In the Wake of the Bounty (1933): Errol Flynn's first film
Muitos de
nós devem ter conhecido a história do motim a bordo do navio HMS Bounty através
de um filme. De farto, o famoso motim foi levado para as telas muitas vezes, sendo
os filmes mais notáveis os de 1935, 1962 e 1984. Nestes filmes, o líder do
motim, Fletcher Christian, foi interpretado por, respectivamente, Clark Gable,
Marlon Brando e Mel Gibson. Mas estes não foram os únicos filmes sobre o
ocorrido. Em um dos menos conhecidos filmes sobre o motim, um novato chamado Errol
Flynn foi escalado como Fletcher Christian.
Many of us
may have learned the story of the mutiny aboard the HMS Bounty through a film.
Indeed, the infamous mutiny was translated to the screen several times, most
notably in 1935, 1962 and 1984. In these films, the leader of the mutiny,
Fletcher Christian, was portrayed by, respectively, Clark Gable, Marlon Brando
and Mel Gibson. But those weren't the only films about the fact. In one of the
lesser-known mutiny movies, a newcomer called Errol Flynn was cast as Fletcher
Christian.
“In the
Wake of the Bounty” começa com o aviso de que não se trata de um filme dramático
qualquer. Na realidade, ele é o primeiro de uma série prevista de “grandes
filmes de viagem”, filmados em locação pelo estúdio Expeditionary Films.
Aparentemente, o plano nunca se concretizou, pois o IMDb mostra que apenas mais
uma película foi feita pelo estúdio.
“In the Wake
of the Bounty” begins with a warning that it was not a common drama film. In
reality, it is the first of an intended series of “great travel films”, shot on
location by Expeditionary Films. Apparently, this never happened, as IMDb lists
only one more film made by the studio.
Um homem
cego chamado Michael (Victor Gouriet) conta a história do HMS Bounty – história
da qual ele foi testemunha – para seus amigos em um bar. Através de uma
narração solene, ele fala sobre o terrível temperamento do capitão Bligh (Mayne
Lynton). O contraste é óbvio quando vemos Bligh sozinho em uma sala grande e
bem decorada, enquanto os marinheiros estão todos juntos, empilhados, no
convés. Quem recebe ordens do capitão é Fletcher Christian (Errol Flynn). Uma
surpresa é que a câmera balança um pouco nas cenas dentro do navio, criando uma
sensação que é ao mesmo tempo verdadeira e nauseante.
A blind man
named Michael (Victor Gouriet) tells the story of the HMS Bounty – one he
witnessed – to his drinking peers. Through a solemn narration, he talks about
Captain Bligh's (Mayne Lynton) terrible temper. The contrast is obvious when we
see Bligh alone in a huge, well-furnished room, while the sailors are all
together in the deck. Receiving orders from the captain is Fletcher Christian
(Errol Flynn). Surprisingly, the camera rocks a little in these ship scenes,
creating a feeling that is at the same time true and dizzying.
Depois de
uma viagem extenuante na qual os marinheiros são explorados e punidos, o navio
chega ao Taiti. Lá, eles encontram estereótipos e nudez. Eles ficam seis meses
no Taiti, dançando e se divertindo com os nativos. Quando os marinheiros são
chamados de volta para o navio, todos ficam desolados – incluindo Fletcher
Christian, que se apaixonou por uma nativa. Amor e luxúria serão os
combustíveis do motim.
After an
extenuating trip in which the sailors are explored and punished, the ship
arrives in Tahiti. There, they find stereotypes and nudity. They spend six months
in Tahiti, dancing and enjoying their time with the natives. When the sailors
are called back to the ship, they are all desolate – including Fletcher
Christian, who fell in love with a native. Love and lust will be the fuels for
the mutiny on the bounty.
Como o
líder do motim menos sangrento da história, Errol Flynn se sai bem, mas está
ridículo com uma peruca de rabo de cavalo. Sua voz é clara e ele demonstra
alguma emoção, mas aí o filme se torna... um documentário sobre o Taiti! E
volta para a ficção de novo! E depois para o documentário mais uma vez! É tudo
uma bela e interessante bagunça.
As the leader
of the least bloody mutiny in history, Errol Flynn is good, but looks quite
ridiculous with a wig with a ponytail. His voice is clear and he shows some
emotion but then the film changes... to a documentary about Tahiti! And then to
fiction again! And then documentary once again! It's all a beautiful,
interesting mess.
A história
do cinema australiano é um tópico selvagem. Embora o primeiro longa-metragem
seja australiano – “The Story of the Kelly Gang” (1906) – o país não teve
grande tradição cinematográfica. Mais do que isso: as produções de Hollywood
demoravam alguns anos para chegar à Oceania. A indústria do cinema
australiana estava em crescimento na
década de 1910, mas sofreu um grande golpe com a guerra, e só se recuperou
deste golpe nos anos 30.
