} Crítica Retrô: 2018

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Monday, December 31, 2018

2018 em retrospecto / 2018 in retrospect


Foi difícil escolher uma palavra para definer 2018.  O dicionário Oxford escolheu “tóxico”. O site Dictionary.com escolheu “desinformação”, e o Merriam-Webster escolheu “justice”. Alguns textos no Medium apontaram outras opções, como “trauma” e “luto”. De certa maneira, todas estas palavras estão corretas. 2018 não foi um ano fácil para a sociedade, em especial para nós que vimos com horror a ascensão do fascismo mais uma vez – para uma historiadora como eu, é como se um filme de horror passasse pelos meus olhos, mas agora não é ficção.

It was hard to choose one word to define 2018. Oxford Dictionaries chose “toxic”. Dictionary.com chose “misinformation”, and Merriam-Webster chose “justice”. Some think pieces on Medium pointed other options, such as “trauma” and “grief”. In a way, all these words are correct. 2018 wasn’t easy for as a society, in special for those of us who watch with horror the rise of fascism all over again – for a historian like me, it’s like a little horror movie being shown in front of my eyes, but not in the movie slot, but at the TV news.
 
NOPE
E mesmo assim, na minha vida pessoal, 2018 foi bom – ei, eu escrevi um capítulo de um livro sobre Alfred Hitchcock! E foi bom por causa do cinema. Eu estou cada vez mais convencida de que nós temos as artes em geral e o cinema em particular para nos salvar da excruciante dor da realidade.

And yet, in my personal life, 2018 was goo – hey, I wrote a book chapter about Alfred Hitchcock! And it was good because of the movies. I’m more and more convinced that we have the arts in general and the movies in particular to save us from the excruciating pain of reality.


That's the book
That's me
Estes foram os melhores filmes que eu vi em cada mês – os filmes que me ajudaram a escapar da realidade:

These are the best films I’ve watched each month – the films that helped me escape reality:
My 2018 film notebook
Janeiro: “A Senhora e seus Maridos” (1964) é uma das mais deliciosas comédias que eu já vi. Sua estrela é Shirley MacLaine, interpretando uma garota que só quer ser feliz, mas acaba casada com vários homens, um após o outro, que de repente se tornam ricos, famosos e infelizes. Como seus maridos, temos Dick Van Dyke, Paul Newman, Dean Martin, Gene Kelly e Robert Mitchum.

January: “What a Way to Go!” (1964) is one of the most delightful comedies I’ve ever seen. It stars Shirley MacLaine as a girl who only wants to be happy, but ends up marrying a series of men who suddenly become rich, famous and unhappy. As her husbands, we have Dick Van Dyke, Paul Newman, Dean Martin, Gene Kelly and Robert Mitchum.


Menção honrosa para “Meu Querido Maluco” (1941), um filme que deveria aparecer no topo de todas as listas de melhores screwball comedies. Suas estrelas são a incrível dupla Myrna Loy e William Powell!

Honorable mention to “Love Crazy” (1941), a film that should be up there in the list of best screwball comedies. It stars the amazing duo Myrna Loy and William Powell!


Fevereiro: O primeiro ganhador do Oscar de Melhor Filme, “Asas” (1927) me impressionou de várias maneiras. As sequências aéreas, a estupidez da guerra, a amizade entre os dois protagonistas, a cena do balanço: estas poderiam ser as quatro razões pelas quais William A. Wellman foi um dos melhores diretores de todos os tempos.

February: The first Best Picture Oscar winner, “Wings” (1927) mesmerized me in more than one way. The aerial sequences, the stupidity of war, the friendship between the two leads, the swing scene: these could be the four main reasons why William A. Wellman was one of the best directors ever.



