mas discordo do que disse Mary Pickford ao discordar do casamento: existem vários relatos de atores do cinema mudo que cujos hábitos eram totalmente errados para um profissional. Não sei se você já leu, mas os mais festeiros e ousados aproveitavam a precariedade da época, como a fotografia, o fato dos filmes serem em P&B e principalmente por serem mudos(ou seja, ninguém ouviria uma voz rouca do dia anterior de uma bebedeira). Eles sabiam que chegariam no dia seguinte e os maquiadores fariam milagres para tirar inchaços de olhos e etc... Achei um pouco preconceituso o comentário da Mary em relação aos atores de teatro.
Curiosidades ótimas que você colocou aqui. Me deu vontade de ver o filme.
Um abraço
Dani

Unknown said...

Ei, querida, vi The Flapper assim que li o seu post. Estava buscando tempo para escrever sobre isso: filme super divertido, delicioso de assistir. Olive era uma ótima atriz, natural e super engraçada. Cenas hilárias como a do revólver, por exemplo, me fazem querer assistí-lo mais vezes!
Obrigada por me apresentar a esta atriz!
Um abraço
Dani

silentbeauties said...

É muito legal ler sobre a vida e a morte de Olive. Inevitável lembrar das "garotas problema de hoje". Lindsay Lohan, Rihana, Amy Winehouse, etc. todas seguidoras de uma longa linhagem de artistas que mergulharam fundo na boemia, cada um na sua época.
Tb é bem legal ver como o meio artístico cinematográfico já era bem constituído nos EUA na década de 1920; como os artistas de cinema já eram respeitados. Aqui no Brasil o preconceito durou mais algumas décadas. Mary Pickford além de ser uma atriz de renome mundial, tb foi uma grande empresária e sempre atenta a cada detalhe de seus filmes, até mesmo ao figurino, iluminação, etc. Por isso não chega a ser surpreendente que ela desaprovasse o casamento do irmão, por mais que Olive tb pertencesse ao meio artístico; mas nada que proporcionasse o mesmo prestígio que Mary já possuia.

Regi said...

Lê eu não pude deixar de citar o seu texto pois foi através dele que conheci a Olive Thomas. E é simplesmente um dos melhores textos que eu já li. Obrigado pela visita!

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