} Crítica Retrô: Silêncio de ouro: filmes mudos no Oscar / Golden silence: silent films at the Oscars

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Sunday, February 24, 2019

Silêncio de ouro: filmes mudos no Oscar / Golden silence: silent films at the Oscars


O primeiro prêmio da Academia para Melhor Produção foi dado para o maravilhoso sucesso de público “Asas” (1927). No ano seguinte, com o som invadindo Hollywood, o vencedor do prêmio foi um musical, “Melodia da Broadway” (1929). Seriam necessários 83 anos para que outro filme mudo levasse para casa o Oscar de Melhor Filme: “O Artista”, de 2011. Mas isso é uma curiosidade simples do Oscar.

The first Academy Award for Production was given to the wonderful crowd pleaser “Wings” (1927). Next year, with sound taking Hollywood by storm, the winner of the award was a musical, “The Broadway Melody” (1929). It would take 83 years until another silent film took home the Academy Award for Best Picture: 2011’s “The Artist”. But this is basic Oscar trivia.


“Asas” conta a história de dois amigos que vão para a Europa lutar na Primeira Guerra Mundial. Jack Powell (Charles ‘Buddy’ Rogers) e David Armstrong (Richard Arlen) estão apaixonados pela mesma garota. Entretanto, a rivalidade no amor não acaba com a amizade, que na verdade fica mais forte quando eles vão servir a aeronáutica do outro lado do Atlântico. Mary Preston (Clara Bow), uma moça apaixonada por Jack, também vai para o front como enfermeira. “Asas” também ganhou o Oscar de Melhores Efeitos de Engenharia - prêmio dado apenas na primeira cerimônia.

“Wings” is the story of two friends who go to Europe fight in World War I. Jack Powell (Charles ‘Buddy’ Rogers) and David Armstrong (Richard Arlen) are in love for the same girl. However, the romantic rivalry doesn’t end the friendship, and it actually becomes stronger because of their serving together overseas as airplane pilots. Mary Preston (Clara Bow), a girl in love with Jack, also goes to the front as a nurse. “Wings” also won the Oscar for Best Engineering Effects - an award given only in the first ceremony.


“O Artista” conta a história de como a chegada do som afetou a carreira do astro de cinema Georges Valentin (Jean Dujardin). Concomitantemente, uma novata cheia de esperanças e sonhos, Peppy Miller (Bérenice Bejo), chega em Hollywood com o objetivo de se tornar estrela de cinema. Como uma carta de amor ao cinema mudo e aos bravos astros que enfrentaram a transição para o cinema falado, “O Artista” ganhou, merecidamente, cinco Oscars.

“The Artist” is the story of how the arrival of sound shook the career of screen idol Georges Valentin (Jean Dujardin). At the same time, a newcomer full of hopes and dreams, Peppy Miller (Bérenice Bejo), arrives in Hollywood with the goal to become a movie star. As a love letter to silent cinema and those brave stars that faced the transition to sound, “The Artist” won, deservedly, five Oscars.


Antes de “O Artista”, o último filme mudo indicado ao Oscar de Melhor Filme havia sido “O Patriota” de 1928, hoje parcialmente perdido. Em outras categorias, os cineastas podem experimentar com mais liberdade, e acabam criando pequenas obras-primas silenciosas. Na categoria de Melhor Curta-metragem de Animação, por exemplo, tivemos vários vencedores quase mudos nos últimos anos. A lista de charmosas pequenas animações que não precisaram de palavras para contar uma história inclui The Fantastic Flying Books of Mr Morris Lessmore (2011, com um protagonista igual ao Buster Keaton), Paperman (2012, quase completamente em preto e branco), O Banquete (2014) e Piper (2017).

Before “The Artist”, the latest silent Best Picture nominee had been 1928’s “The Patriot”, a film now partially lost. In other categories, filmmakers can experiment more freely and end up making little silent masterpieces. In the Best Animated Short Film category, for instance, there had been several near-silent winners in the past few years. The list of charming short animations that needed no words to tell a story include The Fantastic Flying Books of Mr Morris Lessmore (2011, with a Buster Keaton lookalike lead), Paperman (2012, also almost completely in black and white), Feast (2014) and Piper (2017).
 
The Fantastic Flying Books of Mr Morris Lessmore
Paperman
Nenhum filme mudo ganhou na categoria Melhor Filme em Língua Estrangeira, embora a Espanha tenha submetido o maravilhoso “Blancanieves” para o Oscar de 2015 - ele sequer foi indicado. Curtas-metragens live action foram por mais de 20 anos divididos em duas categorias: um rolo e dois rolos, até que a categoria foi unificada em 1958. Recentemente, a categoria se expandiu, indicando e premiando produções mais experimentais de vários países. Um dos indicados de 2019 é o francês “Fera”, que quase não tem diálogo em seu clímax.

