} Crítica Retrô: October 2018

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Thursday, October 25, 2018

Estrela Ditosa (1929) / Lucky Star (1929)


A Primeira Guerra Mundial é um período fantástico para ser estudado – e uma experiência terrível para ser vivida. Muitos soldados que sobreviveram voltaram para casa desfigurados ou permanentemente incapacitados. “Estrela Ditosa” conta a história de um destes soldados – e também é provavelmente o único filme da história a ter uma briga entre duas pessoas no topo de um poste de telefonia.

World War I is a fascinating period to be studied - and a horrible experience to have been lived. Many of the soldiers who came back returned permanently disabled or disfigured. “Lucky Star” is a story of one of these soldiers - and also probably the only film ever to have two people fighting while hanging up in a telephone line post.


Em uma área rural pobre vivem Mary e Tim. Mary (Janet Gaynor) é uma garota que precisa cuidar dos irmãos mais novos e ainda ajudar a mãe com as tarefas da fazenda. Tim (Chares Farrell) trabalha consertando postes de telefonia, e com ele trabalha o preguiçoso Martin Wrenn (Guinn Williams). Mary e Tim se conhecem quando ela entrega dois galões de leite para os rapazes, e enquanto ela está lá tentando arrancar cinco centavos a mais de Wrenn, Tim ouve a notícia de que foi declarada guerra.

In a poor rural area live Mary and Tim. Mary (Janet Gaynor) is a girl who has to take care of her younger siblings and also help her mom with the duties in the farm. Tim (Charles Farrell) works repairing telephone posts, and his coworker is the lazy Martin Wrenn (Guinn Williams). Mary and Tim meet when she delivers two gallons of milk to the boys, and while she is in there trying to get an extra nickel from Wrenn, Tim hears the news that war has been declared.


O primeiro encontro deles não foi muito agradável. Quando Tim percebe que Mary estava mentindo sobre não receber os cinco centavos de Wrenn, ele dá uma surra nela, e a deixa possessa. Mesmo assim, ela sente falta dele e dos outros homens quando eles vão para a França. Ela escreve para Tim e Wrenn, mas é mais educada com Wrenn. Mesmo na guerra, Wrenn não mudou: ele não está interessado em seu dever cívico, mas sim em conhecer moças francesas. O contraste é claro quando temos cortes rápidos entre Wrenn, dirigindo um caminhão para encontrar mulheres, e Tim, usando um vagão movido a cavalo para levar sopa para  os soldados nas trincheiras.

Their first encounter is not that pleasant. When Tim realizes Mary was lying about not receiving Wrenn’s nickel, he spanks her, and this drives her crazy. Nevertheless, she misses him and the other guys when they leave to France. She writes to both Tim and Wrenn, but is more polite to the later. Even in war, Wrenn hasn’t changed: he is not interested in his civic duty, but in seeing French girls. The contrast is clear when we have quick cuts between Wrenn, driving a truck to see the ladies, and Tim, using a wagon propelled by a horse to take soup to the soldiers in the trenches.


Depois de um ano a França e outro ano no hospital, Tim volta para casa em uma cadeira de rodas. Mary se surpreende ao vê-lo assim, e fica mais surpresa ainda ao ver como ele já se adaptou à cadeira de rodas – ele gira, vai para todo canto dentro de casa e até dá marcha à ré. Mary começa a visitá-lo sempre, animada para ver as coisas que ele está inventando. Tim primeiro quer protegê-la e zoá-la, como se faz com uma irmãzinha, mas depois ele percebe que está apaixonado por ela.

After a year in France and another year in the hospital, Tim comes home in a wheelchair. Mary is surprised to see him like that, and even more surprised by how skilled he already is with the wheelchair - doing loops, going everywhere inside his house and even moving backwards. Mary starts going to his house often, excited to see the things he is doing as an inventor. Tim first wants to both protect and tease her, as if she was a younger sister, but then he realizes he is in love with her.


E Wreen ainda não aprendeu nada. Ele foi expulso do exército, mas ainda usa seu uniforme – pior, ele diz à mãe de Mary que foi promovido de sargento a major. Ele usa o uniforme e promessas falsas de casamento para enganar garotas, e escolheu Mary como a próxima vítima.

And Wrenn still hasn’t learned a thing. He was expelled from the Army, but still wears the uniform – worse, he tells Mary’s mother that he has been promoted from a Sergeant to a Major. He uses the uniform and fake wedding promises to get girls, and he has chosen Mary as his next victim.


Tim se entristece porque se sente solitário. Ele fica em casa 24 horas por dia porque não há acessibilidade do lado de fora. As coisas ficam ainda piores quando começa a nevar – algo que é um desafio para as pessoas em cadeiras de rodas ainda hoje. Logo após a Primeira Guerra Mundial, as cadeiras de rodas eram só cadeiras modificadas, e fica claro que o modelo usado por Tim se popularizou a partir de 1880, por causa da roda traseira. É prática, sim, mas não é suficiente para promover a socialização, como o filme mostra.

