} Crítica Retrô: A Dama de Espadas (1949) / The Queen of Spades (1949)

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Saturday, August 3, 2019

A Dama de Espadas (1949) / The Queen of Spades (1949)


ESTA CRÍTICA CONTÉM SPOILERS

THIS ARTICLE HAS SPOILERS

Ver um filme que é elogiado pela maioria dos críticos e também por diretores como Martin Scorsese e Wes Anderson é como fazer uma aposta segura. A obra-prima britânica de horror “A Dama de Espadas”, baseada em um conto russo, foi considerada perdida até 2009, quando foi redescoberta e restaurada – para hoje termos a sorte de poder vê-la.

Watching a film that is praised by most critics and also by filmmakers like Martin Scorsese and Wes Anderson is always a safe bet. The British horror masterpiece “The Queen of Spades”, based on a Russian short story, was considered lost until 2009, when it was rediscovered and restored – and now we’re lucky to be able to watch it.


O ano é 1806. Um novo jogo de cartas chamado Faro se tornou febre na Rússia. O capitão Herman Suvorin (Anton Walbrook), entretanto, parece ser imune a esta febre. Ele tem outras coisas com as quais se preocupar: sendo um grande fã de Napoleão Bonaparte – ele tem um busto e um quadro de Napoleão no quarto – Suvorin sonha com uma grandeza e uma fortuna que não consegue alcançar.

The year is 1806. A new card game called Faro has became a fever in Russia. Captain Herman Suvorin (Anton Walbrook), however, seems to be immune to that fever. He has bigger things to worry: a big fan of Napoleon Bonaparte – he has a bust and a painting of Napoleon in his bedroom – Suvorin dreams with a greatness and a fortune that he fails to achieve.


Um dia, enquanto mexia em uma pilha de livros, ele encontra um sobre pessoas que venderam suas almas ao diabo em troca de algo grandioso em troca. No livro ele descobre que a Condessa Ranevskaya (Edith Evans), em 1746, vendeu sua alma ao diabo em troca do poder de nunca perder um jogo de cartas, pois ela precisava recuperar o dinheiro do marido, roubado por seu amante. Suvorin se alegra ao descobrir que a condessa ainda está viva.

One day, while perusing a bunch of old books, he finds one about people who sold their souls to the devil to get something big as a reward. In the book he learns about Countess Ranevskaya (Edith Evans) who, in 1746, sold her soul to the devil so she would never lose a card game, because she needed to recover her husband's money, stolen by her lover. Suvorin is thrilled to learn that the Countess is still alive.


Pra conhecer a condessa, ele decide seduzir a dama de companhia dela, Lizaveta Ivanova (Yvonne Mitchell). A pobre Ivanova acretiva que ele realmente a ama. Quando Suvorin está escrevendo uma carta de amor para ela, uma aranha tecendo uma teia aparece: afinal, ele apenas quer usar Ivanova para chegar à condessa. Assim a armadilha é representada por uma poderosa metáfora visual.

To get to meet the Countess, he decides to seduce the lady's companion, Lizaveta Ivanova (Yvonne Mitchell). Poor Ivanova thinks he really loves her. When Suvorin is writing a love letter to her, a spider in its web appears: after all, he only wants to use her to reach the Countess. It’s a trap translated in a powerful visual metaphor.


Depois de um baile, Suvorin consegue entrar no quarto da condessa e pergunta a ela quais são as três cartas que nunca a deixaram perder. Antes de contar o segredo, a condessa morre. Suvorin é mais tarde assombrado pelo fantasma da condessa e, durante seu delírio, descobre que as três cartas são o três, o sete e o ás. Ele então decide apostar alto no Faro, mas se engana e aposta na Rainha de Espadas e não no ás. Enquanto isso, Ivanova descobre a verdade sobre seu pretendente.

After a ball, Suvorin manages to enter the Countess’s bedroom and asks her for the secret of the three cards that never let her lose. Before telling the secret, the Countess dies. Suvorin is later haunted by the Countess’s ghost and, during his delirium, he learns that the three cards are the three, the seven and the ace. He then decides to bet high on Faro, but mistakenly bets on the Queen of Spades instead of on the ace. Meanwhile, Ivanova learns the truth about her suitor.


“A Dama de Espadas” é um excelente filme com grandes atuações, trilha sonora arrepiante e um design de produção maravilhoso. Os figurinos e em especial os cenários, todos lindamente feitos., foram os meus aspectos favoritos do filme.

“The Queen of Spades” is a terrific film with great performances, chilling music and outstanding production design. The outfits and in special the sets, all of them beautifully made, were my favorite aspects of the movie.