Março: Você já ouviu falar do filme tcheco-eslovaco “Tomorrow I’ll Wake Up and Scald Myself with Tea”, de 1977? Eu também não o conhecia até que a Ruth do blog Silver Screenings escreveu sobre ele. Como o filme estava disponível online, eu decidi lhe dar uma chance, e ri mais com ele do que ri no ano inteiro. O filme é sobre o piloto Charles (Petr Kostka), que é parte de um plano para viajar no tempo e fazer a Alemanha ganhar a Segunda Guerra Mundial. Charles morre de repente e seu irmão gêmeo, John (também Petr Kostka), assume a missão. É preciso ver para crer.

March: Have you ever heard about the Czechoslovakian film “Tomorrow I’ll Wake Up and Scald Myself with Tea”, from 1977? I also hadn’t heard about it until Ruth from Silver Screenings wrote about the film. Since it was available online, I decided to give it a chance and, boy, I laughed more than I had in a long time. The film is about pilot Charles (Petr Kostka), who is part of a plan to travel in time and make German win World War Second. Charles dies suddenly and his twin brother, John (also Petr Kostka) assumes his mission. It needs to be seen to be believed.


Menção honrosa para “A Grande Ilusão” (1949), um filme tão atual que chega a doer. Minha avó também viu o filme e disse que era chato. Ela não é mais minha avó...
Brincadeirinha.

Honorable mention to “All the King’s Men” (1949), a film so modern it hurts. Also, my grandmother also watched this and thought it was boring. She is no longer my grandmother…
 Just kidding.

Abril: O filme de estreia de Doris Day, “Romance em Alto Mar” (1948), pode melhorar o humor de qualquer um. Este amável musical também conta com Janis Paige, Jack Carson e números coreografados por Busby Berkeley.

April: Doris Day’s debut, “Romance on the High Seas”(1948) can be the definition of a feel-good movie. This sweet musical also stars Janis Paige, Jack Carson and has numbers staged by Busby Berkeley.


Menção honrosa para a adorável comédia “A Incrível Jornada de Jacqueline” (2016), sobre um homem que atravessa a França a pé acompanhado de sua vaca.

Honorable mention to the delightful comedy “La Vache” (2016), about a man in a cross-country trip with his cow.


Maio: “A Canção da Liberdade” (1936) é o filme que iniciou minha obsessão com Paul Robeson. Eu também fiquei obcecada com a canção “Lonely Road” e escutei-a sem parar no Spotify. Paul Robeson pode não ser muito popular hoje, mas foi um grande ator, cantor e ser humano.

May: “Song of Freedom” (1936) is the film that started my obsession with Paul Robeson. I became obsessed with his song “Lonely Road” and listened to it on loop on Spotify. Paul Robeson may be not remembered that well, but he was a great actor, singer and human being.


Menção honrosa para “O Homem que Não Vendeu sua Alma” (1966) e a atuação inspirada de Paul Scofield.

Honorable mention to “A Man for All Seasons” (1966) and Paul Scofield’s inspired performance.


Junho: “Melodia da Broadway” (1929) foi o primeiro musical e ganhar o Oscar de Melhor Filme e eu o vi como parte do curso TCM – Mad About Musicals. O filme pode parecer primitivo, mas certamente é um marco na história de Hollywood. Além disso, Bessie Love é um amorzinho.

June: “The Broadway Melody” (1929) was the first musical to win the Best Picture Oscar and I watched it as part of the Mad About Musicals TCM course. It may seem primitive, but it was certainly a landmark in the history of Hollywood. Also, Bessie Love is love.


Menção honrosa para “As Boas Maneiras” (2017), um filme de brasileiro de horror e fantasia que me deixou sem fôlego.

Honorable mention to “The Good Manners” (2017), a Brazilian horror-fantasy that just took my breath away.


Julho: “A Porta de Ouro” (1941) é sobre imigrantes presos na fronteira, sem poder entrar nos EUA. Mais um filme com um tema muito atual – e que filme emocionante!