Tim is sad because he is lonely. He is in his house 24/7 because there is no accessibility at all outside. Things get even worse when it starts snowing – something that is still a challenge for people in wheelchairs today. Right after World War I, the wheelchairs were just modified chairs, and it’s clear that the model Tim has was common from the 1880s onward, because of the rear wheel. Practical, yes, but not enough to promote the socialization, as the film shows.


Tim não quer que as pessoas tenham pena dele. E esta é a primeira coisa que precisamos saber ao lidar com deficientes: eles não querem pena. Tratá-los de maneira diferente, especial, é mais um insulto que um favor. Eles não querem privilégios. Eles querem ser tratados como seres humanos, com algumas necessidades especiais. Mesmo que o termo “necessidades especiais” não seja bem aceito, é a verdade: alguém como Tim, em uma cadeira de rodas, precisa de algumas mudanças no local em que vivem para que possam viver normalmente. Estas mudanças são pequenas, coisas que podem ser feitas facilmente e que beneficiam a todos, porque conviver com pessoas diferentes é enriquecedor para todos.

Tim doesn’t want people to pity him. And this is the first thing we should know as we deal with the disabled: they don’t want pity. Treating them in a different way, in a special way, is more of an insult than a favor. They don’t want privileges. They want to be treated as human beings, but with a few special needs. Although the term “special needs” is not very cherished, it is the truth: someone like Tim, in a wheelchair, needs some special changes in the place they live in order to live normally. Those special changes are small changes, things that can be done and help everybody, because socializing with different people is enriching for everybody.


Além de termos Tim convivendo com a deficiência, temos Mary vivendo em uma família abusiva. Ela é explorada pela mãe (Hedwiga Reicher) e apanha com frequência. A mãe também detesta Tim e o chama de “aleijado”. Ela só está interessada nos presentes que Wrenn traz e nas falsas promessas dele de dinheiro para a família se Mary se casar com ele.

Besides having Tim facing disability, we have Mary living in an abusive household. She is exploited by her mother (Hedwiga Reicher), and beaten by her. Her mother also dislikes Tim and calls him a “cripple”. She is only interested in the gifts Wrenn brings and his empty promises of money for the family if Mary marries him.


Charles Farrell era um ator muito bonito, mas hoje está quase esquecido. Em “Estrela Ditosa”, ele mostra que também era excelente ator. Seus esforços com as muletas me lembraram da atuação de Lon Chaney, ao mesmo tempo difícil de ver e hipnotizante. Obviamente, para que o roteiro funcione, o progresso de Tim é muito rápido, mas “Estrela Ditosa” foi feito para ganhar dinheiro em cima da química da dupla Farrell e Gaynor, e não para dar esperança para as pessoas que se tornaram deficientes após a guerra.

Charles Farrell was a very handsome leading man, even though forgotten today. In “Lucky Star”, he shows he also could act. His efforts to use crutches reminded me of Lon Chaney’s acting, at the same time painful to watch and hypnotizing. Of course, for the film’s sake Tim’s progress is too quick, but Lucky Star was made to capitalize on the duo’s screen chemistry, and not in order to give hope to people who became disabled after the war.


A direção de arte é hipnotizante desde o primeiro segundo de projeção. As casas podem ser pobres, mas são construídas de maneira estilizada, e criam um contraste interessante com as montanhas e o céu ao fundo. Borzage fez alguns filmes visualmente maravilhosos nos anos 20 e 30 – eu particularmente aprecio o subestimado “Liliom”, de 1930. “Estrela Ditosa” é mais um desses belos filmes.

The art direction is mesmerizing since the very first second of the film. The houses may be poor, but they are built in a stylized way, and make an interesting contrast with the mountains and the sky in the background. Borzage made some visually beautiful films in the 1920s and 1930s - I particularly like the underrated “Liliom”, from 1930. “Lucky Star” is another one in this list of beautiful films.


A “Estrela Ditosa” que conhecemos hoje não é a versão original entregue pelo mestre Frank Borzage. De acordo com resenhas de 1929, o filme era parcialmente falado, com efeitos sonoros e diálogos perto do final. Entretanto, “Estrela Ditosa” foi considerado perdido durante muitas décadas. Felizmente, uma cópia foi encontrada em um arquivo da Holanda, e os intertítulos foram reconstruídos através de pesquisa e com ajuda do roteiro original. Uma nova trilha sonora foi composta, mas infelizmente a trilha original com diálogos ainda não foi encontrada.

The “Lucky Star” we have now is not the original one delivered by master director Frank Borzage. According to reviews from 1929, the film was a part-talkie with sound effects and dialogues near the end. However, “Lucky Star” was considered completely lost for many decades. Luckily, a print was found in the Netherlands Film Archive, and the intertitles were reconstructed from research using the original screenplay. A new soundtrack was composed, but unfortunately the original soundtrack with dialogue is yet to be found.