Anton Walbrook – hoje mais lembrado como Lermontov em “Os Sapatinhos Vermelhos” (1948) – tem em “A Dama de Espadas” provavelmente a melhor performance de sua carreira. Como Suvorin, ele é extremamente ambicioso, um mentiroso e manipulador que se rende à loucura em uma sequência que é de arrepiar e demonstra seu enorme talento. É com certeza uma das melhores performances em um dos melhores filmes de terror feitos na Inglaterra.

Anton Walbrook – now better remembered as Lermontov from “The Red Shoes” (1948) – has in “The Queen of Spades” probably the best performance of his career. As Suvorin, he is overly ambitious, a liar and a manipulator who descents into madness in a sequence that is a thrill and a demonstration of his huge talent. It’s certainly one of the top performances in one of the top horror movies made in England.


Yvone Mitchell era uma novata em “A Dama de Espadas”. O mesmo quase poderia ser dito sobre Edith Evans, que estava de volta aos cinemas depois de uma breve experiência na era muda. O perfil de Yvonne e suas expressões me fizeram lembrar um pouco de Ingrid Bergman, e ela atua bem, mas o filme pertence a Walbrook.

Yvonne Mitchell was a newcomer in “The Queen of Spades”. The same could almost be said about Edith Evans, who was back to the film world after a brief experience in the silent era. Yvonne's profile and expressions reminded me a bit of Ingrid Bergman, and she delivers a good performance, but the film belongs to Walbrook.


O diretor Thorold Dickinson foi escolhido para dirigir “A Dama de Espadas” graças a uma sugestão de Walbrook. Os dois haviam trabalhado juntos no filme britânico “À Meia-Luz”, de 1940. Depois que a MGM fez sua versão em 1944, o estúdio tentou destruir todas as cópias do original britânico, mas felizmente não conseguiram. Thorold Dickinson dirigiu apenas nove filmes em sua carreira.

Director Thorold Dickinson was brought to direct “The Queen of Spades” per Walbrook’s suggestion. The two had previously worked together in the British “Gaslight” from 1940. After MGM did its version in 1944, the studio tried to destroy all the copies of the original British film, but luckily they failed. Thorold Dickinson only directed nine films in his career.


“A Dama de Espadas” é um conto escrito por Alexander Pushkin e serviu de base para uma ópera de Tchakovsky. A história foi adaptada para o cinema diversas vezes, mais notadamente em duas ocasiões durante a Rússia Czarista: uma vez em 1910 como um filme de 15 minutos e novamente em 1916 em um longa de 62 minutos. A adaptação de 1910 foi a primeira vez que a história foi transposta para as telas.

“The Queen of Spades” is a short story written by Alexander Pushkin and was the basis for an opera by Tchaikovsky. It was adapted to film several times, most notably in two occasions during Czarist Russia: once in 1910 as a 15-minute film and again in 1916 in a 62-minute feature. The 1910 adaptation was the very first time this story was seen on screen.
1918
1916
Muitas pessoas classificam o filme “A Dama de Espadas” como terror, embora a parte terrível seja apenas o delírio de Suvorin. A Inglaterra não teve grande tradição no horror clássico no cinema – o filme de terror clássico mais lembrado da Inglaterra é provavelmente o filme de antologia “Na Solidão da Noite” (1945).

Many people categorize the film “The Queen of Spades” as horror, although the horrible part is only Suvorin’s delirium. England didn’t have a big classic horror tradition in its film industry – the best remembered classic English horror is probably the anthology film “Dead of Night” (1945).
 
"Na Solidão da Noite / Dead of Night" (1945)
Talvez por causa do ritmo – construir toda a trama até o clímax de horror leva muito tempo – “A Dama de Espadas” não é reconhecida como a obra-prima de terror que realmente é. Impossível de ser filmada dos EUA anticomunistas do período, a história russa encontrou na Inglaterra uma equipe à sua altura para novamente ganhar vida nos cinemas – em uma belíssima versão.

Maybe because of the pace – building everything up until the horror-themed climax takes very long – “The Queen of Spades” is not recognized as a horror masterpiece that it is. It would be impossible to film it in the anticommunist USA of the time, so the Russian story found in England a perfect team to once again make it alive on screens – in a gorgeous version.

This is my contribution to the 6th Annual Rule, Britannia Blogathon, hosted by Terry at A Shroud of Thoughts.


4 comments:

Caftan Woman said...

I have not seen this in years, but immediately felt chills as you related the story and shared those pictures. Anton Walbrook is magnificent and I agree that the film is indeed a masterpiece.

Terence Towles Canote said...

I have yet to see The Queen of Spaces, although I have wanted to since it was rediscovered. I am so glad you decided to write about it for the blogathon! Thank you!

retromoviebuff said...

I haven't seen this film in nearly a decade and it still haunts me. Anton Walbrook is astonishing; you're right, the film belongs to him and him alone.

Silver Screenings said...

I can only imagine how good Anton Walbrook is in this role. It sounds like a terrific film – thanks for the recommendation!

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