July: “Hold Back the Dawn” (1941) is about immigrants trapped in the border, not being able to enter the US. Another film with a very modern theme – and such a touching one!


Agosto: Até agosto, eu nunca tinha visto “Grande Hotel” (1932) e não sabia o que estava perdendo! Amei o filme, em particular as maneiras como ele trata de temas como solidão, ganância e do poder que o dinheiro tem de destruir pessoas.

August: Until August, I hadn’t watched “Grand Hotel” (1932) and, wow, I was missing a lot! I loved the film, in particular the themes of solitude, greed and the power money has to destroy people.


Menção honrosa para “Ao Sul do Pacífico” (1959), um filme cuja trilha sonora se tornou minha obsessão.

Honorable mention to “South Pacific” (1959), a film whose soundtrack became my obsession.


Setembro: Reassistir a “Fome por Glória” (1933), meu filme favorito com Richard Barthelmess, foi recompensador. Em apenas 76 minutos, ele lida com temas como o abandono dos veteranos de guerra, vício em drogas, socialismo, a Grande Depressão e muito mais.

September: Rewatching “Heroes for Sale” (1933), my favorite Richard Barthelmess film, proved to be rewarding. In only 76 minutes, it manages to deal with war veterans being abandoned, drug addiction, socialism, the Depression and much more.


Outubro: “Estrela Ditosa” (1929) tem o melhor do cinema mudo: atuações charmosas, uma dupla com muita química – Janet Gaynor e Charles Farrell – e ótima direção de arte. Frank Borzagefoi realmente um mestre.

October: “Lucky Star” (1929) has the best of silent films: charming performances, a duo with great chemistry – Janet Gaynor and Charles Farrell – and great art direction. Frank Borzage was really a master.



Novembro: “Eu Acuso!” (1919) estreou apenas seis meses após o fim da Primeira Guerra Mundial e é impressionante. Suas quase três horas de projeção passam muito rápido.

November: “J’Accuse” (1919) was released only six months after the end of World War I and it is breathtaking. Its nearly three hours passed by quick and easy.

Menção honrosa para “O Fugitivo” (1932), um filme que vale ser revisto sempre.

Honorable mention to “I am a Fugitive from aChain Gang” (1932), a film always worth revisiting.


Dezembro: Meu querido “Inimigo Público” (1931) provou que continua bom depois de ser reassistido… quatro vezes.

December: My dear “The Public Enemy” (1931) proved to be as good the… fourth time around.


Menção honrosa para “Becket – O Favorito do Rei’ (1964), um grande filme histórico com a carismática dupla Peter O’Toole e Richard Burton.

Honorable mention to “Becket” (1964), a great historical flick with the charismatic duo Peter O’Toole and Richard Burton.


Que não nos faltem bons filmes em 2019!

May 2019 be filled with good movies!

Monday, December 24, 2018

Vênus, a Deusa do Amor (1948) / One Touch of Venus (1948)


Há muitas atrizes do cinema clássico que poderiam ser chamadas de deusas – atrizes demais para citar aqui. Mas foram poucas que de fato interpretaram deusas nas telas. Uma delas foi Rita Hayworth em “Quando os Deuses Amam” (1947). No ano seguinte, outro filme sobre uma deusa que vem à Terra e se apaixona por uma mortal foi feito: “Vênus, a Deusa do Amor”. A atriz sabiamente escolhida para interpretar a deusa foi Ava Gardner.

There were many classic film actresses that could be called goddesses – like, too many to mention. But only a handful of them went on to actually play goddesses on screen. One of them was Rita Hayworth in “Down to Earth” (1947). The following year, another movie about a goddess who comes to Earth and falls in love with a mortal was made: “One Touch of Venus”. The actress wisely chosen to play the love goddess was Ava Gardner.