“Estrela Ditosa” é uma das 12 colaborações entre Charles Farrell e Janet Gaynor. Eles eram tão convincentes como um casal que vários presentes chegavam todas as semanas aos estúdios da Fox para o “aniversário de casamento” deles. Obviamente, eles não eram casados. E obviamente, um homem em uma cadeira de rodas não consegue se recuperar com aquela rapidez. Mas “Estrela Ditosa” é um destes filmes em que devemos suspender o senso muito crítico para apreciá-lo por completo. É belo, romântico e nos dá esperança. Ditosos somos nós!

“Lucky Star” is one of 12 collaborations between Charles Farrell and Janet Gaynor. They were so convincing as a couple that several gifts arrived every week to the Fox Studios lot for their “wedding anniversary”. Of course, they were not married. And of course, a man in a wheelchair can’t recover that quickly. But “Lucky Star” is one of those films that we must stop being too critical to enjoy. It’s beautiful, romantic and gives us hope. Lucky us!

This is my contribution to the 2nd Disability in Film blogathon, hosted by Crystal and Robin at In the Good Old Days of Classic Hollywood and Pop Culture Reverie.


Saturday, October 20, 2018

King Creole (1958): musical noir


Há muitos debates sobre o que é noir. O noir é um movimento ou um gênero? Sendo movimento, significa que filmes de qualquer gênero podem ser considerados noir? Sendo gênero, o noir pode coexistir com outros gêneros? O que eu quero dizer é: pode haver comédia noir? E que tal musical noir? Bem, eu não consigo pensar em uma só comédia noir que não seja “Cliente Morto Não Paga” (1982), mas eu posso citar dois musicais que têm elementos noir.

There is a lot of debate about what is noir. Is noir a movement or a genre? As a movement, does this mean that films from any genre can be noir? As a genre, can noir co-exist with other genres? What I want to say is: can a comedy be noir? What about a musical? Well, I can’t think about a noir comedy other than the spoof “Dead Men Don’t Wear Plaid”, from 1982, but I can think of two musicals that have noir elements in them.


O musical com mais elementos noir tem como estrelas uma garota que deixou Hollywood para se tornar freira, uma atriz que interpretaria Morticia Adams na TV e ninguém menos que Elvis Presley. “Balada Sangrenta” nos traz Danny Fisher (Elvis), um jovem com um grande problema: ele precisa trabalhar antes e depois da escola para sustentar a família. Seu pai, interpretado por Dean Jagger, perdeu o emprego após ficar viúvo, e há tem também uma irmã, Mimi (Jan Shepard), que Danny precisa sustentar.

The musical with the most noir elements stars a girl that would leave Hollywood to become a nun, an actress that would play Morticia Adams on TV and Elvis Presley himself. “King Creole” brings us Danny Fisher (Elvis), a young man with a big problem: he has to work before and after school hours in order to support his family. His father, played by Dean Jagger, has lost his job after becoming a widow, and there is also a sister, Mimi (Jan Shepard), that Danny has to help support.


Uma manhã, em um bar, ele salva uma mulher, Ronnie (Carolyn Jones), de um namorado abusivo. Ronnie e Danny vão de táxi até a escola de Danny, e antes de entrar na classe Danny briga com um colega. Depois da briga, a professora decide que a punição de Danny será não receber o diploma. Danny decide abandonar a escola.

One morning, at a bar, he saves a woman, Ronnie (Carolyn Jones), from an abusive date. Ronnie and Danny ride to Danny’s school, and before entering class Danny has a fight with a schoolmate. After this fight, his teacher decides that Danny won’t get his diploma as a punishment. Danny then drops out from school.


Depois disso, Danny se junta a uma gangue! O líder da gangue, Shark (Vic Morrow), manda Danny distrair os clientes enquanto a gangue rouba uma lanchonete. Danny os distrai cantando, e chama a atenção da garçonete Nellie (Dolores Hart), que percebe que ele é cúmplice do roubo. Eles começam a conversar e se dão bem. Uma noite, Danny leva Nellie a um quarto de hotel para transar, o que ela refusa, mas diz que ainda gostaria de vê-lo em circunstâncias diferentes. É a velha Hollywood sendo ousada!

Next, Danny joins a gang! The gang leader, Shark (Vic Morrow), orders Danny to distract customers while the gang robs a bar. Danny distracts by singing, and calls the attention of the waitress Nellie (Dolores Hart), who realizes he is accomplice in the robbery. They start chatting and hit it off. One night, Danny takes Nellie to a hotel room to have sex, which she refuses, but saying that she would still like to see him again, under different circumstances. Daring old Hollywood at its best.


Logo Danny é descoberto por Charlie LeGrand (Paul Stewart), que o convida para cantar em sua boate, chamada King Creole. Esta é uma das poucas boates na cidade que não pertencem ao perigoso Maxie Fields (Walter Mathau), o novo namorado de Ronnie. Danny se torna cantor contra a vontade do pai – o senhor Fisher agora trabalha como farmacêutico.

