} Crítica Retrô: O que Matou por Amor (1944) / Summer Storm (1944)

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Saturday, October 14, 2023

O que Matou por Amor (1944) / Summer Storm (1944)

 

Até mesmo grandes diretores começaram dando pequenos passos. Hoje nosso foco é um filme de Douglas Sirk feito para os estúdios Angelus Pictures e Nero Film, ambos praticamente esquecidos na atualidade. Nero Film, assim como Sirk, tinha como casa a Alemanha e migrou quando os nazistas chegaram ao poder. “O que Matou por Amor” é apenas o segundo filme de Sirk feito em Hollywood, e um filme que ecoa as raízes europeias do diretor.


Even big directors started small. Today we showcase a film by Douglas Sirk made for the studio Angelus Pictures, as well as Nero Film, both nearly forgotten today. Nero Film, just like Sirk, was based in Germany and fled as Nazis came to power. “Summer Storm” is just Sirk’s second film made in Hollywood, and one that echoed his European roots.


Nossa história começa em 1919, na Rússia revolucionária, quando o ex-conde Volsky (Edward Everett Horton) procura um jornal para publicar uma história. Ele chega à sede do Times local e descobre que a nova editora é uma velha conhecida, Nadena Kalenin (Anna Lee). Ele dá a ela o manuscrito e passamos para dentro da história.

 

Our story starts in 1919, in revolutionary Russia, when the former Count Volsky (Edward Everett Horton) seeks a newspaper to publish a story. He arrives at the local Times headquarters and learns that the new editor is an old acquaintance, Nadena Kalenin (Anna Lee). He then hands her the manuscript and we’re immersed in the story.


Corta para 1912, numa Rússia pré-revolucionária. Nadena acabara de ficar noiva de Fedor ‘Fedya’ Petroff (George Sanders), mas ele conhece uma camponesa encantadora, Olga (Linda Darnell), na casa de Volsky. Olga se casa com um dos empregados de Volsky, Anton Urbenin (Hugo Haas), mas ela claramente tem nojo do marido e vai atrás de Fedya. Não satisfeita, ela também seduz Volsky!

 

Cut to 1912, in pre-revolutionary Russia. Nadena has just gotten engaged to Fedor ‘Fedya’ Petroff (George Sanders), but he meets an enchanting peasant, Olga (Linda Darnell), at Volsky’s place. Olga marries one of Volsky’s employees, Anton Urbenin (Hugo Haas), but she’s clearly disgusted by her husband and pursues Fedya instead. Not satisfied, she also seduces Volsky!


Quando Fedya e Olga se beijam pela primeira vez, ela está mais preocupada com seu único par de botas, que ela estava segurando e que caíram de suas mãos. No segundo beijo deles – ou no segundo beijo que vemos – acontece no dia do casamento dela e de repente ela se mostra mais segura e ousada. Esta mudança de garota simples para um tipo de femme fatale parece estranha, mas faz sentido porque Olga é uma mulher endurecida por sua realidade: com um pai alcoólatra, sua única maneira de escapar de uma vida miserável é através de suas relações com os homens.

 

When Fedya and Olga first kiss, she’s more worried about her only pair of boots, that she was holding and fall from her hand. In their second kiss – or in the second kiss we see – it’s her wedding day and suddenly she’s more secure and bold. This transition from simple girl to a kind of femme fatale seems odd, but makes sense as Olga is a woman hardened by her reality: with an alcoholic father, her only way out of a miserable life is through her relationships with men.

Linda Darnell tinha apenas 20 anos quando fez “O que Matou por Amor”. Nascida Monetta Eloyse Darnell em Dallas, Texas, ela foi obrigada pela mãe a começar uma carreira como modelo aos 11 anos de idade e como atriz aos 13. Ela fez seu primeiro filme em 1939 e vinha interpretando personagens inocentes... até “O que Matou por Amor”. Este filme mudou sua imagem junto ao público e a partir daí ela passou a interpretar personagens mais ambíguas, incluindo algumas femme fatales, com grande sucesso.