Os créditos passam por cima de um anfiteatro grego. Quando eles acabam, Eddie Hatch (Robert Walker) aparece por trás do anfiteatro, revelando que este era um modelo em uma vitrine. O atrapalhado Eddie é então chamado por seu chefe Savory (Tom Conway) para consertar as pregas de uma cortina que cobre a estátua da deusa do amor, Vênus. Eddie fica encantado com a estátua e, depois de tomar uma taça de champanhe, a beija. Um trovão se escuta e a estátua se torna viva. Agora, Eddie está com problemas e Vênus, a deusa do amor (Ava Gardner) só vai criar mais confusão.

The credits roll over a Greek amphitheatre. When we’re done with the credits, Eddie Hatch (Robert Walker) appears behind the amphitheatre, revealing that it was a window shop model. Clumsy Eddie is then called by his boss Savory (Tom Conway) to fix a curtain drape that covers a statue of the love goddess Venus. Eddie becomes infatuated by the statue and, after one glass of champagne, he kisses it. A thunder is heard and the statue comes to life. Now Eddie is in trouble, and Venus, the love goddess (Ava Gardner) will only bring him more problems.


Primeiro, Eddie é acusado por seu chefe de ter roubado a estátua. Ele diz a verdade ao chefe e à polícia, mas ninguém acredita que uma estátua de mármore simplesmente saiu andando. Eddie é mandado para casa, onde recebe cuidados do amigo Joe (Dick Haymes) e da namorada Gloria (Olga San Juan). Logo Vênus reaparece, e eles têm de fugir para escapar da fúria ciumenta de Gloria.

First, Eddie is accused by his boss of stealing the statue. He tells him and the police the truth, but nobody believes that a marble statue simply walked away. Eddie is sent home, where he is helped by his friend Joe (Dick Haymes) and his girlfriend Gloria (Olga San Juan). Soon Venus reappears there, and they have to run away to escape Gloria’s jealous fury.

Na sua forma humana, Vênus não usa seus poderes com frequência – só em momentos cruciais. Seu maior poder é a sedução, e quando ela descende do Olimpo, o amor fica no ar. Além disso, ela só quer se divertir aqui na Terra durante alguns dias. Considerando sua beleza, sex appeal e personalidade de amante da diversão, podemos dizer que a escolha da jovem Ava Gardner, então com 23 anos, foi perfeita.

In her human form, Venus doesn’t use her powers often – only in crucial moments. Her biggest power is seduction, and when she descends from the Olympus, love gets in the air. Moreover, she just wants to have fun while she is spending a few days on Earth. Considering her beauty, sex appeal and fun-loving personality, we can say that choosing young Ava Gardner, then 23, was a perfect move.


Se você só conhece Robert Walker como o sinistro Bruno de “Pacto Sinistro” (1951), você terá uma grande surpresa. Ele é muito engraçado como Eddie, fazendo caras e boas exageradas e parecendo tão desconcertado com o que acontece quanto Cary Grant em “Este Mundo é um Hospício” (1944). Outra boa performance é de Eve Arden, que interpreta a secretária de Savory, Molly, que é apaixonada pelo patrão. Ela tem várias frases de efeito engraçadas e também brilha com suas expressões faciais.

If you’re only familiar with Robert Walker as the sinister Bruno in “Strangers on a Train” (1951), you’re in for a huge surprise. He is very funny as Eddie, making exaggerated faces and appearing as flabbergasted by all the action as Cary Grant is in “Arsenic and Old Lace” (1944). Another great performance is Eve Arden’s, who play Savory’s secretary Molly, who is in love with her boss. She has many hilarious one-liners and also shines with her facial expressions.


“Vênus, a Deusa do Amor” é um filme de fantasia e comédia romântica e é também um musical. Há três números musicais, e em todos eles a voz de Ava Gardner é dublada por Eileen Wilson. Em sua curta carreira de apenas 12 filmes, Eileen dublou atrizes como Jane Russell em “Os Homens Preferem as Loiras” (1953) e Ava em três ocasiões: “Mercador de Ilusões” (1947), “Lábios que Escravizam” (1949) e aqui em “Vênus, a Deusa do Amor”.