Soon Danny is discovered by Charlie LeGrand (Paul Stewart), who invites him to sing at his nightclub, the King Creole. The King Creole is one of the few clubs in the city not owned by dangerous Maxie Fields (Walter Matthau), Ronnie’s current boyfriend. Danny becomes a singer against his father wishes – Mr. Fisher is now working as a pharmacist.


E muitas outras coisas acontecem no filme: traição, chantagem, espancamentos por gangues, tiros, brigas com faca, triângulos amorosos. Danny percebe que está dividido entre a angelical Nellie e a sensual Ronnie. Ele também tem problemas em viver sabendo que seu pai não aprova sua carreira como cantor.

Much more happens in the movie: betrayal, blackmail, gang beatings, shootings, knife fights, love triangles. Danny finds himself torn between angelic Nellie and sexy Ronnie. He also has trouble living with his father’s disapproval of his singing career.


Vemos muitos traços noir no filme. Um dos mais óbvios e que eu aprendi no curso “Investigating Film Noir” do TCM são as fontes de iluminação visíveis – como lâmpadas que são incluídas nas tomadas. É óbvio que muitas lâmpadas e lustres apareceriam na boate, mas também temos as lâmpadas da casa de Danny incluídas nas tomadas. As cenas na casa dele, aliás, são cheias de sombras, assim como as cenas nos becos.

We see many noir traits in the film. One obvious one that I learned at the Investigating Film Noir course from TCM is the visible sources of lighting – like lamps included in the shots. It’s clear that many lamps and chandeliers would be featured in the club, but we also have the lamps in Danny’s house included in the shots. The scenes in his house, by the way, are full of shadows, just like scenes in the alleys.


Danny está dividido entre dois mundos, representados pelas duas mulheres: o mundo caseiro que Nellie representa, e o selvagem mundo do show business que Ronnie representa. Mas Ronnie não é uma femme fatale: ela não é a vamp sedutora responsável pela desgraça do protagonista. Ela é uma mulher que precisa ser salva de seus namorados abusivos e que apenas timidamente implora pelo amor de Danny, em vez de tomá-lo ferozmente.

Danny is torn between two worlds, represented by the two women: the homely world that Nellie represents, and the wild show business world that Ronnie represents. But Ronnie isn’t a femme fatale: she is not a seductive vamp responsible for the leading man’s disgrace. She is a woman who needs to be rescued from abusive relationships and only timidly begs for Danny’s love instead of going ferociously for it.


O director Michael Curtiz trabalhou em diversos filmes, dos anos 1910 até os anos 60. Seu maior título noir é “Alma em Suplício / Mildred Pierce”, de 1945. Ele definitivamente quis que “Balada Sangrenta” tivesse características noir – ele insistiu para que o filme fosse filmado em preto e branco. O diretor de fotografia Russel Haran tinha ainda mais experiência noir: trabalhou no icônico “Mortalmente Perigosa / Gun Crazy” (1950).

Director Michael Curtiz worked in many productions, from the 1910s to the 1960s. His most nourish title is “Mildred Pierce”, from 1945. He definitely wanted “King Creole” to have noir qualities – he was the one who decided to shoot it in black and white. Cinematographer Russel Harlan was even more experienced in noir: he had worked in the iconic “Gun Crazy” (1950).


Conforme os créditos rolam, e antes disso, quando o povo canta, descobrimos que o filme se passa em New Orleans. A cidade também foi cenário de filmes noir como “Férias de Natal” (1944), “A Aranha” (1945) e principalmente “Pânico nas Ruas” (1950). Estamos acostumados a ver filmes noir ambientados em Nova York ou, mais comumente, em San Francisco, mas New Orleans também é um ambiente perfeito para o noir. Nas poucas locações e nos muitos cenários construídos em estúdio, podemos ver a iluminação noir – com as cenas externas tendo um look bem natural.

While the credits role, and even before, when some people sing, we know the film is set in New Orleans. This city was also the set of noir like “Christmas Holiday” (1944), “The Spider” (1945) and mainly “Panic in the Streets” (1950). We are used to seeing noir movies set in New York or, more often, San Francisco, but New Orleans is also a perfect setting for noir. At the few location shootings and the many studio sets, we can see the noir lighting both– with the outside scenes looking very natural.


Danny foi o personagem que Elvis gostou mais de interpretar. De fato, “Balada Sangrenta” foi o filme em que Elvis mais mostrou suas habilidades de atuação. Seu talento e comportamento no set foram elogiados pelo diretor Michael Curtiz, que o chamou de “garoto adorável”, e pelo colega Walter Matthau, que disse “ele era muito elegante, contido, e refinado, e sofisticado”.

Danny was the character that Elvis liked the most to play. Indeed, “King Creole” is the film in which Elvis showcases the most of his acting abilities. His talent and behavior on set were praised by his director Michael Curtiz, who said Elvis was “a lovely boy”, and co-star Walter Matthau, who said “he was very elegant, sedate, and refined, and sophisticated”.


