Johnny
Depp, como o Capitão Jack Sparrow. Errol Flynn. Tyrone Power. Basil
Rathbone. Capitão Gancho. E,
antes de todos eles, Douglas Fairbanks. O espadachim original das
telas modelou todos os seus sucessores: corajoso, atlético, bonito e
muito dedicado à sua donzela favorita. Desde que se tornou uma
superestrela, Fairbanks sonhava em levar para o alto-mar uma história
de vingança, aventura e romance. E ele não poderia tê-lo feito de
melhor maneira.
Durante
os primeiros três minutos, você tem a apresentação básica do
elenco e equipe, e algumas telas com escritos sobre a época em que
piratas infestavam os mares – é, afinal, um filme mudo. Mas as
primeiras imagens trazem consigo uma imensa surpresa: é um filme
COLORIDO. E com cores mais belas e realistas que muitos filmes
criados em computador que vemos por aí. É como se estivéssemos entrando em uma pintura - dos grandes mestres, é claro.
Os
piratas sanguinários estão saqueando um navio, e pretendem não
deixar testemunhas do crime. Depois que todos os passageiros são
acorrentados, a pólvora do navio é espalhada e o fogo é aceso.
Fugindo com pressa nos pequenos barcos de resgate, os piratas e as
riquezas já estão longe quando o navio explode. Mas dois homens
sobrevivem: Douglas Fairbanks, de túnica verde e braços musculosos,
e o pai, já velho e fraco, que morre nos braços de Doug pouco
depois de chegar à praia.
Doug
promete vingar a morte do pai, e para sua sorte os piratas atracam na
ilha para enterrar um tesouro. A estratégia para vencê-los é
juntar-se a eles, e Doug mostra suas habilidades com a espada lutando
contra o homem mais forte do bando. A próxima prova é sequestrar um
navio mercante sozinho. Como ele consegue, sem a ajuda de nenhum
outro homem? Porque ele é Douglas Fairbanks. E também porque ele é
muito esperto.
No
navio capturado estava a princesa Isobel (Billie Dove) e, para salvar
a bela moça e também a pobre tripulação, Doug sugere que peçam
um resgate pela princesa, o que é aceito por todos, em especial pelo
chefe do bando, Mac Tavish (Donald Crisp, com um braço só). Quem
não fica nem um pouco satisfeito com a história do resgate é o
sempre invejoso Pirata Tenente
(Sam De Grasse), que já havia
ganhado a posse da princesa em um sorteio.
Douglas
Fairbanks é, obviamente, a estrela do filme, e as melhores cenas
envolvem suas múltiplas acrobacias e muita, muita habilidade
corporal. Há também ótimos momentos com Donald Crisp, que se
mostra um pirata divertido e de bom coração. Crisp era até então
associado a papéis de vilões, como em “Lírio Partido / Broken
Blossoms” (1919) e “O Filho do Zorro / Don Q Son
of Zorro” (1925). Crisp também tinha uma carreira prolífica como
diretor e, como já havia dirigido Fairbanks em “Don Q”, Crisp
começou “O Pirata Negro” atrás das câmeras. Após um
desentendimento com Fairbanks, Crisp foi substituído pelo diretor
Albert Parker
e ficou na película apenas como
ator.
| De Grasse, Crisp e Fairbanks |
Billie
Dove tem como única função ser uma bela donzela em perigo. Ela
cumpre bem este papel, mas não tem sequer a honra de beijar nosso
herói no final: na cena do beijo apaixonado, que inclusive deixa
cansado Donald Crisp, Fairbanks não está beijando Billie Dove, mas
sim sua esposa Mary Pickford, vestida como a princesa Isobel!
![]() |
| Mary Pickford |
“O
Pirata Negro” pode ser visto no YouTube (versão estendida de 94
minutos).
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is my contribution to the Swashaton - A blogathon of Swashbuckling Adventure, hosted by mighty Fritzi at
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