} Crítica Retrô: The Doll (1919) / Die Puppe (1919)

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Sunday, October 2, 2016

The Doll (1919) / Die Puppe (1919)

Você sabe que está prestes a ver um filme muito bom quando a primeira imagem após os créditos é do diretor Ernst Lubitsch, tirando objetos cênicos em miniatura de dentro de uma caixa. Não era o primeiro filme de Lubitsch, que atuava desde 1912 e dirigia desde 1914. Mas é o filme que nos faz parar e exclamar: “aí está um gênio”!

You know you are about to see a very good movie when the first image after the credits shows you director Ernst Lubitsch taking miniature scenic objects out of a box. It wasn’t Lubitsch’s first movie: he acted since 1912 and directed since 1914. But it is a movie that makes us stop and shout: “here it is a genius”!
O rico, velho e doente Barão von Chanterelle (Max Kronert) quer arranjar um casamento para seu sobrinho, com o objetivo de perpetuar a linhagem nobre. Mas o tal sobrinho, Lancelot (Hermann Thimig) é um mimadinho que não quer se casar.

The rich, old and ill Baron Von Chanterelle (Max Kronert) wants his nephew to get marriage so the noble lineage won’t die. But said nephew, Lancelot (Hermann Thimig) is a cry-baby who doesn’t think of marriage at all.
Lancelot
Depois de distrair as dezenas de pretendentes que corriam atrás dele, Lancelot busca refúgio em um monastério. Os religiosos de lá estão passando por “dificuldades”, e por isso decidem convencer o hóspede a se casar e a dar o dinheiro do dote para o monastério. E eles até arrumam um jeito de Lancelot sair satisfeito do casamento: ele se casa com uma boneca, enganando a todos!

When he is able to distract dozens of young maidens who were chasing him, Lancelot goes to a monastery to hide. The monks there have been through “difficulties”, and then they decide to convince the guest to marry and give the dowry to the monastery. And they even find a way to make Lancelot happy with the marriage: he weds a doll and fool them all! 
Em um anúncio para “solteiros, viúvos e misóginos”, Hilarius Gilermund (Victor Janson), o mundialmente famoso criador de bonecas, diz que consegue fazer uma boneca quase humana, que se mexe conforme alguns botões são acionados. E a mais nova criação de Hilarius é uma boneca inspirada em sua filha, Ossi (Ossi Oswalda).

In an add for “bachelors, widowers and misogynists”, Hilarius Gilermund (Victor Janson), the world-famous dollmaker, says that he can make a human-like doll, who also moves when some buttons are pushed. And Hilarius’s newest creation is a doll inspired by his daughter, Ossi (Ossi Oswalda).
Enquanto Lancelot chega à loja para comprar a noiva boneca, o jovem e atrevido ajudante de Hilarius acaba quebrando a boneca Ossi. Para que ele não fique em apuros, a Ossi de carne e osso promete posar como a boneca até que a boneca seja consertada. Mas o problema é que Lancelot escolhe justamente Ossi para ser sua esposa. Ele pensa estar levando para casa uma boneca de “caráter sólido”, mas é a moça que embarca em sua carruagem.

While Lancelot goes to the store to buy his fiancée doll, Hilarius’s young and daring helper breaks Ossi the doll. To prevent him from having troubles, real Ossi promises to pretend to be the doll until the doll is fixed. But the big trouble comes when Lancelot chooses exactly Ossi to be his wife. He thinks he is taking home a doll of “solid character”, but it is the girl the one who goes in his carriage. 
Há um ar de conto de fadas no filme. O cenário da primeira cena é, literalmente, montado na nossa frente, e algo mágico e infantil começa. Muito antes de a Disney desconstruir os contos de fada, já tínhamos uma espécie de príncipe bobão, uma heroína corajosa, um sol sorridente e cavalos que cruzam as pernas e perdem o rabo.

There is a fairy tale touch to this film. The set of the first scene is, literally, built in front of us, and something magic and child-like begins. Many decades before Disney deconstructed fairy tales, we already had a silly prince, a bold heroine, a smiling sun and horses that cross their legs and lose their tails.
Há espaço, claro, para problematização. Poderíamos nos perguntar se Lancelot não queria se casar simplesmente porque não queria, ou seria ele homossexual? Afinal, os religiosos olham para Ossi com luxúria? Poderíamos fazer estas perguntas, olhando com olhos de 2016, mas perderíamos a graça do filme, divertidíssimo se visto com olhos de 1919.