Michael Curtiz trabalharia novamente com Dolores Hart cinco anos mais tarde, em “Francisco de Assis” (1961). Ela fez mais quatro filmes nos anos 60 e deixou Hollywood para se tornar freira – o que faz da Irmã Dolores provavelmente a única freira a ter beijado Elvis. Ela tinha dúvidas sobre sua vocação religiosa desde 1959, quando visitou a Abadia Regina Laudis, e seu encontro com o Papa João XXIII durante as filmagens de “Francisco de Assis” confirmou sua vocação. Dolores nunca se arrependeu da decisão.

Michael Curtiz would work with Dolores Hart again five years later, in “Francis of Assisi” (1961). She did four more films in the 1960s and left Hollywood to become a nun – which probably makes Sister Dolores the only nun to have kissed Elvis. She had doubts about her religious vocation since 1959, when she visited the Regina Laudis Abbey, and her meeting with Pope XXIII during the shooting of “Francis of Assisi” sealed it. Dolores never regretted her decision.


Eu gosto de defender a tese de que, não importa se noir é um gênero ou um movimento, qualquer filme pode ter toques noir. “Balada Sangrenta” definitivamente tem estes toques. Além de uma trama incrivelmente complexa e emocionante, o filme trata de crime, amor, corrupção, gangues... e quem disse que não poderia haver música no meio disso tudo?

I like to defend the thesis that, no matter if noir is a genre or a movement, any film can have noir touches. “King Creole” definitely has those touches. Besides its incredibly complex and surprising plot, the film deals with crime, love, corruption, gangs… and who said there couldn’t be music in the middle of all this?

This is my contribution to the Dolores Hart blogathon, hosted by Virginie at The wonderful World of Cinema.


P.S.: Que outro musical eu consider noir? Vocês devem estar se perguntando, e eu responderei: eu considero que um número musical em particular em “A Roda da Fortuna” (1953) seja noir: o balé The Girl Hunt. Tudo de noir está ali: o detetive, a femme fatale, o crime, o amor fracassado... é um roteiro noir em forma de música.

P.S.: Which other musical do I consider noir? You may be making this question, and I’ll answer: I consider a particular musical sequence in “The Band Wagon” (1953) to be noir: the Girl Hunt ballet. Everything noir is there: the detective, the femme fatale, the crime, the doomed love… It’s a noir screenplay put into a song.  

Friday, October 19, 2018

Carmen (1948) / The loves of Carmen (1948)


Quando falamos sobre Rita Hayworth e Glenn Ford, pensamos na dupla que protagoniza “Gilda”, de 1946. Mas eles fizeram outros filmes juntos, incluindo “Carmen”, produzido e dirigido por Charles Vidor – também diretor de “Gilda” – e filmado num belo Technicolor que ressaltou a beleza de ambos os astros.

When we talk about Rita Hayworth and Glenn Ford, we think of the duo in 1946’s Gilda. But they starred together in more movies together, including “The loves of Carmen”, produced and directed by Charles Vidor – also the director of Gilda – and shot in ravishing Technicolor that highlighted both their beauties.


Don Jose (Ford) é um novato vindo de Navarra. Ele chegou a Andaluzia para ser um soldado da guarda, e a primeira pessoa que ele conhece em seu primeiro dia é a provocante cigana Carmen (Hayworth). Assim como todos os ciganos, Carmen é desprezada pelos “cidadãos de bem” do local.

Don Jose (Ford) is a newcomer from Navarra. He has arrived in Andalucía in order to serve the guard, and the first person he meets in his first day is the provocative gypsy Carmen (Hayworth). Like all gypsies, Carmen is despised by the “good citizens” of the town.


Ela provoca Jose e ele fica caidinho por ela. Entretanto, ela não aceita o amor dele por causa de uma previsão de má sorte revelada nas cartas. Mas ela muda de ideia e faz com que Jose mate seu comandante em um duelo – sendo agora um fora da lei, resta a Jose seguir com Carmen e um grupo de ladrões rumo às montanhas, onde ele conhece o líder do grupo, García (Victor Jory), um homem que acaba de sair da prisão... e que por acaso é marido de Carmen.

She teases Jose and he falls for her. However, she won’t accept his love because of a bad omen revealed in the cards for her. But she changes her mind and arranges a duel for Jose to kill his commander - now an outlaw, Jose can only follow Carmen and her group of thieves to the mountains, where he meets the group leader, García (Victor Jory), a man who has just been released from prison... and who happens to be Carmen’s husband.


Antes da fuga, vamos a cidade espanhola recriada no estúdio sendo fotografada de maneira pouco inspirada, não tendo nada a ver com outros cenários europeus feitos em estúdio. Esta primeira metade do filme nos lembra de “Sangue e Areia” (1941), no qual um toureiro interpretado por Tyrone Power é seduzido por ninguém menos que Rita Hayworth. Em Hollywood, cidades espanholas e vilas latino-americanas são muito parecidas.

