} Crítica Retrô: Grande Hotel (1932) / Grand Hotel (1932)

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Tuesday, August 14, 2018

Grande Hotel (1932) / Grand Hotel (1932)

“Grande Hotel” não precisa de propaganda – nem o filme nem o local. O Grande Hotel é o hotel mais caro da Alemanha, como diz o personagem de Lionel Barrymore. “Grande Hotel”, o filme, é uma aula magna sobre o star system, e tem a estranha honra de ser o único filme a ser indicado apenas à categoria de Melhor Filme no Oscar e ganhá-la.

“Grand Hotel” doesn't need marketing – neither the film nor the place. The Grand Hotel is the most expensive one in Germany, as Lionel Barrymore's character says. “Grand Hotel”, the movie, is basically Star System 101, and has the odd glory to be the only film to receive a single Oscar nomination – for Best Picture – and win it, the most prestigious category.


“Grande Hotel” é realmente grandioso devido à soma de suas partes – que merecem ser analisadas individualmente. Devemos começar com o visual do hotel: o estilo art déco é fantástico, e os ângulos de câmera escolhidos para mostrá-lo são de tirar o fôlego – especialmente quando estamos nos andares superiores e vemos a recepção do hotel de cima. Por trás desta façanha visual estão o diretor de fotografia William H. Daniels e, em especial, o diretor de arte Cedric Gibbons.

“Grand Hotel” is really grand because of the sum of its parts – and they are worth analyzing individually. We must start by the overall hotel look: the art déco style is amazing, and the shots used to showcase it are breathtaking – in special when we see the hotel lobby from above. The ones responsible for this impressive look are cinematographer William H. Daniels and, in special, art director Cedric Gibbons.


Os personagens nos são apresentados em uma sequência frenética, cheia de idas e vindas, passando de um para outro, conforme eles conversam ao telefone. A editora responsável por juntar todas as conversas é a legendária Blanche Sewell da MGM – se você fez o curso “Mad About Musicals” do TCM, você já está familiarizado com ela.

The characters are first presented to us in a frantic sequence, going back and forth, from one to the other, as they talk on the phone. The editor responsible for putting all the conversations together was the legendary MGM editor Blanche Sewell – if you took the Mad About Musicals TCM Course, you are familiar with her.


O personagem mais simpático é o simplório e pobre Otto Kringelein (Lionel Barrymore), o funcionário de uma fábrica que tem pouco tempo de vida, e decide passar suas últimas semanas no Grande Hotel. Como bônus, ele vê que seu antigo patrão, Preysing (Wallace Beery), também está hospedado lá, e decide lhe dizer na cara todas as verdades inconvenientes que ele tinha vontade de falar.

The nicest character is the simple and poor Otto Kringelein (Lionel Barrymore), a factory worker who learns he has little time to live, and decides to spend this time at the Grand Hotel. As a bonus, he sees his former employer, Preysing (Wallace Beery) there, and decides to say everything he always wanted to him – like in a bucket list.


Preysing está lá para assinar uma importante fusão de empresas, e para isso ele precisa de uma estenografa – para trabalhar para ele e também para lhe proporcionar algum “divertimento”. Ele contrata a senhorita Flaemmchen (Joan Crawford), uma moça jovem e pobre que logo atrai a atenção do Barão Felix Von Geigern (John Barrymore), um vigarista que está mais interessado na rica e deprimida bailarina Grusinskaya (Greta Garbo) – prova viva de que dinheiro e fama não trazem felicidade.

Preysing is there to sign an important merger, and for this he needs a stenographer – to both work for him and to be a pleasure toy. He hires Miss Flaemmchen (Joan Crawford), a young and penniless lady who quickly attracts the attention of the Baron Felix von Geigern (John Barrymore), a crook more interested in the rich and miserable ballerina Grusinskaya (Greta Garbo) – the living proof that fame and money don't bring happiness.


O Barão quer roubar o colar de pérolas de Grusinskaya, e quando ele finalmente consegue, ele a encontra mais triste que nunca. Pensando em voz alta, ela fala em suicídio, e o Barão intercede. O que acontece a seguir? Eles se apaixonam. Ver Greta Garbo e John Barrymore juntos na tela, interpretando um casal tão apaixonado, é uma das mais maravilhosas experiências que um cinéfilo pode vir a ter. A performance de Garbo, num primeiro momento, não parece natural, mas quando Grusinskaya se apaixona pelo Barão, ela exala uma excitação jovial, tão infantil e ao mesmo tempo tão verdadeira.