One Touch of Venus” is a romantic comedy-fantasy and also a musical. There are three musical numbers, and in all three Ava Gardner’s singing voice is dubbed by Eileen Wilson. In her short career that lasted only 12 films, Eileen dubbed actresses like Jane Russell in “Gentlemen Prefer Blondes” (1953) and Ava in three occasions: in “The Hucksters” (1947), “The Bribe” (1949) and here in “One Touch of Venus”.


A trama tem origem em um fato histórico misturado a um mito grego. A influência histórica é o templo de Vênus na cidade grega de Tessalônica, construído no século VI a.C. - e ainda preservado. O mito em questão é o mito de Pigmaleão, um escultor talentoso que se apaixonou por uma de suas criações. Vênus, a deusa do amor, foi ao seu estúdio ver as estátuas e, comovida com a estátua em questão, chamada Galateia, deu vida a ela.

The plot is originated in a historical fact mixed with a Greek myth. The historical influence is the temple of Venus in the Greek city of Thessaloniki, built in the 6th century B.C. - and  preserved until today. The myth in question is the myth of Pygmalion, a talented sculptor who fell in love with one of his creations. Venus, the goddess of love, went to his studio to see his statues and, moved by his devotion to the statue named Galatea, brought it to life.

With director William A. Seiter
É inevitável a comparação entre “Vênus, a Deusa do Amor”, e “Quando os Deuses Amam”. “Quando os Deuses Amam” foi feito em 1947 pela Columbia e trazia Rita Hayworth como Terpsícore, a musa da música e da dança, que se apaixona por um mortal que num primeiro momento ela queria punir. Em “Vênus, a Deusa do Amor”, feito pela Universal em 1948, Vênus se apaixona pelas pequenas coisas que um mortal – que já estava apaixonado por ela – dá a ela. Além disso, “Quando os Deuses Amam” é em Technicolor, e “Vênus, a Deusa do Amor” é em preto e branco – embora o plano inicial era que fosse em cores, quando Mary Pickford comprou os direitos da peça de teatro original para produzir o filme.
  
We can't avoid comparing “One Touch of Venus” with “Down to Earth”. “Down to Earth” was made in 1947 by Columbia and starred Rita Hayworth as Terpsichore, the muse of music and dance, who falls in love with a mortal who she was at first going to punish. In “One Touch of Venus”, released by Universal in 1948, Venus falls in love with the little things a mortal – who was already in love with her – provides her. Moreover, “Down to Earth” is in Technicolor, and “One Touch of Venus” is in black and white – although it was first supposed to be shot in color, when Mary Pickford bought the rights of the original play to produce a movie in 1945.



“Vênus, a Deusa do Amor” é um filme subestimado que podia ser mais longo. Mesmo assim, ele tem mais pontos positivos que negativos, e é um filme que te fará sorrir e desejar a possibilidade de experimentar um amor inspirado por ninguém mais ninguém menos que Vênus, a deusa do amor.

“One Touch of Venus” is an underrated movie that could have been longer. However, it has more positive aspects than negative ones, and it is a movie that will make you smile and wish you could experience a love inspired by Venus herself.


This is my contribution to the Ava Gardner blogathon, hosted by Maddy at Maddy Loves Her Classic Films.


Sunday, December 16, 2018

It might as well be Spring (Byington)


Ela podia ser a vizinha enxerida porém amável. Ela podia ser uma amiga carinhosa. Ela podia ser uma duquesa ou uma dama – ou mesmo uma empregada. Ela podia ser a forte e cuidadosa matriarca – um papel que ela interpretou várias vezes, e que encantava o público. O que mais pode fazer alguém chamada Spring (primavera) que não seja encantar? Assim como a estação, sua persona cinematográfica era sempre alegre, às vezes cômica, raramente odiosa. Estereotipada, talvez, talentosa, com certeza.