Before they run away, we see the Spanish city recreated in studio is photographed in an uninspired way, unlike other European sets built in studio. This first half of the movie reminds us of “Blood and Sand” (1941), in which a toreador played by Tyrone Power is seduced by none other than Rita Hayworth. In Hollywood, Spanish towns and Latin American villas are very much alike.


Na segunda metade, conforme o grupo foge pelas montanhas, temos a sensação de estarmos assistindo a um faroeste, com armadilhas, recompensas por um foragido, tropas perseguindo o grupo e muitos tiros disparados. Jose trocou de lado completamente e agora está roubando carruagens e se tornando mais violento a cada dia – não porque ele queira, mas porque precisa.

In the second half, as the group escapes through the mountains, we get the feeling that we are now watching a western, with traps, rewards for an outlaw, troops coming for our group and a lot of shootings. Jose traded places completely and is now stealing from stagecoaches and becoming more violent each day- not because he wants to, but because he has to.


É uma delícia ver Rita Hayworth cantando e dançando músicas folclóricas neste filme. Quando garota, sob seu nome verdadeiro, Rita Cansino, ela dançava profissionalmente, em uma dupla com o pai, Eduardo Cansino, que inclusive trabalhou em “Carmen” como coreógrafo. Ela dançava coreografias como as do filme desde pequena. O único ponto negativo é que ela é dublada ao cantar. A voz dela é dublada por Anita Ellis, que também a dublou em “Gilda”.

It’s delightful to see Rita Hayworth singing and dancing folk songs in this film. As a young girl, under her real name Rita Cansino, she danced for a living, making a duo with her father, Eduardo, who even worked here in “The loves of Carmen” as a choreographer. She had been performing dances like the ones in the film since a very early age. The only downside is that she is dubbed in the songs. Her singing voice is dubbed by Anita Ellis, who also dubbed her in “Gilda”.


Para o povo, Carmen é nojenta. Para a elite, ela é fonte de entretenimento, pois dança nas festas. Isso significa que ela é uma curiosidade para a sociedade, e nada mais. É um comportamento bem hipócrita. Carmen não é apenas uma excluída porque faz parte de um grupo nômade – os ciganos – ela também é vítima de preconceito porque é uma mulher livre que não pode “pertencer” a um homem só.

For the people, Carmen is disgusting. For the elite, she is source of entertainment when she dances at parties. That means that she is a curiosity for society, and nothing else. It’s a very hypocritical behavior. Not only Carmen is an outcast because she is part of a nomad group – the gypsies – she is also frown upon because she is a free woman that can’t “belong” to one man.


Um texto inicial cheio de preconceitos, chamando os ciganos de “uma raça infeliz”, mostra o pensamento que foi responsável pela perseguição de milhões de ciganos durante o Holocausto – ou melhor, o “Porajmos”. Sim, os ciganos rom têm seu próprio termo para a perseguição que sofreram dos nazistas – não há números oficiais, alguns historiadores estimam que 200 mil ciganos foram mortos em campos de concentração, e outros colocam a estimativa em 1,5 milhão. Hollywood não estava fazendo um favor a estas pessoas três anos após a queda de Hitler com tanto preconceito.

An opening text full of prejudice, calling the gypsies “an unhappy breed”, shows the mindset that was responsible for the persecution of millions of gypsies during the Holocaust – or better, the “Porajmos”. Yes, the Romani gypsies have their own word for the persecution they suffered under the Nazis – there are no official numbers, some historians estimate 200000 gypsies were killed in concentration camps, and other put the number up to 1,5 million. Hollywood wasn’t doing a favor to those people three years after Hitler’s fall with so much prejudice.


Se refletirmos um pouco, “Carmen” tem algumas coisas em comum com “Gilda”: a protagonista sedutora, o protagonista que é bobo no começo mas fica mais durão e ciumento por causa de uma mulher, muitas traições, o fatalismo que paira sempre no ar. “Carmen” só se difere por causa do cenário e do Technicolor, os elementos da história são os mesmos. Eu não estou falando que “Carmen” é um filme noir: eu estou dizendo que as histórias do noir bebem de uma fonte universal.

If we think a little, “The loves of Carmen” has some things in common with “Gilda”: the seductive leading lady, the leading man who is at first silly then becomes tougher and more jealous because of a woman, the many betrayals, and the fatalism that is all over. “The loves of Carmen” is different only for its setting and the Technicolor, the story elements are the same. I’m not saying that this film is noir: I’m saying that the noir stories drink from a universal fountain.


“Carmen” certamente se beneficia da química entre os protagonistas. Entretanto, não é tão interessante quanto outras versões da mesma história, como “Carmen Jones”, de 1954. Mas pelo menos podemos ver Glenn Ford mais bonito que nunca e Rita Hayworth dançando danças espanholas.

“The loves of Carmen” certainly profits from the chemistry the two leads have. However, it’s not as interesting as other versions of the same story, like “Carmen Jones”, from 1954. But at least we are able to see Glenn Ford more handsome than ever and Rita Hayworth dancing Spanish songs.  