Australian
film history is a wild topic. Even though the first feature film was Australian
– “The Story of the Kelly Gang” (1906) – the country didn’t have a big
tradition in filmmaking. More than that: Hollywood movies took a couple of
years to reach Oceania. The Australian film industry was thriving in the 1910s,
but the war came and it suffered a big blow, from which the industry didn’t
recover until the 1930s.
"The Story of the Kelly Gang" |
Errol
Flynn, nascido na Tasmânia em 1909, tinha 24 anos quando “In the Wake of the
Bounty” foi feito. Há várias histórias sobre como ele foi escalado para o
filme. Também foram criadas diversas histórias para vender o filme, e uma delas
dizia que Flynn era descendente direto de Fletcher Christian – ele, obviamente,
não era.
Errol Flynn,
born in 1909 in Tasmania, was 24 when “In the Wake of the Bounty” was made.
There are different stories about how he was cast in the picture. There were
also created stories to sell the film, with one of them saying Flynn was a
direct descendant of Fletcher Christian – which, of course, he wasn’t.
Na
estranha cinebiografia “Flynn” – também conhecida pelo título “My Forgotten Man”
– o jovem Errol Flynn é mostrado como um mentiroso que não conhecia limites
quando se tratava de conseguir o que ele queria, e isso incluía roubar, dormir
com homens e mulheres e entrar em brigas. O filme conta que Errol (interpretado
por Guy Pearce) conseguiu o papel em “In the Wake of the Bounty” depois de
embebedar outro ator e tomar o lugar dele, assinando um contrato. Não há outra
evidência para comprovar essa história que não seja o filme. A película também
termina com Flynn se tornando uma sensação do dia para a noite por causa de sua
performance, o que não ocorreu, pois foi uma performance muito curta e amadora.
In the odd
1993 biopic “Flynn” – sometimes also called “My Forgotten Man” – young Errol Flynn
is portrayed as a liar who saw no limits to get what he wanted, and this
included stealing, sleeping with men and women and getting in fights. The film
tells that Errol (played by Guy Pearce) got the part in “In the Wake of the
Bounty” by getting an actor drunk and showing up in his place to sign the
contract. There is no other evidence of this story but the film. The movie also
ends with Flynn becoming an overnight sensation due to his performance, which
didn’t happen, as it was a very short and incipient performance.
Depois de “In
the Wake of the Bounty”, Flynn foi para a Inglaterra, onde ele trabalhou no
teatro e fez dois filmes. O produtor Irving Asher então recomendou Flynn para a
Warner Brothers. Em Hollywood, ele foi primeiro testado em dois filmes B e
finalmente se tornou uma estrela com “Capitão Blood” (1935).
After “In the
Wake of the Bounty”, Flynn went to England, where he worked in the theater and
made two movies. Producer Irving Asher then recommended Flynn to Warner
Brothers. In Hollywood, he first was tested in two B-movies and finally became
a star with “Captain Blood” (1935).
Fletcher
Christian e Errol Flynn têm algumas coisas em comum. Ambos eram aventureiros
mulherengos que, mais de uma vez, tomaram decisões pensando em mulheres. Ambos
eram rebeldes à sua maneira, e ambos escreveram seus nomes na história por seus
atos.
Fletcher
Christian and Errol Flynn have some things in common. Both were adventurous
womanizers who, more than once, had women in mind when making decisions. Both
were rebellious in their own way, and both wrote their names in history thanks
to their devilish actions.
“In the
Wake of the Bounty” desafia todos os limites entre ficção e documentário, e só
por isso já merece ser visto. Ah, e também tem Errol Flynn, é claro.
“In the Wake
of the Bounty” defies all limits between fiction and documentary, and for this
alone it's a movie worth checking. Oh, and there is Errol Flynn, too.
“In the Wake
of the Bounty” is available on YouTube and Internet Archive.
4 comments:
How fascinating to learn about this strange lost film! Never knew that Flynn played the role of Fletcher Christian.
Also did not know that Guy Pearce played Flynn in a biopic—would love to see that too! Pearce is one of the stars of the film I covered in the Blizzard of Oz blogathon, one of the Aussie greats indeed!
Another great article, Le!
- Chris
How cool! I had no idea this existed.
Would you recommend the Flynn bio starring Guy Pearce? I've heard varying reports about it.
I've not seen either film covered today and found your account of them extremely interesting. It was the ubiquitous Classics Illustrated Comics which introduced me to the story of the Bounty, and as I recall, Bligh looked an awful lot like Charles Laughton!
It is fascinating how Errol Flynn continues to fascinate the public all these years after his career and "wicked, wicked ways."
I love your description of the "interesting, beautiful mess". It sounds like a worthwhile film despite that, and even if Errol Flynn wasn't in it. (Of course, Errol Flynn makes EVERY film better.)
Thanks for this look at his very early career, and for the mention of the biopic with Guy Pearce. Flynn looks so young in those images – and what is WITH that wig?
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