She could be the nosy yet lovely neighbor. She could be a supporting friend. She could be a duchess or a lady – or even a servant. She could be the strong and caring matriarch – a role she played over and over, and one that the audiences adored. What else can come from someone named Spring? As the season, her screen persona was always cheerful, sometimes comic, rarely enraging. Typecasted, maybe, talented, for sure.

“Pode soar banal, mas eu sou atriz apenas porque eu gosto de fazer isso – e porque eu não sei fazer mais nada muito bem.”

It may sound trite but I’m an actress strictly because I enjoy it - and because I can’t do anything else very well.

"Do Mundo Nada Se Leva / You Can't Take it With You" (1938)
Spring Dell Byington nasceu em 1886 no Colorado. Ela sempre amou atuar e começou um tour com uma companhia de teatro ainda na juventude. Entre 1903 e 1916, ela viajou pela América do Sul, representando em espanhol e em português. Em 1909, ela se casou com o gerente da companhia de teatro, Roy Chandler, e com ele teve duas filhas. Eles se divorciaram em 1920.

Spring Dell Byington was born in 1886 in Colorado. She always loved acting and started touring with acting company in her youth. Between 1903 and 1916, she toured through South America, performing in both Spanish and Portuguese. In 1909, she married the theater company manager Roy Chandler, and had two daughters with him. They divorced in 1920.


Ela fez sua primeira peça na Broadway quando tinha 28 anos. Seu primeiro filme, fez aos 34. Talvez fosse velha demais para explorar novos horizontes? Não, ela não era. Em uma coincidência curiosa, ela interpretou uma mãe em seu primeiro filme, o curta-metragem “Papa’s Slay Ride” (1930). Seu próximo papel no cinema foi como a matriarca da família March em “Quatro Destinos” (1933).

Her first Broadway credit came when she was 28. Her first film credit, when she was 34. Maybe too old to explore new horizons? Not for Spring. In a curious coincidence, she played a mother in her first film, the short subject “Papa’s Slay Ride” (1930). Her next film role was as the March family matriarch in “Little Women” (1933).


A partir de 1936, Spring Byington estrelou uma série de filmes de baixo orçamento, com 60 minutos ou menos, sobre a família Jones. O primeiro de um total de 17 filmes foi “Every Saturday Night), e o último foi “On their Own”, que estreou em 1940. Byington interpretava a senhora John Jones, enquanto Jed Prouty interpretava John Jones, Florence Roberts era a vovó Jones e os quatro filhos foram interpretados por vários atores diferentes. Dois dos filmes da família Jones foram escritos por Buster Keaton.

Starting in 1936, Spring Byington starred in a series of low-budget family films with 60 minutes or less about the Jones family. The first film of a total of 17 was “Every Saturday Night”, and the last was “On their Own”, release in 1940. Byington played Mrs John Jones, while Jed Prouty played John Jones, Florence Roberts was Granny Jones and the four children were played by several different actors. Two of the Jones family movies were written by Buster Keaton.


Eu já falei demais sobre Spring Byington. Vou deixar que ela – ou melhor, as personagens que ela interpretou – fale por si mesma. Veja o humor e o calor nas frases abaixo:

Enough of me talking about Spring Byington. I’ll let her – or rather, the characters she played – talk for herself. Notice the humor and the warmth in the lines below:


“Agora, Coronel, você está me deixando tão lisonjeada quando o querido Lorde Melbourne me deixou uma vez quando nos sentamos lado a lado em um banquete insuportável. “Lady Warrenton”, ele disse”, “você tem o poder de enlouquecer os homens.”” – Como Lady Octavia Warrenton em “A Carga da Brigada Ligeira”, 1936