This is my contribution to the 100 Years of Rita Hayworth blogathon, hosted by Michaela at Love Letters to Old Hollywood.

Sunday, October 14, 2018

O legado de “Um Estranho Casal” / The lasting legacy of “The Odd Couple”


“Você é um Felix ou um Oscar?” Para algumas pessoas, esta questão não tem significado. Mas, para milhões de pessoas que conhecem a obra de Neil Simon, ela significa muito. Responder se você é Oscar ou Felix é como responder se sua personalidade é Tipo A ou Tipo B – diz tudo sobre você. Sim, é uma maneira reducionista de classificar as pessoas – em apenas dois grupos – mas se havia alguém capaz de criar personagens que representam todo tipo de gente, este alguém era Neil Simon.

Are you a Felix or an Oscar?” For some people, this question means nothing. But, for millions of people familiar with Neil Simon's work, it means everything. Answering if you are Oscar or Felix is like answering if you have Type A or Type B personality – it says all that is needed to know about you. Yes, it is a reductive way to classify people - in only two groups - but if there was someone who could create characters to represent all kinds of people, it was Neil Simon.
 
The Odd Couple by Al Hirschfeld
A peça “Um Estranho Casal” estreou em 1965. A inspiração para a peça é controversa. O jornal The Washington Post cita o divórcio do roteirista de TV Adam Bernstein, enquanto Mel Brooks alega que foi o seu primeiro divórcio que inspirou Neil Simon a escrever a peça. De qualquer maneira, aqui está a primeira informação importante sobre a peça: ela trata da vida após o divórcio – uma prática que só se tornou socialmente aceitável poucas décadas atrás.

The play “The Odd Couple” premiered in 1965. The inspiration for the play is controversial, however. The Washington Post cites the divorce of TV writer Adam Bernstein, while Mel Brooks alleges that it was his first divorce that inspired Neil Simon to write the play. Anyway, here it is the first important thing about the play: it was about life after divorce – a practice that only became socially accepted a few decades ago.
 
Neil Simon
A história é incrivelmente simples: Felix Ungar, um jornalista, tem de sair de casa durante o processo de divórcio e sua única opção é ficar no apartamento do amigo Oscar Madison, um jornalista esportivo divorciado. O problema é que Felix e Oscar são completamente diferentes. Para Felix, o copo sempre está meio vazio, e há sempre algo que precisa ser limpo. Para Oscar, o copo está meio cheio, e não há problema em viver em meio a um pouco de caos.

The plot is incredibly simple: Felix Ungar, a newswriter, gets thrown out of his house by his wife and his only option is to go live with his friend Oscar Madison, a divorced sportswriter. The problem is that Felix and Oscar have completely different approaches to life. For Felix, the glass is always half empty, and there is also something to be cleaned. For Oscar, the glass is half full and there is no problem about living among some chaos.
 
Art Carney and Walter Matthau on Broadway
A peça ganhou quatro prêmios Tony, e os direitos de adaptação foram comprados pela Paramount. Neil Simon escreveu o roteiro, Walter Matthau voltou a interpretar Oscar após ganhar um Tony por sua performance, e Jack Lemmon veio interpretar Felix – que era feito por Art Carney no teatro. O filme foi dirigido por Gene Sacks, enquanto a peça foi dirigida por Mike Nichols.

The play won four Tonys, and its adaptation rights were bought by Paramount. Simon adapted the play into an screenplay, Walter Matthau reprised his Tony-winning role as Oscar and Jack Lemmon was brought to play Felix – it was Art Carney who originally played the character on the stage. The film was directed by Gene Sacks – while the play was directed by Mike Nichols.


A adição de Jack Lemmon foi maravilhosa. Felix é meu personagem favorito em “Um Estranho Casal”, e ele é a estrela das cenas que se passam fora do apartamento – cenas estas que foram escritas exclusivamente para o filme. Felix é neurótico e maluco por limpeza, e seu comportamento enlouquece Oscar. Seja durante um jogo de pôquer entre amigos ou durante um encontro com as irmãs Pigeon, Felix mostra que não se esqueceu da esposa, e que sua obsessão com limpeza pode ser uma tentativa de colocar as coisas em ordem em sua vida novamente.

The addition of Jack Lemmon was a marvelous one. Felix is my favorite of “The Odd Couple”, and he is the star of the scenes outside the apartment – scenes that were written exclusively for the film. Felix  is neurotic and crazy about tidiness, and his behavior drives Oscar insane. May it be during poker nights with their mutual friends or during a double date with the peculiar Pigeon sisters, Felix shows that he hasn't forgotten his wife, and his cleaning obsession may be a way of trying to put things back together in his life.