Linda Darnell was only 20 when she made “Summer Storm”. Born Monetta Eloyse Darnell in Dallas, Texas, she was pushed by her mother to pursue a modeling career, that started at age 11, and an acting career, starting at 13. She made her first film in 1939 and had been playing innocent characters… until “Summer Storm”. This film changed her public image and from then on she played more ambiguous characters, including a few femme fatales, with great success.


A jovem criada do conde Volsky, Clara (Laurie Lane), suspira quando vê que Fedya chegou para visitar o amigo. Ela tinha sua razão: George Sanders foi um dos atores mais charmosos da velha Hollywood. Com uma voz distinta e melódica, Sanders foi escolhido para o papel devido à sua semelhança física com o ator alemão Willy Birgel, que era a primeira escolha de Sirk quando o diretor estava desenvolvendo a adaptação do romance ainda na Alemanha. Sirk deixou o país em 1937, mas levou consigo a ideia de adaptar “The Shooting Party” para as telas.

 

Count Volsky’s young maid Clara (Laurie Lane) swoons when she says Fedya is there to see his friend. She had reason: George Sanders was one of the most charming actors from Old Hollywood. With a distinct, melodic voice, Sanders was chosen for the role because he looked like German actor Willy Birgel, who was Sirk’s first choice when the director was developing the adaptation of the novel still in Germany. Sirk left the country in 1937, but kept his idea of adapting “The Shooting Party” to the screen.

“O que Matou por Amor” é baseado num romance do notório escritor russo Anton Chekhov, e o texto foi adaptado para as telas por Douglas Sirk e Michael O’Hara. Mas não existia ninguém chamado Michael O’Hara: é apenas o pseudônimo de Sirk! O roteiro final é creditado a Rowland Leigh, mas ele não foi a primeira escolha de Sirk: o primeiro roteirista contratado, James M. Cain, foi demitido por Sirk porque ele fez os personagens parecerem “americanos demais”. “The Shooting Party” foi o trabalho mais longo de Chekhov e seu único romance.


“Summer Storm” is based on a novel by the notorious Russian writer Anton Chekhov, and the text was adapted to the screen by Douglas Sirk and Michael O’Hara. But there was no such person named Michael O’Hara: it’s only Sirk’s pseudonym! The final screenplay is credited to Rowland Leigh, but he wasn’t Sirk’s first choice: the first screenwriter hired, James M. Cain, was fired by Sirk because he made the characters seem “too American”. “The Shooting Party” was Chekhov’s largest work and only full-length novel.

Feito numa época em que ainda não havia animosidade em relação à Rússia e União Soviética – o país e os EUA eram aliados durante a Segunda Guerra Mundial, e a Guerra Fria ainda levaria um par de anos para começar – “O que Matou por Amor” bebe da tradição russa e nos faz imaginar que obras-primas poderiam vir se Hollywood tivesse continuado adaptando obras russas. Um veículo excelente para suas estrelas, este é certamente um filme que vale a pena ser visto se ainda não foi.


Made in a time when there wasn’t yet animosity regarding Russia and URSS – the country and the USA were allies during World War II, and the Cold War would still take a couple of years to start – “Summer Storm” drinks from Russian tradition and makes us wonder which masterpieces would come if Hollywood kept adapting Russian works. An excellent vehicle for its stars, it is surely a film to check out if you haven’t yet.

 

This is my contribution to the Linda Darnell Centennial blogathon, hosted by Samantha at Musings of a Classic Film Addict.


3 comments:

Samantha Ellis said...

Linda Darnell and George Sanders directed by Douglas Sirk? I had no idea this existed before now and it sounds amazing! Thank you so much for convincing me so easily to watch it and for your wonderful review and participation in the blogathon!

Karen said...

I saw this for the first time earlier this year and I don't know why, but I wasn't that wild about it. I loved Linda in it, though (as usual!) -- and I also shared it with my mom and she really enjoyed the movie. I really enjoyed your write-up, Le -- maybe I'll give it another try!

-- Karen

Rebecca Deniston said...

Great review! It would be interesting to see how much of Chekhov's original words made it into the final product. I can't imagine Cain working on a script like this--you would think he'd also make things too racy.

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