No silent film has won in the category Best Foreign Language Film, although Spain submitted the breathtaking “Blancanieves” for the 2015 Oscars - it wasn’t even nominated. Short live action films were for more than 20 years divided in two categories: one-reel and two-reel, until the category was unified in 1958. Recently, the category has expanded, nominating and awarding more experimental films from all over the world. A short live action film nominated in 2019 is the French “Fauve”, with almost no dialogue in its climax.
 
Fauve
A Academia em geral fica com a escolha mais óbvia na categoria de Melhor Filme de Animação, premiando ou sucessos de público ou, com mais frequência, filmes da Disney. No entanto, ela ainda indica animações com escolhas mais ousadas para contar uma história. Dois exemplos foram o inovador “O Menino e o Mundo” (2015) e o adorável “A Tartaruga Vermelha” (2016), um filme completamente silencioso sobre um náufrago e a tartaruga que ele encontra na ilha que é agora seu lar.

The Academy usually plays safe in the Best Animated Feature category, choosing either crowd pleasers or, more frequently, Disney movies. However, it still nominates animated films with more daring approaches to storytelling. Two examples are the innovative “Boy and the World” (2015) and the lovely “The Red Turtle” (2016), a completely silent film about a man adrift and the turtle he meets in the island that is now his home.
 
Boy and the world
The Red Turtle
Às vezes não é um filme silencioso que é reconhecido pela Academia, mas uma performance silenciosa. Papéis sem falas indicados ao Oscar ao longo dos anos incluem personagens mudos como Belinda McDonald (Jane Wyman em “Belinda”, 1948), Hellen Keller (Patty Duke em “O Milagre de Anne Sullivan”, 1962), John Singer (Alan Atkin em “Por que tem de ser assim?”, 1968), Michael (John Mills em “A Filha de Ryan”, 1970), Sarah Norman (Marlee Matlin em “Filhos do Silêncio”, 1986), Ada McGrath (Holly Hunter em “O Piano”, 1993), Hattie (Samantha Morton em “Poucas e Boas”, 1999), o Renter (Max Von Sydow em “Tão forte e tão perto”, 2011) e Elisa Esposito (Sally Hawkins em “A Forma da Água”, 2017). Matlin, uma atriz surda, ganhou o prêmio e até hoje mantém o recorde de mais jovem ganhadora do Oscar de Melhor Atriz. Outros astros que ganharam o Oscar por suas atuações silenciosas foram Jane Wyman, Patty Duke, John Mills e Holly Hunter.

Sometimes it’s not a silent film that is recognized by the Academy, but a silent performance. Non-speaking roles that were nominated over the years include mute characters like Belinda McDonald (Jane Wyman in “Johnny Belinda”, 1948), Hellen Keller (Patty Duke in “The Miracle Worker”, 1962), John Singer (Alan Arkin in “The Heart is a Lonely Hunter”, 1968), Michael (John Mills in “Ryan’s Daughter”, 1970), Sarah Norman (Marlee Matlin in “Children of a Lesser God”, 1986), Ada McGrath (Holly Hunter in “The Piano”, 1993), Hattie (Samantha Morton in “Sweet and Lowdown”, 1999), the Renter (Max Von Sydow in “Extremely Loud and Incredibly Close”, 2011) and Elisa Esposito (Sally Hawkins in “The Shape of Water”, 2017). Matlin, a hearing impaired actress, actually won the award and until today she holds the record as the youngest Best Actress winner. Other performers that won the Oscars for their silent performances were Jane Wyman, Patty Duke, John Mills and Holly Hunter.
 
Jane Wyman
Patty Duke
John Mills
Marlee Matlin
Holly Hunter


A Academia não é perfeita, e está evoluindo lentamente. A arte de se fazer filmes evoluiu, e hoje fazer um filme mudo é tanto uma escolha quanto um manifesto. Pelo menos, a Academia está, pouco a pouco, reconhecendo os melhores esforços levados a cabo com pouco ou nenhum diálogo. Afinal, se temos rostos, do que mais precisamos?

The Academy is not perfect, and it’s slowly evolving. Filmmaking has evolved, and now making a silent film is both a choice and a statement. At least, the Academy is, little by little, recognizing the best efforts made with little or no dialogue. After all, if we have faces, what else do we need?

This is my contribution to the 31 Days of Oscars blogathon, hosted by Aurora at Once upon a Screen, Kellee at Outspoken & Freckled and Paula at Paula’s Cinema Club.


2 comments:

Crystal Kalyana said...

This was an interesting post and a very inspired topic. I love silent films.

I also invite you to read my contribution to the blogathon.

https://crystalkalyana.wordpress.com/2019/02/24/the-heiress-1949-a-second-academy-award-for-olivia-de-havilland/

Caftan Woman said...

Silence is golden, and your look at the Academy and silence in cinema through the years is a very interesting article. Thank you for highlighting the interesting work being done in the animation field.

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