The Baron wants to steal Grusinskaya’s pearl necklace, and when he finally does it, he finds her sadder than ever. She talks about suicide to herself, and the Baron stops her. What happens next? They fall in love. Seeing Greta Garbo and John Barrymore together on the screen, playing a couple so in love, is one of the most wonderful experiences a film buff can have. Garbo’s acting is not natural at first, but when Grusinskaya falls for the Baron she exudes a youthful excitement, so silly and yet so true.


No hotel também está o doutor Otternschlag (Lewis Stone), um homem amargo que foi médico na guerra e tem uma cicatriz por causa disso – e a cicatriz foi inclusive contaminada com difteria após a guerra, o que levou o doutor Otternschlag a ficar dois anos internado, em quarentena. No hotel há também um jovem casal em lua de mel, os Hoffmans. Eles chegam no final do filme e, de fato, Mary Carlisle, que interpreta a senhora Hoffman, foi a última do elenco a fazer o check-out: ela faleceu recentemente, aos 104 anos.

At the hotel there is also Doctor Otternschlag (Lewis Stone), a bitter man who was a war doctor and has a wound to prove it – a wound that was even contaminated with diphtheria after the war, what cost Doctor Otternschlag two years institutionalized, away from society. There is also a young couple on honeymoon, the Hoffmans. They arrive by the end of the movie and, indeed, Mary Carlisle, who plays Mrs. Hoffman, was the last one of the cast to make a check-out: she just passed away recently, at 104.
 
Mary Carlisle is next to Lionel Barrymore
Otto Kringelein é meu personagem favorito. Ele é a personificação da palavra “puro”. Ele se sente feliz e sortudo pela primeira vez na vida – ele está VIVENDO pela primeira vez na vida. Kringelein gosta muito de Flaemmchen e do Barão, e é adorável ver os dois irmãos Barrymore contracenando e adicionando um pouco de amor fraternal às performances. Ah, e Kringelein também gosta muito de Louisiana Flips – um drink esquisito com rum, licor, suco de laranja, xarope de frutas vermelhas e um ovo cru... eca.

Otto Kringelein is my favorite character. He is the real definition of pure. He is feeling happy and lucky for the first time in his life – he is LIVING for the first time of his life. Kringelein is very fond of Flaemmchen and the Baron, and it’s lovely to see the two Barrymore brothers acting together and letting a little of their brotherly love be translated to the screen. Oh, and Kringelein really like Louisiana Flips – a weird drink with rum, liquor, orange juice, raspberry syrup and a raw egg… ew.


No final, Kringelein diz que “há um Grande Hotel em todos os lugares do mundo”. De fato, os temas do filme são universais – e não há dúvidas de que o tema principal é dinheiro. Para ganhar dinheiro, as pessoas fazem qualquer coisa – até mesmo renunciam às qualidades que as tornam humanas. Não importa a idade ou classe social, todos nós estamos fadados a ser escravos do dinheiro – e isso era mais que verdadeiro se considerarmos que a peça “Grande Hotel” foi escrita durante a República de Weimar. Quanto da condição escravizante do dinheiro mudou desde então? Veja esta obra-prima e tire suas próprias conclusões.

In the end, Kringelein says that “there is a Grand Hotel everywhere in the world”. Indeed, the themes of the movie are universal – and there is no doubt that the main theme is money. In order to get money, people do anything – even renouncing to what makes us humans. No matter the social class or the age, we all are doomed to be slaves to the money – and this was more than true considering that the play “Grand Hotel” was written during the Weimar Republic. How much has the enslaving condition of money changed since then? Watch this true masterpiece and take your own conclusion.

This is my contribution to the Fourth Annual Barrymore Trilogy blogathon, hosted by Crystal at In the Good Old Days of Classic Hollywood.

1 comment:

Caftan Woman said...

You highlighted many of my favourite aspects of Grand Hotel. The movie lives large in my memory but I must make time to watch it again soon.

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