“Now, Colonel, you’re flattering me just as dear Lord Melbourne did once when we sat next to each other at an intolerable meal call banquet. “Lady Warrenton”, he said, “you have the power to drive men mad.”” – As Lady Octavia Warrenton in “The Charge of the Light Brigade”, 1936


“Ei, ei. Não briguem, crianças. Pelo menos esperem para brigar depois do casamento.” – Como tia Ella em “Somos do Amor”, 1937

“Now, now. Don’t fight, children. At least until after you’re happily married” – As Aunt Ella in “It’s Love I’m After”,1937


“É o que você sempre diz, Mytyl, que você sente muito. Mas no dia seguinte você faz a mesma coisa, tudo de novo.” – Como Mamãe Tyl em “O Pássaro Azul”, 1940

“That’s what you always say, Mytyl, that you’re sorry. But the next day you do the same thing right over again.” – As Mummy Tyl in “The Blue Bird”, 1940


“Seu coração sempre foi maior do que a carteira do seu pai.” – Como Bertha Van Cleve em “O Diabo Disse Não”, 1943

“Your heart’s always bigger than your father’s pocketbook” – As Bertha Van Cleve in “Heaven Can Wait”, 1943


“Você fala como se astrologia fosse algo de que se envergonhar, como bruxaria ou ser Democrata.” – Como Nancy Potter em “Um Rival nas Alturas”, 1944

 “You talk as if astrology is something to be ashamed of, like witchcraft or being a Democrat.” – As Nancy Potter in “The Heavenly Body”, 1944


“Você não deve me levar a sério, senhorita. Ninguém me leva.” – Como Magda em “O Solar de Dragonwyck”, 1946

“You mustn’t take me seriously, Miss. No one ever does.” – As Magda in “Dragonwyck”, 1946


“Eu não te conheço tão bem quanto conhecia quando você era criança, mas você foi uma das crianças mais burras que eu já conheci!” – Como Suzie Robinson, falando com sua filha, em “Já Fomos Tão Felizes”, 1960

 “I don’t know you as well as I did when you were a child, but you were one of the dumbest children I ever met!” – As Suzie Robinson, saying to her daughter, in “Please, don’t eat the daisies”, 1960


Spring Byington apareceu em diversos filmes B e em fracassos de bilheteria. Entre 1954 e 1959, entretanto, ela teve seu próprio programa de TV, “December Bride”. A série teve origem no rádio, onde Spring também fazia o papel, e a companhia Desilu a escolheu para ser transposta para o novo meio. Durante a temporada de 1956-157, “December Bride” foi a quinta atração mais popular da televisão.

Spring Byington was in several B-movies and box-office failures. From 1954 to 1959, however, she starred in her own TV show, “December Bride”. The series was originated in the radio, where Spring also starred, and picked by the Desilu production company for the new medium. During the 1956-1957 season, “December Bride” was the fifth most popular show on TV.


Embora ela interpretasse esposas e mães com tanta frequência, em uma época em que a maioria das mulheres só podia aspirar a ser esposa e mãe, Spring Byington desafiou as expectativas. Divorciada com 24 anos de idade, ela nunca se casou, e dedicou toda sua energia à sua carreira. Ela foi ousada e sábia, e eu deixei exatamente sua frase mais sábia, de “Ver-te-ei Outra Vez” (1944), para fechar esta homenagem:

Although she played a wife and mother so often, in a time when most women could online aspire to be wives and mothers, Spring Byington defied the expectations. Divorced at 24, she never remarried, and dedicated all her energy to her work. She was bold and wise, and I left exactly her wisest quote, from “I’ll Be Seeing You” (1944), to finish this tribute:

"A maioria dos sonhos é [impossível]. É o ato de sonhar que vale."

"Ninguém consegue exatamente o que quer na vida." 
This is my contribution to the Seventh What a Character! Blogathon, hosted by Aurora, Kellee and Paula at Once Upon a Screen, Outspoken & Freckled and Paula’s Cinema Club.

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