There is room, of course, to find problems. We could ask ourselves if Lancelot didn’t want to get married because he simply didn’t want it, or if maybe it was because he was a closeted homosexual? And, do the monks or don’t they look to Ossi with luxury? We could ask those questions, looking with eyes of 2016, but the questions would destroy the fun, and the film is hilarious if watched with eyes of 1919.
Ossi Oswalda era chamada de “a Mary Pickford alemã”. E aqui vemos perfeitamente o porquê do apelido: fofa, determinada, adorável, divertida, Ossi tinha apenas 22 anos quando “The Doll” foi filmado. Ela está muito longe de ser uma vamp, uma sofredora ou uma donzela em apuros. Ossi, como boneca ou como garota, é uma protagonista maravilhosa, que sem dúvida se diverte com seu jogo de faz de conta.

Ossi Oswalda was called “the German Mary Pickford”. And here we see why this nickname: cute, courageous, adorable, funny, Ossi was only 22 when “The Doll” was made. She is far from being a vamp, a suffering girl or a damsel in distress. Ossi, as a doll or as a girl, is a fabulous leading lady, and without a doubt she has fun with her make-believe. 
A história é simples, mas a maioria das piadas se baseia na ironia. Assim, um dos personagens mais divertidos é o jovem aprendiz (Gerhard Ritterband), que tem frases ótimas e exagera em suas reações dramáticas. Temos algumas críticas pontuais e divertidas ao clero, com a exploração da piada constante de que os monges pregam e recomendam pobreza, mas vivem com luxo e sempre cometem o pecado da gula. Tal tema foi muito explorado em filmes e, em especial, livros de países cuja maioria da população é católica.

The plot is simple, but most of the jokes are ironic. That’s why one of the funniest characters is the young helper (Gerhard Ritterband), who has great ‘quotes’ and exaggerated dramatic reactions. There is also criticism against the clergy, and the constant gag involves the monks advocating the poverty vow, but at the same time overeating. This situation was already explored in several films and, in special, books from mainly Catholic countries.
Hilarius e seu ajudante / Hilarius and his helper
Raramente pensamos em Lubitsch como um diretor que teve uma musa ou uma grande colaboradora, a exemplo do que aconteceu com Gish e Griffith, Katharine Hepburn e George Cukor ou Bette Davis e William Wyler. De fato, em seu período hollywoodiano ele não teve atores constantes, mas em seu período alemão é Ossi Oswalda a colaboradora que personifica, perfeitamente, o charme das primeiras obras-primas de Lubitsch.

We rarely think about Lubitsch as a director who had a muse or top collaborator, like Griffith had Gish, George Cukor had Katharine Hepburn or William Wyler had Bette Davis. Indeed, in his Hollywood years he didn’t have constant collaborators, but in his German years it is Ossi Oswalda the one performer who personifies, perfectly, the charm we find in Lubitsch’s early masterpieces.

This is my contribution to the Dual Roles blogathon, hosted by Ruth and Christina at Silver Screenings and Christina Wehner.com 

6 comments:

Unknown said...

This sounds completely charming! I have never seen a silent Ernst Lubitsch film, but I love his talkies and I love silent movies, so this seems like the perfect combination! :) As a big fan of Mary Pickford, I'm very curious to see Ossi Oswalda, too.

Thanks so much for joining us and highlighting this film!

Silver Screenings said...

Based on the terrific gifs you've posted, Ossi Oswalda appears to be utterly charming and beguiling. (And what lovely hair, too!)

I liked what you said about viewing this film with 1919 eyes, and not ruining the fun by asking too many modern-day questions. The guy doesn't want to get married? Just go with it, man.

Thanks for joining the blogathon and for introducing us (me) to The Doll! :)

Anonymous said...

Hi! This looks great! I definitely want to see if I can track it down to watch! Lovely post!

Caftan Woman said...

Once again you have introduced me to something rare and, obviously, delightful. A charming review, my friend.

Virginie Pronovost said...

Wow, this looks like a weird but fun movie! The poster is kind of disturbing ahaha.
I enjoyed your review as always :)

Btw, I've nominated you for a Sunshine Blogger Award! :)

https://thewonderfulworldofcinema.wordpress.com/2016/10/04/my-first-sunshine-blogger-award/

Quiggy said...

I have never seen a German comedy, but I was reminded of a German comedian I saw on an HBO special, who had, as part of his act, the line "We have ways to make you laugh". (Imagine that in an exaggerated Nazi German movie dialect..."Vee haff vays to make you laff..." The actress in this movie looks extremely attractive. Don't know where I could manage to scrounge up a copy of the film, but I will try.

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