A próxima parada de “Um Estranho Casal” era a televisão, com Tony Randall como Felix e Jack Klugman como Oscar. Esta versão durou cinco temporadas, e só na última Neil Simon expressou aprovação frente a adaptação. Em 1982, a sitcom foi refeita, com Ron Glass como Felix e Demond Wilson como Oscar. E, finalmente, em 2015, houve uma nova versão para a TV, com Thomas Lennon como Felix e Matthew Perry como Oscar.

“The Odd Couple” was headed next for television, with Tony Randall as Felix and Jack Klugman as Oscar. This iteration lasted five seasons, and only by the last one Neil Simon expressed approval of the adaptation. In 1982, the sitcom was remade, with Ron Glass as Felix and Demond Wilson as Oscar. And, finally, in 2015 there was a new TV version, with Thomas Lennon as Felix and Matthew Perry as Oscar.
 
1970s
1980s
2010s
Quando a sitcom de 1975 acabou, a coisa mais psicodélica e típica dos anos 70 aconteceu: uma adaptação animada de “Um Estranho Casal”. Em “The Oddball Couple”, o arrumadinho Spiffy, um gato, e o bagunceiro Fleabag, um cão, dividem a casa, o carro e o escritório – eles dividem tudo tão perfeitamente que estas coisas todas são metade arrumadas e metade bagunçadas. Obviamente, eles não eram divorciados, apenas colegas de quarto. A série teve 16 episódios de meia hora cada.

As the 1975 sitcom ended, the most psychedelic and 1970s thing possible happened: a CARTOON adaptation of “The Odd Couple”. In “The Oddball Couple”, the orderly Spiffy, a cat, and the messy Fleabag, a dog, share a house, a car and an office – they share those things so perfectly that exactly half of each of these is neat, and half is messy. Of course, they were not divorced, only roommates. The cartoon had 16 half-hour episodes.


Neil Simon também fez algo para as garotas. Em 1985, ele escreveu “The Female Odd Couple”, que tinha basicamente a mesma história, mas com a ordeira Florence Ungar e a desleixada Olive Madison. Na Broadway, Florence foi interpretada por Sally Struthers e Olive por Rita Moreno. As irmãs Pigeon foram substituídas pelos irmãos Costazuela, e um deles foi interpretado por Tony Shalhoub, em sua estreia na Broadway. A peça encerrou após 295 performances e foi remontada algumas vezes.

Neil Simon also had something for the girls in store. In 1985, he wrote “The Female Odd Couple”, which had basically the same plot, but now starring tidy Florence Ungar and sloppy Olive Madison. On Broadway, Florence was played by Sally Struthers and Olive by Rita Moreno. The Pigeon sisters were  replaced by the Costazuela brothers, and one of them was played by Tony Shalhoub in his Broadway debut. The play closed after 295 performances and was revived a few times.


Não há dúvida de que a versão com Lemmon e Matthau é a definitiva, e a mais amada pelos fãs. É por isso que foi feita uma sequência, trinta anos após a estreia do filme original, e o roteiro foi escrito pelo próprio Neil Simon – diz-se que o autor trabalhou neste roteiro por dez anos.

There is no doubt that the Lemmon / Matthau version is the definitive one, and the most cherished by the fans of the story. That's why they even made a sequel, thirty years after the original premiered, and the screenplay was written by Neil Simon himself – who is said to have worked ten years on this sequel idea.


Duas queridas do público são as irmãs Pigeon. No filme de 1968 elas são interpretadas por Monica Evans (Cecily) e Carole Shelley (Gwendolyn), ambas vindas da montagem original da Broadway. Elas voltaram a trabalhar juntas na sitcom de “Um Estranho Casal” em 1970 e depois dublaram ambas personagens animadas em “Aristogatas” (1970) – as irmãs gansas Abigail e Amelia – e em “Robin Hood” (1973) – com Monica fazendo Maid Marian e Carole Lady Cluck.

Two favorites of the public are the Pigeon sisters. In the 1968 movie they are played by Monica Evans (Cecily) and Carole Shelley (Gwendolyn), both coming from the original Broadway production. They worked together again in the sitcom “The Odd  Couple” in 1970 and then voicing animated characters in “The Aristocats” (1970) – the geese sisters Abigail and Amelia – and in “Robin Hood” (1973) – with Monica Evans voicing Maid Marian and Carole Shelley voicing Lady Cluck.


É interessante notar que Neil Simon escolheu chamar os amigos que vivem juntos de “casal”. Assim como um casal, eles dividem o mesmo teto. E, como um casal, Felix e Oscar discutem, brigam, discordam, mas também aprendem um com o outro, e mudam um ao outro. É por isso que a história ainda nos toca: todos nós temos um pouco de Felix e de Oscar dentro de nós.

It's interesting to notice how Neil Simon chose to call the two friends who live together a “couple”. Like a couple, they do live under the same roof. And, like a couple, Felix and Oscar argue, fight, disagree, but they also learn with each other, and change each other. That's why we the story still resonates with us: we all have a little of both Felix and Oscar in us.

This is my contribution to the Neil Simon blogathon, hosted by Paddy and Rick at Caftan Woman and Wide Screen World.


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